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Produção e tráfico

A Colômbia é de longe o primeiro produtor mundial de coca, seguida do Peru e da Bolívia (Gabinete das Nações Unidas contra a Droga e o Crime, UNODC, 2003a). Calcula-se que a produção mundial de cocaína em 2002 tenha sido de 800 toneladas métricas, das quais 72% provenientes da Colômbia, 20% do Peru e 8% da Bolívia. A maior parte da cocaína apreendida na Europa provém directamente da América do Sul (sobretudo da Colômbia) ou é expedida através da América Central e das Caraíbas. Todavia, em 2002, parte da cocaína traficada na Europa foi enviada através do Brasil (e daí para Portugal) ou dos EUA (e daí para a Itália). Os principais pontos de entrada na UE são a Espanha, Portugal e os Países Baixos, e em menor grau a França e o Reino Unido (Relatórios Nacionais Reitox, 2003; UNODC, 2003a; INCB, 2004a).

Apreensões

Segundo a Comissão das Nações Unidas sobre os

Estupefacientes (CND, 2004), a cocaína é a terceira droga mais traficada no mundo, depois da a cannabis herbácea e da resina de cannabis. Em termos de volume apreendido, foi no continente americano e na Europa que, em 2002, continuou a ter lugar a maior parte do tráfico de cocaína. As apreensões na Europa corresponderam a 13,5% da

(79) Esta informação deverá ser verificada quando estiverem disponíveis os dados referentes a 2002. No caso da Bélgica, da Itália, dos Países Baixos e da

Eslovénia, faltam dados de 2002 sobre os números de apreensões de cocaína. No caso da Irlanda, de Chipre, da Hungria, de Malta, da Polónia, da Eslováquia e do Reino Unido, faltam dados de 2002 sobre os números de apreensões e as quantidades apreendidas.

(80) Ver quadro 5 sobre Mercados no Boletim Estatístico de 2004.

(81) Ver quadro 6 sobre Mercados no Boletim Estatístico de 2004.

(82) Esta informação deverá ser verificada quando estiverem disponíveis os dados referentes a 2002.

(83) Ver quadro 14 sobre Mercados no Boletim Estatístico de 2004.

Relatório Anual 2004: A evolução do fenómeno da droga na União Europeia e na Noruega

lançada pela Interpol, pôs a descoberto o contrabando de cocaína da Venezuela e da Colômbia para o Curaçau. Esta operação levou à identificação de várias importantes organizações de tráfico que operam a partir das Caraíbas para praticamente todas as regiões do mundo (Interpol, 2002). Durante o ano de 2003, tiveram lugar ao longo da costa atlântica da Europa várias importantes operações marítimas de combate ao contrabando de cocaína. Foram apreendidas cerca de 29 toneladas. A maioria destas operações foi levada a cabo pelas autoridades espanholas. A operação «Purple», um programa internacional lançado em 1999 visando a detecção de fontes ilegais de produção de permanganato de potássio (utilizado na produção ilícita de cocaína), continuou a ser bem sucedida na sua acção. Em 2003, conseguiu-se impedir que quase 900 toneladas daquela substância fossem desviadas para a produção ilícita de estupefacientes.

Em 2002, a Organização Mundial das Alfândegas (OMA) e a Interpol lançaram uma iniciativa conjunta, a operação «Andes», destinada a permitir às autoridades alfandegárias e policiais nacionais trocar e analisar informações

susceptíveis de contribuir para a identificação de carregamentos ilegais de precursores químicos no Chile, Bolívia, Colômbia, Argentina e Peru (OMA, 2003).

Preço e pureza

Em 2002, o preço médio da cocaína (83) vendida a retalho

no território da UE variava muito, de 38 euros por grama em Portugal a 175 euros por grama na Noruega. Entre 1997 e 2002, o preço médio da cocaína no mercado retalhista manteve-se estável ou diminuiu em todos os países da União. Segundo as informações de que dispomos, esse panorama manteve-se em 2002, com excepção da República Checa e da Lituânia, onde os preços subiram em comparação com o ano anterior.

Comparativamente à heroína, a pureza média da cocaína ao nível do utilizador é elevada, tendo variado, em 2002, de 28%, na Estónia, a 68%, na República Checa e na Noruega. Entre 1997 e 2002, a pureza média da cocaína registou um decréscimo na maioria dos países da UE que forneceram dados sobre as tendências ao longo do tempo nesta matéria. Em 2002, a pureza da cocaína continuou a diminuir na maioria dos países, com excepção dos que comunicaram os mais elevados índices de pureza média, nomeadamente, a Bélgica, a República Checa, o

Luxemburgo e a Noruega, onde se registou um aumento da pureza média da cocaína.

quantidade total apreendida a nível mundial (CND, 2004). Na Europa, é nos países ocidentais que se verifica a maior parte das apreensões de cocaína. Entre 1997 e 2002, a Espanha foi, em permanência, o país europeu com o mais elevado nível de apreensões de cocaína. Em 2001 e 2002 (79), mais de metade do total da UE, quer em termos

de número de apreensões quer de quantidades apreendidas, correspondeu à Espanha.

No período de 1997-2002, verificou-se um aumento do número de apreensões de cocaína (80) em todos os países,

com excepção da Alemanha e da Itália. A avaliar pelas tendências registadas nos países relativamente aos quais existem dados disponíveis, é provável que se venha a confirmar um acréscimo do número de apreensões de cocaína a nível europeu em 2002.

Durante o referido período de cinco anos, verificaram-se oscilações nas quantidades de cocaína apreendidas (81),

mas com uma tendência ascendente. Após um volume recorde de apreensões de cocaína em 2001, as quantidades de cocaína apreendidas a nível da UE diminuíram substancialmente em 2002 (82) — sobretudo

devido a uma redução das quantidades apreendidas em Espanha (e Portugal) comparativamente a 2001, se bem que alguns países (Alemanha, França, Itália e Noruega) tenham comunicado aumentos significativos das quantidades de cocaína apreendida. A diminuição das quantidades de cocaína apreendida em 2002 em Espanha, Países Baixos e Portugal, a par do aumento comunicado pela França, Alemanha e Itália, pode ser indício de uma mudança em termos da importância relativa dos pontos de entrada tradicionalmente utilizados pelos traficantes para a cocaína destinada à Europa (CND, 2004). Cabe notar que nos Países Baixos, desde a adopção, em 2002, de medidas radicais para reduzir o fluxo de «correios» de cocaína das Caraíbas para o aeroporto de Schiphol, o número de detenção de «correios» de cocaína diminuiu drasticamente. Embora alguns países da UE tenham comunicado

apreensões de cocaína crack, nem sempre é possível fazer a distinção entre estas apreensões e as de cocaína de base. Assim, é possível que as tendências acima descritas relativas às apreensões de cocaína incluam igualmente a cocaína

crack.

Medidas internacionais contra o tráfico de cocaína

O tráfico de cocaína continua a ser largamente controlado por criminosos colombianos. Contudo, há grupos da Albânia e do continente africano igualmente envolvidos na distribuição desta substância. A operação «Trampolim»,

(84) Para mais informações, ver notas metodológicas sobre o consumo problemático de droga no Boletim Estatístico de 2004.

(85) Ver quadros 3 e 4 sobre Prevalência no Boletim Estatístico de 2004.

1 000 habitantes com idades entre 15 e 64 anos, respectivamente.

Apesar dos consideráveis melhoramentos verificados a nível dos métodos de cálculo, a falta de dados fiáveis e

consistentes relativos ao passado torna complexa a avaliação das tendências em matéria de consumo

problemático de droga. As informações que nos chegam de alguns países sobre mudanças a nível dos cálculos, apoiadas por outros dados indicadores, sugerem que se tem verificado um aumento do consumo problemático de droga desde meados da década de 90. Foram fornecidas estimativas por dezanove países, nove dos quais comunicaram um

acréscimo do consumo problemático de droga desde meados ou finais dos anos 90. São eles a Bélgica, Dinamarca, Alemanha, Itália, Luxemburgo, Finlândia, Suécia (entre 1992 e 1998), Reino Unido e Noruega. Os aumentos comunicados pela Bélgica, Finlândia e Noruega baseiam-se em

estimativas de consumo de droga injectada. Embora não existam séries de estimativas nacionais sobre as tendências ao longo do tempo relativamente aos novos Estados-Membros, existem outros dados que sugerem que as tendências são variáveis. Na República Checa, diversos indicadores sugerem que o consumo problemático de droga estabilizou desde finais da década de 90, enquanto na Estónia se registaram

acentuados aumentos em alguns indicadores do consumo problemático de droga. Atendendo à potencial vulnerabilidade aos problemas da droga dos países em situação de transição social e económica, é imperativo desenvolver capacidades de vigilância nos novos Estados-Membros.

Padrões e extensão do consumo

O consumo problemático de droga pode ser subdividido em vários grupos importantes. É possível estabelecer uma distinção genérica entre o consumo de heroína, que historicamente tem sido responsável pela maior parte dos problemas associados ao consumo de drogas na maioria dos países da UE, e o consumo problemático de

estimulantes, predominante na Finlândia e na Suécia, onde a maioria dos consumidores problemáticos de drogas consome sobretudo anfetaminas. De igual modo, na República Checa, os consumidores de metanfetaminas têm constituído, ao longo do tempo, uma percentagem significativa dos consumidores problemáticos de droga.

Face à crescente diversidade que, cada vez mais,

caracteriza o consumo problemático de droga, o OEDT está presentemente a ponderar se a definição operacional daquele conceito deverá ser reformulada, à luz das