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Apêndice A | Monitorando o monitoramento ou quem vigia os vigilantes?

Existem algumas ferramentas que possibilitam ao usuário identificação e até bloqueio de rastreamento feito por empresas que tenham interesse nas ações dos usuários nas redes73. Ghostery é uma extensão para download desenvolvida para que o usuário possa verificar quais

rastreadores podem estar coletando informações na página visitada. Ao lado do navegador, encontra-se a figura de um pequeno fantasma que, ao ser clicado, abre uma caixa de texto onde se podem verificar os scripts presentes na página, além da possibilidade de expandi-los e revelar os sites responsáveis pela coleta. Há também, nessa caixa de texto, um link da própria Ghostery, com informações sobre a empresa criadora/detentora dos rastreadores e como eles utilizam as informações coletadas. Ao lado dos rastreadores, dois botões, o primeiro libera ou não o monitoramento para todos os sites (não apenas o que está sendo acessado no momento) e o segundo permite aceitar o monitoramento apenas para aquele site em questão. Durante a experiência de uso de navegação com Ghostery, foi possível verificar a redução de anúncios nas páginas, eliminação de pop-ups, além claro da possibilidade de poder impedir o rastreamento e monitoramento dos hábitos de navegação.

Figura 30 | página acessada utilizando o Ghostery. Ao acessar um site, um número aparece ao lado do fantasma. Ao clicar na figura, a caixa apresenta a quantidade e nome dos rastreadores carregados junto com a página em questão. Neste caso, foram identificados 14 rastreadores, conforme número em vermelho ao lado no navegador.

Fonte: http://www.folha.uol.com.br e https://www.ghostery.com. Acesso em 10/07/16.

Figura 31 | Resultado do link indicado pelo Ghostery, onde é possível verificar dados sobre a empresa que está monitorando o

site.

Fonte: https://www.ghostery.com. Acesso em 10/07/16.

Outro exemplo de ferramenta que pode identificar rastreadores inseridos dentro de sites de mídia é o Trackography74, um projeto desenvolvido pela Tactical Tech Colletive75. O

Trackography, como o seu desenvolvedor diz, é um projeto open source que tem por objetivo

74 Para mais informações sobre a ferramenta veja: https://myshadow.org/trackography#what-is-trackography 75 A Tactical Tech Colletive é uma organização sem fins lucrativos fundada em 2003 atua na promoção, inserção, ativismo e conscientização tecnológico e político em temas como privacidade, dados pessoais e segurança na rede. https://tacticaltech.org

aumentar a transparência do que é feito com os dados que circulam na rede. A ferramenta é capaz de identificar: as empresas que rastreiam os sites analisados; os países que hospedam os servidores dos sites acessados; os países que hospedam os servidores das empresas de rastreamento; os países que abrigam a infraestrutura de rede necessária para atingir os servidores de sites e empresas de rastreamento e informações sobre como algumas empresas coletoras de dados lidam com essas informações coletadas a partir de suas políticas de privacidade. Segundo o site ainda, esses dados coletados pelo Trackography são abertos e podem servir de recurso para ativistas, advogados, investigadores ou qualquer pessoa interessada em levantar questões e compreender o que são feitos com os dados monitorados por estas empresas. Ao abrir a página, é pedido para que o usuário indique de qual país está acessando a rede, em seguida, são oferecidas opções de mídias globais, nacionais e regionais para que o usuário indique quais delas ele deseja obter informações de rastreamento. Em seguida, o site através do mapa indica através de linhas o tráfego de dados na internet. As linhas azuis indicam o caminho até os servidores dos sites selecionados. As linhas vermelhas indicam as conexões de internet para os servidores das companhias que estão rastreando o usuário. O

site oferece também, assim como o Ghostery, um link para mais informações sobre as empresas

que estão rastreando os sites analisados, inclusive seu modelo de negócios. Também permite ao usuário identificar quais dados estão sendo coletados, como endereço de IP, histórico de navegação, pesquisa.

Figura 32 | Teste feito para duas mídias on-line (Media Sources), uma nacional Folha de SP e uma internacional The Guardian. Pela imagem é possível identificar as linhas vermelhas e amarelas, bem como 74 sites conectados "não-intencionalmente" (Unintended connections). Também é apresentado um quadro indicando que tipo de informações são coletadas e por quem.

Fonte: site https://trackography.org. Acesso em 10/07/16

Também são exemplos de rastreadores: o botão “curtir" do Facebook e do YouTube, o pássaro azul do Twitter, o botão “P” do Pinterest e o G+ do Google, que carregam um código que permite que as empresas possam rastrear os movimentos dos usuários e enviar às suas plataformas dados sobre suas ações e preferências, possibilitando a essas empresas criarem um banco de dados sobre eles, oferecendo apenas o conteúdo que pode ser de seu interesse além de impulsionar a comercialização de dados pessoais como modelo de negócios. Essa interatividade entre os usuários, a forma como recebem e transmitem informações variadas, representa comercialmente a nova maneira de monetizar as informações ali colocadas. Redes sociais como Facebook, Twitter ou Instagram são intermediadoras da troca de informação e consequente contribuição criativa de entretenimento de usuários para usuários. Dados captados de um único indivíduo podem não ter valor comercial para estas empresas, mas em conjunto e associados, buscas, listas de amigos, grupos sobre determinados assuntos, curtidas ou acesso a mapas on-