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97 Pela leitura das fachadas é possível perceber uma semelhança com as do núcleo colonial: nota-se em algumas residências da Vila Aparecida, a diferenciação entre o primeiro e o segundo pavimento, por seus materiais e/ou tipos de esquadrias. Essa composição, demonstra que inicialmente se construiu um primeiro pavimento para a família, e mais tarde, com o aumento do poder aquisitivo, se fez um segundo pavimento com melhores instalações, para o qual os donos se mudam. Nesses casos, a casa do piso térreo passa a ser alugada, garantindo o aproveitamento do lote para uma renda extra aos proprietários. Contudo nem sempre há, como no núcleo colonial, a sobreposição dos cheios e vazios, os pavimentos são interpretados como independentes na composição das fachadas, conforme figuras 49 e 50.

Em alguns trechos do bairro, onde percebe-se poder aquisitivo mais baixo (principalmente nas ruas Glaura e Santo Antônio do Leite) é comum o uso de telhas metálicas e de amianto e também de esquadrias metálicas, que têm o custo inferior ao das telhas cerâmicas e esquadrias em madeira. Ainda assim, a predominância no bairro, conforme mapa 09 (p.95), é do uso de esquadrias de madeira. Nas edificações mais antigas, é comum o uso de janela tipo guilhotina, com vãos predominante verticais, que são compatíveis aos parâmetros da legislação. Nas edificações mais recentes ou que passaram por reformas, é comum o uso de esquadrias de madeira arqueadas e com venezianas.

Há também a predominância de cores claras como branco, ou bege. Porém é marcante do bairro, observado à distância, o uso de cores fortes e contrastantes nas alvenarias, além de diversos tipos de revestimento das fachadas (ver mapa 10, p.96). Esse tipo de tratamento é comum em edificações onde se percebe um poder aquisitivo maior ou nas edificações que demonstram ter passado por reforma recente, em que a cor da fachada serve para realçar aquela casa das demais.

Essas questões relativas ao tipo de telha, uso de esquadrias em madeira e cores claras nas alvenarias são exigências do IPHAN desde o início da ocupação do bairro. Pela análise dos mapas é possível perceber ilegalidade em muitas edificações por não cumprirem tais exigências, o que impede que essas venham a ser regularizadas pelo artigo nº 58 do Plano Diretor. A sobreposição desses aspectos pode ser visualizada no mapa 11 (p.100), que mostra a situação de irregularidade25 do bairro.

25 O mapa mostra as edificações irregulares somente pela análise quanto aos aspectos exteriores

mais visíveis (cores, telhados, esquadrias, com a sobreposição dos mapas 08, 09, e 10). Porém acredita-se que esse número seja maior, principalmente se analisadas também questões de salubridade, coeficientes de aproveitamento, permeabilidade, entre outros. Os dados oficiais de

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O gabarito predominante, conforme pode ser visualizado no mapa 12 (p.101) é de um pavimento, a partir do nível da rua. Nos casos de terrenos em declive, as casas são construídas com um ou mais pavimentos abaixo da rua, conforme figura 51, logo pode-se concluir que a predominância real é de 3 pavimentos, o que é confirmado pela observação das edificações pelos fundos das quadras.

Muitas casas de dois ou três pavimentos são de uso residencial multifamiliar, com algumas moradias de aluguel. Com esse objetivo, também existem casos de "puxadinhos" e construções nos fundos de diversas edificações, que têm acesso pelo afastamento lateral. É predominante no bairro casas que possuem apenas afastamentos laterais e de fundos, sem recuo frontal.

regularidade não foram obtidos, pois os órgãos competentes não possuem esses dados sistematizados.

99 As construções em algumas ruas não possuem alinhamento umas com as outras. Isto se deve ao fato de que a ocupação do bairro se deu espontaneamente, e que as ruas foram abertas posteriormente a essas construções. As formas irregulares dos lotes também proporcionam construções desalinhadas e com afastamentos desiguais. (ver figura 53) A ocupação do bairro é adensada, e restam poucas áreas verdes no interior das quadras maiores, como pode ser visualizado no mapa 13 (p.102) - densidade de ocupação. Em alguns casos, a alta declividade dos quintais, inviabilizou novas construções e proporcionou a manutenção dessas áreas. Muitas edificações ocupam 100% do terreno, sem afastamentos e áreas permeáveis, sendo esse adensamento devido às próprias dimensões reduzidas dos lotes e também pela inexistência de parâmetros urbanísticos e de fiscalização, principalmente na época de consolidação do bairro entre os anos 1960 e 1990. Durante os levantamentos realizados no bairro, no início de 2012, foi possível notar que várias edificações se encontravam em obras, sendo a maioria delas reformas, pois existem poucos terrenos vazios disponíveis para novas construções.

Figura 52: Croqui da rua Cachoeira do Campo,

na qual se percebe predomínio de 3 pavimentos de um lado, e 1 pavimento de outro. Fonte: Croqui da autora, 2012.

Figura 53: Edificações na rua Santo Antônio do

Salto, dispostas sem alinhamento ao longo da via. Fonte: Acervo da autora, 2012.

d Esquadrias e telhado de acordo, porém a

alvenaria foi pintada com cor escura. Fonte: Tamara Marques, 2012.

Telhados, cores, e esquadrias adequadas aos padrões exigidos.

Fonte: Google Street View, 2012.

Edificação não atende aos três parâmetros avaliados.

Fonte: Acervo da autora, 2012.

Pelas fachadas das edificações nota-se a irregularidade d a a p l i c a ç ã o d o s p a r â m e t ro s d o I P H A N . Fonte: Acervo da autora, 2012.

0 20 20 40 60 80 100 m

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b

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d

MAPA 11

100

ausência de algum dos parâmetros estabelecidos. LEGENDA:

Atendem aos parâmetros estabelecidos: (telha cerâmica/cores claras nas alvenarias/ esquadrias em madeira)

Vila Aparecida - Sobreposição dos mapas