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APRESENTAÇÃO ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Os dados obtidos foram tratados manualmente e informaticamente, utilizando estatística descritiva e inferencial, e análise qualitativa de conteúdo.

Assim procedeu-se à “análise de conteúdo” da entrevista realizada e das questões abertas patentes nos diversos questionários.

A “análise de conteúdo” é uma técnica de investigação que visa a descrição objectiva, sistemática do conteúdo manifesto na comunicação.

Foram tidas em conta nesta análise (análise de conteúdo), as seguintes etapas: leitura global dos documentos/registos de modo a uma apreensão das suas características; determinação dos objectivos da análise de acordo com as hipóteses emitidas; determinação das regras de codificação passando-se a considerar como unidade de enumeração ou de contagem cada reacção de registo ou unidade de significação, tendo em vista a sua categorização e frequência.

Por proposição entende-se uma afirmação, uma declaração… que estabelece uma relação lógica entre dois ou mais termos, e que é uma unidade de sentido.

Contudo foi necessário aferir a validade e a fidelidade das categorias que assim foram testadas, submetendo-as a um leque de juízes peritos na área.

Segundo Bardin (1977), "é a inferência que permite a passagem da descrição à interpretação, enquanto atribuição de sentido às características do material que foram levantadas, enumeradas e organizadas".

Os objectivos desta técnica passam, assim, por permitir ao investigador a possibilidade de proceder a inferências a partir dos dados descritivos que recolhe, após uma primeira de fase relativa à sua inventariação e sistematização. A análise de conteúdo obedece a um conjunto de procedimentos sistematizados que desmontam o discurso do sujeito entrevistado e que possibilitam ao investigador formar inferências. Assim:

- “Em primeiro lugar, o investigador discrimina unidades descritivas de dados, a que chamamos indicadores, e dissocia-os do discurso e contexto global em que foram produzidos;

- Seguidamente, interpreta a descrição qualitativa dos indicadores e a partir deles, constrói um novo contexto de análise, em função dos objectivos específicos do seu estudo;

- A partir das sínteses descritivas dos dados faz inferências recorrendo a um "sistema de conceitos analíticos" (Vala, 1986).

É através deste processo analítico que o investigador compreende a importância relativa atribuída pelos sujeitos aos temas propostos pela entrevista. Não deve, contudo, desprezar as condições em que o material de análise foi recolhido, considerando que os sujeitos fornecem dados mais ou menos enviesados, em função dos constrangimentos associados à situação de interacção entrevistador-entrevistado. Ao preparar a análise de conteúdo dos dados recolhidos, o investigador pode formular diversas questões a partir das quais irá sistematizar o processo analítico da sua pesquisa. Pode questionar-se sobre o que surge e é importante no discurso do sujeito, “o que é e como” é que ele avalia determinados conceitos e, que relações estabelecem entre estes. Em função destas opções, a pesquisa pode tomar três direcções:

- Análise de ocorrências; - Análise avaliativa;

- Análise associativa (Osgood, 1959 cit. Vala, 1986).

A análise de ocorrências pressupõe a aplicação de um sistema simples de quantificação, realizado a partir da análise de frequência de determinados dados descritivos no discurso do entrevistado. Recorrendo a essa quantificação, o investigador pode proceder a inferências relativas à importância que o sujeito atribui a determinadas unidades portadoras de significado, no contexto de uma determinada questão.

A análise avaliativa corresponde à identificação qualitativa das características que o sujeito atribui a determinados conceitos ou objectos implicados nas questões que lhe são colocadas. Trata-se de identificar as atitudes e o sistema de valores do sujeito, face aos conceitos que lhe são propostos pela entrevista. A análise associativa interpreta a estrutura de relações de dependência de conceitos no discurso do entrevistado, identificando o modo como ele correlaciona os conceitos inerentes a um problema.

procedimentos capazes de lhe conferirem validade. Anteriormente, enunciámos as etapas de desmontagem do discurso dos sujeitos para a formulação de inferências a ele associadas. Iremos agora descrever os procedimentos que o investigador deve implementar, desde o início do seu estudo, de forma a poder reportar a sua análise e inferências a um quadro de referência conceptual, suportado em teorias válidas do conhecimento associado ao seu objecto de estudo.

Relativamente à formulação de objectivos e de um quadro referencial teórico. Como em qualquer outro modelo de investigação, a técnica de análise de conteúdo pressupõe o enquadramento de conceitos analíticos num quadro de referência teórico.

No que concerne à definição de categorias de análise - A categorização é uma prática essencial à análise de conteúdo. Categorizar é classificar unidades de análise, segundo as suas características descritivas, agrupando-as em conjuntos que reportam a um mesmo conceito – A categoria.

A cada categoria de análise corresponderá um conjunto mais ou menos vasto de indicadores, recolhidos do discurso do entrevistado. Um indicador é uma unidade semântica portadora de sentido, recolhida da linguagem do sujeito e, passível de ser classificada numa das categorias de análise que o investigador estabelece para a compreensão do seu objecto de estudo.

Com este procedimento, o investigador simplifica a análise dos dados descritivos, organizando-os e tornando-os operacionalizáveis em face dos conceitos teóricos subjacentes à sua pesquisa. O processo de categorização é, assim, um processo que permite a apreensão dos significados que os sujeitos atribuem aos diversos campos conceituais da entrevista.

Cada categoria de análise é identificada através de uma denominação que descreva o "campo semântico do conceito" que pretende apreender e representa "uma variável na teoria do analista" (Hogenraad, 1984 cit. Vala, 1986). Pela sua preponderância no processo analítico, a definição semântica de categorias de análise é uma tarefa delicada e directamente implicada nos resultados da investigação. O processo de categorização pode ser feito pelo investigador, antes ou depois da identificação de indicadores, ou ainda, assumir-se como um processo construtivo dinâmico que combine aquelas duas situações:

1) Se as categorias são previamente definidas, em função de referentes teóricos, o investigador interessa-se pela detecção da presença ou ausência de determinados

campos semânticos no discurso do entrevistado e, é natural que se torne relevante a análise de ocorrências.

2) Mas o investigador pode optar por explorar primeiro o corpus de análise, tendo como referência o seu enquadramento teórico e, através de sucessivos ensaios, definir então as categorias que articulam os seus conceitos com as características específicas dos dados descritivos que recolheu. Nesta situação combinada, "as referências teóricas do investigador orientam a primeira exploração do material, mas este, por sua vez, pode contribuir para a reformulação ou alargamento das hipóteses e das problemáticas a estudar" (Vala, 1986).

3) As categorias podem, porém, ser definidas a partir da descriminação de conteúdos semânticos dos dados. Neste processo técnico, o investigador não interfere com os seus pressupostos teóricos na análise de conteúdo, sendo que, assim, os resultados serão gerados pelo discurso dos sujeitos.

Após a construção das categorias de análise, o investigador deve avaliar a sua validade interna verificando a sua "exaustividade e exclusividade" (Vala, 1986). Para serem exaustivas, as categorias devem cobrir todos os indicadores identificados no corpus de análise. Para serem exclusivas, cada indicador deve ser passível de classificação em apenas uma categoria.

Assim congruentes com os dados recolhidos, e com o tratamento feito - análise por frequência e percentagem de tipos de resposta, nas questões fechadas, por quadros de apresentação das escolhas e prioridades e por grelhas de análise de conteúdo no estudo das questões abertas - apresenta-se seguidamente a análise dos resultados de acordo com a metodologia enunciada.

Por último precederemos à discussão dos dados resultantes da aplicação dos vários instrumentos para aumentar a fiabilidade dos mesmos.

1- Questionários Aplicados aos Alunos

Questionário aos Alunos – Pré-teste 1º e 2º anos

Como já referimos no Capitulo da Metodologia este questionário aplicou-se antes da implementação do Projecto/Programa.

Total – 44 alunos dos 1º e 2º anos de escolaridade

1-O que gosto mais em mim?

maisgosto 5 11,4 11,4 11,4 4 9,1 9,1 20,5 29 65,9 65,9 86,4 6 13,6 13,6 100,0 44 100,0 100,0

das minhas ideias do meu corpo da minha família não há nada que eu não goste de mim Total

Valid