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Aprendizagem Significativa e o ensino de Química

2. APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA E A CLASSIFICAÇÃO DOS TEXTOS

2.1 Aprendizagem Significativa e o ensino de Química

Distinguem-se três tipos gerais de aprendizagem: a cognitiva, a afetiva e a psicomotora. A cognitiva está relacionada ao armazenamento organizado das informações na mente do aprendiz, essa organização é chamada de estrutura cognitiva. A afetiva refere-se aos sinais internos presentes no indivíduo e é identificada através de experiências como emoção, prazer, ansiedade. Já a psicomotora vem através de respostas musculares provenientes de treino e prática.

Ausubel enfoca em sua teoria principalmente a aprendizagem cognitiva. A teoria da aprendizagem significativa proposta por Ausubel (1978) aborda cognitivamente a construção do conhecimento no indivíduo, a partir do seu conhecimento prévio que se relaciona com a nova informação que chega ao cérebro, e nessa interação, amplia ou produz novos conceitos, ocorrendo assim, o que ele chama de aprendizagem significativa.

Os conhecimentos prévios que o aluno possui são fatores determinantes para que a aprendizagem significativa incida. Nesse processo, a nova informação interatua com os subsunçores (conhecimentos prévios), que são pontes cognitivas que interligam conhecimentos já existentes aos novos conhecimentos, em que o aluno está aprendendo (AUSUBEL, 2003).

À medida que novos conhecimentos vão chegando a estrutura cognitiva do indivíduo a aprendizagem significativa vai ocorrendo e os subsunçores vão se ampliando e modificando de modo a receber novas informações.

Brito (2010) ao explicar o que representa o conhecimento prévio, enfatiza que é o conhecimento adquirido pelo indivíduo que fica armazenado na memória e, após um tempo considerável, tende a ser lembrado quando surge uma necessidade, favorecendo a aprendizagem de novos conteúdos, embora a informação original tenha sido esquecida a princípio.

A partir desses conhecimentos internalizados pelo aprendiz o professor de Química pode atuar de modo a favorecer a aprendizagem significativa. Utilizando imagens, textos, exemplos, situações o docente pode relacionar conteúdos atuais a assuntos estudados pelos alunos ou até mesmo situações vividas por estes em seu cotidiano. Mesmo que esses assuntos tenham sido momentaneamente esquecidos, segundo a teoria de Ausubel, eles voltam à tona à medida que a “ponte” do novo conhecimento com o anterior é feita.

A aprendizagem significativa é um processo ativo que exige ação e reflexão do aprendiz, o qual é favorecido pela organização dos conteúdos e das experiências de ensino. Por isso, o professor de química deve ter o cuidado de selecionar o assunto a ser ensinado tendo como base conteúdos aprendidos anteriormente, de modo que venham a favorecer a promoção de uma aprendizagem significativa. Como exemplo pode-se citar o conteúdo de solubilidade em que o professor, antes de iniciar a matéria, deve verificar se assuntos como moléculas polares e apolares foram realmente aprendidos pelos alunos. Caso contrário, deve-se (re)planejar a aula.

Para Brito (2010) a teoria de Ausubel apresenta subsídios os quais são agentes facilitadores ao processo de aprendizagem. Nesta linha, o professor deve desenvolver metodologias a fim de que o conhecimento torne-se mais sólido. O uso de textos contextualizados, que é objeto de estudo deste trabalho, sinaliza um dos caminhos a ser seguidos. Todavia, Pelizzari et al. (2002) apontam duas condições para se conseguir desenvolver a aprendizagem significativa: o aluno deve estar disposto a aprender e o conteúdo a ser aprendido deve ser potencialmente significativo. Contudo, o discente pode selecionar conteúdos, que para ele, podem ou não ter significados.

Ao utilizar textos contextualizados nas aulas de Química, o docente pode provocar o interesse pelo conteúdo a ser trabalhado e, como consequência, despertar a vontade de aprender do aluno. Essa é a intenção dessa pesquisa, utilizar diferentes

textos nas aulas de Química, no sentido do aluno perceber a associação da teoria química em múltiplos gêneros textuais, tornando-se assim sujeito ativo da sua aprendizagem.

Se o docente de Química tem a pretensão de ensinar significativamente, ele deve avaliar o que o aluno já sabe e ter como base os conteúdos prévios dos alunos, além de tornar o aluno ativo no processo ensino aprendizagem. A disciplina de Química, apesar de ser uma ciência exata, favorece este tipo de aprendizagem, pois seus conteúdos podem ser explorados de forma contextualizada e o professor pode usar de diversas metodologias como utilização de textos, experimentação, aulas de campo, dentre outras, que irão relacionar os conteúdos novos com aqueles que os alunos já sabem.

Por outro lado, também existe a aprendizagem mecânica ou automática que é oposta à aprendizagem significativa, uma vez que o aluno ao ser sujeito passivo da aprendizagem retém o conhecimento de forma literal ou arbitrária, o que contribui em pouco ou em nada para relacionar um conteúdo novo ao que o aluno já sabe (GUIMARÃES, 2009). Dessa forma não ocorre a aprendizagem significativa, pois o aprendiz não correlaciona o conteúdo com outros saberes.

Um exemplo de aprendizagem mecânica em Química é a simples memorização de fórmulas, leis e conceitos, que podem ocorrer de forma arbitrária sem haver nenhuma associação com nenhuma estrutura cognitiva. Desse modo o conteúdo ensinado não é potencialmente aprendido, pois o novo conteúdo não encontrou o ponto de ancoragem na estrutura cognitiva do aluno. Para evitar que isso ocorra, o professor deve inicialmente conhecer o que o aluno já sabe de modo a fazer uma relação entre conteúdos novos e antigos, a fim de que o conhecimento novo incorpore-se de forma não arbitrária à estrutura cognitiva presente na mente do aprendiz.

Infelizmente, esse tipo de aprendizagem é o que mais predomina na maioria das escolas, pois é fruto do ensino tradicional, também chamado de educação bancária, onde o aluno é apenas considerado como “receptor” de conteúdos. Isso não quer dizer que esse método seja ineficaz, pois várias escolas têm logrado êxito durante décadas. Mas é necessário que o professor saiba conduzir a mediação em sala de aula de forma

que prevaleça a compreensão de forma significativa dos conteúdos, referendada principalmente em uma Teoria de Aprendizagem.

Ausubel aconselha o uso de organizadores prévios que podem servir de âncora a uma nova aprendizagem. “Organizadores prévios são materiais introdutórios apresentados antes do material de aprendizagem em si” (MOREIRA, 2008, p.24). Dessa forma o uso de textos contextualizados na aprendizagem em Química, proposto nesse trabalho pode ser usado como um organizador prévio pelo docente a fim de favorecer a aprendizagem significativa.

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