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2. FUNDAMENTAÇÃO CONSTITUCIONAL DO CONTROLE EXTERNO DA

3.6. Aplicação da Lei Complementar Estadual n° 9/98

A Lei Complementar n° 9, de 23 de julho de 1998, di sciplina a forma de como deve ser o exercício do controle externo da atividade policial pelo Ministério Público Estadual, repetindo, praticamente, o que proclama a Lei Complementar Federal n° 75, do ano de 1993, portanto não se mostrando desajustada à Constituição Federal.

O artigo 2° da referida Lei Complementar Estadual a firma que o Ministério Público do Estado do Ceará exercerá o controle externo da atividade policial por meio de medidas judiciais e extrajudiciais, podendo, in litterís:

• “I – Ter livre ingresso em estabelecimentos policiais ou prisionais.”;

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nos estabelecimentos policiais ou prisionais estaria frustrado o controle externo da atividade policial. Entretanto, no exercício do cumprimento de suas funções, o integrante do Parquet deverá ter cautela, pois poderá responder por abuso de poder, seja por excesso de poder ou desvio de finalidade, e por crime de violação de domicílio, consoante artigo 150 do Código Penal Brasileiro.

Nos primeiros, o acesso não se restringe somente às delegacias ou organizações policiais militares, devendo estender-se a todos os lugares onde estejam ocorrendo os atos de investigação criminal e convenientes para apuração das infrações penais.

Em relação aos últimos, deve o fiscal da lei sempre atentar para a ocorrência de abuso de poder, como prisões ditas correcionais e as prisões para averiguação, as quais foram extintas com a atual Constituição Federal, que prescreveu em seu inciso LXI do artigo 5° que, in verbis: “ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei”.

A Constituição Federal ressalvou apenas essas duas hipóteses em que o militar poderá ser preso mesmo não estando em flagrante delito e ainda sem ordem escrita da autoridade judiciária competente.

Com relação à prisão do militar por transgressão militar, esta se refere ao Direito Administrativo Disciplinar Militar por estar relacionada às faltas disciplinares que autorizam prisão administrativa disciplinar a bem da hierarquia e disciplina militar.

Contudo, mesmo nos casos de transgressão disciplinar, a prisão condiciona-se à previsão legal; deve ser executada pela autoridade competente; obedecer aos limites dos prazos e formalidades previstos nos respectivos diplomas que a autorizam e, ainda, devem ser observadas as garantias constitucionais do preso.

Com relação à segunda espécie de prisão - sem flagrante e sem autorização escrita da autoridade judicial - desde que por crime propriamente militar - precisaremos, nesse ponto, analisar o delito do art. 187 do Código Penal Militar

(deserção).

O tipo penal militar da deserção prevê como delito o fato de “ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em que serve, ou do lugar em deve permanecer, por mais de oito dias”.

Por sua análise podemos concluir que: a) a conduta é comissiva; b) exige a qualidade de militar do agente; c) está previsto apenas no Código Penal Militar e somente pode ser cometido por militar; d) estatui um prazo para sua consumação denominado “período de graça”, não prevendo na conduta qualquer resultado naturalístico (crime de perigo abstrato cujo resultado está implícito).

O Superior Tribunal Militar, citando o Supremo Tribunal Federal, classificou o delito de deserção como sendo crime instantâneo, de efeitos permanentes e de mera conduta. (Acórdão nº 2003.01.049.359-1 – UF:RJ; Decisão: 02/10/2003; Min. Relator – EXPEDITO HERMES REGO MIRANDA; Min. Reviso – JOSÉ COELHO FERREIRA).

Sendo a deserção um delito de mera conduta, instantâneo e de efeitos permanentes, esta se consuma no primeiro instante do nono dia, embora, seus efeitos permaneçam (perigo abstrato ao serviço militar) independentemente da vontade do sujeito ativo (desertor), não admitindo a tentativa.

Feita a classificação do delito de deserção é forçoso concluir que, salvo a prisão efetuada no primeiro instante do nono dia, logo após ou logo depois (art. 244 do CPPM), não estaremos mais diante de uma situação de flagrante delito.

Dessa forma, cabe analisar o instituto da prisão em flagrante na Constituição Federal e no Código de Processo Penal Militar, em comparação com a garantia constitucional da inviolabilidade do domicílio.

CONCLUSÃO

A inovação constitucional de inserir, dentre as funções institucionais do Ministério Público, o controle externo da atividade policial permite uma melhor fiscalização da atividade-fim de polícia judiciária, no tocante à regularidade e ao acompanhamento dos inquéritos policiais militares.

Entretanto, para um efetivo controle externo dessa atividade pelo Ministério Público Militar Estadual, deverá haver um esforço não só deste Órgão, bem como da Polícia Militar do Ceará, no intuito de alcançar sua plena desmistificação, que é o objetivo da presente monografia.

Tais medidas contribuirão para a construção de um verdadeiro Estado Democrático de Direito, respeitador da dignidade da pessoa humana e da cidadania, em que a manutenção da ordem pública e a defesa da coletividade seja, de fato, dever do Estado e não uma mera faculdade.

Os aspectos práticos do controle externo da atividade policial militar são importantes, pois, além de se restringir à atividade-fim de polícia judiciária militar, devem ser do conhecimento de todo o efetivo policial. Estes aspectos favorecerão a consecução do bem-estar social, desde que cada um conheça e esteja consciente de seu relevante papel dentro da Instituição e da sociedade, as quais pertencem e convivem.

Saliente-se que o referido controle externo da atividade policial deve se ater aos atos de polícia que se relacionam diretamente com o Parquet Militar, ou seja, sobre a atividade-fim de polícia judiciária militar. Os atos de policiais não estão sob tutela do Ministério Público Militar, pois tais atos estão sujeitos a um controle interno, desenvolvido pelos órgãos hierarquicamente superiores, com supedâneo na autotutela administrativa, consoante interpretação sumular do Supremo Tribunal Federal.

Atualmente qualquer irregularidade do militar estadual, ferindo dispositivos legais, ultrapassando os limites da discricionariedade e alcançando a seara da arbitrariedade, está sujeita ao controle externo da atividade policial pelo Parquet Militar, que funciona junto à Auditoria da Justiça Militar.

Todas as hipóteses, inicialmente mencionadas no projeto de pesquisa, foram validadas, conforme o desenvolvimento da presente monografia. E, ainda, através da aplicação e análise da presente pesquisa de campo, junto ao público alvo, nas diversas organizações policiais militares, constatou-se que, realmente, o controle externo da atividade policial militar, ainda, é obscuro no entendimento do efetivo ativo da Polícia Militar do Ceará, em todos os seus rincões. Em virtude desta lacuna, a implementação das propostas servirá para desmistificar o polêmico controle externo e engrandecer, ainda mais, a Corporação Alencarina e a sociedade cearense.

Finda-se esta importante obra doutrinária, realizada com esmero e dedicação integral, ao longo de seis meses, certo de que foi escolhido um tema inédito, pelo menos em nível de Polícia Militar do Ceará, e complexo, a qual será útil àqueles que desejem conhecer melhor o controle externo da atividade policial e que estejam sendo vítimas de ilegalidade, quando submetidos a procedimentos administrativo- inquisitoriais ou a atos de polícia, por parte dos militares estaduais.

REFERÊNCIAS

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LEI COMPLEMENTAR Nº 09, DE 23.07.98 (DO 06.08.98)

Dispõe sobre o Controle Externo da Atividade Policial pelo Ministério Público do Estado do Ceará.

A ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO CEARÁ D E C R E T A:

Art. 1º. O Ministério Público do Estado do Ceará exercerá o controle externo da atividade policial tendo em vista:

a) o respeito aos fundamentos do Estado Democrático de Direito, aos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, aos princípios, direitos e garantias individuais, assegurados na Constituição da República Federativa do Brasil, Constituição do Estado do Ceará e nas leis vigentes;

b) a preservação da ordem pública, da incolumidade das pessoas e do patrimônio público;

c) a prevenção e a correção de ilegalidade ou de abuso de poder; d) a indisponibilidade da persecução penal;

e) a competência dos Órgãos incumbidos da Segurança Pública.

Art. 2º. O Ministério Público do Estado do Ceará exercerá o controle externo da atividade policial por meio de medidas judiciais e extrajudiciais, podendo:

I - ter livre ingresso em estabelecimentos policiais ou prisionais;

II - ter acesso a quaisquer documentos relativos à atividade-fim policial;

III - representar à autoridade competente pela adoção de providências para sanar a omissão indevida, ou para prevenir ou corrigir ilegalidade ou abuso de poder;

IV - requisitar à autoridade competente a instauração de inquérito policial sobre a omissão ou fato ilícito ocorrido no exercício da atividade policial;

V - promover a ação penal por abuso de poder.

Art. 3º. A prisão de qualquer pessoa, por parte da autoridade policial estadual, deverá ser comunicada imediatamente ao Ministério Público competente, com a indicação do lugar onde se encontra o preso e cópia dos documentos comprobatórios da legalidade da prisão.

Art. 4º. Esta Lei Complementar entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ, em Fortaleza, aos 23 de julho de 1998.

TASSO RIBEIRO JEREISSATI Governador do Estado

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CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO PUBLICO RESOLUÇÃO N° 20, DE 28 DE MAIO DE 2007.

Regulamenta o art. 9o da Lei Complementar n° 75, de 20 de maio de 1993 e o art. 80 da Lei n° 8.625, de 12 de fevereiro de 1993, disciplinando, no âmbito do Ministério Público, o controle externo da atividade policial. O CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO PUBLICO, no uso de suas

atribuições, em conformidade com a decisão plenária tomada em Sessão realizada no dia 28 de maio de 2007;

O CONSELHO NACIONAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO, no exercício

das atribuições que lhe são conferidas pelo artigo 130-A, §2°, inciso I, da Constituição Federal e com fulcro no artigo 64-A, de seu Regimento Interno;

CONSIDERANDO o disposto no artigo 127, caput e artigo 129, incisos I,

II e VII, da Constituição Federal;

CONSIDERANDO o que dispõem o artigo 9o, da Lei Complementar n.° 75, de 20 de maio de 1993 e o artigo 80, da Lei n.° 8.625, de 12 de fevereiro de 1993;

CONSIDERANDO a necessidade de regulamentar no âmbito do

Ministério Público o controle externo da atividade policial;

RESOLVE:

Art. 1o Estão sujeitos ao controle externo do Ministério Público, na forma

do art. 129, inciso VII, da Constituição Federal, da legislação em vigor e da presente Resolução, os organismos policiais relacionados no art. 144 da Constituição Federal, bem como as polícias legislativas ou qualquer outro órgão ou instituição, civil ou militar, à qual seja atribuída parcela de poder de polícia, relacionada com a segurança pública e persecução criminal.

Art. 2o O controle externo da atividade policial pelo Ministério Público tem

como objetivo manter a regularidade e a adequação dos procedimentos empregados na execução da atividade policial, bem como a integração das funções do Ministério Público e das Polícias voltada para a persecução penal e o interesse público, atentando, especialmente, para:

I - o respeito aos direitos fundamentais assegurados na Constituição Federal e nas leis;

II - a preservação da ordem pública, da incolumidade das pessoas e do património público;

III - a prevenção da criminalidade;

IV - a finalidade, a celeridade, o aperfeiçoamento e a indisponibilidade

da persecução penal;

V - a prevenção ou a correção de irregularidades, ilegalidades ou de abuso de poder relacionados à atividade de investigação criminal;

para fins de investigação criminal;

VII - a probidade administrativa no exercício da atividade policial.

Art. 3o O controle externo da atividade policial será exercido:

I - na forma de controle difuso, por todos os membros do Ministério Público com atribuição criminal, quando do exame dos procedimentos que lhes forem atribuídos;

II - em sede de controle concentrado, através de membros com atribuições específicas para o controle externo da atividade policial, conforme disciplinado no âmbito de cada Ministério Público.

Art. 4o Incumbe aos órgãos do Ministério Público, quando do exercício

ou do resultado da atividade de controle externo:

I - realizar visitas ordinárias periódicas e, quando necessárias, a qualquer tempo, visitas extraordinárias, em repartições policiais, civis e militares, órgãos de perícia técnica e aquartelamentos militares existentes em sua área de atribuição;

II - examinar, em quaisquer dos órgãos referidos no inciso anterior,

autos de inquérito policial, inquérito policial militar, autos de prisão em flagrante ou qualquer outro expediente ou documento de natureza persecutória penal, ainda que conclusos à autoridade, deles podendo extrair cópia ou tomar apontamentos, fiscalizando seu andamento e regularidade;

III - fiscalizar a destinação de armas, valores, substâncias entorpecentes,

veículos e objetos apreendidos;

IV - fiscalizar o cumprimento dos mandados de prisão, das requisições e

demais medidas determinadas pelo Ministério Público e pelo Poder Judiciário, inclusive no que se refere aos prazos;

V - verificar as cópias dos boletins de ocorrência ou sindicâncias que não geraram instauração de Inquérito Policial e a motivação do despacho da autoridade policial, podendo requisitar a instauração do inquérito, se julgar necessário;

VI - comunicar à autoridade responsável pela repartição ou unidade militar, bem como à respectiva corregedoria ou autoridade superior, para as devidas providências, no caso de constatação de irregularidades no trato de questões relativas à atividade de investigação penal que importem em falta funcional ou disciplinar;

VII - solicitar, se necessária, a prestação de auxílio ou colaboração

das corregedorias dos órgãos policiais, para fins de cumprimento do controle externo;

VIII - fiscalizar cumprimento das medidas de quebra de sigilo de

comunicações, na forma da lei, inclusive através do órgão responsável pela execução da medida;

IX - expedir recomendações, visando à melhoria dos serviços policiais, bem como o respeito aos interesses, direitos e bens cuja defesa seja de responsabilidade do Ministério Público, fixando prazo razoável para a adoção das

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