• Nenhum resultado encontrado

A obsolescência do conhecimento indica falta ou queda no aprendizado, pois o que foi relevante ontem é menos relevante hoje, e assim por diante. O aumento dos salários, em virtude do crescimento de produtividade acontece por dois motivos: aprendizado e adaptação a mudanças (WELCH; URETA, 2002). A vantagem competitiva das organizações não está na quantidade de conhecimento que elas possuem, mas sim, na sua capacidade de aprender.

Portanto, o conhecimento está diretamente relacionado com o resultado do aprendizado que estas organizações possuem e na capacidade de geração de novos aprendizados por meio de inovações (LUNDVALL et al., 2002).

O conhecimento é um recurso que pode aumentar o Capital humano de um trabalhador pela formação formal, atividades informais ou com a contratação de pessoas que já possuem o recurso do conhecimento que está sendo procurado (BEL; ALBU, 1999). A valorização deste recurso ocorre dentro ou fora da escola. Na educação formal, ocorre o aprendizado de princípios fundamentais, embora aplicações específicas mudem. Em ambientes de trabalho, é possível que o aprendizado ocorra por meio de treinamentos de habilidades para o trabalho e também por treinamentos de princípios básicos. Quanto mais educados formalmente os trabalhadores estiverem, maior a capacidade de adaptação à mudança (WELCH; URETA, 2002).

Investimentos em Capital humano são divididos em dois tipos: aprendizagem formal e aprendizagem informal (NELEN, DE GRIP, 2009). A aprendizagem formal é entendida como educação formal, ou seja, por meio de um currículo estruturado e seu produto é uma qualificação ou diploma reconhecido (LAI et al., 2013). A educação formal se refere à escala formada institucionalmente que vai do jardim de infância à universidade, ela possui objetivos explícitos, sistemas de avaliação que utilizam livros didáticos aprovados pelas autoridades governamentais. Uma das principais características deste sistema é preparar o aluno para a próxima etapa e, ao final de cada etapa, os alunos aprovados recebem um diploma ou um certificado que lhes permitem ingressar no próximo nível ou no mercado de trabalho formal (SCHUGURENSKY, 2007). A aprendizagem formal é entendida como intencional do ponto de vista do aluno, ela ocorre principalmente nas instituições de ensino e formação (XIAOYING, 2008).

Já a educação não formal refere-se a qualquer atividade educacional organizada fora da educação formal. Estes cursos são geralmente de curto prazo e com base no voluntariado, tais como: cursos de línguas, aulas de condução, formação técnica, aulas de artesanato e outros cursos similares (SCHUGURENSKY, 2007). A aprendizagem informal em uma perspectiva de contexto é toda a aprendizagem que ocorre fora da escola (LAI et al., 2013).

No entanto, não são notáveis as diferenças entre aprendizagem formal e informal, na aprendizagem informal destacam-se: a autoaprendizagem, o aprendizado com colegas, e a troca de experiências. Diferentes demandas de habilidades são adquiridas por diferentes modos de formação e aprendizagem (DE GRIP; SMITS, 2012).

É possível identificar três formas de aprendizagem informal: autoaprendizagem, a aprendizagem incidental e socialização. A autoaprendizagem refere-se a projetos efetuados sozinhos ou em grupo, sem a ajuda de um professor, embora possa haver a presença de pessoas mais experientes. É um processo intencional, pois o objetivo é aprender alguma coisa, e consciente, pois, eles estão conscientes de ter aprendido algo. A aprendizagem incidental ocorre durante a realização de uma tarefa, sem objetivo de aprender, acaba aprendendo. E, por fim a socialização ou aprendizado tácito refere-se à assimilação do aprendizado de forma inconsciente e sem intenção de aprender, como por exemplo: valores, atitudes, comportamentos, habilidades e conhecimentos que ocorrem na vida cotidiana (SCHUGURENSKY, 2007).

Tabela 1 – Formas de aprendizagem informal

Formas de aprendizado Informal Intencional Consciente

Autoaprendizagem Sim Sim

Incidental Não Sim

Socialização Não Não

Fonte: Schugurensky (2007).

A aprendizagem informal pode complementar a aprendizagem formal e a tecnologia pode ser usada para compor estas duas formas de aprendizado. Para facilitar a aprendizagem informal, a educação formal precisa diversificar suas abordagens pedagógicas para proporcionar a aprendizagem por meio de experiências, baseando-se em problemas reais (LAI et al., 2013). As experiências de aprendizagem informais podem levar a uma maior participação na educação formal e também da educação formal para a informal, pois os processos de aprendizagem podem ser considerados como complementares podendo ser sustentados um pelo outro (PEETERS, et al., 2014). Empregados em trabalhos que exigem uma alta demanda de conhecimentos técnicos ou em TI participam com mais frequência no treinamento formal, e adquirem mais conhecimento e habilidades nas tarefas que desempenham (DE GRIP; SMITS, 2012).

A aprendizagem informal inclui todas as experiências de aprendizagem que não fazem parte dos programas oferecidos pela educação formal e não formal, como por exemplo: situações de trabalho, navegar na Internet, ir a festivais de cinema ou teatro, viajar, participar de grupos de estudo, assistir TV e desenvolver projetos de pesquisa pessoais (SCHUGURENSKY, 2007). E seus resultados não se limitam ao domínio da vida profissional

e educacional, as competências adquiridas informalmente são utilizadas tanto para a vida pessoal como para a vida social (PEETERS, et al., 2014).

Apesar das vantagens que a aprendizagem informal pode oferecer, mais de 80% do orçamento e esforço das instituições de ensino estão sendo gastos em preparação de aprendizagem formal e materiais, e instituições de ensino ainda se concentram em métodos e programas de aprendizagem formais, perdendo valiosas oportunidades e resultados que podem ser oferecidos. Isto acontece, pois nem todos os estudantes possuem a gestão do conhecimento e autodisciplina necessária para aprender sem as formalidades do ensino (DABBAGH; KITSANTAS, 2012; LAI et al., 2013).

O e-learning, termo referente à aprendizagem assistida por tecnologia e tecnologia da informação no ensino e na aprendizagem, disponibiliza acesso a um número crescente de jovens e alunos, individualmente, por causa do seu acesso cada vez mais frequente a TI, além da sala de aula ser na escola, universidade ou em algum programa de aprendizagem ao longo da vida. Embora estes alunos tenham acesso a uma ampla gama de tecnologias de TI durante suas atividades de lazer, pouco é conhecido sobre o impacto no processo de sua aprendizagem. Quais tipos de tecnologias utilizam fora dos contextos formais e nos contextos informais e de que forma eles percebem, compreendem e interpretam o conhecimento (COX, 2013).

A maneira pela qual ocorre a transferência de Capital humano em treinamentos designa os diferentes tipos de treinamentos em: gerais, transferíveis e específicos. A formação geral afeta ao Capital humano em geral, e aumenta a produtividade do trabalhador em todos os tipos de postos de trabalho e podem ser transferidos para outros postos em qualquer organização. O treinamento transferível, só pode ser transferido para postos de trabalho em empresas semelhantes, ou concorrentes. Os treinamentos específicos podem ser transferidos apenas para o local de trabalho da empresa atual, pois são conhecimentos específicos sobre produtos e clientes da empresa (BECKER, 1964; DE GRIP; SAUERMANN, 2012).

O compartilhamento do conhecimento ocorre em contextos formais, como palestras e ambientes informais, como eventos sociais e coffee breaks, onde as barreiras são baixas e o participante está fora das rotinas e das normas da organização. Em pesquisa realizada sobre o compartilhamento de conhecimento, os participantes perceberam mais o conhecimento em ambientes formais do que em ambientes informais. Uma das causas deve - se ao fato de que, na partilha de conhecimento formal, o participante pode acessar os apresentadores e, nesta situação, estes apresentadores como provedores de conhecimentos estão dispostos a empenhar-se ativamente na partilha do conhecimento com os participantes. Há uma forte

ligação entre as definições formais e informais em termos de contribuição, nos ambientes informais, o compartilhamento do conhecimento dependia se os participantes possuem conhecimento adequado dos conhecimentos de participante, assim o contexto formal auxiliou para a realização do contato e socialização e gerou melhores oportunidades para partilha de conhecimentos nos ambientes informais contribuindo, principalmente, para pesquisas futuras (REYCHAV; TE’ENI, 2009).

A teoria do Capital humano afirma que o trabalhador só será treinado quando os benefícios esperados, após o treinamento, ultrapassem os custos deste, ainda que dos resultados do treinamento ocorra um aumento no Capital humano de seus colaboradores, a literatura econômica não se preocupa em mensurar o aumento de competências, mas principalmente, os benefícios que o aumento do Capital humano resultará para a organização (DE GRIP; SAUERMANN, 2012).

Possuir uma força de trabalho com conhecimentos e habilidades avançados é um pré- requisito para uma economia competitiva. Ao longo da vida, a aprendizagem é promovida por empresas inovadoras e sofre quando as empresas enfrentam forte concorrência em seus mercados de produtos. Portanto, as políticas públicas que estimulam a inovação não conduzem necessariamente à obsolescência de competências como eles também estimulam ainda mais o desenvolvimento do Capital Humano (DE GRIP; SMITS, 2012).

Os motivos que levam os trabalhadores a procurar cursos de formação ou participação com a finalidade de obter melhor capacitação para o trabalho são: compensar uma lacuna de competências percebida por seu trabalho atual; melhorar as oportunidades para outros trabalhos, ou quando eles possuem novas tarefas para fazer no trabalho; novos modos de trabalho são introduzidos (BORGHANS et al., 2014). A decisão das organizações em enviar colaboradores para cursos de formação, bem como, as decisões do indivíduo em participar dos treinamentos oferecidos depende de características individuais observáveis e não observáveis pelas organizações (DE GRIP; SAUERMANN, 2012).

A intensidade da aprendizagem informal é afetada pelos cursos de formação formal. Uma hora de treinamento formal aumenta o tempo que os trabalhadores aprendem durante seu trabalho em 1 ou 2 horas, os cursos de formação formal são um catalizador para a aprendizagem informal no trabalho. É a complementariedade entre educação formal e aprendizagem informal no local de trabalho que explica por que a participação em um curso de formação formal, com poucos dias, pode ter grandes efeitos sobre os rendimentos dos trabalhadores e a produtividade da empresa, pois como as horas de treinamento atribuídas a

aprendizagem informal é de difícil mensuração, os benefícios e aquisição de conhecimento dos trabalhadores serão atribuídos à aprendizagem formal (BORGHANS et al., 2014).

O treinamento formal oferecido durante o trabalho pode ser uma forma eficaz de combater a obsolescência de competências, e faz com que os trabalhadores estejam predispostos para participar em ações para melhorarem os seus níveis de competências fora do trabalho. Na próxima década, muitas pessoas trabalharão em empregos que exigem um uso intensivo de tecnologias. Estes trabalhadores necessitarão de formação contínua para manterem-se atualizados ao nível das novas tecnologias e acompanharem as mudanças em nível organizacional (CEDEFOP, 2012). Diante disso, as OICs devem ter práticas e ambiente propícios à aprendizagem, a fim de gerir de forma eficaz seu ativo principal, o conhecimento (TERRA, 2005). Neste contexto, a próxima seção abordará as organizações intensivas em conhecimento.