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2. ESTADO DA ARTE

2.7. M ANUTENÇÃO TÉCNICA

2.7.1. Breve história da manutenção

As actividades de manutenção existem, desde que o Homem descobriu ferramentas que o auxiliavam nas suas tarefas diárias. Com a evolução dessas ferramentas ou equipamentos, também as actividades de manutenção tiveram a necessidade de acompanhar a evolução e de se adaptarem à realidade dos novos tempos. São as crescentes preocupações de segurança com as pessoas e as preocupações ambientais que abrem novos horizontes nesta área, em que as actividades são revistas e onde as relações entre equipamento / ambiente se estreitam. Acredita o autor que é de facto neste comercial que nascem novos desafios nesta área, pois era emergente o desenvolvimento de metodologias preventivas, visto que a reparação durante o voo raramente seria possível. Foi também aqui que se despertou para a realidade da segurança de pessoas e

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bens, que ainda hoje é um dos pilares fortes das organizações. Nasce assim a engenharia de manutenção que vai criar processos científicos de manutenção preventivos, em que a preocupação dominante é a disponibilidade dos equipamentos. Este período é classificado como a Fase 2 da evolução da manutenção, que ficou conhecida como a época de evitar a avaria. Já na década de 60 as empresas deparam-se com a necessidade de ser cada vez mais produtivas, assim implementam trabalho por turnos, aumentando desta forma a produção diária. Para tal a disponibilidade dos equipamentos tornava-se cada vez mais importante, e diminuía o tempo utilizado para reparações de máquinas, que normalmente era efectuada ao fim de semana ou durante a noite, enquanto as máquinas se encontravam paradas. Com o início da laboração contínua, a manutenção vê-se forçada a redefinir estratégias para garantir que os equipamentos mantêm um grau de eficiência aceitável. É nesta altura que a manutenção segue uma linha mais focada no controlo do que na intervenção. Este período ficou conhecido como a Fase 3 da evolução da manutenção - antever a avaria. Na década de 70 surge, na Europa, um conceito mais alargado de manutenção, e que engloba práticas de gestão, finanças e engenharia e cujo objectivo é reduzir ao mínimo os custos com o ciclo de vida de cada equipamento.(34) É também nesta década, e no Japão, que se inicia a implementação de uma nova estratégia de manutenção, designada por Manutenção Centrada na Fiabilidade (MCF) e que já utiliza uma metodologia informatizada e um planeamento de trabalhos.

Nessa mesma altura, uma outra filosofia começa a ganhar expressão e que chegou até aos dias de hoje e é designada por Manutenção Produtiva Total (MPT). Nesta última existe uma ligação muito directa entre a produção e a manutenção, ficando assim a manutenção de primeiro nível (limpeza e lubrificações) a cargo dos operadores dos equipamentos. Após este período, e em meados dos anos 80, com os avanços da tecnologia informática, incluindo o aparecimento do computador pessoal, as organizações implementam, com maior facilidade, o planeamento das actividades da manutenção, recolha de dados e elaboração de histórico dos equipamentos. No princípio dos anos 90 foi introduzida a abordagem da manutenção baseada em fiabilidade que combina todas estas estratégias e filosofias num único sistema de manutenção(35) Este tipo de metodologia é usado ainda hoje e pretende manter constante a fiabilidade entre cada inspecção. O recurso a softwares de gestão de manutenção potencializa o controlo e a eficiência do serviço de manutenção.

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2.7.2. Definição de manutenção

A palavra manutenção origina do latim e da combinação de duas palavras manus e tentione em que a primeira significa mão e a segunda significa o acto de segurar, isto é o acto ou efeito de manter. A manutenção é assim um conjunto de acções que têm o

 Manutenção preventiva, na qual este trabalho mais se fundamenta,

 Manutenção correctiva.

Serão aqui focados ambos os grupos para melhor entender o pormenor desta temática.

A manutenção preventiva consiste num conjunto de tarefas que se realizam em intervalos de tempo pré definidos e que se baseiam no tipo de equipamento e tipo de utilização, tendo como principal objectivo reduzir hipotéticas falhas ou degradação do seu funcionamento geral ou de qualquer um dos seus componentes. Este tipo de manutenção pode ainda ser dividido em dois grupos:

o Manutenção sistemática o Manutenção condicionada

A manutenção preventiva sistemática é aquela que se efectua segundo uma periodicidade definida, obtida a partir dos dados do construtor do equipamento, e/

ou, dos resultados operacionais das visitas preventivas ou ensaios realizados, tendo como objectivo manter os sistemas num estado de funcionamento equivalente ao inicial.

A manutenção condicionada ou preditiva é aquela que se efectua num momento

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exacto. O controlo preditivo de manutenção, determina o ponto óptimo para executar a manutenção preventiva num equipamento, ou seja, o ponto a partir do qual a probabilidade do equipamento falhar assume valores indesejáveis. Este tipo de manutenção conduz ao aumento da longevidade dos equipamentos, pois as avarias acabam por não se consumar e desta forma diminuem-se os custos com reparações. Pode ainda definir-se três etapas dentro desta acção de manutenção, são elas: 1) Detecção do defeito que se desenvolve que é efectuada normalmente pelo registo de vibrações, termografia ou através da medição de alguns parâmetros, tais como pressão, temperatura, intensidade de corrente ou caudal. 2) Estabelecimento de diagnóstico momento em que se localiza a origem e a gravidade dos defeitos e por fim 3) Análise da tendência quando se determina o início de vigilância apertada e prevê-se a reparação. Para que estas análises sejam possíveis é essencial que o equipamento, o sistema ou a instalação permitam algum tipo de monitorização e/ou medição. É também essencial para a longevidade das instalações que seja estabelecido um programa de acompanhamento, análise e diagnóstico, sistematizado.

A manutenção correctiva é a forma primária de manutenção, onde as intervenções de manutenção ocorriam derivadas a uma avaria. Com a evolução dos tempos, foi-se percebendo que esta é a forma mais cara de manutenção, quando analisada do ponto de vista total do sistema. Esta forma de intervir origina uma baixa utilização anual dos equipamentos e máquinas, bem como uma diminuição da vida útil dos equipamentos, máquinas e instalações. Obviamente que é utópico pensar que se pode eliminar completamente este tipo de manutenção, pois muitas vezes não se pode prever o momento exacto em que ocorrerá um defeito que obrigará a uma manutenção correctiva de emergência. Também a manutenção correctiva pode dividir-se em dois tipos de actuações:

o A manutenção paliativa é aquela onde as reparações efectuadas, são de carácter provisório

o A manutenção curativa, as reparações efectuadas, são de carácter definitivo É importante no entanto referir que a manutenção correctiva ocorre na sequência de uma avaria. Avaria essa que pode ter duas origens distintas. 1) Avaria intrínseca, que

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significa que a perda de função teve origem numa causa intrínseca ao próprio equipamento, pode referir-se como exemplo um rolamento que gripou, uma correia que partiu, um tubo que rompeu, etc. 2) Avaria extrínseca, onde a perda de função tem origem numa causa exterior ao equipamento, pode dar-se como exemplo a má operação do equipamento, uma colisão acidental com o equipamento que o inoperacionaliza, de uma forma geral pode dizer-se que se trata de acidentes. Embora tenhamos focado os dois grandes grupos de manutenção, a preventiva e a correctiva, não será demais salientar, e até dar um destaque de relevo, a um outro tipo de conceito, menos usual, mas que na óptica do autor, se venha a tornar um elemento chave desta temática:

A manutenção de melhoria é aquela que é realizada para melhorar as características do equipamento, o seu desempenho em todo o seu contexto. Este é um estilo de manutenção cada vez mais assumido, e até estimulado, na realidade actual. Acredita o autor que este tipo de manutenção é também um contributo importante no que diz respeito ao desempenho dos equipamentos e à manutibilidade. Leia-se manutibilidade como sendo a facilidade, precisão, segurança e economia na execução de acções de manutenção de um sistema ou produto. Enumeram-se aqui alguns exemplos de acções de manutenção de melhoria:

1. Instalação de equipamentos adicionais para monitorização, controlo ou automação de equipamentos;

2. Substituição de equipamentos de AVAC existentes por outros energeticamente mais eficientes

3. Substituição de equipamentos de Iluminação existentes por outros energeticamente mais eficientes

4. Instalação de equipamentos economizadores de energia como por exemplo reguladores de fluxo (aplicados aos sistemas de iluminação dos edifícios);

5. Criação ou melhoria de acessos para a manutenção.(36)

A norma NFX 60-010(37) considera 5 níveis de intervenções de manutenção, que de seguida se definem como sendo:

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Nível 1:

São regras simples, que não implicam a desmontagem dos equipamentos e que normalmente se resumem a substituição de elementos consumíveis, tais como pilhas, fusíveis ou afinações simples previstas pelo fabricante, e que não implicam a abertura ou desmontagem do equipamento. Iniciam-se normalmente por inspecções visuais do funcionamento geral, normalmente efectuadas pelo operador do equipamento

Nível 2:

Neste nível estão englobadas as acções de manutenção preventiva e que deverão ser efectuadas por técnicos habilitados. Estas operações são realizadas no local e resumem-se a lubrificações e análiresumem-se do bom funcionamento do equipamento. Estas operações são normalmente realizadas no local da instalação, com ferramentas portáteis e de acordo com as instruções de manutenção.

Nível 3:

No Nível 3 já está incluída a manutenção correctiva e por isso a detecção de avarias, reparações por substituição de componentes ou órgãos fundamentais do equipamento.

Neste nível também estão englobadas as intervenções de manutenção preventiva correntes. Este tipo de operação pode ser efectuado no local ou em oficina e por técnicos especializados.

Nível 4:

Neste nível estão todos os trabalhos importantes de manutenção preventiva e correctiva, exceptuando-se a instalação de novos equipamentos. São efectuados diagnósticos de avarias e respectivas reparações recorrendo à substituição de elementos ou componentes funcionais. Este tipo de manutenção, pode ser efectuada no local da instalação ou ter de recorrer ao local da manutenção por necessidade de execução de trabalhos em bancada de ensaios. É neste nível de manutenção que o recurso à documentação técnica ocorre, sendo assim importante a sua organização. É também uma manutenção que ocorre sempre em equipa e em que um dos seus elementos terá obrigatoriamente de ser um técnico especializado. Este tipo de operação poderá implicar a paragem da instalação, obrigando por isso a um planeamento antecipado e adequado. Neste nível os trabalhos deverão ser executados por esquipas de manutenção, especializadas.

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Nível 5:

Estes trabalhos são considerados de renovação, reconstrução ou reparações gerais, muitas vezes efectuadas pelo construtor do equipamento e normalmente em equipa.

Neste nível não existe um carácter periódico, mas sendo possível a sua programação e preparação.

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