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Identificação

Objetivo: Obter informações a respeito de obras com finalidades acadêmicas de dissertação de mestrado do Programa da Pós-Graduação em Estruturas e Construção Civil da UnB.

Data: ___ / ___ / ___ Hora: ___ : ___ Local:_____________________________________________________________________ Nome:_____________________________________________________________________ Profissão: __________________________________________________________________ Cargo/função: ______________________________________________________________ Empresa/Órgão: _____________________________________________________________ Obra: _____________________________________________________________________ Período em que acampanhou a obra: ____________________________________________ Profissionais responsáveis (Eng./Arquiteto): ______________________________________ Empresa responsável: ________________________________________________________ Processo construtivo utilizado: _________________________________________________ O Sr./Sra. autoriza reproduzir estas informações na dissertação de mestrado de __________________________________________ com finalidade exclusivamente acadêmica?

SIM NÃO

Brasília, ___ de ___________ de 200__

_________________________________________________________ Assinatura do profissional entrevistado

C.1 - ENTREVISTA COM A Sra. ASTA-ROSE ALCAIDE

Objetivo: Obter informações a respeito de obras com finalidades acadêmicas de dissertação de mestrado do Programa da Pós-Graduação em Estruturas e Construção Civil da UnB. Data: 30 / 04 / 2008

Hora: 10 : 50

Local: Secretaria de Estado de Cultura do DF – via N2, Setor Cultural Norte, Brasília – DF. Nome: Asta-Rose Alcaide

Cargo/função: Assessora da Diretoria da Orquestra Sinfônica e Ex- Diretora do Teatro

Nacional Cláudio Santoro/ Montagem de Ópera.

Empresa/órgão: Secretaria de Estado de Cultura do Distrito Federal Obra: Teatro Nacional Cláudio Santoro, Brasília, DF

A Sra. autoriza reproduzir estas informações na dissertação de mestrado de Deise Aparecida Silva Souza no Programa de Pós-Graduação em Estruturas e Construção Civil da Universidade de Brasília com finalidade exclusivamente acadêmica?

SIM NÃO

Brasília, 30 de abril de 2008

1) A Sra. está escrevendo um livro sobre a história do Teatro Nacional abordando somente aspectos culturais?

Vou escrever. Estou juntando material mas ainda não tive tempo de começá-lo porque estou envolvida em outros projetos. É importante registrar a verdadeira história do Teatro Nacional que poucos conhecem, o Teatro está longe de possuir o verdadeiro objetivo para o qual foi projetado devido a muitos erros que começaram com os erros de projeto. A sua instalação interna encontra-se miserável. O Teatro Nacional não possui a infra-estrutura digna de um Teatro, e isto sempre foi ignorado pelos nossos governantes, e mesmo assim ele é utilizado.

2) Quando a Sra. começou a trabalhar no TN?

Comecei a trabalhar no Teatro Nacional em Dezembro de 1975, pude acompanhar toda a construção dele. Em pesquisa, descobri que Niemeyer não tinha a intenção de fazer uma pirâmide como se fala. Pude confirmar isso em conversa com ele. Mais tarde, alguém achou que o Teatro Nacional possui uma forma de pirâmide e assim ficou conhecida. Em relação a sua localização, ao lado da Esplanada dos Ministérios que abriga o centro do poder, teria que conter um Teatro, mas o Teatro Nacional não possui nenhuma ligação arquitetônica com a arquitetura dos outros prédios da Esplanada.

Logo após a saída de Milton Ramos, outra equipe foi contratada para terminar o Teatro internamente, mas modificou o Teatro inteiro por dentro, resultando em espaços inutilizáveis, utilização de materiais inadequados como colocar estofado nas poltronas e nos pisos das salas, que é ruim porque absorve o som, o teto ondulado da sala Villa-Lobos prejudica a acústica, e, inicialmente possuía 800 lugares e foi aumentada para 1300 lugares por motivos comerciais. A forma como foi distribuída os camarins também ficou muito ruim, ou seja, quem projetou o Teatro Nacional não sabia nem quais são as necessidades de um Teatro! Não sabia o que estava fazendo.

3) Considerando-se as instalações do prédio antes da conclusão das obras, como era assistir um espetáculo? As salas possuíam o conforto necessário?

Era péssimo porque o Teatro foi inaugurado sem ser concluído. As salas nunca possuíram conforto porque foram feitas erradas. A sala Martins Pena foi feita antes e inaugurada primeiro e um ano depois foi fechada para reformas. Esta sala possui o erro gravíssimo devido o palco ser no mesmo nível da primeira fila da platéia, fato que prejudica a apresentação de óperas e apresentação da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro, sendo possível com elementos de improvisação. Parece um Teatro de arena e ainda possui um espaço ocioso em baixo dela devido a modificação de projeto. A sala Villa- Lobos foi aberta ao público e foi utilizada nas mais diversas finalidades, desde missa até colação de grau. Entretanto, o público tinha que sentar no chão de concreto, o palco era improvisado, não tinha parede, era somente a carcaça da sala (estrutura). Os vidros que cobrem o foyer da Villa-Lobos iam somente até a metade das vigas, o restante era tapado com madeiras. O Teatro possui altura equivalente a um edifício de 15 andares.

4) E do ponto de vista dos bastidores, como eram as instalações do TN?

Muito ruins.O Teatro não possui a mobilidade necessária. O elevador de palco não permite que transite com cenários inteiros, é preciso desmontar para transportar. O Anexo do Teatro Nacional foi feito para ser um local de apoio, como montagem e pinturas de cenários, figurinos, etc., mas foi feito errado, como por exemplo, com portas muito pequenas que não permite o trânsito de cenários. Devido a este conjunto de fatores, o Anexo abriga a Secretaria de Cultura do Governo do Distrito Federal.

5) O Teatro já passou por muitas reformas. Na opinião estas foram suficientes para melhorar conforto e o desempenho do Teatro?

De forma alguma porque o Teatro não possui a infra-estrutura desejada, foi feito errado. No governo do Cristóvão foi feita uma maquiagem, mas que não adianta de nada, maquiar uma coisa que já errada. Em 1960, quando o Teatro começou a ser construído, pensava-se que o concreto era um material indestrutível, hoje sabemos que não. Foi utilizado concreto a jato que era uma novidade, mas atualmente apresenta infiltrações. Por isso foi feita a maquiagem patrocinada pelo Banco do Brasil e os problemas continuam.

6) Quais melhorias o Teatro ainda precisa para se tornar ideal para a platéia e os bastidores?

É preciso aumentar a platéia, trocar o carpete das paredes da Villa-Lobos por madeira tratada, retirar o carpete do chão e pode-se colocar cimento liso, afinal utiliza-se muito isso nos teatros da Europa, e é preciso rever a inclinação da platéia porque apresenta degraus perigosos.

7) Em sua opinião, o Teatro Nacional conseguiu cumprir o objetivo de se tornar o ponto central de cultura de Brasília previsto por Lúcio Costa?

De jeito nenhum! Devido a má organização do Teatro, não possui a função para o qual deveria ter sido projetado. O Teatro Nacional é um galpão de empréstimo, quem chegar primeiro, paga e usa. Atualmente o Teatro está sendo utilizado somente para encher as salas e não deveria ser assim. Por exemplo, as salas já foram utilizadas para os eventos mais inimagináveis. Um dos mais absurdos é show de rock, onde o som era tão alto que vibrava os pisos e as paredes. O Teatro não possui a função de encher as salas e deveria ter autonomia, vida própria ao invés de possuir um organograma baseado no funcionalismo público. A Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro é formada por funcionários públicos e isto está errado. Devido a isto, o Teatro foi ignorado por todos os governos anteriores e agora chegou numa situação muito precária. A bilheteria repassa uma porcentagem mínima para a manutenção do Teatro. A solução para o Teatro Nacional seria fazer outro.