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Capitulo III O azulejo de fachada do Porto Oriental

III.2 Identificação e diagnóstico do património existente na área de estudo

III.2.5. Análise e diagnóstico do estado de degradação

III.2.5.2. Anomalias do Azulejo

No gráfico referente às anomalias dos azulejos, é notória que uma grande parte da percentagem é preenchida pelas lacunas fissuras de chacota, lacunas e destacamento de vidrado são raros os edifícios que não possuem este tipo de anomalia. Segue-se as substâncias sobrepostas como tintas cartazes ou objetos publicitários ou utilitários. Em menores percentagens surgem as manchas de óxido de ferro e as colonizações biológicas.

Figura 91 Gráfico circular das anomalias presentes nos azulejos em percentagem

Podemos dizer que lacunas, fraturas e fissuras de suporte ou do vidrado, são anomalias que aparecem frequentemente em conjunto nos azulejos dos edifícios, embora por vezes sejam derivadas de razões muito diferentes. Os principais fatores de alteração estão assentes na presença dos sais ou de tensões sofridas (MIMOSO, 2011).

A causa destas anomalias pode derivar da infiltração de águas levando à cristalização de sais quando secam. Isto cria tensões internas que levam, frequentemente, ao destacamento da camada de vidrado (Fig. 91). É notório que os locais de maior degradação, são normalmente áreas onde a evaporação se dá de forma mais fácil como é o caso de zonas ensolaradas ou ainda nas zonas junto ao lambril ou soco da fachada (ALMEIDA, 2011).

Lacunas, fraturas e fisuuras no suporte Lacunas e destacamento de vidrado substancias sobrepostas Depositos de sxidos de ferro Colonizaçao biologica

Existem também causas derivadas do próprio fabrico dos azulejos, que leva por vezes a que existam fragilidades como o craquelet e pequenos orifícios no vidrado e chacota, que vem a agravar com os fatores de degradação (Fig. 92). Mas podem também ser consequência da incompatibilidade de comportamento entre vidrado e chacota, ou fraca aderência entre eles. (ALMEIDA, 2011).

Figura 92 Sais123 Figura 93 Defeitos de fabrico124

Estas anomalias podem ainda ser consequência de danos provocados por impactos de objetos, que terão sido projetados ou encostados (Fig. 93), podem ainda ser consequência da inserção de elementos na fachada por perfuração, ou por causarem tensões excessivas (Fig. 94). Os elementos metálicos inseridos estão frequentemente oxidados e provocam tensões nos azulejos, que resultam na degradação da estanquidade do revestimento e na fissuração. Mas também as tensões estruturais criam fissuração, manifestando-se na diagonal ou na horizontal. São tensões resultantes de vibrações introduzidas, como por exemplo pelos veículos pesados, ocorrendo desta forma também fissurações e destacamento de vidrado nas bordas dos azulejos (FERREIRA, 2009).

123

Idem

Figura 94 Anomalia derivada de Impactos125

Figura 95 Anomalia derivada de tensões excessivas126

Figura 96 Anomalia derivada de tensões excessivas127

Quase tão comum como as anomalias já referidas são as substâncias sobrepostas nos revestimentos. Tal facto, manifesta-se, geralmente, através de uma película cinzenta (Fig. 96), que é tanto pulverulenta, como apresenta fases concrecionadas. Com mais frequência vemos este tipo de anomalia presente em edifícios abandonados ou então em ruas com muito tráfego. A sua origem provém das partículas que a atmosfera comporta aliada à poluição provocada pelo tráfego automóvel e que são atraídas para a superfície do azulejo, depositadas pelo vento ou favorecidas pela presença da humidade, que lhes proporciona maior força de atração e aderência. Estas partículas vão criar depósitos na superfície dos azulejos e pode vir a tornar-se um fator de alteração, quando conjugadas com a humidade potenciando a presença de ácidos, que alteram as faces vítreas e cerâmicas do azulejo (FERREIRA, 2009).

125 Idem 126

Idem

Figura 97 Poeiras acumuladas 128 Figura 98 Depósitos de óxidos de ferro129

Existe outro tipo de substâncias depositadas, que está intimamente ligado às escorrências de águas pluviais (Fig. Estas escorrências trazem consigo substâncias orgânicas, micro-organismos, compostos minerais como o sulfato de cálcio, produto da alteração das argamassas que concreciona à superfície, ou óxidos de ferro derivados dos componentes arquitetónicos de fachada quando estão alterados. As manchas de óxidos metálicos, (Fig, 97) é uma anomalia frequente em edifícios com fraca manutenção, abandonados ou ainda edifícios de utilizações comerciais, oficinas ou escritórios aos quais foram acrescentados novos equipamentos inseridos por adaptação do edifício às novas necessidades (FERREIRA, 2009).

Figura 99 Tintas130 Figura 100 Escorrências131

128

Idem

Outro género de substâncias que se encontram sobrepostas, surge da aplicação de tintas plásticas, esmaltes ou acrílicas, que tenham sido aplicadas com contexto de manutenção ou num contexto artístico underground, ou mesmo por puro vandalismo. Existe também a colagem de papéis publicitários ou papéis com mensagens de intervenção ou manifestações artísticas, que para além de ocultar áreas do padrão impedindo a sua completa leitura, no caso dos stikers132, estes podem também dar origem a colonizações biológicas que se alimentam dos compostos orgânicos que compõem estes elementos ( ver ficha 7 e 15 em anexo I).

Os ataques biológicos são normalmente encontrados em fachadas que sofrem de falta de manutenção, em fachadas muito sombreadas, em fachadas com lacunas no revestimento ou nos elementos azulejares. Surgem frequentemente junto aos beirais dos telhados, às varandas e principalmente, junto aos tubos de queda de águas pluviais ( ver ficha 24 em anexo I).

Quando existe rotura do cerâmico ou do vidrado, lacunas do revestimento ou do elemento cerâmico, argamassas de juntas envelhecida, às quais se junta humidade suficiente conjugada com uma exposição ao sol favorável, surgem colonizações biológicas. Podem ser constituídas por fungos, na interface do vidrado/chacota, (Fig.101) manchando o material com a libertação de pigmento ou com a produção de ácidos133, podem também ser encontradas bactérias autotróficas, compostos orgânicos, atacando os carbonatos e os silicatos, ou algas frequentes em locais com pouca luz e humidade elevada, capazes de reter grandes quantidades de água e libertar compostos prejudiciais como ácidos, substâncias quelantes e aminoácidos. Mas estas colónias podem também ser formadas por líquenes,134 ou musgos, que são normalmente encontrados em ambientes de alta humidade e com luz indireta do sol, que vão cobrir os

130 Idem 131 Idem

132 Movimento de arte de rua que envolve a colagem de papeis nas paredes e objetos urbanos.

133 Que perfuram com os micélios no substrato retirando do material os componentes necessários para sobreviver carbónico, nítrico,

sulfúrico ou substâncias quelantes.

materiais e alterar a sua estética provocando manchas e facilitando a colonização de outros organismos. As raízes das plantas superiores são também um fator prejudicial dado que penetram na matéria porosa, provocando tensões, que por sua vez conduzem ao surgimento de fissuras, fraturas ou lacunas.

Figura 101 Ataques biológicos. Líquenes 135 Figura 102 Ataques biológicos, microorganismos

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Fonte: própria , revestimento encontrados na zona oriental do Porto