CRIANÇA X.: Ai, eu não sei Acho que é porque a gente cai e se machuca, quando corre atrás do outros.
APENDICE A ESTRUTURAS E DOCUMENTOS DAS ESCOLAS PESQUISADAS
Espaços – Educação Infantil - Estrutura física da escola
• Prédio antigo, mais de 60 anos, em péssimas condições (forro caindo, pintura deteriorada etc. Começou uma pequena reforma);
• A quadra é descoberta, próxima a uma área abandonada no meio de matagais, que, segundo a diretora, têm cobras e outros bichos, os quais entram na escola através da cerca. Para ela, a prefeitura não cuida e não toma providências em relação ao terreno, pelo fato de pertencer a outra entidade. A quadra tem pouca sombra;
• Parque – a escola tem dois parques – um menor, com um escorregador e um tanque de areia, e o outro maior, com um tanque de areia, um escorregador, duas gangorras, dois trepa-trepas e quatro balanços;
• Espaços gerais – sala da diretora e coordenadora, pátio da merenda, salas de aula, cozinha, banheiros.
Características da sala • Alfabeto móvel;
• Nome das crianças em letra bastão; • Números;
• Não há desenhos expostos, somente atividades de registro escrito, • Mesinhas e carteirinhas.
Os espaços disponíveis para brincar se resumem em parque e quadra. São muito pouco utilizados. Segundo a diretora, a Secretaria Municipal de Educação exige que as crianças vão ao parque todos os dias, mas, na realidade, elas costumam freqüentar o parque ou a quadra no máximo uma vez por semana. Os espaços para as brincadeiras são muito reduzidos e precários. A sala de aula, como espaço direcionado para a alfabetização, é o mais usado pelas educadoras.
Documentos – acesso
Inicialmente, pedi algumas informações sobre quais eram os documentos que guiam o trabalho pedagógico da escola e como este é conduzido. Nesse sentido, pedi se era possível ver o Projeto Político-Pedagógico. A diretora desconversou e abordou outras questões, como a política e o uso de apostilas na Educação Infantil. Logo depois, ela explicitou não haver PPP, porém um regimento, que pode ser considerado o PPP, comum a todas as escolas, onde cada qual, a partir desse documento, elabora o seu. (segundo a diretora, este precisa ser reestruturado, porque está defasado). O conceito de Projeto Político- Pedagógico também entra em pauta, considerando que, segundo alguns autores, esse é um material que deve ser construído por membros da escola e comunidade local.
PESQUISADORA: Eu gostaria de ver o projeto político-pedagógico, é possível?
DIRETORA: A outra secretaria afirmava que era político, esta diz que é só pedagógico. A gente segue muito o político, muda de governo, a gente sofre também. A apostila foi inserida em 2002. Não teve nenhuma capacitação para o uso das apostilas. Agora que a secretaria trouxe capacitação. A gente não tem projeto político-pedagógico.
Documentos - visão de escola e de Educação Infantil nos documentos Regimento: segue o Plano Nacional de Educação e foi elaborado em 2003.
Alguns dados são comuns a todas as escolas. Alteram-se apenas alguns elementos, como clientela, professores e funcionários.
Estrutura geral dos regimentos das escolas do município também considerado como Projeto Político Pedagógico segundo ao Diretora
Observação: os destaques em negrito representam itens inseridos aqui)
• Introdução • Justificativa
• História do município • Filosofia da escola • Dados de identificação
• Biografia do nome da escola
• Caracterização da clientela escolar • Estrutura organizacional da unidade escolar • Quadro demonstrativo
• Composição docente/discente e administrativa
Regimento escolar da Educação Infantil
• Proposta pedagógica
• Lei de diretrizes e bases da Educação Infantil • LDB da educação nacional
• Declaração de Salamanca
• A inclusão social na legislação brasileira • Adaptações curriculares
• Referencial curricular
• Prioridades, metas e estratégias de ação • Atividades extracurriculares
• Vias de relacionamento • Anexos
• Referências bibliográficas
Durante a leitura que fiz do documento, tentei extrair, na íntegra, algumas partes de sua estrutura que venham a contribuir com o desenrolar da pesquisa, em temas como a concepção de criança e de Educação Infantil. Tópicos diversos, a exemplo de justificativa, filosofia da escola, caracterização da clientela escolar e proposta pedagógica merecem destaque. Além das contradições das propostas de trabalho e as práticas pedagógicas, erros em relação a conceitos teóricos e a presença de uma concepção naturalista de criança e, conseqüentemente, de homem, o regimento não revelou preocupação relevante com respeito ao brincar e seu papel na formação integral da criança.
Introdução
“A partir da implantação da reforma educativa, Lei 9.394/96, as equipes escolares passaram a dispor de maior autonomia curricular, elaborando, portanto os seus próprios projetos pedagógicos”.
“[...] tendo como objetivo principal os nossos alunos, este projeto serve-nos como instrumento para no decorrer do ano, revisarmos, analisarmos, modificarmos e firmarmos ajustes na equipe em relação a prática educativa”.
(Observação: Esse material foi elaborado em 2003, sem qualquer revisão até o presente momento).
Justificativa
“Apoiados na Constituição Federal de 1988, no Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990 e também na LDB (Lei n° 9394/96, em seu título V, capítulo II, sessão II, art. 29), não podemos mais conceber práticas assistencialistas, projetos pedagógicos descontextualizados, alienígenas e excludentes”.
“Dessa forma, considerando a criança como ser global, onde o cognitivo, o afetivo e o simbólico são insuperáveis, o profissional deve estimular a criatividade e autonomia, respeitando a individualidade de cada um, criando condições para que encontre em seu espaço, estímulo para seu crescimento”.
Filosofia da escola
“A SME de Ourinhos adota as concepções construtivista e sócio-interacionista segundo as quais a criança organiza seu conhecimento através de sua interação com o meio, desde o nascimento.
Segundo Piaget, a criança evolui através dos estágios e tem forma própria de aprender a raciocinar, num processo de equilibração progressiva, que funciona com o suporte social, zona de desenvolvimento proximal de Vygotsky. Nossa grande aliada, para que consigamos o sucesso almejado, é a comunidade, pois a escola recebendo o apoio dos
pais e de outros entes da comunidade consegue, de forma mais eficiente e eficaz, alcançar seus objetivos.
As normas para a educação que tantas vezes exigem de nós, educadores, só podem ser aquelas que levem a estruturação de uma personalidade independente e socialmente adaptada. Tal adaptação não deve constituir-se em submissão, mas como sendo o ponto de partida para aceitação da individualidade de todos.
Desta forma, descordar não se constitui em agressão, mas sim em prática democrática. Esta prática democrática será assim assimilada e consolidada pelo indivíduo durante todo seu desenvolvimento fundamentando, o que dominamos de cidadania plena”.
Caracterização da clientela escolar
“O Núcleo M. atende crianças oriundas das regiões periféricas da cidade, bairros e chácaras adjacentes. Escolarização dos pais – 30% terminaram o Ensino Fundamental, 70% são analfabetos.
Muitos pais são trabalhadores rurais, pedreiros, domésticas e do lar.
A maioria das famílias não são nucleares, contribuindo assim para alguns problemas escolares, como indisciplina e distúrbios emocionais”
Proposta pedagógica (Educação Infantil)
“A escola, devido ao fato de trabalhar com “conteúdos” e desenvolver modalidades de pensamento bastante específicas, tem um papel diferente e insubstituível, na apropriação pelo sujeito da experiência culturalmente acumulada.
Por isso, a escola representa o elemento imprescindível para a realização do desenvolvimento dos indivíduos que vivem em sociedades escolarizadas, já que promove um modo mais sofisticado de analisar e generalizar os elementos da sociedade: o pensamento conceitual.
Na escola, as atividades são sistemáticas, tem uma intencionalidade deliberada e compromisso explícito: tornar acessível o conhecimento formalmente organizado.
Ao interagir com esses conhecimentos, o ser humano transforma-se: aprende a ler e escrever, obtém o domínio de formas complexas de cálculos, constrói significados a partir de informações diversas, amplia seus conhecimentos, lida com conceitos científicos
hierarquicamente relacionados, o que possibilita novas formas de pensamento, de inserção e atuação em seu meio.
À medida que o aluno na escola expande seus conhecimentos, modifica sua relação cognitiva com o mundo, age e interage com esse saber, tanto de ordem social como política e econômica.
Sendo assim, a escola deve proporcionar-lhe um ensino de qualidade com um material didático coerente com essa realidade, que propicie melhores condições de apropriação do saber elaborado, e que todos os alunos tenham acesso a essas informações e experiências, e possam efetivamente aprender”.
Formação de alguns profissionais envolvidos na pesquisa
Formação da professora 1 – Educação Infantil: Magistério, cursando Pedagogia (adjunto)
Formação da professora 2 – Educação Infantil – Magistério e superior em geografia (estatutária)
Diretora: Pedagogia, Direito e Psicopedagogia.
Espaços – Ensino Fundamental - Estrutura física da escola Espaços – Ensino fundamental - Estrutura física da escola
• Sala de informática, biblioteca e xadrez (a última, mal estruturada);
• Sala de GEI – (Grupo de Estudos Intensivos) – Português e Matemática – reforço;
• Pátio para a merenda;
• Pátio com gramado e árvores; • Quadra descoberta;
• Não tem parque.
Algumas características da sala: • Alfabetos na parede;
• Armários;
• Carteiras enfileiradas, tabuadas na parede e algumas poesias, nome das crianças, alguns desenhos;
• Poucos trabalhos das crianças para ornamentação da sala.
Formação dos professores de primeira série
T. – Magistério e Letras (professora da sala pesquisada) F. – Pedagogia
I. – Magistério, Ciências, Biologia A. – Magistério, Ciências, Matemática S. – Magistério
Vice-diretora: Magistério, Pedagogia e Gestão Escolar Coordenadora: Pedagogia
Marinheiro
A roupa de marinheiro sem navio Roupa de fazer visita Sem direito de falar Roupa-missa de domingo, Convém não amarrotar. Roupa que impede o brinquedo E não pode sujar. Marinheiro mas sem leme, Se ele nunca viu o mar Salvo em livro, E vai navegando em seco Por essa via rochosa Com desejo de encontrar De costurar esta âncora no braço E pendurar esta fita no gorro. Ah, se o pudesse pegar!