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Allan Stewart Konigsberg, mais conhecido como Woody Allen, é um reconhecido cineasta americano, de origem judaica. Nasceu em primeiro de dezembro de 1935 e foi criado no Brooklyn. É filho de Nettie, uma livreira, e de Martin Konigsberg, que foi taxista, ourives e até garçom, ambos nascidos e criados em Manhattan. Seus avós eram imigrantes que falavam iídiche, hebraico e alemão.

A infância de Allen foi marcada por dificuldades financeiras. Sua relação com seu pai era amigável, e sua mãe era mais rígida e quem fazia tudo funcionar. É importante o fato de que Allen viveu no contexto histórico da II Guerra Mundial. Nesta época o escritor tinha apenas seis ou sete anos e lembra-se que seu pai costumava levá-lo passear e observar os prédios de Nova Iorque (LAX, 2011). Outro fato interessante é que o avô de Allen perdeu todo seu patrimônio durante a Grande Depressão, período de crise econômica séria que teve início em 1929 e alongou-se pela década de 30. Seu avô possuía teatros, um deles no Brooklyn, e ficou muito pobre da noite para o dia (LAX, 2011).

O cineasta soma à sua carreia outros talentos: na maioria dos filmes que dirigiu foi também roteirista e ator. Além disso, foi comediante, escreveu contos, crônicas e textos para teatro da Broadway. O múltiplo artista é também músico – toca clarinete em bares de Nova Iorque (LAX, 2011).

O biógrafo americano Eric Lax (2011) reuniu em um livro os diálogos que teve nos momentos em que esteve com o escritor em uma série de entrevistas com Woody Allen, que cobrem mais de metade da vida do escritor. Essas entrevistas foram iniciadas em 1971 e, para a última edição da sua biografia feita por Lax, foram adicionadas entrevistas realizadas entre abril de 2005 até o começo de 2007 e, mais tarde, entre o final de 2008 até o começo de 2009. Essas entrevistas estão divididas em oito capítulos: 1) “A ideia”, 2) “Escrevendo”, 3) “Elenco, atores, atuação”, 4) “Filmagem, sets, locações”, 5) “Direção”, 6) “Edição”, 7) “Avaliação” e 8) “Carreira”, e reúnem os elementos que fazem parte de sua carreira e suas ocupações como um todo. O livro está recheado de fotos de cenas de seus filmes, muitas tiradas da perspectiva do backstage, onde estavam atores, atrizes e cineastas que trabalhavam com WA. Em uma

destas fotos pode-se reconhecer Carlo di Palma, que trabalhou com Woody em onze de seus filmes. Além disso, há fotos de Woody Allen em reunião com amigos comediantes.

Sua obra cinematográfica tem grande destaque, sendo influenciadas por Charlie Chaplin, Groucho Marx, Ingmar Bergman, Stanley Kubrick e Bob Hope (LAX, 2011). No entanto, as duas artes – escrita e cinema – tem muitos pontos em comum. Primeiramente seus filmes tratam, na sua maioria, de tópicos muito similares aos dos contos que escreveu. E principalmente, porque são também, na maior parte, comédias ou tragicomédias, cujos diálogos, cenas e atmosfera se parecem com os diálogos que cria em seus contos.

Woody começou a escrever piadas quando tinha ainda dezesseis anos, mandava-as para vários colunistas de fofoca de jornais de Nova Iorque e então começou a ter suas linhas publicadas. Estes colunistas eram lidos por milhares de pessoas de todas as idades. Foi nesta época que decidiu criar seu nome artístico, pois não queria seu nome visto por colegas de escola e tomando como exemplo outros famosos do show business, criou um nome leve e que achava apropriado para um comediante.

Ainda, quando Allen tinha dezesseis anos (em 1951),um agente de relações públicas, observando a quantidade de citações que Allen tinha, o contratou para que escrevesse piadas para seus clientes. É neste momento que o escritor começou a ganhar um bom dinheiro para a época, escrevendo cerca três ou quatro páginas (mais ou menos cinquenta piadas) por dia. No início, ganhava vinte dólares por semana e logo depois esse valor dobrou.

Quando tinha apenas dezenove anos foi contratado pela NBC como colaborador do programa de desenvolvimento de novos escritores; depois trabalhou em Hollywood no programa “The Colgate Hour”. Três anos mais tarde escreveu para Sid Caesar, e quando tinha vinte e quatro anos já ganhava oito vezes mais que seu primeiro salário.

Já em 1961, Allen começou sua carreira como comediante de stand-up, após ter assistido um espetáculo stand-up com Mort Stahl, que tratava sobre política e o estilo de vida americano. Suas peças de stand-up podem ser encontradas nos álbuns de cd "Standup Comic” e “Nightclub Years 1964–1968”. Suas peças o levaram a ser convidado para escrever e atuar em “What’s new, pussycat?” (1965) (LAX, 2011). Foi, portanto, na década de sessenta que a carreira de comediante, escritor, roteirista e cineasta se alternam e se mesclam (SCLIAR,

FINZI, TOKER, 2001), fato que se deve aos múltiplos talentos e atividades que Woody Allen possui.

Aos trinta e cinco anos, Allen era conhecido como um comediante e já havia escrito duas peças dramatúrgicas para a Broadway, “Don’t drink the water” (1966) e “Play it again,

Sam” (1969). Foi neste mesmo período que escrevia prosa (contos e crônicas humorísticas)

para a revista “The New Yorker” e jornais como “The New York Times”. Em 1971, Lax foi 78 encarregado de escolher entre três histórias para investigar – uma delas a de Allen, a qual foi sua escolha. Neste ano, o escritor e comediante já tinha começado a atuar e dirigir seus próprios roteiros; e em junho de 1974, Allen já havia filmado “Sleeper” (LAX, 2011).

O escritor foi influenciado pelos humoristas S. J. Perelman, George S. Kaufman, Robert Benchley e Max Shulman. Publicou coleções de contos e peças para teatro: “Getting even” (1971), “Without feathers” (1975), “Side effects” (1980), “Mere

anarchy” (2007) e “Three One-act Plays: Riverside Drive/Old Saybrook/Central Park West” (2003) , este último contém peças para teatro. Diz-se que o escritor desenvolveu, no 79 contexto de sua comicidade, uma persona insegura, intelectual, fato que Allen nega ser sua personalidade na vida real (LAX, 2011).

Em um dos encontros entre Lax e Allen, em junho de 1974, o jornalista pergunta ao escritor se o que escreve é planejado ou pensado. Allen responde que a maioria das personagens que cria não é planejada. Para confirmar essa afirmação o escritor cita o filme “Sleeper”, que conta a história em que uma personagem não tem habilidades com aparelhos tecnológicos. Ainda nessa entrevista, Allen fala sobre sua própria falta de habilidade e paciência com a tecnologia. Inusitadamente, o escritor ressalva que não criou a história de “Sleeper” pensando em si mesmo e afirma que a maior parte do seu trabalho é autobiográfica, e tão exagerados e distorcidos que para ele se parece ficção (LAX, 2011).

Em uma entrevista em novembro de 1987, Allen falou sobre suas ideias. O escritor afirma que sempre registra em papel uma porção de piadas conforme elas vão surgindo, pois, do contrário, as esqueceria. Ademais, o escritor lê seus textos ou tiradas em voz alta. O

The New Yorker é o jornal onde o conto “No Kaddish for Weinstein” (1975) foi publicado. 78

Os títulos, em Língua Portuguesa, são, respectivamente: “Cuca Fundida” (1971), “Sem plumas” (1975), “Que 79

camaleônico artista também pede a opinião de amigos acerca das piadas, pois segundo ele mesmo trabalha baseado puramente no seu instinto. Assim, quando recebe um feedback de alguém, pode perceber se o que escreveu está relacionado com o que as outras pessoas estão sentindo. O escritor também revelou que nunca pensa em finais felizes, a não ser que eles surjam organicamente da estória (LAX, 2011).

Allen, em uma entrevista em 2005, afirmou que ainda escrevia com letra cursiva e após ia para sua máquina de escrever, a fim de que seu texto seja entendido – o escritor revela que sua caligrafia não é tão facilmente entendida (LAX, 2011).

FONTES DE CONSULTA

LAX, Eric. Conversations with Woody Allen: his films, the movies, and moviemaking. Updated and expanded. 2. ed. New York: Alfred A. Knopf, 2011.

SCLIAR, M.; FINZI, P.; TOKER, E. (Orgs.). Do Éden ao divã: humor judaico. 6. ed. São Paulo: Shalom, 2001. p. 209

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