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Andreia, 40 anos, natural de Duque de Caxias, solteira, bacharel em Direito. Ela poderia ser facilmente vista como uma mulher comum da Baixada Fluminense, a não ser por um detalhe: quando ela mostrasse sua carteira de identidade, já que seu sobrenome não precisa de explicação. Ela é Andreia Almeida Zito dos Santos. A filha mais velha e principal herdeira política de José Camilo Zito dos Santos Filho.

Como seu pai foi chamado por jornais, no passado, de “Rei da Baixada”, ela poderia ser chamada de princesa, mas esse título não se encaixa nessa caxiense que viveu uma infância e uma adolescência conturbadas.

Foto 30 - Andreia numa das cenas de sua campanha eleitoral à releição como deputada federal, em 2014.

F onte: página pessoal de Andreia.176

Muito elegante, vestindo uma camisa social feminina azul-marinho, Andreia é flagrada por um fotógrafo com os braços cruzados, o olhar atento e observador.

       176

Disponível em: <https://www.facebook.com/andreiazito?fref=ts>. Acesso em: 18 jul. 2015. Acesso em: 18 jul. 2015.

Uma mulher madura, que a vida ensinou muito e que hoje sabe o que quer para o seu futuro, não somente na política, mas na vida, como um todo.

Em 2007 aos 33 anos de idade, Andreia Almeida Zito dos Santos chegou à Brasília; não para um passeio, mas para tomar posse do cargo de deputada federal para o qual fora eleita no ano anterior. Numa das esferas políticas brasileiras onde é baixo o número de mulheres eleitas, nesta legislatura era de 8,6% (CARVALHO, 2014).

A menina caxiense, nascida numa família de feirantes nordestinos em meio a vários problemas familiares, chegou aonde nunca havia imaginado chegar ao iniciar sua carreira política.

“Quando a luz dos olhos meus e a luz dos olhos teus resolvem se encontrar ...”177

Andreia é a primeira filha do casamento de José e Levinete, dois jovens que com 18 anos de idade se apaixonaram num vagão de trem, que os levava de Duque de Caxias para seus locais de trabalho: ele no Centro, ela na Tijuca.

O pai de José, seu então companheiro de trabalho, serviu de cupido. “Ai, ele (o avô paterno de Andreia) dava aquela forcinha! Saía um pouco de perto! Dava aquela de cupido, né? Então deu toda a ajuda para os dois”.178

Após algumas semanas de conversas e olhares nos trens, José e Levinete passaram a namorar. Em menos de 1 ano se casaram.

Embora de religiões diferentes – ele católico não praticante e ela evangélica – tal diferença não atrapalhou o amor desses dois jovens. Levinete se afastou da igreja evangélica que frequentava e casou-se na Catedral de Santo Antônio,179 com José. Apesar de ser uma mulher religiosa, o amor falou mais alto, como Andreia explicou: “Minha mãe, totalmente apaixonada pelo meu pai”.

José e Levinete eram dois jovens com várias semelhanças, além da idade; ambos de famílias pobres de feirantes da Baixada Fluminense, de Duque de Caxias e São João de Meriti, respectivamente.

       177

JOBIM, Tom. Pela luz dos olhos teus.São Paulo: UNIVERSAL, [19--].

178

Todas as citações posteriores de Andrea referem-se à mesma entrevista concedida a autora. 

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A Catedral de Santo Antônio é a maior igreja católica de Duque de Caxias e se encontra localizada numa zona central do município.

O jovem casal foi morar com os pais de José em Duque de Caxias. Desde o início, a vida conjugal foi cheia de brigas e desavenças devidas especialmente à interferência da mãe e da irmã de José.

Ao final do segundo ano de casamento, nasceu Andreia. Levinete, então, tentando amenizar os conflitos, propôs a José a construção de um sobrado um espaço em cima da casa dos sogros, um espaço que possibilitasse a privacidade da nova família. Algum tempo depois, a obra ficou pronta, mas o fato deles terem um teto só para si não fez com que os conflitos cessassem.

Quando Andreia tinha aproximadamente 5 anos, Levinete descobriu que José a traía, o que levou a um ciclo de separações e retornos do casal. Nessas ocasiões, Levinete ia para a casa de uma de suas irmãs, que era mais próxima. Andreia, apesar de muito pequena, lembra-se que se passavam alguns dias, dois ou três, e seu pai ia à casa da cunhada para buscá-las, pedindo perdão. Levinete concedia uma nova chance a José e eles tentavam a reconciliação, movimento que se deu por diversas vezes.

A maioria das brigas entre os pais eram presenciadas por Andreia. Uma das falas de seu pai durante um conflito lhe marcou: ele desejava ter tido um filho homem e não uma filha.

Numa dessas reconciliações, Levinete engravidou, o que trouxe ainda mais conflitos ainda para o casal. José a acusou de infidelidade, dizendo que o filho que ela esperava não era dele, inclusive difamando-a para toda sua família, que morava no mesmo quintal que ela, Andreia. Levinete lhe disse que não o queria dentro da casa, e recebeu apoio da uma única pessoa da família de origem de José: o sogro.

O que José não imaginava era que com aquela gravidez não planejada, o destino realizaria seu grande sonho: ao final de nove meses, Levinete deu a luz a um menino, Eduardo. Ao ser comunicado do nascimento, José não teve dúvidas que o bebê era seu filho e propôs à Levinete mais uma reconciliação que ela aceitou. Como Andreia explicou “... era o filho homem que ele (o pai) queria!”.

“Bem que se quis/ Depois de tudo ainda ser feliz/ Mas já não há caminhos prá voltar/ O que a vida fez da nossa vida/ O que a gente não faz por amor ...180

Mas essa nova fase do casamento de José e Levinete durou somente um ano, já que ela descobriu que ele continuava a sair com outras mulheres. Levinete, então, tomou a decisão derradeira de separar-se de José: pediu-lhe que saísse de casa e assim ela pudesse morar com os dois filhos no sobrado em cima da casa dos sogros, que ficava no quintal onde também residiam o irmão e irmã de José com seus respectivos cônjuges. A partir do momento que optou pela separação conjugal, Levinete passou sérias dificuldades financeiras, já que José não contribuía para o sustento dos filhos e ela não tinha renda alguma.

Observando a difícil vida de Levinete, o padrinho de Eduardo, que era dono de três padarias na época, fez uma proposta: que ela fizesse em casa bolos, doces, e salgados que seriam vendidos em seus estabelecimentos. E assim, durante um tempo, essa foi a única forma de sustento de Levinete e seus dois filhos. À Andreia, que estava com oito anos na época, cabia a entrega de bicicleta nas padarias dos quitutes feitos pela mãe. Andreia ainda dividia com a mãe as tarefas relacionadas aos cuidados com o irmão.

Interessante perceber a aliança desenvolvida por Levinete com sua filha, ainda uma criança, na sobrevivência daquela família. 181

O único membro da família de José que continuava a apoiar Levinete era o sogro, ajudando-a de diversas formas, inclusive financeiramente quando necessário. Andreia ressaltou a colaboração e a garra da mãe como determinantes em sua vida: “... o meu avô sempre foi uma pessoa muito carinhosa com ela, mas o tempo todo ela querendo o sustento dela”.

       180

MONTE, Marisa. Bem que se quis. [s.l.; s.n.], 1989.

181

“O relacionamento entre mãe e filha é fundamental para o desenvolvimento da identidade feminina de ambas. Tal identidade, por sua vez, também interfere e modula o relacionamento entre elas. As mulheres mantêm a identificação com a mãe ao longo da vida e no relacionamento entre elas constroem o que é ser mulher (CHODOROW, 1979, 2002). Por outro lado, a mãe também se identifica com a filha e projeta seus sentimentos nela em busca de sua realização” (EINCHENBAUM et al., 1983 apud DORNELAS et al., 2006, p. 334).

“Agora era fatal/ Que o faz-de-conta terminasse assim / Pra lá deste quintal/ Era uma noite que não tem mais fim / Pois você sumiu no mundo sem me avisar / E agora eu era um louco a perguntar / O que é que a vida vai fazer de mim?”182

Por toda sua infância e adolescência Andreia precisou conciliar as tarefas domésticas e as entregas de encomendas produzidas por sua mãe com sua vida escolar. Ela começou a estudar aos quatro anos de idade no Jardim de Infância da antiga AFE, atual Colégio de Aplicação da UNIGRANRIO, e iniciou o Ensino Fundamental no Educandário Cruzeiro do Sul, ambos privados. Com a separação dos pais e as dificuldades financeiras, Andreia cursou o restante do Ensino Fundamental na Escola Municipal Aquino de Araújo e depois no Instituto de Educação Governador Roberto Silveira.

Após um ano fornecendo bolos, doces e salgados para as padarias do compadre, Levinete concluiu que não tinha como sustentar a si e seus filhos somente com essa renda. Resolveu buscar outra alternativa de renda, uma profissão, e se matriculou no curso de cabelereiro do SENAC de Duque de Caxias.

No meio do curso, o dono de um salão no Recreio dos Bandeirantes,183 procurou a professora de Levinete, perguntando-lhe que aluno, ela indicaria para ser contratado por ele e a indicada foi a mãe de Andreia. A ex-parlametar vê tal episódio como uma ajuda divina: “Então, [...] Deus abençoou [...]”.

“Ando devagar porque já tive pressa/ Levo esse sorriso porque já chorei demais/ Hoje me sinto mais forte mais feliz quem sabe”184

A rotina de trabalho de Levinete era estressante, eram quatro ônibus para ir ao trabalho e quatro para voltar para casa. Nessa época, Eduardo, aos 4 anos, ficava sob os cuidados de Andreia, que tinha 10 anos e do avô paterno, ao longo do dia. Antes de sair para o trabalho, Levinete tentava deixar quase tudo pronto, mas algumas vezes, Andreia tinha que cozinhar: “Um frango, limpava; um peixe, limpava; mas eu tinha que fazer a comida, né?”.

       182

BUARQUE, Chico. João e Maria. São Paulo: SONY, [19--].

183

Bairro de classe média alta do Rio de Janeiro.

184

Chama atenção a atitude do avô de Andreia, que já se encontrava na casa dos setenta anos, um pernambucano: ele, que pouco participou nos cuidados dos filhos quando crianças, mostrou-se um avô zeloso e cuidadoso para com os filhos de José, principalmente para com Eduardo.

Para que Levinete pudesse vir a sustentar os filhos após a separação de José, ela teve o apoio de dois homens, seu sogro e seu compadre, o padrinho de Eduardo. Percebe-se, assim, que as saídas de mulheres para o espaço público “se dão em meio a arranjos das muitas relações entre pessoas de mesmos e diferentes gêneros e de várias classes, raças / etnias e gerações” (COSTA, 2007, p. 56).

Ao sair pela manhã para o trabalho, Levinete deixava Eduardo na escola; Andreia estudava à tarde. Antes buscava o irmão na escola, almoçava e ia estudar. Eduardo ficava a parte da tarde com o avô, o que fez com que eles passassem a dividir hábitos, como a soneca da tarde e o futebol aos sábados.

O avô representou em sua educação de Andreia e na de Eduardo a figura paterna, tão ausente na pessoa de José. Andreia lembra que, nessa época, raramente tinha contato com o pai, já que ele não fazia nenhum tipo de visitação. Provavelmente, o avô de Andreia também tenha sido o referencial de masculinidade de Eduardo: um indício dessa ligação era o futebol, paixão dividida com o neto Eduardo que sonhava se tornar um jogador profissional.

Nesse período, José iniciou sua vida política candidatando-se ao cargo de vereador pela primeira vez, em 1987. Ele havia se tornado um empresário, era dono de alguns estabelecimentos comerciais no bairro Doutor Laureano,185 onde estava localizada a casa de seus pais e irmãos e também residia Levinete com os filhos Andreia e Eduardo. Como também já era guarda municipal de Duque de Caxias, José se tornara uma liderança comunitária naquela localidade (GRAMADO, 1999 apud BARRETO, 2006).

       185

Zito iniciou sua carreira como empresário comprando pontos comerciais, nas ruas do bairro onde viveu toda sua adolescência e juventude, por baixos valores, em virtude da insegurança do local, que fazia com que os comerciantes sofressem muitos assaltos, revendendo-os posteriormente. Até que junto com o irmão, Waldir, inaugura o bar e mercearia Compre Bem; pouco tempo depois, a dupla, compra um galpão, inaugura um espaço de shows com música ao vivo Zitu´s Bar. A partir desses empreendimentos, o pai de Andreia se torna dono de estabelecimentos comerciais, que incluíam bares, mercearias, lanchonetes e boates, todas nos arredores do bairro Dr. Laureano (GRAMADO, 1999 apud BARRETO, 2006).

Ao iniciar sua trajetória política, José transformou-se em Zito, ao incluir o apelido em seu Registro Civil,186 tornando este seu nome político. O que ele não imaginava era que o apelido Zezinho, transformaria-se em: Zito, através dos primos, um diminutivo - e se tornaria uma marca na política da Baixada Fluminense.

Mesmo tendo se passado anos da separação, residindo próximo e possuindo negócios no bairro, Zito não buscava nenhuma aproximação com os filhos, ficando, inclusive por algum tempo sem frequentar a casa dos pais que ficava abaixo da residência dela de sua mãe e seu irmão.

O tempo passou, seu pai foi eleito vereador, sua mãe continuava trabalhando no salão, até que ela teve uma idéia para aumentar sua renda nas suas folgas, transformando a varanda de casa num salão de cabelereiro, ramo comercial ausente naquela parte do bairro. Concomitantemente a esta iniciativa, Levinete foi promovida no salão onde trabalhava e se tornou gerente.

“Ainda vai levar um tempo / prá fechar o que feriu por dentro”187

Após se tornar vereador, o pai de Andreia voltou a frequentar a casa dos pais. Nestas ocasiões, ele não buscava aproximar-se ou visitar os filhos, mas encontrar Levinete para provocá-la e humilhá-la. Uma das provocações de seu pai para com sua mãe era ressaltar seu baixo grau de escolaridade, comparando-a com sua atual namorada, Narriman Felicidade, engenheira. Nessas ocasiões, sua mãe ficava muito chateada, mas não revidava.

Meses depois dessa aproximação, o pai de Andreia procurou sua mãe e lhe pediu o divórcio, pois desejava se casar legalmente com Narriman Felicidade. A única exigência da mãe de Andreia foi que lhe desse uma quantia em dinheiro para que comprasse um imóvel onde pudesse residir com os filhos. A quantia dada por seu pai não foi alta. Andreia reconhece, atualmente o quanto sua mãe foi lesada financeiramente e apontou em tom de tristeza: “... foi a única coisa que minha mãe conseguiu no casamento”. Sua mãe comprou uma casa simples no bairro Parque Araruama, em São João de Meriti, numa rua sem calçamento. Andreia lembra: “lá em casa era tudo lama”.

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Tal atitude do pai de Andreia foi influenciada pela realizada então candidato a Presidência de República, pelo Partido dos Trabalhadores, Luiz Inácio da Silva, conhecido como Lula, líder do movimento sindical, que incluíra o apelido no nome civil, tornando-se Luiz Inácio Lula da Silva, o qual após quatro candidaturas consecutivas, fora eleito Presidente República.

187

Esse município é ainda muito precário quando comparado ao seu vizinho, Duque de Caxias.

Questiono-me, até que ponto, a mãe de Andreia comprou tal imóvel em outra localidade, visando justamente se desvencilhar do passado de lutas, provocações, frustrações que teve em Duque de Caxias.

Apesar da localidade precária onde sua nova casa estava situada, Andreia, então com 14 anos de idade, vê as mãos de Deus naquele imóvel: “[...] a gente fazia sempre a compra no mercadinho que tinha ali e tal. Mas aquelas ruas, todas cheias de muita lama, não tinha nada. Nada, né? E a casa nossa lá em cima, até uma casa boa, tava sendo construída [...], ali passou a ser o nosso “paraíso”.

Quem mais sentiu com a mudança da família de Duque de Caxias para São João de Meriti foi Eduardo, na época com nove anos, porque não tinha mais o contato diário com o avô que se tornara um avô-pai para ele.

Após o divórcio, a mãe de Andreia passou a receber a pensão alimentícia dos filhos, então, uma quantia irrisória. Ela continuou a trabalhar no salão no Recreio dos Bandeirantes como cabeleireira e cabia à Andreia os afazeres domésticos e os cuidados com o irmão. Nessa época, Andreia já estava cursando o ensino médio noturno no Colégio Estadual Duque de Caxias.

Quando parecia que a vida de Andreia, de sua mãe e seu irmão tinha melhorado, pois, eles tinham conseguido uma casa independente, sem a interferência da família de José, chegou-lhes a notícia de que Eduardo se encontrava gravemente doente, com leucemia.

“Ainda é cedo, amor. Mal começaste a conhecer a vida. Já anuncias a hora de partida” 188

Andreia lembrou que em virtude das escassas condições econômicas de sua família, foram muito difíceis os cuidados iniciais para com Eduardo. “Com aquela doença, leucemia e aí foi uma fase difícil, que a gente não tinha nada! A gente não tinha carro! A gente não tinha telefone! Não tinha nada!”.

Andreia e sua mãe se alternavam todos os dias para levar Eduardo ao hospital. Embora seu pai soubesse de sua doença, inicialmente ele não ajudou.

       188

Como já salientado, Andreia, que é evangélica como sua mãe, percebe a presença e os sinais de Deus ao longo de sua vida. Durante o tratamento médico de seu irmão, sua mãe, num culto que frequentava, teria ela recebido de uma irmã189 uma revelação:190 Narra que teria se visto num barco e junto com ela, enfrentando um mar muito revolto, tentavam fazer com que o barco não virasse. Nele, via somente as duas; Eduardo não. Andreia interpretou que tal revelação teria sido um aviso de Deus para sua mãe de que Eduardo não sobreviveria à doença. Mas sua mãe não o perceberia dessa forma.

Nessa época, Eduardo já estava muito debilitado, fazendo quimioterapia. Algumas vezes, Andreia e sua mãe tinham que levá-lo para o hospital no colo; ele tinha 11 anos de idade.

Nessa fase da doença de Eduardo, seu pai mandou um carro com motorista para levar o filho ao INCA.191 O carro era um saveiro, um automóvel com somente dois lugares. Um motorista o dirigia, enquanto Andreia ou sua mãe ficavam com o menino no colo; era uma viagem muito desconfortável para o enfraquecido Eduardo, bem como para elas. Algumas semanas após mandar o carro para o transporte do filho de São João de Meriti para o município do Rio de Janeiro, onde era realizado o tratamento médico e ao saber da piora do filho, Zito cedeu para a ex-esposa e os filhos um apartamento de sua propriedade, localizado no centro de Duque de Caxias.

Uma crise convulsiva de Eduardo fizera com que sua mãe entrasse em pânico, Andreia teve a atitude de telefonar para o pai, que chegou rapidamente à sua casa com um assessor e socorreu Eduardo. Após algumas horas com os pais e o irmão no hospital, ela decidiu voltar para casa. Ao chegar em casa, narra Andreia, que rezou, pedindo a Deus “que se fosse pra ele ficar desse jeito que levasse meu irmão”. Cerca de uma hora depois, sua mãe lhe telefonou dizendo que Eduardo, em dois dias, completaria doze anos, havia falecido. Com voz embargada, ao descrever esse triste episódio, Andreia sintetizou: “E essa foi a história nossa com o meu irmão”.

       189

Terminologia utilizada pelos evangélicos e evangélicas para indicar alguém que participa da mesma igreja.

190

Essa é uma descrição de uma espécie de visão permitida a partir de um dom concedido a alguns cristãos, especialmente, evangélicos.

191

“Todos os dias é um vai e vem. A vida se repete na estação. Tem gente que chega prá ficar. Tem gente que vai prá nunca mais”192

A doença de Eduardo fez com que Andreia e o pai se aproximassem. Após o triste episódio, ele a retirou do colégio público em que estudava: matriculou-a no Colégio Antares, na época, uma escola particular do município com o maior número de aprovação em universidades públicas. Também, arranjou-lhe um emprego de meio período na Prefeitura de Duque de Caxias que, na época, estava sob o comando de Dr. Moacyr Rodrigues do Carmo, seu aliado.193

O pai de Andreia já tinha exercido dois mandatos na Câmara de Vereadores de

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