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Queen Elizabeth Olympic Park North: Tumbling Bay Playground and Timber Lodge, Londres

CAPÍTULO 3- APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DE RESULTADOS

3.1. ANÁLISE DE INQUÉRITOS E DESENHOS

3.1.1. Caracterização da amostra

A amostra é constituída por 60 crianças entre os 6 e os 10 anos, idades compreendidas na faixa a que se destina o projeto desta dissertação. Esta amostra foi conseguida a partir de um contacto com o Parque Florestal de Monsanto e a atividade foi realizada nas instalações do Espaço Monsanto. Dos 60 indivíduos que compõem a amostra, 10% têm 6 anos, 23% dizem respeito a crianças com 7 anos, 28% são crianças com 8 anos, 27% crianças com 9 anos e os restantes 12% são crianças com 10 anos. A amostra é constituída por 30 crianças do sexo masculino e 30 do sexo feminino.

Fig. 24,25, 26, 27- Algumas crianças inquiridas. Fonte: Própria.

3.1.2. Objetivos dos inquéritos

O objetivo geral da realização dos questionários foi investigar as rotinas e brincadeiras, independência de mobilidade, conhecimento espacial e a apreciação e representação das crianças no espaço. Os objetivos específicos passam por:

1. Verificar, de acordo com a opinião da criança, quais os jogos e os seus lugares preferidos na ocupação do tempo livre nos contextos casa e rua;

2. Verificar, segundo a opinião das crianças, a sua efetiva mobilidade independente, bem como os seus principais constrangimentos à mobilidade;

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3. Verificar qual o conhecimento espacial, a apreciação e a representação que a criança faz do espaço urbano.

4. Utilizar estes questionários como parte para o processo participativo do projeto elaborado nesta dissertação.

Para além dos questionários, que foram realizados sob a forma de entrevista, de maneira a compreender melhor a perspetiva da criança, foram também elaborados desenhos pelas crianças. Ambos os métodos tinham como objetivo assegurar a participação da criança na projetação de um espaço. As crianças foram devidamente informadas do objetivo pretendido com a sua participação. Foi pedido às crianças que fizessem desenhos dos seus lugares ideais ao ar livre, mas tendo em conta o local de intervenção e o tipo de projeto pretendido neste trabalho.

3.1.3. Análise de resultados

3.1.3.1. Dos inquéritos

O inquérito que foi aplicado é mais amplo do que os resultados aqui apresentados. No entanto, em anexo é apresentado o inquérito completo. Para a análise de inquéritos foram extraídas apenas as informações consideradas mais relevantes para este estudo.

No segundo grupo de questões (II. BRINCAR), dado que o primeiro correspondia à caracterização da criança, à pergunta: “Costumas brincar em casa?”, 98% das crianças responderam “sim” e apenas 2% responderam “não”. À questão “Gostas mais de brincar dentro de casa ou ao ar livre?”, 75% das crianças afirmaram que gostam mais de brincar ao ar livre e apenas 25% que gostam mais de brincar dentro de casa. Destas duas questões, conclui-se que, embora as crianças gostem mais de brincar ao ar livre, elas brincam maioritariamente dentro das suas casas. A partir do discurso das crianças conclui-se que estes resultados se devem principalmente à falta de disponibilidade por parte dos adultos e às suas inseguranças. Relativamente aos 25% das crianças que preferem brincar dentro de casa, é bastante evidente no seu discurso a influência das tecnologias nesta escolha.

Os hábitos quotidianos da vida das crianças transformaram-se radicalmente, e os seus ritmos e rotinas também. Brincar na rua é em muitas cidades do mundo uma espécie em vias de extinção. O tempo espontâneo, do imprevisível, da aventura, do risco, do confronto com o espaço físico natural, deu lugar ao tempo organizado, planeado, uniformizado (Neto, 2001).

Gráfico 2- Gráfico circular correspondente à pergunta: Gostas mais de brincar dentro de casa ou ao ar livre?

Gráfico 1- Gráfico circular correspondente à pergunta: Costumas brincar em casa?

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No mesmo grupo de questões, à pergunta “Em média, quantas horas brincas por dia na rua, durante a semana? E o que achas desse tempo?”, 72% das crianças afirmaram brincar menos de duas horas na rua, 27% entre as 2-4 horas e os restantes 1% afirmaram brincar na rua durante mais de quatro horas. Estes 1% correspondem na realidade apenas a uma das 60 crianças. Cerca de 62% das crianças pensam ser pouco tempo de brincadeira, 35% pensam ser suficiente e os restantes 3% acham que é muito tempo. Em conclusão, durante a semana, as crianças brincam muito pouco ao ar livre e mais de metade das crianças pensam que esse tempo é de fato insuficiente.

Durante o fim-de-semana, as crianças parecem brincar durante mais tempo na rua; cerca de 53% das crianças brincam menos de 2 horas, 35% entre 2-4 horas e apenas os 12% restantes brincam mais de 4 horas por dia na rua. Cerca de 50% das crianças continuam a achar que o tempo que brincam na rua é insuficiente, 40% acham que é suficiente e 10% apenas acham que é muito tempo.

Gráfico 3- Horas de brincadeira das crianças, na rua, em média, por dia, durante a semana.

Gráfico 4- O que a criança pensa desse tempo.

Gráfico 5- Horas de brincadeira, na rua, em média, por dia, durante o fim-de- semana.

Gráfico 6- O que a criança pensa desse tempo.

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Por último, à pergunta “A que gostas mais de brincar no parque infantil?”, as respostas são muito variadas e não existe um grande consenso entre as crianças. As crianças escolheram as suas 6 atividades favoritas. Em conversa com as crianças, foi claro o entusiasmo por quase todas as atividades. O baloiço é sem dúvida um equipamento muito atrativo para as crianças. Logo de seguida seguem-se: as paredes de escalar, as atividades com a natureza e os túneis. Segundo a mesma ordem de preferências seguem-se as atividades de equilíbrio, o balancé e os aparelhos de trepar. De seguida as atividades com água, escorregas, carrosséis, e por último, as atividades menos apreciadas parecem ser as casas de brincar, a mola, as caixas de areia e as ardósias.

No terceiro grupo de questões (III. INDEPENDÊNCIA DE MOBILIDADE), à pergunta “Costumas ir sozinho a praças ou parques para brincar?”, a grande maioria das crianças (cerca de 93%) responderam “não” e apenas 7% responderam “sim”; e à pergunta “Costumas atravessar ruas muito movimentadas sozinho?”, também uma grande percentagem das crianças (cerca de 90%) responderam “não” e apenas 10% responderam “sim”.

Gráfico 7- Atividades preferidas das crianças num parque infantil.

Gráfico 9- Gráfico circular correspondente à pergunta: Costumas atravessar ruas muito movimentadas sozinho?

Gráfico 8- Gráfico circular

correspondente à pergunta: Costumas ir sozinho a praças ou parques para brincar?

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Por último, à questão “Qual o lugar mais longe onde os teus pais te deixam ir sozinho?”, mais de metade das crianças, cerca de 70%, responderam que não podiam sair de casa sozinhas, 18% afirmam poder ir até à frente de casa, 10% podem ir até ao final da rua, e os restantes 2% (1 criança) afirmam poder ir a qualquer lugar da cidade.

A independência de mobilidade das crianças tem vindo a diminuir drasticamente como consequência de um estilo de vida padronizado. A rua não é só um espaço onde circulam carros e gente anónima e apressada, mas sim um espaço de encontro, descoberta e até desordem. Tudo isso é importante para a criança crescer (Neto, 2001). Esta independência não deve ser vista somente por a criança poder ir para a escola sozinha; o conceito deve alargar-se para um nível mais vasto. A criança deve poder brincar fora de casa, ir para a escola sozinha, visitar amigos, ir às compras e fazer outras atividades sozinha. As crianças gostam de brincar na rua, nos passeios e não gostam de ficar limitadas aos espaços de jogo (Arez, 1999). No último grupo de perguntas (IV.CONHECIMENTO ESPACIAL E APRECIAÇÃO DO ESPAÇO URBANO), à questão “Onde mais gostarias de ir?”, 27% responderam espaços de natureza, 26% das crianças responderam museus/teatros/cinemas, 19% das crianças responderam parques infantis, 13% espaços desportivos, 11% jardins públicos e apenas 9% o shopping. As respostas foram diversificadas, mas destacam-se as áreas de natureza, os museus/teatros e cinemas e os parques infantis.

Gráfico 10- Gráfico circular correspondente à pergunta: Qual o lugar mais longe onde os teus pais te deixam ir sozinho?

Gráfico 11- Locais onde as crianças mais gostariam de ir.

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