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3 MATERIAL E MÉTODOS

3.2 Animais experimentais

Foram utilizados 24 cães, independentemente de sexo, raça e idade, todos portadores de IRC, com peso médio de 20,00 kg, provenientes do atendimento de rotina da Clínica Veterinária Santo Agostinho.

Os animais foram submetidos a exame clínico, hematológico e urinálise, para que,

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junto ao histórico, fosse confirmado o

quadro de IRC. Todos eles apresentavam valores séricos de uréia acima de 100 mg/dL, e resultados de hemograma e urinálise compatíveis com insuficiência renal crônica.

Os cães permaneceram na Clínica somente o tempo necessário para a realização do procedimento de hemodiálise. Deste modo, não houve alterações na dieta e no consumo hídrico habitual de cada indivíduo.

3.3 – Delineamento experimental

Os animais foram divididos aleatoriamente em quatro grupos experimentais, compostos de seis animais cada:

Grupo I: animais submetidos a duas sessões

de hemodiálise, com três horas de duração cada, com intervalo de 48 horas entre elas, utilizando dialisadores de baixo fluxo e baixa performance, tamanho F4 ou F5 (dependendo do peso do animal), ambos compostos de membranas de polissulfona do tipo fibras ocas.

Grupo II: animais submetidos a duas

sessões de hemodiálise, com três horas de duração cada, com intervalo de 48 horas entre ambas, utilizando dialisadores de baixo fluxo e alta performance, tamanho F4 ou F5

(dependendo do peso do animal), ambos compostos de membranas de polissulfona do tipo fibras ocas.

Grupo III: animais submetidos a duas

sessões de hemodiálise, com três horas de duração cada, com intervalo de 72 horas entre ambas, utilizando dialisadores de baixo fluxo e baixa performance, tamanho F4 ou F5 (dependendo do peso do animal), ambos compostos de membranas de polissulfona do tipo fibras ocas.

Grupo IV: animais submetidos a duas

sessões de hemodiálise, com três horas de duração cada, com intervalo de 72 horas entre ambas, utilizando dialisadores de baixo fluxo e alta performance, tamanho F4 ou F5 (dependendo do peso do animal), ambos compostos de membranas de polissulfona do tipo fibras ocas.

3.4 - Contenção e Cateterismo

Para realização deste trabalho a contenção dos animais foi realizada exclusivamente por métodos físicos, pelo uso de focinheiras, quando necessário. Os animais permaneceram durante todo o procedimento dialítico deitados em decúbito lateral, sob mesa de procedimento coberta com colchão, a fim de proporcionar conforto aos pacientes (Figura 19).

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Em todos os grupos o cateterismo foi

precedido de tricotomia do sítio de punção seguido pela anti-sepsia com álcool 70º. Foi realizado imediatamente antes do início das sessões de hemodiálise. Foi feita punção direta na veia jugular externa e posterior implantação de cateter central1 (Figura 14), de lúmen simples, de poliuretano, calibre 14G, comprimento 30 cm, do tipo “agulha por fora” para o acesso arterial (saída de sangue do paciente). Na veia cefálica, para retorno sangüíneo, foi implantado cateter mono-lúmen do tipo “agulha por dentro” de vialon2, calibre 20G, comprimento 3 cm.

Após a punção, os cateteres foram preenchidos com solução salina 0,9% para evitar obstrução intraluminal.

O cateterismo foi mantido apenas o tempo necessário para realização dos procedimentos de hemodiálise, caracterizando um acesso veno-venoso temporário.

3.5 – Hemodiálise

Todos os animais foram submetidos a duas sessões de hemodiálise, de duração de 180 minutos cada, separadas por um intervalo de 48 ou 72 horas, dependendo do grupo experimental. O fluxo sangüíneo médio alcançado foi de 120 ml/ minuto (cerca de 6 ml/kg de peso vivo), acompanhado por um

fluxo de dialisato de 500 ml/minuto. A ultrafiltração foi acionada, promovendo a retirada de 10 ml de líquido/ hora / kg de peso vivo de paciente.

A máquina de hemodiálise utilizada foi uma proporcionadora individual, modelo 2008 – C3(Figura 15), acoplada a uma unidade portátil de tratamento de água modelo WTU 1003 (Figura 16).

Para a formação do dialisato foram utilizadas soluções concentradas padrões, ácida e alcalina (bicarbonato), específicas para hemodiálise (Figura 17). A composição destas soluções está descrita na Tabela 2.

Os dialisadores4 utilizados para todas as hemodiálises foram de baixo fluxo, do tipo fibras ocas, com membrana sintética de polissulfona e superfície de troca de 0,7 m2 (dialisador F4) e 1,0 m2 (dialisador F5) dependendo do tamanho do animal (Figura 18). Os animais dos grupos I e III foram tratados com dialisadores de baixo fluxo e baixa performance e os dos grupos II e IV com dialisadores de baixo fluxo e alta performance.

Foram utilizadas linhas de sangue3 de tamanho adulto, com volume de preenchimento de 120 ml cada, sendo

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apenas o "set" venoso portador de "cata-

bolhas".

A anticoagulação inicial do sistema foi feita com heparina sódica5 na dose de 100 UI/kg de peso corporal. Aplicou-se, conforme técnica sugerida por Besarab e Raja (2003), uma mistura de heparina com uma solução de cloreto de sódio 0,9%, deixando a bomba de sangue da máquina de diálise em funcionamento durante alguns minutos, permitindo-se assim o contato da heparina com todo o circuito extracorpóreo. A

heparina foi repetida a cada 60 minutos na dose de 50 UI/kg, sendo estas aplicações interrompidas uma hora antes do término de cada sessão de hemodiálise.

3.6- Exame clínico

Todos os animais foram submetidos ao exame clínico antes e depois de cada sessão de hemodiálise. Foram avaliados: peso corporal, freqüências cardíaca e respiratória, temperatura retal e mucosas visíveis.

Tabela 2 - Composição básica das soluções concentradas para hemodiálise.

Composição química Solução ácida Solução alcalina

Sódio (mEq/l) 138,0 138,0 Potássio (mEq/l) 3,5 - Cálcio (mg/dl) 14 - Cloretos (mEq/l) 109,5 - Magnésio (mg/dl) 1,8 - Bicarbonato (mEq/l) - 32,2 pH 6,8 – 7,2 6,8 – 7,2 Condutividade 12,2 – 14,4 12,2 – 14,4

Fonte: Fresenius Medical Care

A freqüência cardíaca foi avaliada por meio de auscultação indireta com estetoscópio e

contagem dos batimentos cardíacos durante um minuto.

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A freqüência respiratória foi verificada pela

contagem direta do número de movimentos respiratórios durante um minuto.

Para a mensuração da temperatura retal utilizou-se um termômetro digital6 por um tempo de 60 segundos.

Os dados coletados neste exame clínico foram anotados em fichas individuais para acompanhamento de cada animal durante o experimento.

3.7- Exames laboratoriais

As amostras sanguíneas foram coletadas em quatro tempos:

Tempo 1: antes da primeira sessão da

hemodiálise.

Tempo 2: imediatamente após a primeira

sessão de hemodiálise.

Tempo 3: imediatamente antes da segunda

sessão de hemodiálise (após o intervalo de 48 ou 72 hs).

Tempo 4: imediatamente após a segunda

sessão de hemodiálise.

As amostras de urina foram coletadas apenas nos tempos 1 e 4.

3.7.1- Hemograma

As coletas das amostras de sangue foram realizadas sempre na linha de sangue

arterial, utilizando o dispositivo para este fim, com seringas de plástico de 10 ml. As amostras foram acondicionadas em tubos plásticos devidamente identificados.

As amostras foram processadas no laboratório de Patologia Clínica da Escola de Veterinária da universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, seguindo-se métodos convencionais.

Amostras de sangue foram coletadas em frascos com EDTA (sal dissódico do ácido etileno diamino tetracético) para a realização do hemograma e leucograma, que foram processados eletronicamente7 no mesmo dia da sessão de hemodiálise.

3.7.2– Bioquímica do sangue

Para realização dos exames de uréia, creatinina, potássio, fósforo, cálcio, GGT e proteínas totais, as amostras de sangue foram acondicionadas em tubos sem anticoagulantes.

Estes exames foram processados no mesmo dia da sessão de hemodiálise, no Laboratório de Patologia Clínica da Escola de Veterinária da UFMG, com o equipamento calibrado8 com padrões de concentração definida, utilizando kits apropriados9.

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3.7.3 – Urinálise

Amostras de urina foram coletadas para análise física, química, sedimentoscopia e pesquisa de GGT urinária, antes da primeira sessão e após a última.

A coleta de urina foi realizada por meio de cateterismo uretral. As amostras de urina foram armazenadas em potes plásticos, sob refrigeração até o momento das análises, feitas no mesmo dia da coleta.

O exame físico foi realizado observando-se cor, aspecto, odor e densidade específica, verificada por refratometria.

O exame químico foi realizado por meio de fitas para urinálise10 do tipo "dip stick".

A sedimentoscopia foi realizada sob microscopia óptica após centrifugação da amostra, seguindo-se a técnica descrita por Coles (1984). _______________________________________________________________________________ 1 BD I-Cath, BD do Brasil. 2 BD Insyte, BD do Brasil. 3

Fresenius Medical Care.

4 Fresenius PolysulfoneR Capillary Dialysers – Hemoflow – Series

Low-Flux – Fresenius Medical Care.

5

Heparin – Cristalia Produtos Químicos Farmacêuticos Ltda.

6

Termômetro digital BD®, BD do Brasil.

7

Abacus Junior Vet – Hematology Analyser, Diatron.

3.8– Análise estatística

A GGT urinária foi mensurada por meio de Kit específico9 automaticamente.

O delineamento experimental adotado foi inteiramente ao acaso. O teste estatístico utilizado para a comparação das médias obtidas foi o teste de Student Newman keuls (SNK), com nível de significância de 95% (p<0,05).

Todos os dados foram tabulados em planilhas do programa Excel (Microsoft versão 7.0), e analisados pelo programa Statistical Analysis System (SAS, 1995).

4 - Resultados e discussão 4.1 – Hematologia

A passagem do sangue pelo circuito extracorpóreo pode ocasionar várias alterações no eritrograma, devido à ocorrência de hemólise, hemoconcentração e distúrbios da hemostasia. Assim, o acompanhamento hematológico do paciente em diálise é muito importante (Daugirdas, 2003).

Neste estudo, para acompanhamento hematológico foram realizados eritrograma, determinação da concentração de reticulócitos, leucograma e contagem de plaquetas. Os valores referentes às variáveis

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que apresentaram médias estatisticamente

significativas, nos grupos e /ou nos tempos, presentes no hemograma estão representados nas tabelas 3, 4, 5, 6, 7 e 8. As demais variáveis, em número de 84, não apresentaram variações estatisticamente significativas.

Na avaliação dos valores de proteína plasmática (p<0,05) (Tabela 3) observaram- se diferenças entre os tempos 1 e 2 e entre 3 e 4. Apesar da diferença encontrada, os valores encontram-se dentro da normalidade

para a espécie canina. Não houve diferença significativa entre os grupos.

____________________________________

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Cobas Mira – Roche.

9

Kit Synermed, Belo Horizonte, Brasil

10

Urofita 10 DL, Biobrás Diagnósticos, Belo Horizonte, Brasil.

Tabela 3 – Valores médios de proteínas plasmáticas (g/dl) em caninos portadores de IRC submetidos à hemodiálise.

Grupo* /Avaliação** T1 T2 T3 T4 X grupo

G1 6,96 ± 0,99 7,25 ± 1,14 6,91 ± 0,94 7,18 ± 1,01 7,07 ± 0,97 A G2 7,08 ± 1,12 6,95 ± 1,58 6,68 ± 0,67 7,10 ± 0,93 6,96 ± 1,07 A G3 6,83 ± 1,10 7,38 ± 1,16 6,91 ± 0,96 7,11 ± 1,13 7,06 ± 1,04 A G4 6,68 ± 0,46 7,33 ± 1,48 6,85 ± 0,81 7,26 ± 1,33 7,04 ± 1,08 A X aval 6,90 ± 0,93 ab 7,22 ± 1,27 a 6,84 ± 0,80 b 7,16 ± 1,04 ab cv = 6,74 AB

médias seguidas por letras maiúsculas, na mesma coluna, diferem (p<0,05). ab médias seguidas por letras minúsculas, na mesma linha, diferem (p<0,05).

* Grupo I: dialisador de baixa performance e intervalo interdialítico de 48 horas; Grupo II: dialisador de alta performance e intervalo interdialítico de 48 horas; Grupo III: dialisador de baixa performance e intervalo interdialítico de 72 horas; Grupo IV: dialisador de alta performance e intervalo interdialítico de 72 horas.

** Tempo I: imediatamente antes da 1ª sessão de hemodiálise; Tempo II: logo após a 1ª sessão de hemodiálise; Tempo III: imediatamente antes da 2ª sessão de hemodiálise; Tempo IV: logo após a 2ª sessão de hemodiálise.

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Os valores referentes ao volume globular

(Tabela 4) mostraram-se aumentados após as sessões de hemodiálise (T2 e T4). Atribui-se este fato a hemoconcentração causada pela perda de líquido durante o processo, semelhante àquela citada anteriormente para as proteínas plasmáticas. Não foram observadas diferenças entre os grupos.

Em se tratando do volume globular, todas as médias obtidas encontram-se abaixo dos limites normais da espécie canina. A este resultado está atribuído, possivelmente, o fato de os portadores de IRC apresentarem anemia crônica.

Tabela 4 – Valores médios de volume globular (%) em caninos portadores de IRC submetidos à hemodiálise.

Grupo* / Avaliação** T1 T2 T3 T4 X grupo

G1 26,00 ± 2,44 27,50 ± 4,23 26,50 ± 2,34 27,66 ± 3,72 26,91 ± 3,14 A G2 24,7 ± 4,07 27,00 ± 6,00 24,83 ± 3,76 26,33 ± 4,22 25,67 ± 4,39 A G3 26,68 ± 2,24 28,16 ± 3,31 26,16 ± 3,97 27,33 ± 5,12 27,08 ± 3,63 A G4 27,00 ± 3,46 29,00 ± 5,21 25,00 ± 5,51 28,16 ± 6,21 27,30 ± 5,14 A X aval 26,00 ± 3,11 b 27,91 ± 4,53 a 25,62 ± 3,85 b 27,37 ± 4,63 a

cv = 8,56

AB médias seguidas por letras maiúsculas, na mesma coluna, diferem (p<0,05). ab

médias seguidas por letras minúsculas, na mesma linha, diferem (p<0,05).

* Grupo I: dialisador de baixa performance e intervalo interdialítico de 48 horas; Grupo II: dialisador de alta performance e intervalo interdialítico de 48 horas; Grupo III: dialisador de baixa performance e intervalo interdialítico de 72 horas; Grupo IV: dialisador de alta performance e intervalo interdialítico de 72 horas.

** Tempo I: imediatamente antes da 1ª sessão de hemodiálise; Tempo II: logo após a 1ª sessão de hemodiálise; Tempo III: imediatamente antes da 2ª sessão de hemodiálise; Tempo IV: logo após a 2ª sessão de hemodiálise.

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Tabela 5 – Valores médios de hemoglobina (g/dl) em caninos portadores de IRC submetidos à hemodiálise.

Grupo* / Avaliação** T1 T2 T3 T4 X grupo

G1 7,66 ± 1,16 7,96 ± 1,27 7,66 ± 1,22 8,00 ± 1,36 7,82 ± 1,18 A G2 7,48 ± 1,31 8,30 ± 2,51 7,55 ± 1,55 7,91 ± 1,78 7,80 ± 1,73 A G3 7,75 ± 1,25 8,41 ± 1,3 7,81 ± 1,94 8,33 ± 2,21 8,07 ± 1,64 A G4 8,04 ± 1,57 9,28 ± 1,81 8,08 ± 1,87 9,18 ± 2,39 8,67 ± 1,91 A X aval 7,71 ± 1,25 b 8,49 ± 1,74 a 7,77 ± 1,57 b 8,35 ± 1,91 a cv = 11,00 AB

médias seguidas por letras maiúsculas, na mesma coluna, diferem (p<0,05). ab

médias seguidas por letras minúsculas, na mesma linha, diferem (p<0,05).

* Grupo I: dialisador de baixa performance e intervalo interdialítico de 48 horas; Grupo II: dialisador de alta performance e intervalo interdialítico de 48 horas; Grupo III: dialisador de baixa performance e intervalo interdialítico de 72 horas; Grupo IV: dialisador de alta performance e intervalo interdialítico de 72 horas.

** Tempo I: imediatamente antes da 1ª sessão de hemodiálise; Tempo II: logo após a 1ª sessão de hemodiálise; Tempo III: imediatamente antes da 2ª sessão de hemodiálise; Tempo IV: logo após a 2ª sessão de hemodiálise.

Na avaliação da concentração de hemoglobina (Tabela 5) observou-se diferença (p<0,05) entre os tempos de coleta, antes (T1 e T3) e depois (T2 e T4) da sessão de hemodiálise. Apesar do aumento dos valores após a sessão de hemodiálise, todos se encontravam abaixo da concentração normal para a espécie. Não houve diferenças significativas entre os grupos.

Os valores abaixo da normalidade ocorrem devido a vários fatores inerentes à IRC pré-

existente e ao processo de circulação extracorpórea. É comum que pacientes portadores de IRC apresentem alterações do eritrograma, decorrentes da produção insuficiente de eritropoetina. Além disso, a diferença entre os valores referentes ao tempo antes (T1 e T3) e depois (T2 e T4) da hemodiálise pode ser explicada pela ocorrência de hemólise que ocorre durante a passagem do sangue pelo circuito extracorpóreo, sendo a hemoglobina recuperada e sua concentração no sangue aumentada.

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Tabela 6 – Valores médios de CHCM (%) em caninos portadores de IRC submetidos à hemodiálise.

Grupo* / Avaliação** T1 T2 T3 T4 X grupo

G1 31,03 ± 2,25 32,35 ± 2,65 31,88 ± 2,55 33,41 ± 2,73 32,17 ± 2,53 A G2 30,45 ± 3,29 30,31 ± 2,15 30,95 ± 2,97 31,26 ± 2,12 30,73 ± 2,57 A G3 31,15 ± 1,48 32,65 ± 2,02 31,26 ± 2,54 32,58 ± 2,91 31,91 ± 2,26 A G4 29,5 ± 3,28 32,01 ± 1,51 31,81 ± 2,08 32,45 ± 2,11 31,53 ± 2,39 A X aval 30,57 ± 2,58 b 31,83 ± 2,18 a 31,47 ± 2,41 ab 32,42 ± 2,45 a cv = 5,12 AB

médias seguidas por letras maiúsculas, na mesma coluna, diferem (p<0,05). ab

médias seguidas por letras minúsculas, na mesma linha, diferem (p<0,05).

* Grupo I: dialisador de baixa performance e intervalo interdialítico de 48 horas; Grupo II: dialisador de alta performance e intervalo interdialítico de 48 horas; Grupo III: dialisador de baixa performance e intervalo interdialítico de 72 horas; Grupo IV: dialisador de alta performance e intervalo interdialítico de 72 horas.

** Tempo I: imediatamente antes da 1ª sessão de hemodiálise; Tempo II: logo após a 1ª sessão de hemodiálise; Tempo III: imediatamente antes da 2ª sessão de hemodiálise; Tempo IV: logo após a 2ª sessão de hemodiálise.

O estudo das células brancas nos indivíduos em hemodiálise se faz importante, visto que algumas reações de hipersensibilidade ao equipamento podem ocorrer (Bregman et al., 2003).

As médias obtidas para a contagem de leucócitos e neutrófilos segmentados estão representadas na tabela 7 e tabela 8, respectivamente.

Tabela 7 – Valores médios de leucócitos (células/μl) em caninos portadores de IRC submetidos à hemodiálise.

Grupo* /Avaliação** T1 T2 T3 T4 X grupo

G1 8637,93 ± 5008,97 8781,40 ± 7927,93 9118,01 ± 4626,46 9149,80 ± 4802,77 8291,78 ± 5369,83 A G2 6945,25 ± 5254,60 12161,66 ± 8902,87 6885,00 ± 3605,07 9905,00 ± 2173,41 8893,07 ± 5669,99 A G3 7541,30 ± 4663,16 7654,58 ± 4487,76 8787,94 ± 5284,60 10573,06 ± 6770,57 8639,22 ± 5166,29 A G4 12264,00 ± 4742,72 10959,46 ± 6579,56 9811,63 ± 6439,95 14420,46 ± 11555,26 11846,49 ± 7542,61 A X aval 8625,51 ± 5033,9 a 9889,28 ± 6934,75 a 8650,64 ± 4877,72 a 11012,08 ± 7024,17 a cv = 35,36 AB

médias seguidas por letras maiúsculas, na mesma coluna, diferem (p<0,05). ab médias seguidas por letras minúsculas, na mesma linha, diferem (p<0,05).

* Grupo I: dialisador de baixa performance e intervalo interdialítico de 48 horas; Grupo II: dialisador de alta performance e intervalo interdialítico de 48 horas; Grupo III: dialisador de baixa performance e intervalo interdialítico de 72 horas; Grupo IV: dialisador de alta performance e intervalo interdialítico de 72 horas.

** Tempo I: imediatamente antes da 1ª sessão de hemodiálise; Tempo II: logo após a 1ª sessão de hemodiálise; Tempo III: imediatamente antes da 2ª sessão de hemodiálise; Tempo IV: logo após a 2ª sessão de hemodiálise.

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Na observação dos dados referentes a

leucócitos (Tabela 7) não foram detectadas diferenças nem entre os grupos nem entre os tempos (p<0,05) (Tabela 7).

O aumento da concentração de leucócitos, após a hemodiálise (T2), presente no grupo II pode ser justificado pela mobilização do pool marginal de neutrófilos, por possíveis reações de hipersensibilidade ao equipamento e possivelmente, também, pela doença pré-existente dos animais tratados.

Essa mobilização do pool marginal de neutrófilos, que pode inclusive duplicar o número de células na amostra estudada, ocorre, em geral, pela variação do fluxo sangüíneo, além do estresse causado pelo procedimento.

Diversas diferenças foram encontradas entre os tempos (p<0,05), na contagem de neutrófilos segmentados (Tabela 8), sem, entretanto, serem diagnosticadas neutropenia e neutrofilia.

Tabela 8 – Valores médios de neutrófilos segmentados (células/μl) em caninos portadores de IRC submetidos à hemodiálise.

Grupo* / Avaliação** T1 T2 T3 T4 X grupo

1 7728,83 ± 3065,92 9498,5 ± 4782,99 8387,50 ± 2001,99 8766,66 ± 2296,99 8595,00 ± 3076,13 A 2 5981,57 ± 4302,79 9444,33 ± 7986,81 5080,50 ± 3282,97 7721,50 ± 2584,82 7013,84 ± 4939,87 A 3 6653,00 ± 2958,17 7945,83 ± 2199,16 7908,50 ± 3612,04 9611,16 ± 4980,10 8029,50 ± 3512,00 A 4 10770,80 ± 5534,36 9756,83 ± 4367,73 9411,50 ± 4813,23 13295,16 ± 9359,93 10810,08 ± 6132,04 A X aval 7584 ± 4162,11 b 9161,37 ± 4956,56 ab 7696,50 ± 3711,50 b 9848,50 ± 5624,60 a cv = 32,16 AB

médias seguidas por letras maiúsculas, na mesma coluna, diferem (p<0,05). ab

médias seguidas por letras minúsculas, na mesma linha, diferem (p<0,05).

* Grupo I: dialisador de baixa performance e intervalo interdialítico de 48 horas; Grupo II: dialisador de alta performance e intervalo interdialítico de 48 horas; Grupo III: dialisador de baixa performance e intervalo interdialítico de 72 horas; Grupo IV: dialisador de alta performance e intervalo interdialítico de 72 horas.

** Tempo I: imediatamente antes da 1ª sessão de hemodiálise; Tempo II: logo após a 1ª sessão de hemodiálise; Tempo III: imediatamente antes da 2ª sessão de hemodiálise; Tempo IV: logo após a 2ª sessão de hemodiálise.

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4.2 - Bioquímica do sangue

Na bioquímica do sangue foram avaliadas substâncias de interesse na adequação da hemodiálise e também, substâncias importantes no acompanhamento da saúde de pacientes portadores de IRC. Foram avaliados: proteínas totais, uréia, creatinina, potássio, fósforo, cálcio, sódio e GGT.

As variáveis que apresentaram médias estatisticamente significativas, nos grupos

e/ou nos tempos, estão representadas nas tabelas 9, 10, 11.

A análise das concentrações de uréia e creatinina antes e depois do procedimento dialítico são fundamentais em qualquer paciente submetido à diálise, pois estas substâncias indicam a qualidade e a quantidade de diálise que o indivíduo foi submetido (Daugirdas et. al., 2003).

Tabela 9 – Valores médios de uréia (mg/dl) em caninos portadores de IRC submetidos à hemodiálise.

Grupo* /Avaliação** T1 T2 T3 T4 X grupo

G1 179,83 ± 46,64 103,00 ± 30,22 172,66 ± 31,00 97,00 ± 21,42 138,12 ± 50,08 A G2 197,71 ± 72,4 94,83 ± 28,73 217,33 ± 62,03 88,50 ± 19,42 151,52 ± 76,57 A G3 168,83 ± 22,78 95,33 ± 19,42 162,33 ± 39,56 87,16 ± 21,23 128,41 ± 45,70 A G4 207,60 ± 64,79 100,33 ± 28,34 206,00 ± 56,66 102,33 ± 17,99 151,73 ± 68,17 A X aval 188,08 ± 539,93 a 98,37 ± 25,43 b 189,58 ± 51,21a 93,75 ± 19,76 b cv = 3,63

AB médias seguidas por letras maiúsculas, na mesma coluna, diferem (p<0,05). ab

médias seguidas por letras minúsculas, na mesma linha, diferem (p<0,05).

* Grupo I: dialisador de baixa performance e intervalo interdialítico de 48 horas; Grupo II: dialisador de alta performance e intervalo interdialítico de 48 horas; Grupo III: dialisador de baixa performance e intervalo interdialítico de 72 horas; Grupo IV: dialisador de alta performance e intervalo interdialítico de 72 horas.

** Tempo I: imediatamente antes da 1ª sessão de hemodiálise; Tempo II: logo após a 1ª sessão de hemodiálise; Tempo III: imediatamente antes da 2ª sessão de hemodiálise; Tempo IV: logo após a 2ª sessão de hemodiálise.

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50 75 100 125 150 175 200 225 250 1 2 3 4 5 G1 G2 18 0 19 8 16 9 20 8 10 3 95 95 10 0 17 3 21 7 16 2 20 6 97 89 87 10 2 13 8 15 2 12 8 15 2 0 50 100 150 200 250 1 2 3 4 5 G 1 G 2 G 3 G 4

Figura 1 – Avaliação da concentração da uréia (mg/dl) em caninos portadores de IRC submetidos à hemodiálise.

Figura 2 – Avaliação da concentração da uréia (mg/dl) em caninos portadores de IRC, submetidos a duas sessões de hemodiálise, com intervalo interdialítico de 48 horas.

Uréia (mg/dl)

Tempo Uréia (mg/dl)

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50 75 100 125 150 175 200 225 1 2 3 4 5 6 G3 G4   3              72 hs     4

Figura 3 – Avaliação da concentração da uréia (mg/dl) em caninos portadores de IRC, submetidos a duas sessões de hemodiálise, com intervalo interdialítico de 72 horas.

A depuração de uréia sofre influência de diversos fatores como: velocidade do fluxo sangüíneo, velocidade do fluxo da solução dialítica e eficiência do dialisador utilizado. Além disso, por ter baixo peso molecular, a uréia pode ser removida do sangue com maior taxa de eficiência, quando comparada a creatinina, por exemplo (Daugirdas et al., 2003).

O tempo de três horas de sessão de diálise foi capaz de remover 44% de uréia com capilares de baixa performance e 53% com de alta performance.

Na análise da comparação entre a capacidade dialítica dos dialisadores estudados, observou-se uma maior eficiência dos dialisadores de alta performance, mesmo que os resultados estatíticos não tenham apresentado diferenças significativas. Quando comparados os dialisadores, levando-se em conta a diferença percentual de depuração, observa-se que os dialisadores de alta performance depuram em média 20% a mais que os dialisadores de baixa performance.

Essa diferença relativa à remoção da uréia deve-se ao fato de que os dialisadores de alta performance apresentam membranas mais Uréia

(mg/dl)

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finas, maior área de superfície e poros mais

amplos, permitindo maior contato do sangue com o dialisato e conseqüentemente maior eficiência nas trocas e na remoção de catabólitos. Conforme informação do fabricante e Daugirdas et al. (2003), a capacidade dialítica desses dialisadores de alta performance é superior aos de baixa performance.

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