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Aplicações Médicas

No documento Críssia Carem Paiva Fontainha (páginas 41-44)

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.3. Aplicações Médicas

A tomografia computadorizada (TC) possui doses mais altas do que as doses nos procedimentos de radiologia convencional. O seu objeto é a geração de imagens de corte, a partir de múltiplas projeções deste objeto. As projeções são obtidas por meio da irradiação da região de interesse em ângulos diferentes. As medidas dos detectores são processadas computacionalmente para reproduzir a imagem (MAIA e CALDAS, 2006; MCLAUGHLIN et al., 2004; FRICKE et al., 2003).

A angiografia coronariana por tomografia computadorizada (CCTA) está crescendo por ser um procedimento não-invasivo para o diagnóstico de doenças na artéria coronária. No entanto, a CCTA pode estar associada com altas doses de radiação nos órgãos, como as mamas e pulmão, por ser o caminho do feixe de raios X. Novos métodos de scanner estão sendo desenvolvidos para diminuir significativamente a dose, como a modulação da corrente do tubo de raios X dependente da porção do ciclo cardíaco e reconstrução iterativa de imagens (EINSTEN et al., 2012).

De acordo com a ICRP 85, a radiologia intervencionista (RI) consiste nos procedimentos que compreendem em intervenções diagnósticas e terapêuticas guiadas por acesso percutâneo ou outros. Normalmente realizadas sob anestesia local e/ou sedação, a imagem fluoroscópica é usada para localizar a lesão ou local de tratamento, monitorar o procedimento, e controlar e documentar a terapia. A RI está entre os procedimentos que provêem as doses mais altas para o paciente em imagens médicas. Isto se deve à longa exposição do feixe de radiação direto ao paciente. A radiação espalhada gerada durante os procedimentos com fluoroscopia contribui significativamente para a dose ocupacional (ICRP 85, 2000; AAPM, 2001).

Há uma crescente demanda de procedimentos intervencionistas por especialistas que os recomendam para evitar cirurgias invasivas complicadas, já que alguns pacientes possuem alto risco pelo fator da idade ou da patologia. Além do mais, o tempo reduzido de internação hospitalar e a rápida intervenção alcançam a justificativa da prática e os benefícios ao paciente para atender regulamentações nacionais de proteção radiológica da Comissão Nacional de Energia Nuclear CNEN pela CNEN-NN-3.01 (BRASIL, 2001; CANEVARO, 2009; TRIANNI, 2005; WALL, de 2004; IAEA, 2010).

Na introdução percutânea de cateteres, o médico é guiado pelas imagens da fluoroscopia para a orientação do procedimento, com menor taxa de dose ao paciente. No entanto, a implantação de dispositivos terapêuticos requer períodos prolongados de irradiação do paciente com a geração de imagens em série sobre a mesma área anatômica, aumentando o tempo de exposição. O tempo de fluoroscopia prolongado e o número de imagens adquiridas por segundo (frames per second - fps) estão entre as causas das altas taxas de dose nos procedimentos intervencionistas, podendo aumentar o risco de efeitos determinísticos em pacientes (TRIANNI, 2004; CANEVARO, 2009).

Além disso, no modo cine, as imagens são capturadas para laudo e armazenamento, o que exige uma melhor qualidade diagnóstica. Consequentemente há o aumento nos parâmetros de controle, acarretando uma maior dose absorvida de radiação, podendo exceder os limiares de dose e resultar em injúrias graves na pele (IAEA, 2010; AAPM, 2001; BASTOS, 2006).

Várias estimativas do total de produtos da área de kerma no ar (DAP) foram realizadas, considerando o modo de funcionamento do equipamento, fluoro e cine, o tipo de exame, e as regiões mais afetadas pela radiação (PANTOS et al., 2009; NEOFOTISTOU et al., 2003; PADOVANI et al., 2008; WAGNER, 2007; VANO et al., 2001).

Os danos causados pela radiação em intervenções complexas que envolvem a fluoroscopia guiada acometem com mais frequência a região das costas, em virtude do posicionamento do paciente e do tubo de raios X, mas podem ocorrer no pescoço, nas nádegas e na parte anterior do tórax. As ocorrências vão desde a epilação, erupção podendo até a levar a necrose da pele e suas estruturas subjacentes (CANEVARO, 2009; WAGNER, 2007). A importância da conscientização da equipe médica quanto aos protocolos de proteção radiológica é mostrada em análises antes e após o treinamento realizado pelo Programa de Pesquisa Europeu DIMOND ao corpo clínico, principalmente aos cardiologistas intervencionistas, para otimização dos procedimentos que certificaram a redução do produto área x dose (DAP) no paciente, do tempo de fluoroscopia, da dose acumulativa e do número de imagens adquiridas (MAVRIKOU, et. al., 2008; BOKOU et. al., 2008).

2.3.1. DOSES DOS EXAMES RADIOLÓGICOS

Apesar da grande importância dos procedimentos de imagem na área da radiologia, a exposição à radiação contribui de forma significativa para a dose efetiva da população e dos trabalhadores expostos. No entanto, a justificativa da prática e os benefícios alcançados na radiologia médica encontram-se respaldados pelos princípios de proteção radiológica dos regulamentos nacionais da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) pela CNEN-NN-3.01 e do Ministério da Saúde (ANVISA), responsável pelos serviços de raios X diagnóstico, através da Portaria 453/98 (WALL, 2004; BRASIL, 2001; BASTOS, 2006). Procedimentos de alta dose como a RI, TC e MN são responsáveis pela faixa de 78 % a 89 % do total da exposição anual de radiação na Europa e nos Estados Unidos. Os procedimentos de intervenção contribuem para a dose efetiva coletiva total na faixa de 3,5 mSv a 14 mSv para a Europa e na faixa de 2 mSv a 20 mSv para o Reino Unido (FDA, 2010; EUROPEAN COMISSION, 2008).

Para técnica helicoidal em CCTA foi observado doses na faixa de 42 mGy a 91 mGy, e pode exceder os riscos de câncer de mama e pulmão em 0,2 %. No Reino Unido, estudos mostraram que embora os procedimentos de TC representem apenas 7 % do número total de procedimentos médicos que utilizam radiação X, eles são os responsáveis por 47 % da dose coletiva total (MAIA e CALDAS, 2006; EINSTEIN et al., 2012).

Na radiologia intervencionista, as doses no paciente e trabalhadores, relativas à radiação

direta e espalhada, estão entre as mais altas dentre os equipamentos de diagnóstico por imagem. Entre as causas mais relevantes das altas doses estão os altos tempos de fluoroscopia acionada durante os procedimentos e o número de imagens adquiridas por segundo (fps). No levantamento da dose máxima na pele utiliza-se a grandeza kerma máximo no ar na entrada da superfície (MESAK ou Kemax). Esta pode ser obtida com o uso de filmes lentos, que são filmes compostos por grãos finos, de alto contraste e alta definição, ou filmes radiocrômicos (CANEVARO, 2009; PADOVANI, 2005; AAPM 70,

2001; ZORZETTO, et.al., 1997).

O equipamento de hemodinâmica produz taxas de kerma no ar típicos na ordem de 0,02 Gy.min-1 durante o modo da fluoroscopia, podendo atingir a 0,2 Gy.min-1 no modo de alta

70 mSv o que corresponde a 250-3500 radiografias de tórax, com a dose média por exame para todos os procedimentos angiográficos de 9,2 mSv e para todos procedimentos intervencionistas de 10,7mSv, podendo medir até 15,4 mSv no modo alta taxa de dose (CANEVARO, 2009; FDA, 2010; EUROPEAN COMISSION, 2008).

No documento Críssia Carem Paiva Fontainha (páginas 41-44)