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Capítulo 4 – Estudo Empírico

4.3. Aplicação das provas de Compreensão e Fluência Leitora

Neste estudo, foram elaborados dois tipos de provas, uma prova para a Compreensão Leitora e outra para a Fluência Leitora. Estas provas tiveram em consideração a faixa etária dos alunos, o seu ano de escolaridade, os tipos de textos constantes do Programa e Metas Curriculares de Português e os textos recomendados pelo PNL para o 3.º ano de escolaridade.

Prova de Compreensão Leitora

A prova de Compreensão Leitora foi construída à luz das diversas leituras e pesquisas realizadas e procurou contemplar os diferentes tipos de compreensão leitora, nomeadamente as constantes na taxonomia elaborada por Català et al (2001). Na tabela 1, apresentado na página seguinte, são descritos os diferentes tipos de compreensão e as respetivas definições e operacionalização.

A prova aplicada é composta por seis textos e realizou-se em dois momentos dada a extensão do primeiro texto de tipo narrativo. Na primeira parte da prova os textos apresentados foram:

Texto 1: Texto narrativo - Excerto do livro O Espantalho Enamorado de Guido Visconti, uma obra contemplada na lista do PNL para o 3.º ano.

Texto 2: Cartaz publicitário – Imagem digitalizada do panfleto publicitário do Festival do Marisco de 2015;

Na segunda parte da prova, os textos escolhidos foram:

Texto 3: Texto instrutivo – Jogo do loto dos animais bebés. Extraído da Prova de Aferição de Língua Portuguesa, 2006, 1.º Ciclo, www.gave.min-edu.pt

Texto 4: Texto dialogal - Excerto da fábula A aranha e o bichinho da seda de Le Baylli;

Texto 5: Texto- instrutivo – Adaptação de uma receita de um bolo consultada no endereço de receitas http://www.petiscos.com;

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TIPO DEFINIÇÃO E OPERACIONALIZAÇÃO

Compreensão Literal

Reconhecimento de toda a informação explicitamente incluída num texto:  Reconhecimento de ideias principais

 Reconhecimento de uma sequência  Reconhecimento de detalhes  Reconhecimento de comparações

 Reconhecimento de relações de causa-efeito

 Reconhecimento de traços de carácter de personagens

Reorganização

Sistematização, esquematização ou resumo da informação, consolidando ou reordenando as ideias a partir da informação que se vai obtendo de forma a conseguir uma síntese compreensiva da mesma:

 Classificar  Esquematizar  Resumir  Sintetizar Compreensão Inferencial

Ativação do conhecimento prévio do leitor e formulação de antecipações ou suposições sobre o conteúdo do texto a partir dos indícios que proporciona a leitura:

 Dedução da ideia principal  Dedução de uma sequência  Dedução de detalhes  Dedução de comparações

 Dedução de relações de causa-efeito

 Dedução de traços de carácter de personagens

 Dedução de características e aplicação a uma situação nova  Predição de resultados

 Hipóteses de continuidade de uma narrativa  Interpretação de linguagem figurativa.

Compreensão Crítica

Formação de juízos próprios, com respostas de carácter subjetivo (identificação com as personagens da narrativa e com os sujeitos poéticos, com a linguagem do autor, interpretação pessoal a partir das reações criadas baseando-se em imagens literárias):

 Juízos de atos e de opiniões

 Juízos de suficiências e de validade  Juízos de propriedade

 Juízos de valor, de conveniência e de aceitação

51 Para cada texto foram elaboradas perguntas maioritariamente de escolha múltipla, à semelhança das matrizes das provas nacionais de Aferição, Intermédias e de Final do 1.º Ciclo elaboradas pelo Instituto de Avaliação Educativa (IAVE).

No primeiro texto constam sete questões do tipo de compreensão literal, duas de compreensão inferencial e uma de reorganização.

No segundo texto, que apela à identificação e compreensão contida no cartaz, três das quatro questões apresentadas são de compreensão literal e uma de compreensão inferencial.

No terceiro texto, colocou-se apenas uma questão. Foram apresentadas quatro afirmações em que o aluno devia marcar com X se a afirmação era verdadeira ou falsa. Esta questão remetia para dois tipos de compreensão, a literal e a inferencial.

No que concerne ao quarto texto, as quatro questões colocadas foram de reorganização, sendo que em três delas o aluno tinha que escrever a sua resposta e apenas uma era de escolha múltipla.

Para o quinto texto foram aplicadas três questões, integralmente retiradas do livro “O Ensino da Compreensão Leitora. Da Teoria à Prática Pedagógica. Um Programa de Intervenção para o 1.º Ciclo do Ensino Básico” de Viana et al., 2010. Assim, a primeira questão era de compreensão literal, a segunda era de extração de significado e a terceira questão remetia para a compreensão inferencial.

No último e sexto texto, foram elaboradas duas questões. A primeira questão foi de ligação de partes de frases no âmbito da compreensão literal. A segunda questão foi de compreensão crítica.

Importa referir que as questões de escolha múltipla apenas permitiam uma resposta correta.

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Prova de Fluência Leitora

De acordo com o Programa e Metas de Português do Ensino Básico foi apresentada aos alunos uma prova de fluência que respeita as metas de Leitura e Escrita para o 3.º ano:

5. 1- Ler todas as palavras monossilábicas, dissilábicas e trissilábicas regulares e, salvo raras exceções, todas as palavras irregulares encontradas nos textos utilizados na escola.

5.2 - Decodificar palavras com fluência crescente: bom domínio na leitura das palavras dissilábicas de 4 a 6 letras e das trissilábicas de 7 ou mais letras, sem hesitação e quase tão rapidamente para as trissilábicas como para as dissilábicas.

5.3 - Ler corretamente um mínimo de 80 palavras por minuto de uma lista de palavras de um texto apresentadas quase aleatoriamente.

5.4 - Ler um texto com articulação e entoação corretas e uma velocidade de leitura de, no mínimo, 110 palavras por minuto. (Buescu et al., 2015: 53-54)

A prova de fluência teve por objetivo avaliar as diferentes varáveis em estudo no contexto da fluência leitora, nomeadamente a velocidade (palavras lidas corretamente por minuto) e a correção na leitura (percentagem de palavras lidas corretamente).

Poderia ter optado por aplicar o Teste REI de Anabela Carvalho (2010), contudo esta não foi minha opção, por entender que este teste abrange um leque alargado de níveis de escolaridade, podendo a sua aplicação ir desde o 2.º até ao 6.º ano de escolaridade. Na medida em que um dos critérios definidos para a constituição dos grupos em estudo foi o facto de todos os alunos estarem no 3.º ano pela primeira vez, optei por aplicar um texto recomendado para este nível de escolaridade. Assim, nesta prova consta um texto cuja leitura se encontra na lista de textos recomendados no PNL.

O texto constante da prova foi retirado de um manual homologado de acordo com as referidas metas curriculares. No intuito de evitar a possibilidade de uma prévia leitura do texto, este foi retirado de um manual diferente do adotado pelo agrupamento. O texto escolhido é do tipo narrativo, contém 215 palavras e tem por título “As consultas do Dr. Serafim e a bronquite da senhora Adriana” de Rosário Alçada Araújo.

A aplicação da prova foi individual, realizada no Espaço Casulo e aplicada por mim a cada aluno dos dois grupos. A tarefa representa uma situação normal de sala de aula de leitura em voz alta e a tipologia do texto escolhido é similar a outros já realizados.

Antes de dar início à prova, dei a cada aluno as seguintes recomendações:  Lê o melhor que puderes;

 Não te esqueças de ler o título;

 Lembra-te que uma boa leitura não é forçosamente rápida e respeita a pontuação.

53 Durante a realização da leitura fui registando os erros de acordo com a notação sugerida pelo guia de aplicação do Teste REI (Carvalho, 2010) no que concerne à precisão de leitura, i.e.:

a) Adição (acréscimo de letras, sílabas ou palavras) b) Omissão (omissão de letras, sílabas ou palavras)

c) Substituição (substituição de letras ou palavras por outras, considera-se também as acentuações incorretas)

d) Inversão (inversão da ordem das letras ou palavras) e) Regressão (repetição de palavras ou frases do texto)

O tempo de leitura foi registado assim como a tipologia dos erros (substituição; omissão; inversão; adição e regressões) e prosódia (ritmo e entoação) em grelha elaborada para o efeito. No texto, e conforme definido no Programa e Metas Curriculares de Português, constam 60 palavras destacadas que os alunos tinham que ler em menos de um minuto. Esta leitura também foi cronometrada e registada por mim.

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Capítulo 5 – Análise e tratamento de