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3. MÉTODO

3.3. PROCEDIMENTOS

3.3.3. Aplicação dos Instrumentos

Previamente à passagem da grelha de repertório todos os participantes receberam um documento contendo todas as informações relativas às condições de realização e participação no estudo: objectivos, procedimentos, critérios de elegibilidade dos participantes, condições de participação, confidencialidade, potenciais riscos e benefícios da participação e contactos dos responsáveis pelo estudo (anexo 2). As entrevistas decorreram entre os meses

de Novembro de 2005 e Abril de 2006 e foram combinadas de acordo com a conveniência do participante, sempre em locais com acessibilidade total.

Antes de se dar início à entrevista, foram novamente explicados os aspectos acima mencionados, após o que se procedeu à assinatura do documento de consentimento informado (anexo 3).

As entrevistas tiveram uma duração que oscilou entre 1 e 3 horas, foram gravadas em áudio, tendo sido ouvidas somente nos casos em que a interpretação nos tenha suscitado alguma dúvida.

A entrevista propriamente dita iniciou-se com o preenchimento da ficha de identificação, seguindo-se uma breve apresentação dos objectivos inerentes à técnica da grelha de repertório, sendo explicado que se pretendiam conhecer significados pessoais relativamente a facetas de si próprio e a pessoas com quem o participante se relaciona ou já se relacionou. Dado que uma explicação prévia de todos os procedimentos técnicos envolvidos poderia tornar confuso ao participante aquilo que se lhe pedia, cada fase da administração da grelha foi sendo explicada à medida que se progredia pelas diferentes etapas da sua aplicação. O passo seguinte consistiu na apresentação dos elementos da grelha fornecidos, os quais foram detalhadamente explicitados e respondidas todas as dúvidas surgidas. Para apoiar nesta fase, fez-se uso de um cartão impresso com os elementos e uma breve descrição de cada um (cf. Figura 4, p. 51), o qual permaneceu junto ao participante até ao final da administração.

Após esta apresentação, foi pedido ao participante que identificasse os elementos relativos a outras pessoas. O nome, o tipo de relação que estabelece com a pessoa identificada (familiar, amigo, etc.) foi anotado, bem como, nos casos adequados, se a pessoa identificada teria ou não uma deficiência. Os nomes fornecidos foram escritos em etiquetas autocolantes e colocadas em cartões plastificados previamente preparados de 8 X 12 cm, com os nomes dos elementos impressos, correspondentemente ao elemento identificado.

De seguida passou-se à elucidação de construtos através do método diádico, mostrando-se os pares de elementos a comparar através dos cartões e na ordem em que estão apresentados na Tabela 5 (p. 45).

Os construtos elucidados foram anotados, bem como os comentários do participante pertinentes para o entendimento do significado do construto. Em caso de dúvida, orientou-se o esclarecimento de forma neutra, com o cuidado de não interferir na elaboração das ideias do participante. Nas situações em que o participante fornecia construtos meramente

situacionais, superficiais ou excessivamente impermeáveis, foi-lhe pedido que pensasse em “características da pessoa”, ou em aspectos de carácter “psicológico”. Não se verificaram dificuldades com este procedimento, tendo os participantes, quando tal aconteceu, compreendido o que se pretendia e elucidado construtos mais permeáveis.

Procurou-se a elucidação de um mínimo de 16 construtos por participante, excepto nos casos em que demonstrava ter atingido o ponto de saturação, observável através de repetição de construtos. Nestas situações, que apenas se verificaram em três participantes, descontinuámos a elucidação de construtos. Refira-se que foi dada a possibilidade, em todos casos, de o participante fornecer mais do que 16 construtos, o que se verificou em cinco casos. Em média, os participantes elucidaram 16,1 construtos.

Após a identificação dos construtos, procedeu-se ao preenchimento da matriz da grelha de repertório (anexo 4), escrevendo-se previamente os construtos nesta folha, respeitando-se a ordem da sua ocorrência ao longo da entrevista, bem como a emergência da bipolaridade de cada construto, tal como foram espontaneamente elucidados pelo participante.

Constatámos, ainda na fase de pré-teste, a dificuldade de fazer entender o sistema de cotação, dado que a escala numerada de 1 a 7 cria alguma dissonância quando aplicada a construtos bipolares, pelo que preparámos folhas de apoio para esta tarefa (anexo 5), como o da Figura 3, escrevendo, de cada vez que se pedia para cotar os elementos para um determinado construto, os respectivos pólos nas caixas a tracejado. Este procedimento facilitou em muito a compreensão do esquema de cotação.

Optámos por não deixar o participante preencher sozinho a matriz de cotação, uma vez que, já na fase de pré-teste, verificámos sucederem erros no preenchimento da grelha, ocorrendo trocas na ordem dos valores da escala relativamente aos pólos dos construtos 13.

Figura 3: Esquema utilizado para apoio na explicação do sistema de cotação e durante o preenchimento da matriz da grelha e repertório.

MUITO BASTANTE UM

POUCO

PONTO MÉDIO

UM

POUCO BASTANTE MUITO

1 2 3 4 5 6 7

13Este foi um problema que pudemos constatar não só na fase de pré-teste da grelha como também posteriormente: com relativa frequência, os participantes trocavam a ordem da bipolaridade dos construtos relativamente à escala. Por exemplo, para um construto como antipático – simpático, na escala de avaliação, o valor 1 corresponde, a “muito antipático”, no entanto, à medida que prosseguiam no preenchimento da matriz, os participantes trocavam a ordem da escala, atribuindo o valor 1 ao pólo oposto – “muito simpático”. Este engano ocorria sobretudo quando o pólo emergente do construto tinha uma conotação negativa, como no exemplo citado. O preenchimento da matriz pelo entrevistador permitiu corrigir estas situações.

Figura 4: Reprodução do cartão com os elementos e respectiva explicação do seu conteúdo, fornecido aos participantes no decorrer da administração da grelha de repertório.

EU HOJE Eu tal como sou actual e habitualmente.

EU ANTES DO ACIDENTE Como eu era antes de me ter acontecido o acidente.

EU DAQUI A 6 MESES Como planeio ou imagino que vou estar e/ ou ser daqui a 6 meses.

EU QUANDO SOUBE AS CONSEQUÊNCIAS DO ACIDENTE

Quando tive conhecimento, quando me mentalizei do diagnóstico, das sequelas do acidente.

EU SENTADO Eu na minha cadeira de rodas.

EU QUANDO ANDO NA RUA Quando ando ou vou pela rua.

EU EXCLUÍDO Eu quando sinto que os outros me colocam de parte ou não me

permitem pertencer/ participar do grupo.

EU SOCIAL Eu como os outros me vêem.

EU IDEAL Aquilo que eu considero ser o meu ideal como pessoa.

EU COMO NÃO QUERO SER Como eu não gostaria de ser. É como que o "negativo" do meu

Eu Ideal. UMA PESSOA COM LESÃO

MEDULAR Uma pessoa que também tenha sofrido uma lesão medular.

UMA PESSOA COM DEFICIÊNCIA Uma pessoa que tenha uma deficiência qualquer, diferente da sua.

UMA PESSOA SIGNIFICATIVA Uma pessoa que para si é importante, que para si tenha um significado especial.

UMA PESSOA QUE ME ACEITA Uma pessoa com quem se relaciona e que sente que a aceita tal

qual como é. UMA PESSOA QUE NÃO ME

ACEITA

Uma pessoa com quem se relaciona e que sente que não a aceita tal qual como é.

UMA PESSOA QUE ME AGRADA Uma pessoa que conheça e de quem goste ou simpatize. UMA PESSOA QUE NÃO ME

AGRADA

Uma pessoa que conheça mas de quem não gosta ou não lhe agrada.

CÔNJUGE Casamento ou união de facto.

NAMORADA ---

TERAPEUTA Alguém que o tratou ou ajudou, podendo ser um médico(a),

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