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ANEXO D SEGUNDO NÍVEL DE ANÁLISE ÀS ENTREVISTAS DAS EDUCADORAS

No documento tese Maria Silva (páginas 119-125)

Quadro 1 – Ao analisar as várias respostas dadas pelas várias educadoras é observável que os

grupos pertencentes a este jardim-de-infância apresentam na sua maioria um comportamento indisciplinado, mostrando uma grande lacuna principalmente no cumprimento de regras e de rotinas. Ainda assim, todas as educadoras parecem concordar que, ainda que persista em todas as salas uma grande falta de atenção e barulho, maioritariamente das vezes persistente, por parte das crianças, são grupos relativamente de fácil controlo.

Quadro 2 – Relativamente à análise feita às respostas dadas pelas educadoras entrevistadas,

as opiniões mostraram-se relativamente semelhantes, sendo que é possível observar que todas concordam que o conflito surge durante uma disputa ou um confronto, quer de opiniões ou vontades, quer de objetos, que leva a uma sensação de mal-estar. Além disso, é retirado da análise que o conflito surge de uma má gestão de emoções e sentimentos, que muitas vezes é feita através de agressões físicas ou verbais e não utilizando a forma mais correta que é, segundo as educadoras, através da conversa.

Ao analisar as respostas dadas à questão da afetividade, é visível que todas as educadoras consideram a afetividade como sendo a base tanto da profissão, bem como da confiança, do respeito e de todas as relações criadas. A criação de laços afetivos, segundo as educadoras, quer entre adulto-criança, quer criança-criança promove segurança, essencial para um bom ponto de partida para o desenvolvimento de trabalho na sala de atividades quer para o próprio desenvolvimento da criança, emocional e intelectual. Segundo as mesmas, as demonstrações de afetividade podem ser manifestações tanto verbais como não-verbais, onde podem ser transmitidos sentimentos e sensações, por exemplo, através de uma troca de afetos, como com um beijo, um abraço ou até mesmo o ralhar.

Quadro 3 – Segundo a análise e interpretação das respostas dadas pelas educadoras, é

possível observar que os motivos que podem levar à ocorrência de conflitos podem ser muito variados. Alguns dos exemplos dados são por exemplo, (1) a partilha, que neste caso seria de um brinquedo ou de um material, (2) uma situação menos estruturada, que crie nas crianças alguma instabilidade ou insegurança, (3) o cansaço tanto físico como psicológico que pode levar a uma má gestão de emoções e sentimentos, (4) a falta de capacidade para comunicar desejos e opiniões, que podem ser diferentes e ainda (5) o contexto onde as crianças estão inseridas.

Ainda assim, apesar dos motivos apresentados por cada uma das educadoras ser diferente, todas parecem concordar que os conflitos são importantes para o desenvolvimento socio/moral das crianças, visto que durante toda a vida surgirão conflitos de diversos tipos. Sendo que somos todos diferentes e assim sendo, não temos todos, as mesmas vontades, opiniões e interesses é inevitável que surja um conflito. Contudo o conflito não é um problema quando nos ajuda a conhecermo-nos e a evoluir, apenas o é quando há uma má estão do mesmo e consequentemente uma incontrolável frustração.

Assim sendo, as educadoras são da opinião que deve haver e que é importante, para o crescimento da criança, o conflito desde que este não seja em demasia.

Quadro 4 - É verificável que todas as educadoras consideram importante para o

desenvolvimento da criança, que sejam as mesmas a resolver os seus próprios conflitos. Contudo, para que estas sejam capazes de os resolver é importante que lhes sejam dadas ferramentas, como por exemplo, algumas regras de convivência e interação grupal. É também importante que essa resolução de conflitos ocorra num ambiente controlado, ou seja, se necessário poderão contar com a supervisão e orientação do adulto, de forma a não alcançar nenhum limite.

Em suma, as educadoras defendem uma resolução de conflitos por parte das crianças, desde que esta esteja num ambiente estruturado e que as mesmas estejam cientes das várias formas corretas para a resolução do possível conflito.

Ao ser necessária a intervenção do adulto, para a gestão de conflitos, as educadoras apresentam um conjunto de estratégias variadas, onde ostentam um papel de mediadoras. Como exemplo disso, referiram como estratégias (1) a realização de jogos, (2) a demonstração com recurso a exemplos práticos do dia-a-dia e com a atribuição de ferramentas. Ainda assim, a estratégia mais destacada por todas as educadoras é o diálogo/conversa, sendo que, a partir da mesma é possível que a criança aprenda a escutar, a se colocar no lugar do outro e ainda seja capaz de transmitir o seu ponto de vista e sentimentos.

Ao colocar a questão “desvaloriza alguma situação de conflito?” às educadoras, estas

mostraram-se relativamente mais hesitantes nas suas respostas. Ainda assim, foram todas muito concordantes no seu tipo de resposta, mostrando que desvalorizam muitas vezes

situações de conflito que sejam chamadas de atenção ou pequenos conflitos, como a partilha de objetos e muitas outras situações que não envolvam confronto ou sofrimento.

Quadro 5 - À semelhança das respostas dadas anteriormente, as educadoras consideraram a

afetividade como sendo a base de tudo. Defendem que através de uma relação baseada nos afetos é possível formar crianças mais seguras e capazes de compreender melhor tantos os seus sentimentos como os das restantes pessoas que os rodeiam, facilitando muitas vezes a resolução de conflitos e consequentemente promovendo um melhor ambiente de trabalho na sala de atividades e um melhor desenvolvimento de todas as crianças. É importante para todos, quer crianças quer adultos sentirmo-nos amados.

Quadro 6 - No que respeita à articulação escola-família as respostas apresentadas pelas

educadoras foram ao encontro das minhas expetativas, visto que ao longo do ano foi visíveis

as várias tentativas de “chamar” à participação de diversas atividades. Assim, todas as

educadoras referiram ser importante existir articulação entre as escolas e as famílias, visto ser mais facilmente possível verificar comportamentos e atitudes e atuar de forma uníssona para uma resolução do problema de forma mais eficaz. Contudo, tendo em conta que a família apresenta um papel crucial no desenvolvimento e educação da criança, ou seja, são modelos constantes, as mesmas ao verificarem, por exemplo, que ninguém em casa resolver os conflitos com base no diálogo, esta automaticamente aplicará o mesmo modelo e desta forma torna-se mais difícil a alteração do comportamento e realizar uma relação de parceria para um desenvolvimento pleno da criança.

No documento tese Maria Silva (páginas 119-125)