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O antígeno prostático específico (PSA) foi isolado pela primeira vez em 1979, passou a ser utilizado na prática clínica em 1987 e é

considerado o mais importante marcador no manejo do câncer prostático. O PSA é produzido pelas células epiteliais acinares e ductais do tecido

prostático normal, hiperplásico ou carcinomatoso, sendo portanto órgão específico mas não câncer específico. Os níveis séricos de PSA dependem do tamanho do tumor, do seu grau de diferenciação e do seu estádio, no entanto o PSA não é capaz de fazer uma boa previsão do estádio clínico e patológico (Wilkinson e Hamdy, 2001). Existe uma relação linear entre o aumento dos níveis de PSA e a presença de doença extraprostática (Partin et al., 1997), no entanto somente quando níveis séricos muito altos ou muito

baixos são encontrados, é que o PSA se torna um método excelente na previsão do estadiamento prostático (Partin et al., 1990; Stamey et al., 2002; Stamey et al., 1987). Atualmente, devido à migração dos estádios do câncer de próstata para níveis mais baixos, com menores valores de PSA, este teste passou a ter pouca utilização quando empregado isoladamente, sendo necessária a utilização de novos marcadores para adequadamente

determinar o estádio destes pacientes.

Quando se utilizou níveis de corte de PSAT de 4,0 ng/mL, a acurácia e o valor preditivo positivo obtidos (Catalona et al., 1994a; Partin et al., 1997; Partin et al., 1993b) variaram de 59,0 a 65,0 % e de 32,0 a 59,0 % respectivamente na previsão de doença extraprostática, de 48,0 a 51,0 % e de 33,0 a 43,0 % respectivamente na previsão de doença extracapsular e de 29,0 a 46,0 % e 9,0 a 10,0 % na previsão de comprometimento das

vesículas seminais. Zlotta et al. (Zlotta et al., 1998) obtiveram um valor preditivo positivo de 55,0 % quando utilizaram o nível de corte de 6,0 ng/mL. Quando o nível de corte analisado foi de 10,0 ng/mL, a acurácia e o valor preditivo positivo obtidos (Catalona et al., 1994a; Partin et al., 1997; Partin et al., 1993b) variaram de 58,0 a 68,0 % e de 53,0 a 77,0 % respectivamente na previsão de doença extraprostática, de 35,0 a 46,0 % e de 35,0 a 46,0 % respectivamente na previsão de doença extracapsular e de 71,0 a 78,0 % e 13,0 a 18,0 % na previsão de comprometimento das vesículas seminais.

1.4.2.1. As frações do antígeno prostático específico

A maior parte do PSA sérico está ligado à alfa-1-antiquimotripsina e uma menor parte está ligada à alfa-2-macroglobulina (PSA conjugado), havendo somente uma pequena parte encontrada sob a forma livre (PSA livre). A soma do PSA livre com o PSA conjugado é o que chamamos de PSA total (PSAT). Em indivíduos com câncer existe um aumento da forma conjugada de PSA, diminuindo a relação entre o PSA livre e o PSA total (porcentagem de PSA livre), e aumentando a especificidade do exame de PSA e das suas frações no manejo desta doença (Potter e Partin, 1999).

Diversos trabalhos apontam para um aprimoramento do

estadiamento do câncer de próstata quando o PSA e suas frações livre e conjugada são utilizados com a finalidade de predizer o estádio patológico final, existindo uma relação inversa entre a porcentagem de PSA livre (%PSA livre) e a presença de extensão extraprostática, graduação histológica e o volume tumoral, especialmente em pacientes com

estadiamentos clínicos baixos, baseados não só no toque retal como nos níveis de graduação de Gleason e de PSA total (Arcangeli et al., 1998; Morote et al., 2002; Naya et al., 2003; Southwick et al., 1999). Segundo Morote et al. (Morote et al., 2002), pacientes com porcentagens de PSA livre (%PSA livre) acima de 15,0 % têm 68,3 % de probabilidade de apresentarem doença intraprostática.

Pannek et al. (Pannek et al., 1998) obtiveram sensibilidade, especificidade e valores preditivos positivos e negativos de 22,0 %, 93,0 %, 76,0 % e 53,0 %, respectivamente, na avaliação de doença confinada à

próstata quando o nível de corte adotado foi de 15,0 %, e valores de 1,5 %, 100,0 %, 100,0 % e 49,0 %, respectivamente, quando o nível de corte adotado foi de 25,0 %.

Zlotta et al. (Zlotta et al., 1998) avaliando a presença de doença extraprostática obtiveram sensibilidade, especificidade e valores preditivos positivos e negativos de 66,7 %, 45,7 %, 54,8 % e 58,1 %, respectivamente, quando o nível de corte adotado foi de 15,0 %, e valores de 84,9 %, 22,3 %, 51,9 % e 60,0 %, respectivamente, quando o nível de corte foi de 25,0 %.

1.4.2.2. As densidades do antígeno prostático específico

Considerando que o tecido maligno produz maiores níveis de PSA por grama de parênquima prostático, podemos deduzir que o valor da DPSA é maior nos indivíduos com câncer de próstata e conseqüentemente existe uma relação direta entre os níveis de DPSA e o comprometimento

extraprostático. As densidades das formas livre (DPSA livre), conjugada (DPSA conjugado) e total do PSA (DPSAT), mostram performance

equivalente ao PSAT e à porcentagem de PSA livre (%PSA livre) e parecem elevar a probabilidade na determinação de doença extraprostática (Catalona et al., 2000; Naya et al., 2003; Zlotta et al., 1998). Cerca de 74,0 % dos pacientes com densidade de PSA (DPSA) menores ou igual à 15,0 % têm doença com achados patológicos favoráveis. (Catalona et al., 2000).

Quando se utilizou como nível de corte de DPSA o valor de 0,15

ng/mL/cm3, a sensibilidade, a especificidade e o valores preditivos positivo e

%, respectivamente, e quando o nível de corte foi de 0,20 ng/mL/cm3, a

sensibilidade, a especificidade e o valores preditivos positivo e negativo foram de 78,0 %, 67,0 %, 68,0 % e 77,0 % respectivamente (Zlotta et al., 1998).

1.4.2.3. A velocidade do antígeno prostático específico

Um recente estudo realizado por D’amico et al. (D'Amico et al., 2004) avaliou a probabilidade de morte por câncer de próstata após a

cirurgia de prostatectomia radical, baseada nas informações obtidas durante o diagnóstico, e observou que homens que apresentaram aumento nos níveis de PSA maiores que 2,0 ng/mL durante o ano anterior ao diagnóstico têm um maior risco relativo de morrerem de câncer de próstata. Outros autores (Egawa et al., 2000; Goluboff et al., 1997) mostraram que a VPSA pode predizer o estadiamento e a graduação do câncer de próstata,

pacientes com tempo de duplicação de PSA (“PSA doubling - time”) menores ou iguais a 36 meses têm maior chance de apresentar tumores com

extensão extraprostática.