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APRENDIZAGEM AUTORREGULADA E DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

35 Défices de memória

3.3. APRENDIZAGEM AUTORREGULADA E DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

Após esta breve análise sobre as temáticas da autorregulação da aprendizagem e sobre as dificuldades de aprendizagem podemos começar a vislumbrar a necessidade de promover estratégias de autorregulação não só nas crianças com DA mas em todas.

Torna-se evidente que para que isso aconteça é necessário que a escola passe de uma perspetiva na qual é vista como um local de transmissão de saber para uma outra onde em conjunto se constrói o saber. O papel da escola passa por transmitir conhecimentos, fomentar aprendizagens baseadas na compreensão, independência, autonomia e criatividade dos alunos, promover habilidades transversais e capacitar os alunos para gerirem as suas aprendizagens. Para isso os professores devem privilegiar a aquisição de competências, práticas emancipadoras que favoreçam o crescimento pessoal e atitudes positivas para a continuidade das aprendizagens. Desta forma, aos alunos serão fornecidos mecanismos que lhes permitam adquirir motivações para aprender, dotar-se de uma capacidade de tomar decisões e de motivar-se para o aprender (Dias & Simão, 2007).

É fundamental que crianças com DA adquiram ferramentas/estratégias que lhes facilitem a aquisição e consolidação de conhecimentos. Inicialmente como nos diz Dias e Simão (2007) é necessário que estas crianças desenvolvam competências metacognitivas que lhes possibilitem uma autonomia. Visto que, esta é indispensável

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para a implementação de estratégias autorregulatórias. Só podemos optar pela estratégia mais favorável, quando possuímos autonomia.

É de salientar que o processo de aprendizagem individual de cada criança é indissociável da construção de conhecimento coletivo que se realiza tanto em contexto de sala de aula como em contexto familiar, o que o torna um processo social, cultural e interpessoal (Duarte & Simão, 2007). Como o processo autorregulatório necessita de algum tempo para ser assimilado pelas crianças torna-se pertinente que estas estratégias sejam implementadas o mais cedo possível e que sejam exploradas ao logo de todos os níveis de ensino. Como se pode observar pelos estudos realizados os professores podem trabalhar estas temáticas desde o pré-escolar até ao ensino superior, dotando desta forma os alunos com estratégias e ferramentas que lhes serão úteis para toda a vida.

Se para qualquer um, este já seria um motivo pertinente para a implementação destas estratégias, para os indivíduos com DA ainda se torna mais significativo. Como estes indivíduos possuem dificuldades em várias vertentes do processo de aprendizagem o domínio de estratégias que lhes permitam consolidar os conhecimentos, torna-se fundamental para o seu sucesso académico e para a sua realização pessoal.

O insucesso escolar experienciado muitas vezes por estas crianças com DA, resultam de sucessivas tentativas frustradas de aquisição e consolidação de conhecimentos. Como nos diz Rosário (2002) é fundamental para o processo autorregulatório que as crianças tenham consciência das suas capacidades e do valor da sua aprendizagem, para que consigam antecipar os resultados das suas ações escolares, de forma a corrigi-las com vista ao máximo sucesso possível. Desta forma aumentarão as suas experiências de satisfação, que resultam dos seus esforços o que aumentará o seu autoconceito e o seu rendimento escolar. Estes segundo Bilimória, Almeida e Simões (2007) estão profundamente interligados, crianças que possuam um baixo autoconceito possuem propensões para o desinvestimento e menor esforço na realização de tarefas, o que consequentemente se traduz numa quebra do desempenho e rendimento escolar.

Como nos diz Rosário (2002) apesar de interferirem na regulação da aprendizagem vários factores biológicos, de desenvolvimento e de contexto entre outros, por mais constrangimentos que existam esta é sempre possível em algum grau, o que se traduz numa mais-valia para todas as crianças e em especial para as com DA. Outra

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vantagem prende-se com a adaptabilidade das estratégias autorregulatórias, estas não se aplicam a todos os alunos de forma genérica, o que faz com que cada criança possua a possibilidade de ao conhecer várias estratégias escolher a que mais se adapte ao seu modo de aprender e às suas dificuldades.

Como forma de sustentar a escolha desta problemática é significante que se evidenciem estudos realizados com crianças de várias idades. Comecemos por abordar as questões/estratégias de autorregulação com crianças de pré-escolar. Rosário et al (2007) e Costa (2005) evidenciam um estudo que realizaram com crianças de 5 anos e demonstraram que se as crianças forem despertas para as etapas do processo de autorregulação, conseguem obter melhores resultados, e encontram-se mais motivadas para novas aquisições. Realizaram-se estudos com crianças de 2º e 3º ciclo que demonstram da mesma forma os benefícios da utilização das estratégias de autorregulação. Estudos com crianças do ensino secundário, evidenciam que as crianças que possuem mais estratégias de autorregulação alcançam, em geral, melhor desempenho académico (Rosário 2001). Também Zimmerman e Martinez-Pons (1986) realizaram estudos, no ensino secundário, em que identificam vários tipos de estratégias de autorregulação da aprendizagem, demonstram que as estratégias de autorregulação se revelam preditivas do desempenho escolar dos alunos na sala de aula.

No que se refere aos estudos elaborados sobre a temática da autorregulação destaca- se a relevância para a compreensão da necessidade de utilizarmos estratégias de autorregulação com as nossas crianças e dos benefícios dessas estratégias. Como se demonstrou, muitos são os estudos realizados neste âmbito, porem verifica-se ainda uma lacuna no que se refere a estudos realizados com crianças com necessidades educativas especiais e se já foi estudado esta questão com crianças sobredotadas (Rosário, 2001) nos outros domínios ainda existe muito por explorar.

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