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Aperfeiçoamento urbano análise de mapas e planos

No documento Traços toponímicos da Freguesia da Sé (páginas 34-36)

Contêm testemunhos da evolução e modificação da zona aqui estudada alguns elementos cartográficos.

Em primeiro lugar a Planta do Funchal de Mateus Fernandes de 1567-1570 (Ver anexo 3), trata-se da planta mais antiga da Ilha da Madeira. Após um forte saque de corsários huguenotes franceses foram enviados para a Madeira três padres da Companhia de Jesus e um fortificador e mestre das obras reais Mateus Fernandes em 1567. Ao elaborar esta planta Mateus Fernandes pretendia planear a construção de uma fortificação para defesa militar e a de um colégio da companhia de Jesus.

Esta planta fornece muitos detalhes sobre como era constituída a urbe do Funchal no século XVI e qual a sua dimensão. Proporciona também pormenores toponímicos.

Em uma primeira abordagem, constatamos poucas artérias, das quais identificamos ruas que ainda existem hoje, como a Rua de João Esmeraldo e a Rua da Carreira entre outras. É possível identificar nesta planta três ruas principais a Rua de Santa Maria, a Rua dos mercadores e a Rua de Santa Catarina (Carita, 1982 b:57-107).

É visível também um espaço que desenvolveu-se sobre o núcleo de Santa Maria Maior e da Sé sendo o restante “ortas” (hortas) e “canas” ou seja o restante espaço era na sua maioria rural, o que justifica a vastidão inicial da Freguesia da Sé. Acrescentamos ainda que algumas ruas com atividades fabris tinham já ligação aos varadores dos barcos.

No século XVIII na Planta do Capitão Skinner, Plan of the town of Funchal são visíveis já as fortificações efetuadas na cidade do Funchal e o traçado de algumas muralhas (Ver anexo 4).

35 Já no final do século XVIII, na Planta da Cidade do Funchal de Agostinho José

Marques Rosa de 1780-1801 (Ver Anexo 5) é percetível um crescimento que expande-

se no sentido Oeste em zonas que em plantas anteriores eram rurais (Nascimento, 1932: Vol-VI: 65). Um aspeto importante presente nesta planta é a ligação da pontinha unindo o Forte do ilhéu ao Forte da Nossa Senhora da Conceição.

No ano de 1803 um aluvião provocou vários danos por toda a ilha principalmente na zona do Funchal, a Rua dos Ferreiros, Rua dos Tanoeiros e a Rua Direita foram as mais afetadas. A principal causa deste aluvião foi o mau encadeamento das ribeiras. Neste sentido é chamado o Brigadeiro Reinaldo Oudinot para organizar as obras públicas a decorrer. Podemos constatar na Planta da Cidade do Funchal que representa

o estado em que ficou depois do aluvião de 3 de Outubro de 1803 e apezição das Praças, 1804, do qual surge a Nova Cidade das Angústias e outras alterações (Ver

Anexo 6).Com nova cidade das angústias era intencionado deslocar a população no sentido Oeste da Cidade, passando a estar em um local mais seguro sem afloramento de ribeiras.

Em 1910 os irmãos Trigo elaboram um mapa da cidade do Funchal que está junto ao Roteiro e guia do Funchal publicado em 1910. Esta planta contém todos os pontos mais interessantes da cidade, informações que poderiam interessar a um turista. Neste roteiro temos uma lista de números que ajudam a interpretar o mapa. Retém muitos dados toponímicos. Testemunha qual era a fisionomia do Funchal antes das obras que se seguiram até aos meados do século XX. Temos um exemplar deste mapa no Anexo 8.

No século XX, outro plano realizado entre 1913 e 1915 foi o do Arquiteto Miguel Ventura Terra (Ver Anexos 9, 10, 11 e 12).

“Desenvolve uma proposta de modernização da cidade onde se aplicam os conceitos correntes do urbanismo francês da época, visível nas grandes avenidas retilíneas, das quais vimos se concretizarem a Avenida Oeste, depois do Infante, e a Avenida Marginal. É ainda visível aquele conceito na utilização de rotundas para a distribuição viária, amplas praças e parques na periferia”(Vasconcelos, 2008: 119- 120)

Todavia, este plano não foi seguido na sua íntegra, fase ao seu caráter demasiado moderno para uma região ainda muito rural, foi em parte adotado nos anos 30 no plano do Arquiteto Carlos Ramos e depois nos anos 40 pelo Arquiteto João Guilherme Faria da Costa com o incentivo do presidente da CMF da altura, Dr. Fernão de Ornelas.

É de salientar que após o projeto do Arquiteto Ventura Terra o mesmo é citado nos projetos de remodelação que seguem nos anos seguintes. O Funchal conhece por

36 fim a palavra modernização e distancia-se da região típica rural que tinha sido ao longo dos anos.

Entre 1948 e 1950 é elaborado uma planta da cidade por uma empresa alemã contratada pela CMF. Essa planta aproxima-se da realidade urbana dos dias de hoje e nas várias imagens da planta podemos identificar muitos locais (Ver anexos 13 e 14).

Esta planta é resultado posterior ao estudo e planos elaborados pelo Arquiteto João Guilherme Faria da Costa. Uma das características positivas encontradas no Estudo realizado pelo mesmo é a preocupação com vários elementos urbanísticos, desde as alternativas de circulação automóvel e de peões como questões de estética ambiental. Preocupou-se com a sombra. Sendo estas avenidas largas e em uma Ilha de intenso sol era necessário sombra e por isso foram introduzidas as árvores ao longo das avenidas.

É entre o século XIX e o século XX que consta o maior crescimento urbano e arquitetónico visível em todas as plantas aqui analisadas. Todos estes mapas, planos do Funchal representam um testemunho importantíssimo para a História e evolução da cidade. Mostram a evolução urbanística e social ao longo dos séculos. São também preciosos para o estudo detalhado da cartografia dos meios e materiais utilizados.

Por tudo isto com a evolução urbanística o Funchal não tendo mais espaço para se expandir para o mar começou a se desenvolver para as montanhas, como é possível verificar no anexo 15.

2.4 Relatos estrangeiros do século XIX e XX – a influência intercultural e a

No documento Traços toponímicos da Freguesia da Sé (páginas 34-36)

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