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3.4.3 – Apresentação e discussão dos resultados para o método Sm-Nd

A metodologia analítica associada ao sistema Sm-Nd não se encontra completamente validada, pois ainda não foi possível garantir a constância das condições analíticas no espectrómetro de massa e consequentemente os resultados isotópicos. Durante as análises isotópicas, observou-se que em algumas amostras de rochas, o feixe iónico de Nd apresentava-se instável ou com baixa intensidade. Tendo em consideração que, as análises dos padrões de espectrometria de massa apresentam bons resultados (tabela 3.13), as causas para o sucedido poderão estar no tratamento químico das amostras. Uma das hipóteses poderá ser a insuficiente individualização do elemento Nd, pois em algumas amostras, existem evidências da presença de Ba e Ce em quantidades mensuráveis, que poderão influenciar a ionização do Nd. Para minimizar o problema será preciso recalibrar as colunas de cromatografia iónica. Nas colunas primárias será necessário garantir a extracção total do Ba, no intervalo de eluição entre a saída do Sr e das TR, e nas colunas secundárias, é preciso aumentar a separação entre as terras-raras leves.

Outro aspecto que poderá estar a condicionar a qualidade das análises, prende-se com as quantidades de Nd e de Sm presentes na amostra a analisar. Dos ensaios levados a cabo no LGI-UA, com os padrões de espectrometria, verificou-se que 300ng de Nd são o suficiente para permitir uma análise dinâmica reprodutível e que aumentando muito a quantidade de elemento depositada (1200ng) a intensidade do feixe iónico não é beneficiada, podendo inclusivamente tornar-se instável. Desta forma conclui-se que o mau dimensionamento da quantidade rocha atacada poderá ser uma das causas para baixa intensidade iónica observada em algumas amostras durante o processo de implementação do método Sm-Nd.

Pelas razões apresentadas, verifica-se que ainda existem algumas indefinições na análise de Nd em amostras de rochas, e sendo assim, não é possível apresentar resultados

3.5A

VALIAÇÃO CRÍTICA DOS MÉTODOS

Nos três primeiros capítulos apresentam-se os princípios necessários à implementação das metodologias analíticas associados à datação de rochas e minerais pelos métodos Rb-Sr e Sm-Nd. Descrevem-se as técnicas necessárias para: 1) a individualização química dos elementos referidos, a partir da matriz da rocha; 2) os métodos de análises em espectrometria de massa de termo- ionização; 3) e a determinação das concentrações elementares por diluição isotópica. Para esta ultima técnica, prepararam- se as diversas soluções de spike, definiram-se os intervalos de aplicabilidade da técnica (variação das razões isotópicas das misturas de amostra e de spike), e apresenta-se um formalismo matemático que permite a determinação das razões isotópicas da amostra a partir da composição isotópica da mistura, tendo em consideração o efeito de fraccionamento de massa que ocorre durante a análise no espectrómetro de massa.

Relativamente às análises associadas ao método Rb-Sr, obtiveram-se em amostras

padronizadas valores da razão 86Sr/87Sr reprodutíveis e similares às razões referenciadas,

tanto em padrões de espectrometria de massa como em padrões de rochas, sendo estes últimos analisados de forma natural e por diluição isotópica. Concluiu-se que, os procedimentos analíticos actualmente implementados no LGI-UA permitem, no fundamental, obter resultados credíveis das razões isotópicas e das concentrações associadas ao método Rb-Sr.

Quanto ao método Sm-Nd, as análises dos padrões no espectrómetro de massa apresentam bons resultados, mas alguns dos procedimentos analíticos associados ao laboratório químico ainda necessitam de ser aferidos e validados. Assim o LGI-UA actualmente ainda não está em condições de apresentar resultados de análises de rochas pelo método Sm-Nd, esperando-se que em breve o possa fazer, após a re-calibração de algumas etapas do método.

4O

M

ACIÇO DO

C

ARRASCAL

4.1

-B

REVE ENQUADRAMENTO GEOLÓGICO

A Península Ibérica é constituída por duas unidades fundamentais: uma que pertence ao sistema alpino (Pirenéus e Cordilheira Bética) e outra que é um segmento do soco varisco, isento de deformações importantes desde o Paleozóico superior, que de acordo

com a divisão do continente Europeu realizada por STILLE em 1924, está integrado no

domínio da Meso-Europa.

O soco varisco, também designado por Maciço Hespérico, é um núcleo de materiais precâmbricos e paleozóicos que aflora essencialmente na parte ocidental e central da Península Ibérica. Este maciço, apresenta uma simetria bilateral, que apesar de não ser

perfeita, se manifesta pela (JULIVERT et al., 1974):

- existência de vergências opostas nos extremos do maciço, para nordeste na parte norte e para sudoeste na parte sul;

- presença de grandes extensões de terrenos mais modernos nas zonas externas, em contraste com os terrenos mais antigos (Paleozóico inferior e núcleos precâmbricos) nas restantes zonas.

Em 1945 LOTZE dividiu o segmento ibérico da cadeia hercínica em seis zonas

estratigráfico-tectónicas, paralelas à direcção das estruturas variscas (NW-SE). Mais tarde,

esta classificação foi alterada por JULIVERT et al., (1974) com a unificação das zonas

Galaico-Castelhana e Lusitana Oriental-Alcudiana numa única zona, a Centro-Ibérica, em cujo interior se considerou existir a sub-zona Galiza Média - Trás-os-Montes. Assim, resulta a definição de cinco zonas: Cantábrica (ZC), Oeste-Astúrico- Leonesa (ZAOL), Centro-Ibérica (ZCI), Ossa-Morena (ZOM) e Sul-Portuguesa (ZSP) (figura 4.1). Cada uma destas zonas possui uma identidade própria caracterizada por diferenças ao nível da estrutura, do metamorfismo, do magmatismo e da metalogenia.

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