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Aprendizagem significativa e macrotendências da Educação Ambiental presentes nos relatos de casos

SEÇÃO III – RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.3 Aprendizagem significativa e macrotendências da Educação Ambiental presentes nos relatos de casos

A partir dos relatos de casos expostos nota-se que na abordagem inicial ocorreu um resgate em torno dos conhecimentos que os alunos já possuíam sendo baseada na teoria da aprendizagem significativa a partir da ativação de subsunçores para inserção de novos conhecimentos.

Dessa maneira, há uma valorização dos conhecimentos que os alunos já possuem contrariando uma aprendizagem mecânica ou automática onde ocorreria apenas a inserção de um novo conteúdo de maneira “bruta” desconsiderando o saber do aluno e resultando em um mero repasse, não havendo dessa forma ganhos por ter sido totalmente arbitrário (MOREIRA, 2011).

Nesse sentido, o conhecimento do aluno é construído e não meramente adquirido pois a medida que vai surgindo uma relação entre o conteúdo existente e um novo fica evidente que está ocorrendo um processo de troca, onde o aluno permite a entrada do novo conhecimento que está sendo apresentado pelo professor.

Partindo dessa visão, significa que aceitar e utilizar a vivência cotidiana de cada aluno faz com que o conhecimento trazido seja utilizado de alguma forma independente de ter sido adquirido no espaço formal da escola ou fora desse ambiente (VYGOTSKY, 1993; 2001) apud (SCHROEDER et. al., 2009).

Além disso, o aluno pode sentir-se mais atraído pela aula tendo em vista que dessa forma pode ser uma tentativa de reconhecimento do seu papel que não é simplesmente ser um mero aprendiz onde sua presença na escola só condiz com a necessidade de ouvinte, podendo parecer em alguns momentos que não lhe cabe comentários sem que seja alvo de críticas. Conforme aponta Oliveira (2019):

Esta estratégia pedagógica reflete novos paradigmas de aprendizado, que nunca foi forçado, mas aceito conscientemente pelo aprendiz, ou seja, o professor não é mais o único responsável pela aprendizagem, mas sim resultado de um engajamento mútuo entre pessoas na situação de professor e estudante (OLIVEIRA, 2019, p. 45). Outro fator desencadeado pela valorização do aluno é que ao trazer a sua realidade ao contexto que está sendo discutido, passa a ter um sentido mais compreensível a nova informação adquirida porque o seu aparecimento resultou indiretamente de um saber que já existia, podendo até mesmo potencializar a aprendizagem em torno da EA.

Sendo que essa busca pela integração da EA na aprendizagem ocorre em virtude do seu caráter inovador, bem como de sua ampla dimensão deixando de relacionar-se somente com os aspectos biológicos e passando a envolver questões socioambientais (SANTOS, 2019). Nesse sentido, Oliveira (2019) traz que:

É plausível almejar o desenvolvimento da EA na perspectiva da aprendizagem significativa no cotidiano escolar. Valorizar os conhecimentos prévios é um elemento

favorável para consolidação da finalidade da EA de trazer reflexões e debates que possibilitem a construção de indivíduos com postura ativa na sociedade, capaz de apontar soluções aos problemas socioambientais e políticos (OLIVEIRA, 2019, p. 45).

Porém, a EA precisa ir além dos conhecimentos prévios e a adição de novos conhecimentos a cerca dessa temática em algum momento terão que acontecer, geralmente a peça chave dessa continuidade se faz a partir das propostas de temáticas apresentadas no livro

didático por ser um material distribuído para todos os alunos e que por esse motivo facilita o acompanhamento individual de cada um. Núñez et al (2003) cita que:

Os professores (as) utilizam o livro como o instrumento principal que orienta o conteúdo a ser administrado, a sequência desses conteúdos, as atividades de aprendizagem e avaliação para o ensino das Ciências. O uso do livro didático pelo (a) professor (a) como material didático, ao lado do currículo, dos programas e outros materiais, instituem-se historicamente como um dos instrumentos para o ensino e aprendizagem (NÚÑEZ, 2003, p. 2).

Diante dessa utilização e relação constante com esse material, se faz necessário então que seja usado de uma forma que mostre para os alunos que o conteúdo não se limita a esse recurso ou não se restringe somente a ele, há muito mais a ser aprofundado e que por isso é de suma importância a relação inicial com os conhecimentos prévios de cada um.

Portanto, não é um material que se configura como um manual de instruções mas sim como um elemento onde é possível encontrar propostas aliadas a alguns recursos, como: imagens que tentam despertar o interesse do aluno e ativar algum conhecimento que o mesmo já tenha, textos complementares que trazem problemáticas mais atualizadas além de atividades contextualizadas com o conteúdo abordado de forma a tentar aliar mais uma vez com situações já conhecidas e que resultem então, num tipo de reflexão.

Além disso, o uso de atividades que fujam dos procedimentos usuais de repasse de conteúdo e que consigam ser apresentadas de maneira diferenciada também são de suma importância para chamar o aluno para determinado conteúdo, conforme pode ser visto a participação mais ativa em momentos onde ocorreram aula prática, o que segundo Vasconcelos; Souto (2003) dentro do ensino de Ciências, se mostra como:

Fundamentais, afinal o desenvolvimento da capacidade investigativa e do pensamento científico são diretamente estimulados pela experimentação. Através de um experimento, o aluno tem oportunidade de formular e testar suas hipóteses, coletar dados, interpretá-los e elaborar suas próprias conclusões, baseadas na literatura sobre

o tema. Uma experimentação permite ao aluno perceber que o conhecimento científico não se limita a laboratórios sofisticados, mas pode ser construído em sua sala de aula em parceria com professores e colegas (VASCONCELOS; SOUTO, 2003, p. 99).

Logo, dentro das propostas trabalhadas nas sequências e agendas pedagógicas o uso do livro se fez muito presente, juntamente com outros meios que pudessem servir como elo para a temática apresentada nos seus devidos momentos além de cada procedimento ligado a EA sob a luz de uma macrotendência ou mais de uma tendo em vista que dependendo do recurso utilizado se evidenciava tal categoria: Conservadora; Pragmática, em sua maioria, e Crítica.

No que se refere a abordagem Conservadora, esteve presente em quase todas as atividades desenvolvidas por ser o pontapé inicial para se trabalhar a temática, se caracterizando por expor uma prática pautada nas questões ambientalistas onde o homem representa o principal causador de destruição e que por isso precisa ter uma consciência sobre o seu papel que deveria ser de protetor e consequentemente um sujeito com posturas voltadas para a preservação do ambiente sem necessariamente envolver questões sociais e políticas (SILVA, 2007).

Enquanto na macrotendência Pragmática nas atividades em que esteve presente abordou questões que levassem os diferentes alunos a entenderem a pauta da economia sustentável, ou seja, que é possível ocorrer desenvolvimento e avanço sem causar danos, colocando em evidência, as ideias de reaproveitamento, desenvolvimento sustentável, entretanto mais uma vez sem adentrar nas questões sociais e políticas (LOUREIRO; LAYRARGUES, 2013).

E a macrotendência Crítica que já não estava tão presente nos próprios livros didáticos utilizados também aparece, mas de uma forma menos evidente, sendo somente por essa categoria a apresentação de uma EA que engloba as questões sociais e políticas, sendo então mais significativa por levar ao aluno uma construção de novas ideias a partir do contexto observado por ele mesmo. Cabe destacar que conforme afirma Santos (2019):

Ainda, é importante ressaltar que quando se fala que determinados livros possuem uma postura mais conservadora, não está se afirmando que os materiais que predominam tal tendência sejam considerados ruim, pois a concepção conservadora na verdade é um caminho para a introdução da EA crítica (SANTOS, 2019, p. 82).

Logo fica compreensível que não se trata de tendência certa ou errada, positiva ou negativa, mas de abordagens que propiciem ao aluno a possibilidade de entender as diferentes categorias que caracterizam a EA dependendo do contexto envolvido resultando em um aluno que consiga se posicionar mediante essa temática por conta também da aprendizagem significativa envolvida no processo.