Antoni Gaudí

“A reta é do homem, a curva pertence a Deus.” Antoni Gaudí. Atualmente, muitos engenheiros e arquitetos estão olhando para a natureza procurando uma resposta melhor para economia, resistência e beleza. Um de seus mais importantes representantes foi o arquiteto Antoni Gaudí.

É possível reservar uma visita a Barcelona somente para conhecer as obras do arquiteto catalão. Do imenso Parc Guell aos belos símbolos religiosos da Sagrada Família, suas obras são repletas de formas orgânicas.

Filho de uma família de caldeireiros, é certa a influência desse ofício na obra do arquiteto. Os tubos retorcidos de cobre presenciados na infância lembram as complicadas geometrias e espirais que desenvolveu mais tarde.

Figura 58 – Escada da Casa Battlò (Barcelona)

Fonte: http://texere.blogspot.com.br/2005_08_01_archive.html Figura 59 – Casa Barttlò: Teto em espiral

Fonte: http://www.barcelona-guide.info/pt/Pontodeinteresse/casa-batlla

Mas é para além disso, e com mais referências à natureza, que se percebe em cada pequeno detalhe, como Gaudí conseguiu transpor as dificuldades de um artritismo articular na infância e passou a olhar o mundo com olhos diferentes.

As lagartixas, os insetos, as aranhas, as flores, os caracóis lhe serviriam para compor as futuras obras. As formas arquitetônicas idealizadas por Gaudí por intuição correspondem a fórmulas matemáticas exatas.

Seu trabalho culminará com um estilo orgânico, inspirado pela natureza, mas sem perder a experiência fornecida por estilos anteriores, gerando uma obra arquitetônica que é uma mistura perfeita de tradição e inovação. Também, toda a sua obra é marcada por aqueles que foram suas quatro grandes paixões na vida: arquitetura, natureza, religião e amor pela Catalunha.

A casa Battlò, repleta de formas orgânicas, foi inspiração para o Castelo Ratimbum.

Figura 60 – Figura Casa Battlò

Fonte: http://patrimoniobarcelona.blogspot.com.br/2010_01_01_archive.html Figura 61 – Castelo Ratimbum

Fonte: http://lounge.obviousmag.org/gincobilando/2012/09/castelo-ra-tim-bum-onde-tudo-tem-um-pouco-de- vida.html.jpg?v=20151117194444

Figura 62 – À esquerda: Castelo Ratimbum. À direita: Casa Batllò

Fonte (imagens da esquerda, de cima para baixo): http://misturaurbana.com/wp-content/uploads/2012/05/castelo.jpg

https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/736x/4e/c5/29/4ec5297d6724a1abda133858d7ad49a7.jpg https://catracalivre.com.br/wp-content/uploads/2015/01/castelo_ra-tim-bum_-_divuylgacao.jpg

Fonte (imagens da direita, de cima para baixo):

http://images.adsttc.com/media/images/5037/ecd5/28ba/0d59/9b00/04b4/medium_jpg/stringio.jpg?1414219211 https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/56/Gaudi-Batllo-Xemeneia_0902.jpg

Gaudí já incorpora definitivamente ao seu repertório o uso de catenárias por razões estruturais. As catenárias já eram muito usadas como elemento mecânico, empregadas na construção de pontes. Ele foi o primeiro a utilizar este elemento na arquitetura comum.

O uso de arcos catenários em obras como a Casa Milá, Colégio das Irmãs, Cripta da Colonia Guell e a Sagrada Família, permitem às estruturas suportar mais peso, acrescentando um elemento de alta resistência, com catenárias distribuídas regularmente, sofrendo apenas forças tangenciais que se cancelam.

Figura 63 – Casa Milá

Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/3c/Casa_Mil%C3%A0_-_Barcelona%2C_Spain_- _Jan_2007.jpg

As chaminés da Casa Milá possuem formas ondulantes, espirais e têm aparência de cabeças de guerreiros. Nelas se inspirou o cineasta George Lucas para as máscaras dos soldados imperiais e do personagem Darth Vader, na série Guerra nas Estrelas.

Figura 64 – Chaminés da Casa Milá

Fonte: http://patrimoniobarcelona.blogspot.com.br/2010_01_01_archive.html

O último andar, o sótão, albergava os lavadeiros e outras zonas de serviço, composto por uma estrutura original, plástica e funcional. Atuava também como regulador térmico, isolando o edifício de temperaturas extremas. Seu desenho foi baseado na utilização de arcos catenários, que sustentam o terraço superior.

Atualmente, nele situa-se o Centro de Interpretação da vida e obra de Gaudi, com uma interessantíssima exposição sobre os distintos elementos que compõem sua obra, assim como a maneira de compreender sua arquitetura.

Note a semelhança com a nossa caixa toráxica (e com várias outras formas que precisam fornecer resistência, com um mínimo de material: a forma do ovo, da nossa testa, da barriga da gestante).

Figura 65 – Casa Milá (La Pedrera)

Para a construção da Cripta da Colônia Guell, Gaudi usou a metodologia da catenária moldada em gesso e invertida.

Figura 66 – Cripta da Colônia Guell

Fonte: http://patrimoniobarcelona.blogspot.com.br/2010_01_01_archive.html

A Cripta da Colônia Güell (1898-1916) marca uma ruptura decisiva com os estilos históricos e funciona como um grande laboratório que marcará posteriormente sua arquitetura. O espetacular sistema conhecido como funicular foi desenvolvido por ele. Tal sistema consiste em uma maquete composta por cordas, os "funículos", palavra que em sua origem significa cordão umbilical.

Fig. 67 − Maquete do processo utilizado por Gaudi para o dimensionamento da igreja da Colônia Güell através dos arcos funiculares

Fonte: http://www.fec.unicamp.br/~estruturastubulares/vivencia03.htm

Este é um método empírico empregado para determinar a forma espacial de uma estrutura sem aplicar fórmulas matemáticas. A colocação de um espelho sob a maquete funicular permite inverter a imagem e visualizar a estrutura do edifício.

O estilo de Gaudí marca o final de um processo e influenciaria muitos arquitetos, inclusive na arquitetura moderna. No Brasil, as obras de Oscar Niemeyer são marcadas por superfícies curvadas e formas orgânicas.

“Não é o ângulo reto que me atrai. Nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual. A curva que encontro nas montanhas do meu País, no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, nas nuvens do céu, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o Universo – o Universo curvo de Einnstein.” (Oscar Niemeyer)