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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.2 APLICAÇÃO DO TERMO RESILIÊNCIA NAS CIÊNCIAS

2.2.1 APLICAÇÃO DO TERMO RESILIÊNCIA NA CIÊNCIA SOCIAL – NÍVEL

Quando enfrentam desafios, pessoas resilientes recuperam seu equilíbrio mais rapidamente, mantêm um alto nível de qualidade e produtividade no trabalho e preservam sua saúde física e emocional. Resiliência é definida como sendo a aptidão de cada um para se adaptar e prosperar durante mudanças, reagindo positivamente a elas e promovendo um gerenciamento mais eficaz. É considerada uma habilidade de assimilar mudanças (CONNER, 1995).

Whitehorn (2011) sugere que a resiliência abrange os conceitos de sensibilização e de antecipação, detecção, reação, recuperação e adaptabilidade. Estas são características essenciais na luta cotidiana pela vida, fundamentada em nosso instinto básico de sobrevivência.

As pessoas resilientes parecem demonstrar algumas características de forma equilibrada (CONNER, 1995). São elas:

1. positividade - conseguem ver oportunidades em períodos difíceis e imaginam situações de sucesso em vez de fracasso;

2. foco - conseguem se concentrar nas metas que pretendem atingir sem se desviar de seus objetivos;

3. flexibilidade - consideram alternativas que também podem levá-las ao mesmo fim;

4. organização - conseguem definir uma estrutura diante do caos e sabem priorizar; e,

5. proatividade - possuem iniciativa.

Os estudos de Blohowiak (1996) também apresentam algumas características em pessoas propensas à resiliência. São elas:

1. boa vontade mesmo sob pressão;

2. cooperação acima dos interesses pessoais;

3. disponibilidade para o trabalho independente de funções estabelecidas; 4. adaptação em ambiente de mudanças e compromisso com novas responsabilidades surgidas; e,

5. disposição positiva e útil para aprender.

Em relação ao nível familiar ou comunitário, estudos de Vandsburger e Biggerstaff (2004) conceituam resiliência familiar como a habilidade das famílias em desenvolver e/ou manter o funcionamento da saúde familiar e a adaptação positiva às mudanças e aos riscos da vida. A resiliência familiar foca mais na integridade e na estrutura familiar do que nas qualidades pessoais dos indivíduos.

2.2.2 APLICAÇÃO DO TERMO RESILIÊNCIA NA CIÊNCIA SOCIAL – NÍVEL INSTITUCIONAL

Em um estudo de Paton (2007) sobre a resiliência no campo social, estão descritos os fatores que foram estudados para entendimento das relações entre os níveis individual, comunitário e institucional. O modelo compreende características individuais e coletivas que são passíveis de mudança, apresentados na Figura 5.

Figura 5: Conceitualização genérica dos níveis de resiliência social Fonte: Paton (2007, p. 14)

O objetivo deste estudo era analisar as relações entre os fatores que estariam presentes nas características de resiliência individual, comunitária e institucional, para construção de um modelo coerente com a resiliência social e o enfrentamento aos perigos naturais. Nesta conceitualização visualizou-se uma interdependência dos níveis individual e comunitário com o nível institucional, para a eficácia na resolução de problemas.

Para Conner (1995) o melhor ambiente para que as pessoas aprendam sobre resiliência é o cenário organizacional. Este autor enfatiza que a resiliência é um fator preponderante para suportar processos de mudança. A ênfase dada a mudança está no levantamento de elementos chave responsáveis pelo seu esforço. O principal fator de gerenciamento de uma mudança está no grau de resiliência demonstrado pelas pessoas, ou seja, na capacidade de absorver uma mudança sem alterações no comportamento ou disfunções que acarretem problemas para a organização. O elemento chave é a garantia de mudanças bem sucedidas.

Ambientes facilitadores de resiliência, apresentam como características: estruturas coerentes e flexíveis; o respeito; o reconhecimento; a garantia de privacidade; a tolerância às mudanças; os limites de comportamento definidos e realistas; uma comunicação aberta; a tolerância aos conflitos; a busca pela reconciliação; o sentido de comunidade e a empatia (FLACH, 1991).

Rose (2004) apresenta dois tipos de resiliência:

INSTITUCIONAL Empoderamento Confiança Recursos Mecanismos para auxiliar na resolução de problemas da comunidade COMUNIDADE Eficácia coletiva Participação Compromisso Troca de informações Suporte social Tomada de decisão recursos INDIVIDUAL Consciência crítica Autoeficácia Senso de comunidade Expectativa de resultado Enfrentamento recursos AMBIENTE

- a primeira é a resiliência inerente, que á a capacidade de recuperação em condições normais: substituir insumos, realocar recursos, e

- a segunda é a resiliência adaptativa, que é a habilidade de recuperação em situação de crise devido a uma característica própria ou um grandes esforços.

De acordo com Rose (2004), supõe-se que a resiliência se apresenta de forma latente nas organizações, ou seja, é possível desenvolver a resiliência através da superação das adversidades e da aprendizagem proporcionada pelos enfrentamentos necessários às adversidades em prol do equilíbrio da empresa.

Quatro componentes gerais da resiliência são apresentados por Paton (2007): - primeiro: disponibilidades dos recursos necessários para assegurar a segurança e a continuidade de todas as atividades durante o período de turbulência e aos riscos associados;

- segundo: estão presentes as competências necessárias à mobilização, organização e uso destes recursos para enfrentar os problemas e as consequências do período;

- terceiro: desenvolvimento de estratégias resilientes de planejamento e de desenvolvimento para incluir mecanismos de integração dos recursos disponíveis e para potencializar as oportunidades de crescimento, mudança e melhoria de qualidade de vida;

- quarto: modelo de resiliência que une as estratégias implementadas, assegurando a disponibilidade dos recursos e as competências necessárias para obter equilíbrio de resultados em longo prazo, direcionando ações para novas turbulências.

A disponibilidade e a aplicação dos recursos é fundamental para a superação de obstáculos e sucesso nas estratégias (PATON, 2007).

Após percorrer o conceito de resiliência nas ciências que iniciaram sua aplicação e o aplicaram em diversos campos, no próximo subtítulo, serão apresentados os principais estudos sobre resiliência organizacional com os construtos utilizados no modelo conceitual da pesquisa: características e comportamentos resilientes. A expressão institucional será substituída pela expressão organizacional, para ajustar a terminologia à administração.