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III. Revisão Bibliográfica – Dirofilariose Canina

15. Casos clínicos Apresentação de 4 pacientes infetados por Dirofilaria immitis

15.2. Anamnese

Animal 1 “Blackie”:

O “Blackie” apresentou-se à consulta no dia 20 de outubro de 2012. Neste dia a proprietária refere que o animal se encontra mais prostrado do que o normal, e que aparenta ter muita dificuldade respiratória. Relata ainda que o animal já se encontra assim há algum tempo, mas que piorou drasticamente nas últimas 24 horas. São descritos episódios de tosse em descanso e incapacidade em praticar qualquer atividade física. Apresenta perda gradual de apetite (hiporexia) nos dias precedentes à consulta, e nas últimas 24 horas deixou mesmo de comer. Não tinham sido observadas alterações na produção de fezes e urina. Este paciente não está esterilizado, vive no exterior, bebe água ad libitum e come ração de supermercado.

Existem mais dois canídeos que partilham o mesmo espaço que o “Blackie”. A proprietária assume que o plano profilático não está em dia, tendo sido vacinado pela última vez em 2007 com Hexadog®. Relativamente às desparasitações externas e internas diz serem feitas com pipetas spot-on, não especificando quais.

Animal 2 “Bobi”:

O “Bobi” (figura 59) apresentou-se à consulta no 13 de novembro de 2012. Este paciente era um dos animais que partilhavam o mesmo espaço que o “Blackie” (caso descrito anteriormente).

Tinha sido aconselhado à proprietária que trouxesse ambos os cães a uma consulta de rotina para rastreio da dirofilariose, uma vez que, para além

de serem animais que vivem no exterior, partilhavam o mesmo espaço que um animal severamente afetado, o que predispõe duplamente à infeção dos mesmos. Por sua vez, este canídeo não apresentava qualquer sintomatologia e fazia uma vida aparentemente

Tabela XXVI. Identificação dos animais em estudo.

Figura 60. “Picatxu”.

Figura 60. “Picatxu”

Figura 61. “Brown”

normal. Trata-se de um paciente não esterilizado, tem água ad libitum e come ração de supermercado.

Tal como para o “Blackie”, a proprietária assume que o plano profilático não está em dia. Não se encontra com o plano vacinal atualizado e, relativamente às desparasitações externas e internas, diz serem feitas com pipetas spot-on, em que não há registo da natureza e princípio ativo das mesmas, mas assume que a profilaxia não é regular. Usa também uma coleira inseticida de supermercado que, segundo a proprietária, foi colocada recentemente.

Animal 3 “Picatxu”:

O “Picatxu” (cuja fotografia está apresentada na figura 60) apresentou-se à consulta no 15 de janeiro de 2013. A proprietária relata que o animal apresenta episódios de tosse há cerca de seis meses. Descreve ainda que este aparenta, por vezes, realizar respirações forçadas e que perdeu a atividade que possuía anteriormente.

Afirma que os episódios de tosse foram iniciados em períodos de atividade física, mas que se agravaram no espaço de um mês, começando também a ocorrer em períodos de repouso. Tem apresentado anorexia e perdeu muito peso.

A proprietária desconhece o estado das fezes ou urina (se estão presentes diarreias, alterações de coloração da urina, entre outras alterações possíveis). Este animal não está esterilizado, vive no exterior, bebe água ad libitum e come ração de supermercado. Não existe um plano profilático atualizado conhecido, quer em termos de vacinações ou de desparasitações.

Animal 4 “Brown”:

O “Brown” (cuja fotografia está apresentada na figura 61) apresentou-se à consulta no dia 28 de janeiro de 2013. Este animal vive no exterior e por esse motivo o seu proprietário optou por fazer um rastreio de controlo para a dirofilariose. Por sua vez, o “Brown” fazia uma vida aparentemente normal, havendo apenas o relato pelo proprietário de episódios de tosse esporádicos. Uma outra preocupação do proprietário passa pela perda de peso, notada nas últimas semanas, apesar de não serem detetadas alterações de apetite.

O “Brown” não está esterilizado, bebe água ad libitum e come ração de supermercado. Quanto ao plano profilático, existem registos na sua caderneta da última

vacinação ter sido administrada a 20 de dezembro de 2012 com Hexadog®.

Relativamente às desparasitações externas e internas, diz serem feitas com pipetas spot- on, em que não há informação da natureza das mesmas.

15.3. Exame físico

A tabela XXVII, que se apresenta em baixo, diz respeito aos principais achados no exame físico de cada animal.

Exame físico “Blackie” Animal 1 Animal 2 “Bobi” “Picatxu” Animal 3 Animal 4 “Brown”

Estado mental Prostrado Alerta Extremamente

prostrado Alerta Auscultação cardiopulmonar Polipneico, taquicárdico e com uma arritmia cardíaca bastante percetível e grave Frequência cardíaca de 120 batimentos por minuto (bpm) e uma frequência respiratória de 30 respirações por minuto (rpm) Dispneia severa, taquicardia e arritmia Frequência cardíaca de 140 bpm e frequência respiratória de 22 rpm. Na auscultação cardíaca verificou- se também a existência de um sopro Estado das mucosas (oral/ocular)

Pálidas Coloração normal

Pálidas, ictéricas e a mucosa oral apresentava petéquias (representada na figura 62) Coloração normal Tempo de repleção capilar (TRC) e tempo de retração da prega cutânea (TRPC) Ambos se encontravam muito aumentados

Normais Aumentados Normais

Palpação de linfonodos Normal, não se encontraram quaisquer anomalias Sem alterações aparentes Sem alterações aparentes Sem alterações aparentes Palpação abdominal Parecia apresentar desconforto, não permitindo que fosse feita muita manipulação Sem alterações aparentes Apresentava bastante desconforto, sendo percetível a presença de líquido abdominal, ascite Sem alterações aparentes Temperatura corporal 38ºC 38,7ºC Hipotérmico com 33,5ºC 39,0ºC Outros achados revelantes Presença de sangue na ponta do pénis, devido a hematúria - - -

Tabela XXVII. Exame físico dos animais em estudo.

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Figura 65. Plasma hemolisado do

“Picatxu”.

Figura 65. Plasma hemolisado do

“Picatxu”

Figura 66. Observação microscópica de

microfilária no teste de pesquisa de microfilárias por examinação direta de sangue (100x).

Figura 63. Observação microscópica de Figura 62. Mucosa oral pálida

com a presença de petéquias.

Figura 62. Mucosa oral pálida

com a presença de petéquias

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