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Anormalidades objetivas ao exame neuro-oftalmológico

2 REVISÃO DA LITERATURA

5.2 Anormalidades objetivas ao exame neuro-oftalmológico

Todos os portadores de EM apresentavam exame biomicroscópico e tonometria de aplanação normais, cumprindo os critérios do estudo.

Os pacientes do grupo com história de NO apresentaram pior acuidade visual (média=0,042; DP=0,1) que os pacientes do grupo sem história de NO (média=0,029; dp=0,1), mas esta diferença não foi significativa (p=0,199). Apenas um paciente do grupo com história de NO apresentou acuidade visual de percepção luminosa, em um olho. Alteração da acuidade visual foi observada em 25% (n=11) dos olhos no grupo de pacientes com história de NO e em 22,5% (n=18) dos olhos no grupo sem história de NO (p=0,553).

Defeito pupilar aferente relativo (DPAR) foi observado em oito (6,4%) pacientes, sendo cinco (11,6%) do grupo com história de NO e três (3,8%) do grupo sem história de NO. Esta diferença não foi significativa (p=0,131).

Atrofia do disco óptico foi encontrada ao exame fundoscópico em 58 olhos, sendo 24 (30%) no grupo sem história de NO e 34 (77,3%) no grupo com história de NO (Tabela 3) (p<0,0001). Nenhum paciente apresentou edema do disco óptico à avaliação.

Tabela 3

Características das alterações ao exame neuro-oftalmológico

Média Mediana DP Faixa p*

AV LogMAR

Pacientes com história de

NO 0,0423 0 0,1 -0,1 - 0,48

Pacientes sem história de

NO 0,0288 0 0,1 -0,1 - 0,6

0,1993

n %

DPAR

Pacientes com história de

NO 5 11,6

Pacientes sem história de

NO 3 3,8

0,131

Atrofia de disco óptico

Pacientes com história de

NO 34 77,3

Pacientes sem história de

NO 24 30

0,0001

AV: acuidade visual, NO: neurite óptica, DPAR: defeito pupilar aferente relativo, DP: desvio padrão

*Teste Mann-Whitney para a variável AV LogMAR, e teste de proporções de Fisher para DPAR e atrofia de disco óptico

5.3 Anormalidades da visão cromática

ƒ Exame de visão cromática pelas Lâminas de Ishihara

O exame da visão cromática através das Lâminas de Ishihara (Tabela 4), demonstrou anormalidade em 12 olhos (27,3%) do grupo com história de NO e em oito olhos (10%) do grupo sem história de NO (p=0,002). A média de acertos do grupo com história de NO foi 8,7 lâminas (dp=2,7) enquanto no grupo sem história de NO foi 9,6 (dp=1,5) (p=0,011).

Tabela 4

Análise descritiva do exame de visão cromática através das Lâminas de Ishihara

Média Mediana DP Faixa p*

Pacientes com história de NO 8,7 10 2,7 0 - 10

Pacientes sem história de NO 9,6 10 1,5 2 - 10 0,011

NO: neurite óptica DP: desvio padrão *Teste Mann-Whitney

ƒ Exame de visão cromática pelo Teste de Farnsworth-Munsell 100-hue

O teste de Farnsworth-Munsell 100-hue (FM-100) demonstrou ITE maior no grupo com história de NO (média=200,32, dp=116,2) que no grupo sem história de NO (média=179,05, dp=134,4). Estas diferenças não foram significativas (p=0,146) (Tabela 5).

No grupo de pacientes com história de NO o teste foi anormal em 77,3% (34 olhos), enquanto o grupo sem história de NO em 68,8% (55 olhos) (Tabela 6). Estas diferenças não foram significativas entre o grupo com história de NO e o grupo sem história de NO (p=0,313).

Tabela 5

Análise descritiva do índice total de erros ao exame Farnsworth-Munsell 100-hue

Média Mediana DP Faixa p*

Pacientes com história de NO 200,32 184 116,2 56-636 0,146

Pacientes sem história de NO 179,05 152 134,4 16-949

NO: neurite óptica DP: desvio padrão

Farnsworth-Munsell 100 Hue Test 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 2 3 4 56 7 8 910 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 6566 6768 6970 71 7273 7475 7677 7879 80818283 8485 Tritan Protan Deutan

Farnsworth-Munsell 100 Hue Test

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 2 3 4 56 7 8 910 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 6768 6970 71 7273 7475 7677 7879 80818283 8485 Tritan Protan Deutan Tabela 6

Discriminação cromática ao exame Farnsworth-Munsell 100-hue

Normal Alterado

N % n % p*

Pacientes com história de NO 10 22,7 34 77,3

Pacientes sem história de NO 25 31,3 55 68,8 0,313

NO: neurite óptica *Teste Qui-quadrado.

A maioria dos defeitos cromáticos encontrados nos dois grupos de portadores de EM foi discromatopsia não seletiva (58,8% no grupo com história de NO, 47,5% no grupo sem história de NO), seguidos por defeitos no eixo azul-amarelo (26,5%, 11,3%, respectivamente) e por alterações no eixo vermelho-verde (14,7% e 10%, respectivamente) (Tabela 7). Estas diferenças não foram significativas (p=0,821). A figura 1 ilustra o resultado de um defeito visual no eixo azul-amarelo e a figura 2 demonstra defeito no eixo vermelho-verde.

Tabela 7

Tipo de defeito visual no teste Farnsworth-Munsell 100-hue

p* Eixo azul-amarelo n (%) Eixo vermelho-verde n (%) Não seletivo n (%)

Pacientes com história de NO 9 (26,5) 5 (14,7) 20 (58,8)

Pacientes sem história de NO 9 (11,3) 8 (10) 38 (47,5) 0,821

NO: neurite óptica *Teste Qui-quadrado

Ao analisar a influência das variáveis clinico-epidemiológicas dos grupos de portadores de EM no ITE destes pacientes, o grupo de pacientes com história de NO não apresentou associação entre qualquer variável clinico-epidemiológica e o seu ITE no teste FM-100 (Tabela 8). No entanto, no grupo de portadores sem história de NO, o tempo de evolução da doença, a idade do primeiro sintoma da doença, a idade atual e o EDSS correlacionaram-se significativamente com o ITE do teste FM- 100. Pacientes com maior tempo de evolução, idade maior ao primeiro sintoma da doença, idade atual maior e maior EDSS apresentaram valores mais elevados do ITE (Tabela 9).

Tabela 8

Coeficiente de correlação entre o índice total de erros e as variáveis clínico epidemiológicas

p

Pacientes com história de NO

Sexo 0,395 Idade 0,862 Raça 0,760 Forma evolutiva da doença 0,624

Tempo de evolução 0,812

Idade do primeiro sintoma 0,761 Número de surtos no primeiro ano 0,291 Número de surtos nos 3 primeiros anos 0,812 Número de surtos nos 5 primeiros anos 0,518

EDSS 0,213

Pacientes sem história de NO

Sexo 0,408 Idade 0,000 Raça 0,309 Forma evolutiva da doença 0,123

Tempo de evolução 0,044*

Idade do primeiro sintoma 0,015* Número de surtos no primeiro ano 0,500 Número de surtos nos 3 primeiros anos 0,837 Número de surtos nos 5 primeiros anos 0,297

EDSS 0,030*

NO: neurite óptica

* p = <0,05.

O valor de p refere-se ao teste Mann-Whitney para as variáveis sexo, raça,

forma evolutiva e tempo de evolução e correlação de Spearman para as vaiáveis idade, i dade do primeiro sintoma, número de surtos e EDSS.

Tabela 9

Fatores associados ao escore do teste Farnsworth-Munsell 100-hue em portadores de esclerose múltipla sem historia de neurite óptica

Índice total de erros Média Mediana DP p*

Tempo de evolução

Menor que 60 meses 135,830 114 62,06

Maior que 60 meses 197,570 172 152,25 0,044

r p*

Idade atual 0,461 0,000

Idade do primeiro sintoma 0,272 0,015

EDSS 0,2 0,03

DP: desvio-padrão

*Teste Mann-Whitney para a variável tempo de evolução e correlação de Spearman para as variáveis idade, idade do primeiro sintoma e EDSS.

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