últimos 12 meses. A carência de 1 ano de tempo de contribuição fica dispensada nos
mesmos casos da aposentadoria por invalidez, e a substituição do salário é de no máximo 91%.
O auxílio-doença não é diretamente afetado pela PEC nº 87, de 2016, mas vem sendo objeto de alterações infraconstitucionais.
117 QUAL A QUANTIDADE DE BENEFICIÁRIOS DO AUXÍLIO-DOENÇA?
Atualmente o INSS paga 1 milhão e 600 mil benefícios de auxílio-doença. O crescimento do benefício neste ano está muito condicionado à greve dos peritos do INSS de 2015, que represou quantidade significativa de pedidos, não refletindo uma tendência de crescimento vegetativo.
118 QUAL O VALOR DA DESPESA COM AUXÍLIOS-DOENÇA?
A despesa com auxílio-doença deve chegar a R$ 25 bilhões em 2016, o que equivale ao dobro dos gastos da União com educação básica, novamente segundo o orçamento de 2017. O Gráfico 37 destaca a trajetória nos últimos anos, que em 2015 foi afetada pela greve dos peritos previdenciários.
Gráfico 37 – Despesa com auxílio-doença – 2012-2016 – Em R$ bilhões de 2016
Fonte: Elaboração própria, a partir do Anuário Estatístico da Previdência Social (2014) e Boletins Estatísticos da Previdência Social.
119 QUAL A PARTICIPAÇÃO DO AUXÍLIO-DOENÇA NO TOTAL DE BENEFÍCIOS E
DESPESAS DO RGPS?
O valor médio do auxílio-doença é o mesmo do benefício médio da Previdência: assim, a participação do auxílio-doença na quantidade de benefícios e no total de gasto do INSS é a mesma: 5%.
Gráficos 38 e 39 – Participação do auxílio-doença no total de benefícios (esquerda) e despesas (direita) do RGPS
Fonte: Elaboração própria, a partir do Boletim Estatístico da Previdência Social (julho de 2016).
20 27 17 19 21 23 25 27 29 2012 2013 2014 2015 2016 5% 5%
120 QUAL O VALOR MÉDIO DO AUXÍLIO-DOENÇA?
O valor médio deste benefício equivale à média dos benefícios previdenciários: R$ 1.320, estando 18% acima da renda média nacional e 8 vezes acima da linha de pobreza, vide Gráfico 40.
Gráfico 40 – Valor médio do auxílio-doença, benefício médio da Previdência, renda média nacional, linha de pobreza e linha de extrema pobreza
Fonte: Elaboração própria, a partir do Boletim Estatístico da Previdência Social (julho de 2016) e IBGE.
121 EM QUE ESTADOS E REGIÕES O AUXÍLIO-DOENÇA É MAIS RELEVANTE?
O auxílio-doença é mais relevante nas regiões com mercado de trabalho formal mais aquecido: Sul, Sudeste e Centro-Oeste. As maiores taxas de participação no total de benefícios pagos pelo INSS se dá em Santa Catarina (54%), Mato Grosso do Sul (51%), Goiás (50%) e Minas Gerais (49%). As menores são no Amapá (23%), Acre, Maranhão (24%) e Roraima (27%). As Tabelas 37 e 38 trazem esses dados.
Tabela 37 – Participação do auxílio-doença no total de benefícios pagos – Por UF (2014)
Santa Catarina 53.5% Mato Grosso do Sul 50.8% Goiás 50.2% Minas Gerais 49.2% Roraima 27.4% Maranhão 24.4% Acre 23.7% Amapá 22.7%
Tabela 38 – Participação do auxílio-doença morte no total de benefícios pagos – Por região (2014) Sul 49% Centro-Oeste 49% Sudeste 49% Nordeste 35% Norte 31%
Fonte: Elaboração própria, a partir do Anuário Estatístico da Previdência Social (2014).
122 QUAL A PROPOSTA DA REFORMA PARA O AUXÍLIO-DOENÇA?
O auxílio-doença não é regulamentado pela Constituição, e por isso não foi alterado pela PEC nº 287, de 2016. É provável que em 2017 o governo encaminhe projeto de lei alterando o benefício.
O auxílio-doença já era o principal objeto da “pré-reforma” da Previdência, a MP nº 739/2016 (atual MP nº 767/2017). Tal qual ocorreu com a aposentadoria por invalidez, a proposta do governo é de ampliar de 4 para 12 contribuições (1 ano) a carência necessária para o recebimento do benefício após a perda de qualidade de segurado que decorre de um período sem contribuições, visando reduzir comportamentos oportunistas.
A Tabela 39 descreve as mudanças propostas anteriormente e as esperadas nos próximos meses.
Tabela 39 – Auxílio-doença: como era e como fica
Regras atuais Proposta da reforma
Tempo de contribuição
(carência) 1 ano176
Pendente. É provável aumento. Perda de filiação zera a contagem.
Forma de cálculo 91% da média dos últimos 12
salários.
Pendente. É provável redução.
Benefício integral Não há. Pendente. É provável que continue não havendo.
A MP também promoveu um mutirão de perícias, em resposta aos mais de 800 mil benefícios com duração superior a 2 anos, potencialmente pagos a quem não está mais incapacitado ou mesmo quem voltou a trabalhar. Opositores da mudança, no entanto,
demonstraram receio de que segurados com incapacidade menos evidente fossem prejudicados, como aqueles com transtornos psiquiátricos. Nos primeiros subgrupos escolhidos para a perícia, a revisão dos benefícios chegou à taxa de 80%177.
No sentido de evitar nova formação de um grande estoque de benefícios indevidos, a MP nº 739, de 2016 (MP nº 767, de 2017) previu que o auxílio-doença concedido judicialmente tenha uma estimativa de quando o pagamento deverá ser cessado. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) já possuía recomendação no mesmo sentido. Caso não haja a previsão sobre a recuperação do beneficiário, o auxílio-doença será interrompido após 4 meses. A judicialização do auxílio-doença possui motivações semelhantes à judicialização da aposentadoria por invalidez, analisada nas páginas anteriores. Avalia-se que, em curto prazo, os efeitos da MP nas contas públicas seria maior do que os da própria PEC nº 287/2016, caso aprovada.
Do lado administrativo, o governo criou um bônus por perícia para os médicos do INSS, na tentativa de manter os médicos no quadro e efetivamente trabalhando nas agências. Nesse sentido, o ano de 2015 havia sido marcado por uma malsucedida tentativa, no âmbito da MP nº 664, de 2014, de terceirizar as perícias para o setor privado e o SUS, bem como por uma longa greve da categoria.
Ainda, a Lei nº 13.135, de 2015, decorrente desta MP, já havia alterado a forma de cálculo do auxílio-doença, que anteriormente era feito não pela média dos últimos 12 salários, mas de todo o período contributivo178. O desenho anterior poderia, para parte dos segurados, estimular a requisição do benefício, já que o seu recebimento poderia aumentar a renda do beneficiário, em vez de apenas repô-la. Com a mudança, as duas formas de cálculo coexistem, valendo para cada segurado aquela que resultar no menor valor.
Como na aposentadoria por invalidez (incapacidade), é provável que projeto de lei ampliando o tempo de contribuição de 1 ano seja enviado ao Congresso Nacional, segundo informações não oficiais da imprensa, bem como que a forma de cálculo do benefício seja alterada, o que seria coerente face às mudanças no cálculo de aposentadorias e pensões.
177 Ver: http://oglobo.globo.com/economia/pente-fino-do-inss-cancela-80-dos-auxilios-doenca-ja-avaliad os-20287740.
REGIMEPRÓPRIODEPREVIDÊNCIASOCIAL(RPPS)