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Aplicabilidade de desempenho ambiental na construção civil

5 RECOMENDAÇÕES PARA ADA PARA USO DA TÉCNICA DE ACV EM SISTEMAS CAE

3.1 DESEMPENHO AMBIENTAL (DA)

3.1.4 Aplicabilidade de desempenho ambiental na construção civil

No setor da construção civil, o primeiro sinal da necessidade de se avaliar o desempenho ambiental de edifícios foi a constatação de que mesmo os países que acreditavam dominar os conceitos de “green design” não possuíam meios para verificar o quão “verdes” eram de fato os seus edifícios (SILVA, 2003). Os sistemas de certificação existentes avaliam basicamente o desempenho da construção e funcionamento dos edifícios, de modo a fornecer indicações aos especialistas sobre as diversas áreas analisadas, tais como a sua localização, o seu uso eficiente da água, o seu uso eficiente de energia, a sua qualidade ambiental interna, entre outras (BUENO, 2010).

No contexto internacional, após a guerra de 1945, cresceu a preocupação com a qualidade e o desempenho da construção em larga escala e a necessidade de se padronizar as avaliações e o conceito de desempenho. Dentre as medidas tomadas

a UEATc (União Europeia Agrément) elaborou diretrizes comuns para avaliação técnica e a ISO 6241 – “Performance standards in building: principles for theirs preparation and factors to be considered”, que em português (Os padrões de desempenho na construção: princípios para a preparação e fatores deles a ser considerado) propôs os padrões de desempenho ambiental na construção. (SOUZA, 2012).

No contexto nacional, as manifestações em relação à avaliação de desempenho ocorreram na década de 80 com o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), o qual formulou critérios mínimos para avaliação de desempenho de habitações com o apoio do BNH (Banco Nacional da Habitação). Em 1988, o IPT juntamente com a FINEP e PBQP publicaram os critérios mínimos de desempenho para habitações térreas de interesse social. No ano de 2007, o projeto SINAT (Sistema Nacional de Avaliações Técnicas) entra em vigor para dar suporte à operacionalização de conjuntos de procedimentos reconhecidos por toda a cadeia produtiva da construção civil, mas com objetivo de avaliar novos produtos no setor da construção civil.

No Brasil, na década de 80, o conceito de desempenho começou a ser a normalizado por meio de uma vertente internacional. Em 1992, foi criada uma norma britânica (BS 7543), que versa sobre a durabilidade para edifícios e componentes construtivos abordando o conceito de desempenho. Esta norma guiou os critérios de vida útil e durabilidade da NBR 15575 (edificações Habitacionais – Desempenho) iniciada em 2000 e com nova reformulação em 2013. Atualmente a NBR institui parâmetros técnicos direcionados a projeto e execução de moradias, estabelece as responsabilidades de cada um dos envolvidos (construtores, incorporadores, projetistas, fabricantes de materiais, administradores condominiais e os próprios usuários) assim como aborda conceitos que antes não eram considerados nas normas prescritivas específicas tais como a durabilidade dos sistemas, manutenibilidade da edificação, o conforto tátil e antropodinâmico dos usuários (ABNT, 2013).

O desempenho ambiental da edificação está relacionado a todos os elementos que compõem esta edificação, considerando uma complexa gama de aspectos ambientais (ZAMBRANO; BASTOS; SLAMA, 2004).

49 3.2 CERTIFICAÇÕES AMBIENTAIS DE EDIFICAÇÕES (CAE)

3.2.1 Origens

Com maior atenção para o desempenho ambiental a partir da década de 80, a partir do processo de reinterpretação da Agenda 21 nos contextos específicos das diversas agendas locais e setoriais, as políticas públicas passaram a estabelecer pré-requisitos ambientais as diversas atividades econômicas e a demanda por produtos ambientalmente preferíveis cresceu em paralelo (BUENO, 2010; SILVA; SILVA; AGOPYAN, 2001).

As interpretações relevantes no Capítulo 4 da Agenda 21 abordam as métricas para redução de impactos através de alterações na forma como os edifícios são projetados, construídos e gerenciados ao longo do tempo (DU Plessis, 2002, SILVA; SILVA; AGOPYAN, 2001), devido a constatação de que a indústria da construção é a atividade humana que representa maior impacto sobre o meio ambiente. As construções civis modificam a natureza, a função e a aparência de áreas urbanas e rurais além do que as fases do desenvolvimento de uma edificação (construção, uso, reparo, manutenção e demolição) consomem recursos e geram resíduos em proporções que estão aquém da maioria das outras atividades econômicas (SILVA, 2003).

A partir de tais preocupações e em seguida a incorporação de princípios ambientais aos projetos, constatou-se benefícios como eficiência energética e de recursos, uso do terreno a partir de um enfoque ecológico e social, eficiência do transporte e economia local evidente (UNITED STATES GREEN BUILDING COUNCIL - USGBC, 2009; BUENO, 2010). Os empreendimentos conceituados como “edifícios ambientais” se difundiram principalmente nos Estados Unidos, Canadá, Austrália, Japão e Hong Kong e houve a necessidade de avaliar o desempenho ambiental desses países que se autodenominavam como “verdes”. Estes países não possuíam ferramentas para verificar o quão “verdes” eram de fato (BUENO, 2010; SILVA, 2003).

Por outro lado, era de consenso entre pesquisadores e agências governamentais que a classificação de desempenho vinculada aos sistemas de certificação é uma

das maneiras mais eficazes de se elevar o nível de desempenho das edificações e que a evolução nestes níveis mínimos aceitáveis de desempenho dependia de mudanças na demanda de mercado. No entanto, para isso acontecer seria necessário que os empreendedores da construção civil e os usuários tivessem acesso a sistemas relativamente simples que lhes permitissem diferenciar as edificações com melhor desempenho das demais, (SILVA, 2003).

Destas ações, foram surgindo certificações ambientais de edificações em diversos países, com possibilidades de avaliar local, regional e internacionalmente. São exemplos de certificações: LEED™ (desenvolvido para aplicação no contexto norte- americano), GBTool (pode ser aplicado em qualquer local, em virtude da flexibilidade de critérios e ponderações), Green Globes (desenvolvido para aplicação no contexto canadense) e também o AQUA (adaptação do sistema HQE, origem francesa, para o contexto brasileiro) (BUENO, 2010; HILGENBERG, 2010).

Sendo assim pode-se conceituar as CAE como sistemas desenvolvidos para ADA da construção em fase de planejamento; construção / reforma; e operação. Podem ser utilizados para avaliar habitações, condomínios, loteamentos, escolas e unidades comerciais / industriais. As CAE têm o objetivo de fornecer aos especialistas sobre o desempenho ambiental das diversas áreas analisadas da construção (ZAMBRANO; BASTOS; SLAMA, 2004).

Dentre os sistemas de certificação utilizados nacional e internacionalmente estão o AQUA, BREEAM, Casa Azul, CASBEE, DGNB, GBTool, Green Globes, LEED, Nabers, Pimwaq.