• Nenhum resultado encontrado

Anos 90 “Pedras nos sapatos” da indústria calçadista de Birigüi

No documento A industria de calçados infantis de Birigui (páginas 83-141)

O conteúdo deste terceiro capítulo tem por objetivo apresentar um breve panorama político e econômico dos anos 90. A escolha do título: Anos 90 – “Pedras nos sapatos” da indústria calçadista de Birigüi, não se deu por um acaso. Nas entrevistas que realizamos com os industriais, diretores, sindicalistas e políticos foi unânime a opinião no sentido de que os anos 90 foram os piores anos para a indústria calçadista de Birigüi até o momento.

Foram muitos os acontecimentos desde o âmbito internacional até o âmbito nacional que repercutiram diretamente na produção e no emprego desse setor. Houve fatos marcantes para as fábricas de calçados de Birigüi como, por exemplo, a entrada dos produtos importados para concorrer com os produtos ali fabricados, fato este que trouxe conseqüências catastróficas para o nível de emprego do setor. Tivemos uma greve jamais vista em Birigüi que acabou mobilizando milhares de pessoas, mas, devido a um erro estratégico, acabou deixando dezenas de trabalhadores desempregados. Analisaremos, também, os anos de 1995 e 1996 em que se registrou a pior crise da história do calçado de Birigüi. Serão abordados os principais acontecimentos dos anos 1997 a 2000.

Por ser ainda muito recente o período que estamos analisando neste capítulo e, principalmente, pela escassez de fontes de pesquisa, optamos por utilizar como fonte principal a consulta aos jornais. Na busca de elementos para escrever os acontecimentos na década de 90, realizamos uma pesquisa no arquivo de dois jornais, um regional (Folha da Região)86e outro local (Diário de Birigüi)87. O objetivo principal deste capítulo é resgatar os principais fatos da década de 90 no que tange à indústria calçadista. Para complementar algum fato que acharmos necessário, utilizaremos as entrevistas junto aos empresários, diretores, políticos e sindicalistas. Outra fonte

86

O jornal Folha da Região é um jornal de circulação regional. Foi fundado por Antônio Barreto dos Santos em 11 de junho de 1972. Em 1974 a Folha da Região foi vendida para Genilson Senche que faleceu em 2001 e deixou o jornal para sua esposa e filhos. Esse jornal circula nas cidades de Alto Alegre, Andradina, Araçatuba, Auriflama, Avanhandava, Barbosa, Bento de Abreu, Bilac, Birigüi, Braúna, Brejo Alegre, Buritama, Castilho, Clementina, Coroados, Gabriel Monteiro, Gastão Vidigal, Glicério, Guaraçaí, Guararapes, Ilha Solteira, Lavínia, Lins, Lourdes, Mirandópolis, Murutinga do Sul, Nova Luzitânia, Penápolis, Piacatu, Promissão, Rubiácea, Santo Antônio do Aracanguá (inclui Vicentinópolis), Santópolis do Aguapeí, Turiúba e Valparaíso. Fonte: Folha da Região de 11 de junho de 2002 – Edição Especial de 30 anos.

87

O jornal Diário de Birigüi foi fundado em 15 de março de 1974 por Lisbino Pinto da Costa. Algum tempo depois, foi vendido para Eurico Mattos, um político da cidade. Em 1977, o jornal mudou de proprietário, mais uma vez ficando com Dagoberto Hargreaves. Em 1999, quem assumiu o jornal foi Lúcia Helena Barbosa de Alencar. Durante o mês de setembro de 2002, o jornal ficou fechado e foi reaberto em outubro sob a direção de Tiago de Alencar Hargreaves e Carla de Alencar Hargreaves. A partir de fevereiro de 2003, o jornal passou a pertencer a uma cooperativa formada por 10 pessoas (a Cooper 10) e a atual diretora é Heloilda Angélica Nizza. Informações obtidas na redação do próprio Diário de Birigüi.

que consultamos foram os livros de atas de reunião da diretoria do sindicato patronal que puderam acrescentar informações que julgamos necessárias ao estudo.

Na realização dessa investigação, constatamos que esse setor, durante os anos 90, passou por períodos de alta e de baixa, de expansão e de retração na produção, contratação de mão-de-obra e momentos de dispensa de trabalhadores. Essa variação deu-se por vários motivos no entanto, sempre esteve ligada e foi reflexo da política econômica dos governos Fernando Collor de Mello, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, conforme poderemos constatar durante o desenrolar deste capítulo.

3.1 O governo Collor, a abertura comercial e os reflexos na indústria calçadista de

Birigüi no início dos anos 90

Para podermos compreender melhor o contexto econômico dos anos 90, achamos necessário, também, relatar os principais fatos políticos. Os livros de História Contemporânea do Brasil mostram-nos que, desde o início dos anos 60, não tínhamos uma disputa eleitoral direta para Presidente da República. O país vivera em um regime de ditadura militar, eleições indiretas e somente depois, as tão esperadas eleições diretas.

Esse primeiro governo dos anos 90 seria o primeiro governo civil brasileiro eleito por voto direto, escolhido conforme regras da Constituição de 1988, com plena liberdade partidária e eleições em dois turnos. Conforme relatamos no final do primeiro capítulo, o Brasil passava por sérios problemas econômicos, mas o principal deles era a inflação e o baixo crescimento do PIB. A década de 80 tinha sido muito ruim para a economia nacional.

Nesse contexto adverso, formou-se um certo consenso no Brasil, sobre a necessidade de revisão atual do modelo econômico. Com este propósito, o governo brasileiro iniciou a introdução das chamadas reformas liberalizantes consolidadas na desregulamentação dos mercados, na valorização do câmbio e no processo de privatização.

As bases dessa nova política estavam focadas na questão da competitividade, contrariando a política anteriormente adotada que dizia respeito a suprir o mercado interno, mediante o protecionismo do programa de substituição de importação. Segundo Lacerda (2001), o objetivo que direciona a nova política econômica tinha como referência o aumento na eficiência, na produção e

comercialização de bens e serviços, que se daria pela reestruturação e modernização das plantas industriais e pela qualificação da mão-de-obra.

No início dos anos 90, as empresas calçadistas de Birigüi produziam 33% dos calçados infantis do Brasil.O país consumia 60 milhões de pares por ano e o pólo calçadista dessa cidade fabricava 21 milhões de pares88.

Fernando Collor de Mello vence as eleições e implanta o Plano Collor e, assim, como vários setores da economia, as fábricas de calçados de Birigüi sofreram um duro golpe. Nos primeiros dias do plano, a produção do setor foi a quase zero. Entretanto, essa aguda crise ocorreu por pouco tempo e a expectativa dos empresários logo se reverteu. Passaram a acreditar que o mercado iria se aquecer. “Para um setor que viveu os primeiros 30 dias do Plano Econômico com uma produção zero, não há dúvidas: estamos em pleno aquecimento, garante o presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário, Marco Antônio de Oliveira” 89

Como dissemos na introdução deste capítulo, o setor calçadista de Birigui durante a década de 90, sofreu grandes variações com períodos de expansão e de recessão, de emprego e de desemprego e isso já fica demonstrado nesse primeiro ano da década.

No primeiro mês do Plano Collor, o setor sofreu forte recessão, seguida por expectativas de aquecimento e expansão por parte do empresariado e em pleno mês de julho de 1990, Birigüi já sofria uma crise atípica, diferente da maioria das empresas e dos setores do país que era a falta de mão-de-obra para atuarem nas empresas calçadistas. As fábricas necessitavam de trabalhadores dos quais a cidade não dispunha, mas esse problema durou pouco tempo.

“As fábricas de calçados de Birigüi sofrem uma crise que as diferencia da maioria das empresas do país: falta mão-de- obra (...). Enquanto a fila de desempregados aumenta no país, as 150 indústrias especializadas em calçados infantis de Birigüi não conseguem preencher 500 vagas disponíveis há mais de dois meses”90

Ainda no ano de 1990, outra matéria de jornal que marcou os acontecimentos das fábricas de calçados dizia respeito à queda nas vendas que ocorreram nas feiras onde as empresas de Birigüi estiveram presentes.

“(...) o volume de vendas caiu neste ano em torno de 25% (...) O Problema é que os lojistas não estão comprando em

88

Folha da Região de 18 de janeiro 1990. “Birigui: 30% dos calçados infantis são feitos aqui”. 89

Folha da Região de 27 de maio de 1990.“Indústria de calçados vai faturar US$ 28 milhões”. 90

quantidade como faziam, para manter um bom estoque, devido ao pequeno prazo para pagamentos oferecido pelos fabricantes, em torno de 15 a 21 dias devido à inflação, e em razão disso, a ordem é manter estoques baixos (...)” 91

Outra matéria de jornal que nos chamou atenção no ano de 1990 refere-se à afirmação do presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Calçados e Vestuário de Birigüi, Odair Callegari, dizendo que o sindicato que ele preside é fraco e que os sapateiros não têm maiores salários porque medrosos têm medo dos patrões e não fazem greve.

“(...) Birigüi tem o menor piso salarial pago a quem trabalha em indústrias de calçados. Franca, um dos maiores pólos do Brasil, paga em média três vezes mais em relação a nossa cidade. Indagamos isso ao presidente e ele afirmou que o pessoal daqui não tem um ganho maior, por falta de coragem.‘Eu estou sozinho nesta luta. Não há lideranças dentro das fábricas. Cada vez que se comenta em querer um salário condigno, o pessoal recua com medo das represálias dos patrões. Uns alegam que têm família para cuidar e não podem perder o serviço. Mas eles se esquecem que há o direito de greve. Se todos juntos saírem para a luta, ninguém corre o risco de sair prejudicado. Mas vá colocar isto na cabeça deste povo (...) os próprios sapateiros são medrosos”92

Apesar de existir há tanto tempo, a palavra greve continua significando a mesma coisa: “(...) é o processo de reivindicação de direitos profissionais de caráter coletivo consistente na paralisação temporária do trabalho pelos empregados” (Pinho at Nascimento, 1994, p. 353). O Brasil, nessa ocasião, vivia um intenso momento de mobilização dos trabalhadores, várias greves estavam ocorrendo.

A CUT (1991) demonstra isso, claramente, nos dados referentes à ocorrência de greves e o número de trabalhadores paralisados no Brasil. No ano de 1990, foram registradas, no Brasil, 2.200 greves com a paralisação de 12.353.183 trabalhadores. Esse número foi o maior apresentado até o momento, pois para se ter uma idéia do crescimento, em 1989 tivemos 1548 greves as quais paralisaram 10.082.330 trabalhadores.

Em entrevista realizada com Callegari93, ele explicou a declaração do ano de 1990, dizendo que, naquele momento, ele pensava em traçar uma estratégia para melhorar o piso salarial de Birigüi. Entretanto, necessitava do apoio e da participação dos trabalhadores, mas sabia que era

91

Diário de Birigüi de 21 de novembro de 1990. “Couromoda encerrou-se com queda de vendas”. 92

Diário de Birigüi de, 12 de outubro de 1990. “O Sindicato é fraco, porque os sapateiros são medrosos”. 93

muito difícil mobilizá-los em razão dos trabalhadores terem medo de perder o emprego, muitos deles tinham família para sustentar.

O ano de 1991 inicia com a matéria do jornal Folha da Região de 16 de janeiro de 1991, a qual trouxe um balanço da produção calçadista de Birigüi para o ano de 1990 que, segundo Marco Antônio de Oliveira, teve uma queda de 15 % se comparada com o ano de 1989 que produzia 138 mil pares por dia e, em 1990, passou a produzir 120 mil pares. Isso já era um reflexo da abertura comercial do governo Collor.

Segundo Souza (2003), os efeitos da política econômica no que tange os dados de postos de trabalho foram calamitosos. Através da RAIS/MTb, o autor compara 1989 ano em que a indústria de calçados de Birigüi empregava 12.238 pessoas e, no ano de 1990, ano em que esse número cai para 8.445, uma redução de 3.793 postos de trabalho, ou seja, 31% dos postos de trabalho foram eliminados com a política do governo Collor.

No país, as mudanças vinham acontecendo e, por vários motivos, o Plano Collor fracassou, mas o governo editou, logo em seguida, o Plano Collor II que passou a vigorar a partir de 1º de fevereiro de 1991 e, também, congelava os preços e salários e unificava as datas bases dos trabalhadores para os meses de janeiro e julho. As críticas a esse governo continuavam e ele se apoiava em um projeto neoliberal, defendendo a abertura comercial, as privatizações de todas as empresas estatais e a quebra de monopólios da União que, neste caso, se referia diretamente à Petrobrás.

As fábricas de calçados de Birigüi iniciaram o ano de 1991 vivendo uma tremenda crise, aliás, a maior crise do setor até o momento. Iniciaram o ano dando férias coletivas para 10 mil trabalhadores em razão dos poucos pedidos dos lojistas94.

Até os anos 90, o município Birigüi era conhecido regionalmente como um local não havia desemprego em razão do grande número de mão-de-obra que era absorvida pelas fábricas calçadistas. Esse município atraiu muitas pessoas, basta analisarmos os dados demográficos que já foram apresentados no primeiro capítulo deste estudo. Em 1950, o município de Birigüi contava com 31.018 habitantes, já em 1991 esse número se elevou para 74.681 habitantes um crescimento populacional de, aproximadamente, 140%.

Entretanto, as conseqüências da desastrosa política econômica do governo Collor reverteram esse quadro positivo e o jornal Folha da Região do dia 30 de janeiro de 1991 traz uma matéria intitulada: “Desemprego chega a Birigüi e cresce o número de ambulantes” mostrando que

94

em virtude do desemprego, aproximadamente 40% dos 12 mil operários das fábricas de calçados estavam sem trabalho e relata que houve um crescimento da informalidade.

No início do mês de março, os empresários de Birigüi utilizaram a imprensa para denunciarem que o congelamento de preços não estava sendo respeitado, principalmente, por parte do setor químico e pelo setor coureiro, dificultando a produção.

Por vários momentos o presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário, Marco Antônio de Oliveira, vem a público reclamar da chamada “ciranda financeira”, dizendo que, em virtude do estímulo promovido pelo governo à especulação, as pessoas pararam de consumir, os lojistas trabalham com um baixo estoque e os próprios industriais ficam desestimulados a realizarem investimentos em razão das altas taxas de juros. Especular parecia ser mais vantajoso no momento.

Já no mês de abril, houve um aquecimento nas vendas e, conseqüentemente, um aumento na produção de calçados que, segundo Marco Antônio de Oliveira, se deu em razão das pessoas já estarem assimilando melhor as transformações ocorridas no cenário econômico e político. Ele ainda afirmava que as empresas de Birigüi buscavam a solução para a crise no mercado interno, porque não conseguiam se firmar no mercado externo por falta de tradição95.

A matéria do Jornal Diário de Birigüi, datada de 19 de junho de 1991, evidencia que as ofertas de emprego no setor calçadista da cidade triplicaram, as fábricas passaram a procurar funcionários utilizando cartazes e folhetos. Outro fato que chamou a atenção foi a oferta de empregos para jovens sem prática96.

Outra matéria que mostra o aquecimento momentâneo da economia e o aumento na produção de calçados diz respeito ao presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário, Marco Antônio de Oliveira contar com um aumento de 15% na produção até o final do ano, isso para atender ao mercado interno. Nessa matéria, fica ainda mais evidenciado que o pólo industrial de Birigüi participava de uma parcela insignificante das exportações e buscava no aquecimento do mercado interno a solução para qualquer crise econômica97.

Nesse período, vivíamos sob a tutela do governo Collor. Seu governo abriu as portas do Brasil para a importação de máquinas. Assim, as empresas poderiam modernizar seu parque industrial. Em Birigüi, a primeira empresa que aproveitou essa facilidade para modernizar o seu parque industrial foi a Popi. Outra empresa que foi em busca da modernização foi a Kiuty, através de seu diretor Antônio Ramos de Assumpção, que viajou até a Europa e adquiriu seis injetoras

95

Folha da Região de 07 de abril de 1991. “Setor de calçados retoma produção” 96

novas, contribuindo assim para ampliar e melhorar a produção de calçados98. Os jornais Folha da Região e Diário de Birigüi mostravam que, nesse período, as perspectivas para a economia brasileira eram desanimadoras, entretanto, a Popi e a Kiuty optaram por realizar investimentos em tecnologia.

A sazonalidade na produção das fábricas de calçados até que é algo comum. Marco Antônio Oliveira explica que nos meses de janeiro, fevereiro e março tiveram quedas bruscas na produção e as indústrias ficaram estagnadas. De abril até julho de 1991, a produção havia sido relativamente boa, porém, nos meses de agosto, setembro e outubro, a produção caiu e, assim, surgiu, mais uma vez, o “fantasma das demissões” nas fábricas. “Nos últimos dias, acredito que houve um decréscimo de 30 a 40% da produção e paralelamente a isso houve algumas demissões, mas foi um corte pequeno, de 10%, sendo que a produção diminuiu 40%”99.

Os jornais Folha de Região e Diário de Birigüi relatavam a opinião dos empresários do setor calçadista que reclamavam que a política do governo Collor estava equivocada e, se continuasse persistindo com as mesmas diretrizes, era queda na produção e desemprego. Outro ponto que os jornais relataram foi o aumento na inadimplência, afirmando que até lojistas que eram de extrema confiança não estavam honrando seus compromissos com as fábricas.

Até mesmo no mês de novembro que, normalmente, é um mês de produção, no ano de 1991, isso não ocorreu. A crise econômica fez com que as fábricas trabalhassem muito aquém de sua capacidade de produção. Os jornais desse período trazem matérias que retratam as dificuldades encontradas a partir do governo Collor e da abertura comercial que seu plano proporcionou. Separamos duas matérias que foram manchetes do Jornal Diário de Birigüi, que indicam essa dura realidade. A primeira: “Temos que trabalhar e nos adaptar à crise” isso mostra que os empresários estavam buscando a diminuição de seus custos incluindo a de mão-de-obra, em razão da queda brusca nas vendas. Já a segunda matéria tem como título: “Temos que pensar e criar produtos que tenham sucesso” que diz respeito à abertura comercial e em seu texto há a opinião de um empresário sobre esse fato. “(...) agora que o governo está dando abertura comercial à

97

Diário de Birigüi de 30 de julho de 1991. “Mercado interno prevê aumento de 15 por cento na produção” 98

Folha da Região de 17 de janeiro de 1991. “Popi cria alternativa para crise”. Folha da Região de 16 de abril de 1991. “Grupo Kuity investe 4 milhões de dólares”. Diário de Birigüi de 24 de Outubro de 1991,

“Kiuty assume compromisso com a modernidade”. Diário de Birigüi de 25 de Outubro de 1991, “Kiuty investe em tecnologia”

99

Diário de Birigüi de 27 de outubro de 1991. “Comércio e a indústria não estão conseguindo corrigir

importação, aquele que não investir, dificilmente terá uma boa qualidade, e seu produto deixará a desejar” 100.

Chegamos ao final do ano de 1991 sem o aquecimento da economia que era tão esperado pelos industriais e a situação do setor de calçados se agravou ainda mais. Até o governador do Estado de São Paulo, Luiz Antônio Fleury chegou a esboçar a idéia de financiar as fábricas de calçados através do Banespa para evitar o seu fechamento e o desemprego101.

No ano de 1992, houve poucos registros nos jornais do que ocorreu com a indústria calçadista de Birigüi. Constatamos na pesquisa que o ano iniciou com o setor sofrendo os efeitos da crise econômica. As matérias dos jornais enfatizavam que mais de duas mil pessoas haviam perdido o emprego no fim de dezembro de 1991 e continuavam desempregadas no primeiro mês de 1992 e, ainda, não havia uma expectativa de retorno ao mercado de trabalho tão logo em razão da forte retração que a economia vinha passando102.

Já os industriais esperavam que as vendas seriam reativadas na Couromoda, uma vez que a mesma era considerada a maior feira da América Latina103. Infelizmente, não há registros do desempenho do setor na respectiva feira.

O que mais marcou a área econômica durante esse período em que Fernando Collor de Mello esteve à frente do governo federal foi que seus planos econômicos – Plano Collor I e II – não reativaram a economia, pelo contrário tivemos uma forte retração e a inflação voltou a crescer. Por outro lado, as empresas calçadistas de Birigüi pagaram um preço muito alto com a abertura às

No documento A industria de calçados infantis de Birigui (páginas 83-141)

Documentos relacionados