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A adoção no Brasil durante o século XlX e XX segundo Kozesinski (2016) não era regulamentada judicialmente ainda, sendo esta prática permitida apenas para casais que não podiam ter filhos biológicos.

A adoção era realizada através das crianças que eram deixadas nas ruas ou portas dos domicílios familiares, desta forma, segundo Rizzini (2004, p. 23) uma modalidade foi criada para controlar os abandonos de bebês nas ruas, a igreja católica criou a roda dos expostos, um caixa de madeira que ficava entre a rua e a instituição, ficava em frente aos conventos ou casas da misericórdia, onde crianças de até sete anos de idade podiam ser depositadas, não tendo a sua identificação biológica revelada.

Neste período as regras que constituíam as famílias era o cristianismo, sendo que mulheres que tinham filhos fora do casamento eram recriminadas e sancionadas pela igreja católica e pela sociedade, tornando a roda do expostos a única opção para as mães que não tinham como criar seus filhos.

Este meio foi abolido no final do século XX, uma vez que deixava a criança ou o casal adotante em estado de vulnerabilidade, pois nenhum direito sobre a adoção era assegurado e para o adotado não havia nenhum direito garantido, não se tornando este com os mesmos direitos de um filho legitimo, não tendo direito a herança dos pais adotivos.

Ainda no século XX surgiu a primeira legislação que tratava sobre adoção dentro do direito de família, o Código Civil brasileiro de 1916. Esta lei apenas permitia adoção para pessoas que tinham a idade de 50 anos e que não tinham como ter filhos biológicos, permitindo pessoas sozinhas adotar ou civilmente casados, havendo uma diferença de idade de 18 anos entre ambas as partes, podendo após a maioridade a adoção ser desfeita.

Dentre outras legislações que surgiram durante a história, a que mais teve efetividade para a criança e o adolescente, foi a Constituição Federal de 1988 que passou a assegurar a igualdade entre os filhos, legítimos ou não, dando os mesmos direitos e qualificações, proibindo qualquer descriminação. A criação da teoria da proteção integral que foi regulamentada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, reformulada com a lei 12.010/2009 e prevalece até hoje como a lei especial que rege sobre adoção no Brasil.

Os requisitos e formalidades do processo de adoção devem ser obrigatoriamente observados e encontra-se exposto no Estatuto da Criança e do Adolescente, no art. 42, para melhor entendimento no capítulo acima foi melhor especificado os requisitos para realização da adoção.

O processo de adoção no Brasil é conhecido por sua morosidade e burocracia, afrontando assim o direito da criança e do adolescente, que permanecem em longas filas para adoção, pois quanto mais características o candidato solicitar, mas tempo permaneceram na fila.

Conforme informações contidas no site eletrônico do Senado Federal em 2013, o tempo em média que leva uma adoção, é variável conforme perfil da criança ou adolescente que o candidato requer e o fluxo de chegada de crianças para adoção.

O tempo vária conforme o perfil da criança ou adolescente que o interessado se oferece para adotar e o fluxo de chegada de crianças para

adoção. Quanto maiores as exigências daquele que deseja adotar, mais tempo pode levar. Já para aqueles que se dispõem a adotar crianças de qualquer cor ou estado de saúde, sem exigência de idade e ainda que acolham irmãos, a adoção leva em geral seis meses. (BRASIL, SENADO FEDERAL, 2013)

Observou-se que entre o perfil que o adotante requer e o fluxo de crianças na fila para adoção, o tempo pode perdurar, podendo levar de um a cinco anos, o tempo vária, notando-se várias hipóteses que possam ensejar a morosidade e uma das causas que pode trazer lentidão a adoção é o processo de destituição familiar, pois é demorado e muitas vezes a criança chega a alcançar uma idade que a adoção é escassa, muitos candidatos não tem mais interesses.

A Figura 01 mostra o tempo médio para destituição familiar nas regiões do Brasil, levando em conta processos das varas de oito cidades, que representam as cinco regiões do país.

Figura 01 – Tempo médio para destituição familiar no Brasil

Fonte: Associação Brasileira de Jurimetria e Conselho Nacional de Justiça, publicado por

www.G1.com.br em 25/06/2014.

Outro caso que ocasiona a morosidade é a adoção de irmãos que é prevista na legislação, a adoção conjunta, para não extinção do vínculo familiar.

Art; 28 [...] § 4o Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção, tutela ou

guarda da mesma família substituta, ressalvada a comprovada existência de risco de abuso ou outra situação que justifique plenamente a excepcionalidade de solução diversa, procurando-se, em qualquer caso, evitar o rompimento definitivo dos vínculos fraternais. (BRASIL, ECA, 2017)

Dentre estes fatores, a falta de estrutura do poder público para auxiliar no trâmite da adoção, pois para efetuar uma adoção, é necessário consultas com psicólogas, assistentes sociais e juízes, precisando então ter uma gama de profissionais dessa área para atuar em um processo mais célere.

A maior morosidade é a incompatibilidade de perfil, segundo o Conselho Nacional de Justiça aproximadamente 8.000 crianças então aptas para adoção, mas muitas não se encaixam nas características desejadas pelos candidatos, conforme demonstra a Figura 02.

Figura 02 – A realidade da adoção

Fonte: Conselho Nacional de Justiça – Corregedoria CNJ (2017).

Conforme Kozesinski (2016), a expectativa das famílias em relação a agilidade no processo de adoção, não foi superada com a nova legislação 12.010/09, pois a burocracia e morosidade persiste, por causa disso, instituições que cuidam sobre adoção se mobilizaram e tem se dedicado a medidas para melhorar o processo de adoção.

Visando mais agilidade e transparência nos processos de adoção, está em votação um projeto no Congresso Nacional, para alterar o processo de adoção e o Conselho Nacional de Justiça está criando medidas para tentar ajuda a sanar está morosidade.

Depois de todo o exposto, cabe ao Estado o maior detentor de resguardar os direitos dos indivíduos, a responsabilidade de agilizar a máquina judiciária e garantir a inserção da criança e do adolescente em uma família.

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