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Durante o trabalho de campo pude acompanhar a chegada e o desenvolvimento de 5 crianças refugiadas dentro desta faixa etária. Se nos primeiros dias, as principais atitudes se revelavam através da vergonha e do medo, com o prosseguir do tempo durante o qual as acompanhei, as suas disposições foram-se transformando em todos os casos de uma forma positiva e alegre. Este grupo de crianças foi aquele que segui com mais constância e profundidade por terem vivido no CAR, frequentarem o Espaço A Criança e virem diariamente à Biblioteca. Presenciei os seus desenvolvimentos com permanência e pude constatar processos de aprendizagem da língua e de integração na creche verdadeiramente céleres. A rapidez de aprendizagem da língua pela mimetização constante das palavras é bastante rápida, sendo que em dois meses, crianças de 4 e 5 anos, constroem já algumas frases completas e sabem pronunciar o nome de dezenas de objetos e situações em português. Estas crianças aprendem português mais rapidamente que os seus progenitores e este facto deve-se em muito à frequência do jardim-de-infância onde são muito estimuladas pelo contacto constante com educadoras e colegas. No Espaço A Criança há sempre vaga para as crianças refugiadas que chegam a Portugal, ao funcionar como uma creche regular, permite às crianças mais novas iniciarem a partilha de experiências dentro da sociedade portuguesa. Os 6 meninos refugiados que frequentavam o jardim-de-infância, e que vim a conhecer, sabem bem o que é um menino refugiado. As educadoras conversam com as crianças sobre este tema e estas estão habituadas a receber nas suas turmas meninos vindos de várias partes do Mundo. Nas palavras da diretora Dra. Filipa Silva: “Entre as crianças aqui,

não existe racismo, não é comum, é de facto raro ouvir-se algum comentário desse género. As crianças são muito recetivas e ajudam à integração dos coleguinhas novos que chegam.”

Durante os primeiros dias as crianças revelam receio e tendem a isolar-se, mas com o continuar do tempo e a tentação dos brinquedos e das brincadeiras vão perdendo o medo e

65 gradualmente vão integrando a turma nas atividades e brincadeiras. A habituação à alimentação da creche é um fator inicialmente sensível para os paladares dos infantes, contudo, nem sempre este caso se verifica. As crianças refugiadas que já estão na creche há mais de um ano comem sozinhas. Estimuladas diariamente para que se integrem, as crianças, contam também com o apoio dos seus colegas que revelam uma grande compreensão sobre a situação dos novos companheiros, sendo comum comentários como, “Ela não sabe falar Português, fala noutra língua.” (caderno de campo dia 6 de outubro)

Paralelamente estão no Espaço A Criança meninos refugiados que já frequentam a creche há mais tempo, sendo que a maioria fala português perfeitamente, permitindo que estas crianças percebam a situação dos recém-chegados. Tive oportunidade de observar que é normal a aproximação dos meninos refugiados que já estão na creche há mais tempo dos meninos refugiados recém-chegados. Revelando a capacidade de construção, por parte das crianças, do seu próprio “mundo social”, constituindo-se como agentes ativas no processo de integração dos seus pares recém-chegados. A empatia demonstrada pelas crianças refugiadas para com os infantes recém-chegados é uma forte demonstração, por parte das crianças, das suas capacidades de resiliência e agenciamento, perante a situação de asilo.

Algumas crianças refugiadas frequentavam a creche nos seus países de origem sabendo por isso como pegar num lápis ou como colorir dentro das margens (no caso das crianças com mais de 3 anos), enquanto outras nunca haviam estado num jardim-de-infância tendo por vezes vivido em campos de refugiados. Desta forma o desenvolvimento das crianças está também dependente da história de vida de cada criança - que pauta os seus medos e aprendizagens. Vários meninos vieram de campos de refugiados, o que pode ter reflexos fortes a nível do estado de saúde física. Durante o trabalho de campo observei que as 2 crianças recém-chegadas que estiveram anteriormente em campos de refugiados têm problemas de saúde nomeadamente a nível respiratório.

O Espaço A Criança é um local adequado para a integração das crianças refugiadas, sendo que a estreita ligação e dependência da Direção da Creche com a Direção do CPR permite um ambiente especialmente propício à integração das crianças refugiadas. O cruzamento de informação entre ambas as instituições leva a que as crianças refugiadas sejam aí cuidadas com atenção específica às suas necessidades. As crianças refugiadas com

66 quem conversei gostam muito da creche, querem ir à creche, e, quando daí saiam e vinham para a Biblioteca, contavam-me as peripécias vividas durante o dia. Desta forma observei que se iam tornando cada vez mais comunicativas, com grande vontade de falar, cantar e brincar. De acordo com Berman (2001) estudioso sobre as crianças em situação de guerra, referido por Crowley (2009), “Berman postulates that younger children may perhaps be

protected by their inability to fully comprehend the situations occurring around them, whereas older children may be more able to fully understand the harsh reality they must face through the different phases of migration.” (2009:325)

Os primeiros meses de vivência no CAR são os mais conturbados para as crianças, que estão envoltas num ambiente constantemente agitado e repleto de gente. Todas as crianças, depois de saírem do CAR e estarem nas suas casas com as famílias disseram-me que gostavam muito das suas novas casas, e de aí estarem apenas com as suas famílias. Alguns dos pais com quem conversei referem que devia ser disponibilizado mais apoio por parte do Estado Português para as crianças refugiadas, que, como me referiram recorrentemente: “Um dia vão ser portugueses”. Contudo demonstram-se satisfeitos pelas condições e ensinamentos que são proporcionados aos seus filhos no Espaço A Criança. OCUPAÇÃO DE TEMPOS LIVRES

As atividades desenvolvidas pelas crianças e pelos jovens nos seus momentos de lazer constituem elementos interessantes para compreender a sua integração e os seus trajetos na sociedade portuguesa. Durante o trabalho de campo constatei que muitas crianças e jovens refugiados ocupam o seu tempo com atividades desportivas. Vários rapazes praticam futebol em clubes desportivos e organizam, várias vezes, jogos no campo polivalente do CAR, convidando os seus colegas e amigos. Durante as férias é normal o campo polidesportivo estar aberto e aí estarem a decorrer jogos de futebol. Para além do futebol os jovens rapazes e raparigas interessam-se também por outros desportos como o rugby, o skateboard, a natação, ginásios e kickboxe, desportos esses que praticam em clubes ou com os amigos. Ler, passear, ir a concertos e sair à noite foram atividades recorrentemente referidas pelos jovens como as suas principais preferências para ocupar os tempos livres. Nas palavras de Vahid: “Desde que parei com o Karate vou ao ginásio e faço

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natação. À noite saio com os colegas e com a namorada. Tenho uma vida normal como toda a gente.“

Algumas crianças em idade escolar frequentam atividades extracurriculares proporcionadas pela escola, como o inglês e a educação musical, passando também bastante tempo na Biblioteca do CAR, tal como pude constatar durante o meu estágio. Brincar com amigos e visitar as suas casas é outro entretenimento das crianças nos seus tempos livres.

Internet – Vídeo Jogos e Redes Sociais

Navegar na Internet é um dos principais passatempos dos jovens e das crianças. O CAR tem ao dispor dos seus utentes 3 computadores, no espaço denominado Kyoske de

Internet, onde através de marcação prévia, os refugiados podem aceder gratuitamente à

Internet, vários utentes tem os seus computadores pessoais, que podem ligar à internet. Durante o meu estágio interessei-me em observar quais as pessoas que mais recorrem a este utilitário, concluindo que na maioria das vezes são os jovens que aí se encontram. As redes sociais, como o twitter e o facebook, são os sites preferidos pelos jovens e também pelas crianças como forma de contactar amigos e familiares nos países de origem, bem como de travar conhecimentos com pessoas que vivem em Portugal. Várias vezes, na Biblioteca, as crianças me pediram para utilizar o computador de serviço, invariavelmente o seu objetivo era aceder à sua página pessoal nos sites das redes sociais. Estes espaços cibernéticos proporcionam um espaço para a interação e representação do eu. Os meios cibernéticos são também utilizados como estratégias de casamento, permitindo manter contacto com os noivos que se encontram nos países de origem ou de encontrar um futuro cônjuge. Segundo Stephen Castles: ”As novas redes de comunicação têm uma dimensão

cultural própria que transformaram a natureza da comunicação de forma colossal.” (Castles,

1996:119 cit. in Barra, 2004:69) Desta forma a utilização de redes sociais contribui não só para a construção e consolidação das relações sociais no país de acolhimento mas também para a manutenção das mesmas nos países de proveniência. Acrescentando informação muito interessante para a já enunciada questão levantada por Castles et al. (2002)

Integração em quê? contudo pela natureza do presente relatório não irei aqui aprofundar

68 O grupo existente no Facebook denominado Integração em Portugal foi da autoria de um jovem. Esta página on-line proporciona um espaço para os refugiados e outras pessoas interessadas partilharem informação útil e interessante sobre a vida e as vivências em Portugal. As crianças para além de interessadas nas redes sociais gostam de utilizar a internet para aceder a jogos on-line.

RefugiActo

O grupo de teatro RefugiActo nasceu com o objetivo de criar um fórum onde os refugiados e requerentes de asilo pudessem expressar de forma livre e artística, as suas vivências. No seu seio conta com pessoas de várias proveniências e idades que em conjunto encenam as peças, muitas delas criações originais do grupo. Os jovens integrantes do grupo com quem conversei coincidiram ao afirmar que, a entrada para o grupo de teatro constituiu um fator muito positivo para a sua integração, permitindo uma mais rápida aprendizagem da língua portuguesa, através da prática constante da dicção, proporcionando travar novos conhecimentos, estabelecer amizades e viajar pelo país. Através das narrativas apresentadas em palco, os jovens têm oportunidade de dar voz aos seus percursos e denunciar as difíceis situações que vivenciam em Portugal, ecoando os sentimentos de muitos dos que procuram asilo em Portugal.

ARP - Associação de Refugiados em Portugal

Fundada em 2010, a ARP52 é constituída por refugiados e requerentes de asilo que assim encontraram um espaço para a discussão entre si, bem como uma forma de se representarem perante as instituições e de organizarem atividades. A formação da ARP demonstra uma forte dinâmica de agenciamento e de resiliência perante a situação de asilo, reivindicando direitos para além de uma lógica da assistência. Através do exercício do que se chama ‘cidadania ativa’, a ARP constitui uma ferramenta de intervenção política e social nas esferas institucionais portuguesas. Desta associação fazem parte alguns dos jovens com quem falei. Nos seus discursos a ARP surge carregada de força - a vontade tornada realidade de se poderem autorrepresentar como grupo e de poderem agir ativamente na tentativa de facilitar os processos de integração dos novos requerentes de asilo em Portugal, é motivo de

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A opção de incluir a ARP no capítulo sobre os tempos livres visa realçar o facto de que só quando existe tempo e espaço mental, fora das obrigações diárias é que o ativismo social e político se consegue estruturar e consolidar.

69 grande orgulho. Nas palavras de Cristina Santinho53 a ARP é:”…o primeiro símbolo da

liberdade de autonomia, expressão e agencialidade, através da recusa de uma vitimização impotente que a maioria das instituições teima em associar os refugiados” (2011:277). “Um refugiado não é um coitado que precisa de um dinheirinho ou dessa caridade, claro que precisa de carinho porque está longe da família e do seu ambiente, mas não é um coitado. Precisa de ajuda sim, mas isso pode ser uma informação ou uma conversa. O papel da Associação é muito importante, é importantíssimo. A Associação serve para abrir portas àqueles que chegam.” (Vahid, durante a Conferência celebrativa do 2º Aniversário da ARP)

Liisa Malkki autora incontornável no que se refere aos Estudos sobre Refugiados realça a importância da autonomia de discurso dos próprios refugiados. Na sua etnografia

Speechless Emissaries: Refugees, Humanitarism, and Dehistoricization, publicada em 1995,

aprofunda a análise sobre a atuação das organizações humanitárias que se focam nos refugiados como seu objeto de conhecimento, assistência e gestão. Segundo a autora, ‘o refugiado’ como objeto das intervenções humanitárias, levou durante os anos 90, a representações visuais partilhadas entre instituições através de reportagens, imagens e fotografias que representam os grandes grupos de refugiados que vivem nos campos, nestas imagens os corpos representados são desprovidos de identidade, nome ou história pessoal. Segundo Malkki estas imagens contribuíram para alimentar o anonimato da pessoa refugiada. O silenciar do indivíduo, da sua história e do seu discurso é em contrapartida, assumido pelas organizações internacionais. “This active process of dehistoricization was

inevitably also a Project of depoliticization.” (Malkki, 1995:385). São de facto os refugiados

que têm de resgatar a sua voz e construir os seus mecanismos de resiliência. Através da ARP os refugiados e requerentes de asilo em Portugal deram um importante passo para a sua autonomia, e é essa a chama que brilha no seu olhar quando se referem à ARP.

AS INSTITUIÇÕES

Nas suas vivências em Portugal muito tempo é passado pelos jovens e crianças requerentes de asilo, nos atendimentos das instituições que gerem jurídica, económica e socialmente a sua permanência. Durante a recolha etnográfica compreendi que as

70 instituições estatais que maior importância têm na integração dos refugiados em Portugal são também, as que maior angústia e dificuldades de integração lhes causam. Tal facto, revela uma forte contradição entre a política oficial do Estado Português (macropolítica), que pressupõe assistir e acompanhar o acolhimento e a integração dos refugiados, e os níveis micropolíticos do quotidiano, representados pelas instituições que têm a seu cargo a responsabilidade de integrar legal e economicamente os refugiados na sociedade portuguesa. Esta contradição, experienciada pelos jovens e as crianças refugiados, é um forte motivo de stress e ansiedade, bem como fonte duvidas e inseguranças em relação ao seu futuro em Portugal. As diversas dificuldades burocráticas e económicas que os refugiados atravessam em Portugal foram igualmente constatadas por Steven Vertovec (2006) no contexto inglês. A falta de preparação das instituições para trabalhar em contextos de superdiversidade tem um reflexo extremamente negativo nas vivências dos refugiados em Portugal, dificultando os seus sentimentos de segurança e de integração. Vertovec sugere que só uma mudança nas estratégias na prestação de serviços poderá solucionar este problema, “Among this is no less than a fundamental shift in strategies

across a range of service sectors concerning the assessment of needs, planning, budgeting, commissioning of services, identification of partners for collaboration and gaining a broader appreciation of diverse experiences in order generally to inform debate” (2006:28).

Ao contrário do que se possa supor, as crianças são agentes ativos nas relações com as instituições. Ao acompanharem as famílias aos diversos atendimentos, são agentes funcionais no processo de comunicação, atuando como tradutoras entre as instituições e os familiares. Como intermediária, a criança tem também forte consciência das dificuldades que a família atravessa na sua integração socioeconómica, deixando a esfera das atividades usualmente associadas às crianças para ser um agente ativo e indispensável na esfera institucional, revelando desta forma as grandes capacidades de agenciamento e resiliência das crianças, anteriormente enunciados. Por esta razão estão fortemente conscientes das dificuldades burocráticas atravessadas, manifestando receios sobre o seu bem-estar e da sua família perante as ajudas que lhes são prestadas e expetativas muito elevadas em relação aos apoios que deveriam receber

71 SEF – Serviço de Estrangeiros e Fronteiras

É o organismo político responsável pela decisão jurídica relativa aos requerentes de asilo e aos seus estatutos. Os processos jurídicos para a legalização e manutenção desta proteção são, para os refugiados e requerentes de asilo, penosos e morosos. Pelo que constatei durante o trabalho de campo, as idas ao SEF são sempre um motivo de angústia, e as constantes entrevistas e avaliações a que são sujeitos dificultam grandemente o sentimento de estabilidade nestes jovens. Os requerentes de asilo deslocam-se sozinhos, o que aumenta a sua insegurança, como forma de atenuar esta situação, constatei que os requerentes de asilo que estavam no CAR se juntavam muitas vezes em grupo, com a finalidade de se dirigirem ao SEF, para serem entrevistados ou simplesmente como acompanhantes, de forma a minimizarem o sofrimento do outro, que é também o seu próprio sofrimento.

SCML & ISSS - Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e Instituto de Solidariedade e Segurança Social

A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa é, em Portugal, responsável por subsidiar os requerentes com autorização de residência provisórias e os residentes por razões humanitárias. As longas filas de espera e os atrasos nos pagamentos dos subsídios são o principal motivo de angústia na vida dos refugiados em Portugal. Ao invés de estas pessoas se sentirem apoiadas sentem-se descuradas, o que provoca grandes sentimentos de incerteza e angústia, como se torna percetível através da afirmação: “Como estamos num

país de burocracia vão mandar-te a outro lado até desistires”, proferida por um jovem

durante as conferências comemorativas do 2º Aniversário da ARP.

Com os atrasos nos subsídios, os refugiados que não têm outra fonte de rendimento, não têm possibilidade de pagar as rendas habitacionais, o que os coloca em situações muito difíceis perante os senhorios. Estes fatores provocam grandes níveis de stress e colocam grandes obstáculos à verdadeira integração em Portugal, subjugando os refugiados a situações de grandes dificuldades económicas. Como se compreende através do seguinte testemunho: “Teresa, diz-me e agora? O que vou fazer? Sem trabalho, sem dinheiro para

72 CPR – Conselho Português para os Refugiados

Durante o meu estágio pude presenciar momentos de grande dificuldade para os refugiados, com o corte nos subsídios, o único recurso era a comida proveniente do Banco Alimentar e de doações pessoais. Depois de meses a colmatar a falta do pagamento dos subsídios pela SCML, o CPR viu-se sem fundos para gerir estas situações, que se foram agravando de forma continuada. Apesar de os refugiados compreenderem que o CPR faz uma gestão de fundos e que é um intermediário, em situações de profunda angústia e muita revolta o CPR aparece perante os requerentes de asilo como mais um dos causadores do seu sofrimento como se torna visível através da afirmação de Mamadu: “Estou em lisboa, só que

agora o tempo está muito complicado para os refugiados vez na televisão o que passa no CPR? O CPR não dá dinheiro para comer, o CPR não dá nada.”

SNS- Serviço Nacional de Saúde

O estado de saúde física e mental dos refugiados é muitas vezes delicado. As crianças que realizam longas viagens e viveram por vezes situações de conflito encontram-se mais suscetíveis de ter uma saúde débil. Como já referi, duas das crianças que chegaram a Portugal no ano de 2011, reinstaladas de um campo de refugiados, têm graves e constantes problemas a nível respiratório. Apesar de a maioria dos jovens com quem me relacionei serem perfeitamente saudáveis, dois dos jovens com quem convivi, apresentavam sintomas de dor física, que depois de várias consultas médicas, continuavam sem ser diagnosticadas. Cristina Santinho (2011) na sua profunda recolha etnográfica - na área da saúde dos refugiados e requerentes de asilo - argumenta que o sofrimento é sobretudo mental e causado pelos traumas do passado e as angústias do presente, constatação que tendo a suportar com base na minha própria experiência de campo.

No que se refere ao acesso ao Serviço Nacional de Saúde este apresenta-se muitas vezes complicado, apesar de as assistentes sociais e voluntárias do CPR acompanharem várias vezes os refugiados e requerentes de asilo às visitas médicas, as longas esperas e a

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