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4.1 DILEMA DAS DROGAS

4.1.2 ANTECEDENTES LEGAIS E A NOVA LEI DE DROGAS

37 A partir destes dados podemos perceber que as substâncias lícitas tem sido as mais prejudiciais. O álcool e o tabaco causam mais dependência do que a maconha, e especificamente o álcool lidera nos casos de internações por uso de drogas. Sobre o tabaco, droga lícita bastante questionada pelos seus malefícios, só teve o seu consumo reduzido na década de 80, quando adquiriu-se conhecimento sobre seu prejuízo à saúde.

Cada droga é única, e quando falamos em seus malefícios devemos ter o cuidado em analisar qual aspectos abordamos: individuais, sociais, quantitativos e qualitativos... "Álcool, tabaco, crack e heroína são as drogas que causam mais danos para a sociedade e os usuários"

(ARAÚJO, 2014, p.199).

Quando se quer saber o risco das drogas de maneira mais ampla, é importante considerar as vítimas em questão. A maioria delas causa algum nível de dano para cada um dos dois grupos - o dos usuários e o dos outros.

Mas os prejuízos que elas representam para uns e outros são independentes.

Algumas são mais nocivas para os usuários, mas pesam pouco na conta da sociedade, como a metanfetamina (que tem relativamente poucos usuários).

Já o álcool faz menos mal para os usuários do que a metanfetamina, mas causa um prejuízo social enorme, porque é muito popular (ARAÚJO, 2014, p. 199).

O que podemos concluir sobre as drogas, é que elas são sim nocivas a saúde dos usuários e da sociedade como um todo. São motivos de desestruturação familiar, aumento da criminalidade, gastos públicos no combate ao tráfico e tratamento de usuários dentre outros problemas que atingem proporções mundiais.

38 o Republicano, de 1890, determinava uma multa a quem vendesse ou ministrasse substância venenosa sem prescrição nos regulamentos.

Pelli (2011), afirma que à partir de 1920, houve uma “onda mundial de combate ao uso de determinadas drogas”, segundo Paulo Cesar, agravada no Brasil com a troca, em 1932, da palavra “venenosa” para “entorpecente”, do artigo 159 do Código Penal.

A mudança do termo ocasionou mudanças além da semântica, representou um olhar mais enrijecido do governo para com as políticas de drogas, implicando em moralizações crescentes e políticas rigorosas representadas nas leis. Pelli (2011), afirma que no século XIX, após as Guerras do Ópio houveram diversos encontros entre as nações para discutir sobre as drogas, e que só em 1924 houve referência a maconha devido a participação do representante brasileiro, Pedro Pernambuco Filho, que afirmou que os efeitos da cannabis eram piores do que os do próprio ópio. O resultado foi a condenação da maconha pela Liga das Nações.

"Depois que a ONU foi criada houve a primeira Convenção Única de Entorpecentes em 1961, assinada por mais de 200 países colocando a Cannabis numa lista, junto com a heroína, como droga particularmente perigosa" (PELLI, 2011, p.2).

Segundo informações do Bacharel em Ciências Jurídicas, Gonçalves (2011), no Brasil, em 1940 não havia legislação específica para tal fim, e a questão das drogas era tratada pelo Código Penal a partir do seu artigo 267 em diante. Em 1976 foi criada a Lei 6368/76, que passou a dar maior amplitude ao tema, mas acabou ficando defasada. Em 2002 foi revogada pela lei 10.409/02, que teve todos os seus títulos criminais barrados pelo Presidente da República. Por um período foi necessário que os operadores do direito utilizassem os crimes previstos na primeira lei com os procedimentos da segunda, que estavam mais adequados.

No ano de 2006, com a finalidade de redefinir o problema do uso e do tráfico de drogas, entrou em vigor a Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006, chamada de "Nova Lei de Drogas", que:

Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad;

prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; define crimes e dá outras providências(BRASIL, Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006, 2016)

39 Conforme a previsão legal (art. 1º; art. 3º incisos I e II; art. 4º, inciso X e art. 5º, inciso III) os objetivos da Lei de Drogas são a prevenção do uso indevido e repressão a produção não autorizada e ao tráfico ilícito. O art. 7 assegura a execução das atividades descentralizadas nas esferas federal, distrital, estadual e municipal. Os artigos 18 e 19 tratam de políticas de prevenção ao uso de drogas direcionadas a redução dos fatores de vulnerabilidade e risco e o fortalecimento de proteção.

O segundo capítulo do terceiro título da lei dispõe sobre as atividades de atenção e de reinserção social de usuários ou dependentes de drogas. O terceiro capítulo do título três trata sobre os crimes e as penas, que segundo o art. 27, podem ser aplicadas isoladas ou cumulativamentebem como substituídas a qualquer tempo, ouvidos o Ministério Público e o defensor.

A Nova Lei de Drogas não prevê legalização do uso de drogas, o porte de substâncias ilícitas para consumo pessoal perdeu ser caráter criminoso, e a pena privativa de liberdade deixa de existir (detenção e reclusão), dando lugar a sanções menos penosas:

Art. 28º Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas:

I - advertência sobre os efeitos das drogas;

II - prestação de serviços à comunidade;

III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.

Penso (2010, apud BOHRER, 2012), afirma que a função da Nova Lei de Drogas não deve ser apenas punir, mas principalmente ressocializar e educar.

A terminologia adotada na nova lei também foi alterada, antes falava-se em

"substâncias entorpecentes" (art. 2), atualmente, "drogas". O grande diferencial da atual Lei de Drogas em comparação com as anteriores foi o abrandamento das sanções para os usuários enquanto para política de tráfico mostrou-se mais rigorosa, mas continua ainda repressiva e confusa por não esclarecer quem é usuário e quem é traficante.

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