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ANEXO B – DEPOIMENTO DE ENGENHEIRO DE EMPRESA FORNECEDORA DE MAQUINARIA PARA A INDÚSTRIA VIDREIRA

Máquina ferramenta

ANEXO B – DEPOIMENTO DE ENGENHEIRO DE EMPRESA FORNECEDORA DE MAQUINARIA PARA A INDÚSTRIA VIDREIRA

Esta entrevista – coletada em Junho de 2011 - foi de grande valia para compreender o processo de produção do vidro e também como a maquina IS (Individual Section) opera, substituindo o soprador vidreiro.

Como funciona a máquina IS e como ela substitui a destreza humana, de saber soprar na medida certa?

O processo primário da execução do sopro baseia-se na coleta de um forno de fusão com uma cana que era colocada numa forma e assim se fazia o vidro. O primeiro processo foi esse. Logo em seguida, foram surgindo máquinas rudimentares semi- automáticas. Levaram a um processo de sopro e sopro ( ?) : você colhia com uma cana, vinha para o lado do pré-molde, o vidro era cortado manualmente, com uma tesoura, com o peso correto, com grande precisão. A primeira operação era o gargalo. Eles necessitavam um sopro de ar em cima para forçar o vidro de encontro a uma peça embaixo, depois entrava um contra-sopro gerando a primeira operação. Isso fazia com que o vidro fosse soprado contra o molde, fazendo o parison. Feito o parison, depois é dado o sopro final, formando o vidro finalmente.

Na segunda fase, o sopro, o contra-sopro e o sopro final já eram feitos por máquinas rudimentares, através de ar comprimido. No início dos 1900 já existiam essas máquinas. Depois surgiu a geração de máquinas Owens e Lynch que obedecem ao mesmo princípio só que elas são rotativas, já são máquinas automáticas que ainda existem no mercado. E depois disso, na década de 1940 começaram a surgir as máquinas IS. Elas têm esse nome, pois são seções individuais que são idênticas, trabalhando em cima de uma mesma base. Elas ganharam o mercado, pois podem ser expandidas, podem ter tantas seções quantas acharem conveniente. Podem ter 8, 10, 16, 20 seções. Cada seção produz uma garrafa num determinado tempo.

Tinha que sumir o homem que ia cortar o vidro. Precisava de algo que alimentasse a máquina, então surgiram os alimentadores automáticos: são mecanismos que dosam o vidro que sai do forno, possuem um canal que transporta a massa de vidro e no final alimentam a máquina. O processo é todo feito por gravidade. O forno está lá no alto e o

processo vai descendo. Por isso a mistura tem que ser levada por elevador até os fornos. O vidro fundido sai do forno através de vasos, vai para os canais alimentadores – que podem ser vários por forno. Esses canais têm capacidades diferentes, variando de acordo com o produto e possuem sistema de resfriamento, pois a massa vítrea sai a 1500ºC do forno. Nesse canal, o resfriamento vai sendo feito gradualmente, objetivando a gota adequada a entrar na máquina para o processo de produção.

Existe uma nova geração de canais alimentadores inteligentes que se auto-ajustam na combustão e na ventilação, sem a necessidade de computadores. A temperatura é importante, pois a viscosidade garante que o vidro será bem feito.

Como faziam antes desse mecanismo?

No olho. O vidreiro antigo sabia a temperatura certa pela própria experiência. Eles erravam muito pouco nisso. Todavia o rendimento era muito mais baixo do que é hoje. Com os mecanismos e aparelhos atuais obtemos acima de 90% de rendimento. O ser humano falha, apesar de toda a arte do vidreiro.

Hoje, nós temos instrumentos e mecanismos que permitem o rendimento maior do processo. Se você não tem uma gota no peso, temperatura e forma adequadas você não tem vidro. Feito isso, a gota cai por esses canais e vai até a máquina que, por sua vez, irá fazer aquele princípio inicial de que falamos. A gota cai de uma altura de 16 pés, entra no pré-molde, recebe um sopro abaixo para comprimir e formar a boca; entra um contra- sopro que tem a função de expandir o material por toda a cavidade do pré-molde. Isso é importante porque as paredes do vidro são definidas, sua expansão final, tudo está definido para que o produto final tenha paredes homogêneas. E, depois, vem o sopro final, que define a forma final do vidro, uma garrafa de cerveja, por exemplo. Cada equipamento de montagem é projetado para o desenvolvimento de certos produtos. As peças são trocadas para cada produto, como por exemplo, o pré-molde, o neck ring, o macho e tem, também, a tampa do pré-molde. Todo o equipamento muda se o produto for mudado, a não ser se algumas partes sejam semelhantes.

Veja bem, eu posso ter máquinas maiores, com seções alinhadas ou com um maior número de gotas. Imagine duas máquinas IS-10 operando em sequência com gotas triplas. Algumas cervejarias utilizam isso. A máquina IS começou com duas seções.

Observe que o resfriamento é muito rápido. Você parte de mais de 1000ºC e o vidro sai sólido, por volta de 500ºC. Em alguns segundos – dada a velocidade da máquina

–, esse resfriamento ocorre. O vidro tempera, mas é uma têmpera desordenada e sem controle e isso cria muitas tensões no vidro que fica quebradiço. Tais tensões precisam ser aliviadas, por isso após a IS, ele passa por um processo de recozimento em forno, o Lehr. O forno varia de tamanho também, e aumenta a temperatura até mais ou menos 560ºC e depois resfria gradualmente de mais ou menos 1 hora.

Depois disso, o vidro vai ser selecionado, que pode ser por vista humana ou por máquinas. Hoje, é majoritariamente feito por máquinas. Sempre que há máquinas para fazer, o processo melhora. O processo dura 24 horas por dia, o humano pode cochilar, cansar-se, não dá conta do ritmo do trabalho. É fundamental a divisão entre a escolha e a embalagem, isso por si só já melhora. Mas melhor ainda é a máquina. O homem é fabuloso, mas é falho.

As máquinas começaram de forma mecânica, através de tambores de tempo que comandavam válvulas. Hoje, não há tambores de tempo, existem caixas de temporização, com um programa todo para comandar os mecanismos de máquina. Hoje é tudo eletrônico. As válvulas são comandadas por um computador que aciona todos os movimentos da máquina.

Aí, o vidro vai ser colhido na saída do Lehr ou vai entrar em linhas onde ocorrerá a seleção. E, no fim da coisa, você pode ter empacotadoras ou paletizadoras automáticas. Nessas não há contato manual; para garantir que não haja contaminações, o vidro já sai empacotado. O papel do humano se resume à supervisão, gerência etc. Hoje, a linha de produção diminuiu muito o número de trabalhadores. A automação é importante para garantir a linha tão estéril quanto possível. Essa preocupação é grande na fábrica de vidrarias farmacêuticas. Já nas de garrafas de bebidas e outras embalagens, são as necessidades de produção que levam à automação.

ANEXO C – ENTREVISTA EM GRUPO COM TRÊS TRABALHADORES DE