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1- Introdução

3.6 O Adulto como Sujeito da Aprendizagem ( Andragogia X Pedagogia )

3.6.1 Aprendizagem Colaborativa

Na aprendizagem colaborativa, o objetivo básico e complementar as atividades didáticas tradicionais é desenvolver no aluno a capacidade de auto-

aprendizagem, tão importante nos dias atuais. Assim, o aluno participa das aulas laboratoriais, por exemplo, e vai revisá-las em sua própria casa, através da Internet, conectando-se a um servidor externo que as hospeda. Este objetivo se materializa na adoção de estratégias de autoria que privilegiam aprendizagem colaborativa, ou seja, que levam em consideração o novo papel do professor como facilitador do processo de aprendizagem e o novo papel do aluno como personagem atuante, trabalhando de forma individualizada e também em conjunto com colegas na busca do conhecimento. Nela há um maior engajamento dos professores e alunos, a um aumento do número de relações professores-alunos, professores-professores, e alunos-alunos e a um diálogo constante individualizado e em grupo.

Como os adultos aprendem? Talvez essa pergunta seja bastante pertinente quando falamos de educação a distância, onde o processo de aprendizagem está centrado no próprio aprendiz. Lenz (1982, p.11-13) nos responde esta questão em apenas quatro pontos:

- Para o público adulto, a aprendizagem está intimamente ligada à experiência;

- A busca de significado é fundamental para toda aprendizagem, especialmente para adultos, que devem estar capacitados a aprender o sentido na sobrecarga de informações à qual estão constantemente expostos;

- Cada experiência pessoal é única; aprendizagem que é experimental enfatiza a própria individualidade;

- A aprendizagem do adulto é favorecida pela interdisciplinaridade e multidisciplinaridade que o ajudam a superar a fragmentação na análise e consideração dos fenômenos.

Trindade, em uma citação sobre EaD e a educação para adultos, afirma: “EaD é uma metodologia desenhada para aprendentes adultos, baseada no postulado que, estando dadas sua motivação para adquirir conhecimentos e qualificações e a disponibilidade de materiais apropriados para aprender, eles

estão aptos a terem êxito em um modo de auto-aprendizagem.“ (TRINDADE, 1992, p. 52).

A partir de 1970, Malcom Knowles trouxe a tona o assunto da aprendizagem do adulto de uma forma nova. Publicou várias obras, entre elas “The Adult Learner – A Negleced Species” (1973), introduzindo e definindo o termo “Andragogia – arte e ciência de orientar adultos a aprender.”

Pimentel (2000, p. 32-33) no entanto, faz uma distinção entre os conceitos de pedagogia e andragogia a qual é necessária para compreender completamente o conceito de andragogia e sua importância para a formação por meio da modalidade a distância.

O modelo pedagógico é projetado para o ensino de crianças e normalmente nomeia o professor como o responsável por toda a decisão sobre o conteúdo de aprendizagem, do método, do cronograma e da avaliação. O modelo andragógico, ao contrário, foca no adulto e baseia-se nos seguintes pressupostos:

- adultos precisam saber por que precisam aprender;

- adultos mantêm o conceito de responsabilidade para suas próprias decisões, suas próprias vidas;

- adultos ingressam na atividade educacional com um volume de experiência mais variada do que crianças;

- adultos têm uma capacidade maior para aprender as coisas que precisam saber para lidar com as situações da vida real;

- adultos são orientados para sua própria motivação, enquanto que crianças e adolescentes necessitam de motivações externas.

Ilustrando melhor essa diferenciação entre Pedagogia (aprendizado de crianças) e a Andragogia (aprendizado de adultos), o Professor Roberto de Albuquerque Cavalcanti ilustrou em seu artigo sobre andragogia publicado em 1999, um quadro de autoria de ROBINSON ( 1992 ), que estabelece as diferenças básicas entre os dois processos de aprendizagem:

QUADRO 4 - DIFERENÇAS BÁSICAS ENTRE PEDAGOGIA E ANDRAGOGIA

CARACTERÍSTICAS DA

APRENDIZAGEM PEDAGOGIA ANDRAGOGIA

Relação Professor/ aluno

O professor é o centro das ações, decide o que ensinar, como ensinar e avalia a aprendizagem

A aprendizagem adquire uma característica mais centrada no aluno, na independência e na auto-gestão da aprendizagem Razões da

aprendizagem Devem aprender o que a sociedade espera que

saibam. Currículo padronizado.

Aprendem o que realmente precisam saber. Aplicação prática na vida diária.

Experiência do

aluno O ensino é didático, padronizado e a experiência do aluno tem pouco valor.

A experiência é rica fonte de aprendizagem, através da discussão e solução de problemas em grupo.

Orientação da

aprendizagem Aprendizagem por assunto ou matéria Aprendizagem baseada em problemas, exigindo ampla gama de conhecimentos para se chegar a solução.

FONTE: ROBINSON (In: CAVALCANTI, 1999)

Devido a importância da educação de adultos em programas a distância, serão destacados alguns estudos referentes à andragogia, procurando incorporar ao planejamento de ações de formação continuada a distância um enfoque que realmente considere as características principais da educação de adultos para promover a aprendizagem.

Em grande parte resultado da necessidade de uma teoria dentro do campo da educação de adultos, a andragogia tem sido analisada e criticada intensivamente. Segundo Knowles ( 1973 ), no início dos anos setenta, quando a andragogia e o conceito de que os adultos e as crianças aprendem de forma diferente foram introduzidos pela primeira vez nos Estados Unidos, a idéia era inovadora e resultou em muitas pesquisas e controvérsias. Segundo este autor a andragogia apresenta princípios básicos da aprendizagem de adultos que permitem capacitar a aprendizagem adulta e elaborar processos de aprendizagem mais efetivos para adultos

Na primeira metade deste século, os psicólogos lideraram as explicações da aprendizagem com base em teorias de psicologias comportamentalista; dos anos sessenta em diante, os pedagogos americanos começaram a formular as suas próprias idéias sobre a aprendizagem adulta e, em

particular, sobre como esta poderia diferir nos processos específicos da infância, já exaustivamente estudados e compreendidos. Estamos caminhando em direção a um entendimento multifacetado da aprendizagem adulta, refletindo a riqueza inerente e a complexidade do fenômeno.

Logo após o fim da Primeira Guerra Mundial, tanto nos Estados Unidos como na Europa, emergiu um corpo crescente de noções sobre as características peculiares dos estudantes adultos, bastante diferentes daquelas relativas às crianças. Só nas últimas décadas, essas noções evoluíram para um estudo integrado de aprendizagem do adulto, especialmente quanto a facilidade e a flexibilidade deste em conduzir seu desempenho; Na verdade, uma característica essencial da andragogia é a flexibilidade" (KNOWLES, 1984, p. 418).

Já em 1928, os estudos de Edward L. Thordike demonstraram como se dá o processo de aprendizagem de adultos, o que foi importante por fornecer uma fundamentação científica para um campo que tinha sido previamente baseado na mera crença , isso mesmo, crença de que os adultos podiam aprender. Na década seguinte as obras de Thordike Interesses de Adultos (1935) e Habilidades Adultas de Herbert Sorenzon, (1938), lançam mais luzes sobre o tema aprofundando questões ligadas a aprendizagem dos adultos (PIMENTEL, 2000 p.33).

Dada a importante ação do ensino na vida dos adultos, em especial daqueles que estão em busca de melhores possibilidades de melhoria de vida e de mais conhecimento, pode-se avaliar também a grande importância do ensino- aprendizagem dentro de um contexto educacional direcionado para os mesmos, em especial quando se reconhece a sua forma de aprendizagem e valoriza-se a sua vivência.

4 - A UNIVERSIDADE LUTERANA LIVRE – ULL

Como forma de apresentar a Universidade Luterana Livre, o IMEC- Instituto Martinus de Educação e Cultura e a sua relação com a EaD, como modalidade viável para complementar sua oferta no segmento de educação, inserimos este capítulo com a finalidade de apresentar um histórico do IMEC/ULL, estratégia de atuação, um modelo de curso piloto ( especialização ) para ser desenvolvido na modalidade de educação a distância ( e sua respectiva estrutura ), além de sugerir algumas observações para a continuidade do processo dentro do IMEC/ULL. O histórico inicial, refere-se tanto às origens da Comunidade Luterana no Estado do Paraná, mais especificamente em Curitiba, além de um breve relato sobre a “Reforma” religiosa que Martinho Lutero promoveu na Idade Média, na Europa. Quase todo o histórico aqui apresentado, foi retirado do material promocional que o IMEC entrega a todos aqueles que ingressam em seus cursos. O capítulo torna-se necessário em razão de se apresentar uma proposta básica em EaD, para fins de análise e conveniência de implantação do Curso de Especialização em Administração, Planejamento e Metodologia do Ensino Fundamental e Médio, cujo objetivo vem de encontro às necessidades atuais da formação do professor em serviço para cargos administrativos e gerenciais dentro dos estabelecimentos de ensino, nos quais se insiram essas necessidades.

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