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Apresentação dos Resultados e Discussão

PARTE 2 – Enquadramento Empírico

2. Apresentação dos Resultados e Discussão

Por uma questão de organização dos temas extraídos da análise de conteúdo das entrevistas realizadas, optamos por apresentar as respostas por categorias, indicando também a percentagem de vezes em que a mesma problemática foi citada pelos entrevistados de Portugal e do Brasil. Optamos por não apresentar os resultados dos orientadores em valores percentuais, uma vez que os dados não apresentaram diferenças significativas com relação aos dos supervisores. Por isso, indicaremos as categorias e resposta dos supervisores, seguido da respectiva discussão dos resultados, onde abordaremos os resultados dos orientadores em género de análise qualitativa.

As 3 primeiras questões abertas da entrevista, permitiram criar 4 categorias que têm em conta as principais etapas do estágio: a estrutura e organização do estágio (C1), o acompanhamento e orientação (C2), o controle e avaliação (C3), o desempenho do estagiário (C4). No entanto, convém ressaltar que a subtileza destas etapas constituiu um elemento difícil na categorização dos fatores apresentados pelos entrevistados.

A última questão abrangeu os aspectos pessoais que desencadeiam stress e ansiedade neste período.

Relativamente à categoria C1 “Estrutura e Organização do estágio”, verificamos que as maiores problemáticas apontadas decorreram da amostra de supervisores do Brasil, por isso apresentaremos nesta categoria os dados dos profissionais brasileiros, evidenciando os dados de Portugal somente quando estes fizerem-se mais relevantes. Assim, verificamos que dentre as maiores problemáticas apontadas por 4 dos supervisores do Brasil são: o excesso de documentação para preencher, o elevado número de estagiários por orientador que chega a ser apontado por 5 destes, o descompromisso da instituição de Ensino Superior quanto à selecção das escolas onde o estágio se realizará. É indicado por 4 da amostra de supervisores, a falta de ajudas de custo suficientes e seguros inerentes às deslocações de acompanhamento do estágio, é apontado por 5 uma carga horária insuficiente para a supervisão, que em ambos os países 3 supervisores apresentaram queixas. A dificuldade encontrada pelos supervisores em conciliar os horários da docência

na Instituição de Ensino Superior com as aulas dos estagiários na escola-campo, o que possibilita uma avaliação justa e supervisionada do desempenho do aluno, foi para 6 dos supervisores de Portugal e 3 para os do Brasil, a maior fonte de stress e problemas no decorrer do período supervisivo.

Tabela 1. Estrutura e organização do estágio

Categorias Países

C1 “Estrutura e Organização do estágio” Portugal Brasil

Supervisor Orientador Supervisor Orientador

Excesso de documentação para preencher - - 4 -

O elevado número de estagiários por orientador - - - 5

O descompromisso da instituição de Ensino

Superior - - 4 -

A falta de ajudas de custo e seguros suficientes - - 5 -

Carga horária insuficiente para a supervisão 3 - 3 -

Dificuldade em conciliar os horários da

docência 6 - 3 -

Na categoria C2, “Estrutura e Organização do Estágio”, 5 dos supervisores do Brasil apresentaram as “Diversificadas propostas pedagógicas das escolas-campo” como factor de stress. Os “Poucos encontros ou reuniões entre supervisor e orientadores da escola-campo para esclarecer sobre as caraterísticas e regras do estágio” foi no Brasil apontado por 8 dos orientadores entrevistados e por 6 em Portugal. Também em Portugal a “Distância onde o estágio se realiza, o que dificulta a supervisão e avaliação dos estagiários” e as “Práticas pedagógicas diferentes da estudada no Ensino Superior” constituiu para 8 dos entrevistados um problema, sendo no Brasil mencionado por 3 dos supervisores. Já em Portugal 2 apontam como problema a “Falta de espaço físico próprio para a realização do estágio (laboratório ou escola-modelo)” enquanto no Brasil são 6; A “Falta de interacção entre os diferentes orientadores, constituiu em Portugal (4) dos problemas supervisivos e no Brasil (6) A “Falta de rigor no acompanhamento do estágio” por parte do orientador” e “A sensação de incómodo provocada pela presença do estagiário” também foi queixa da metade dos entrevistados do Brasil, tendo sido citado por

2 supervisores portugueses. O mais baixo índice em ambos os países, mas que não deixou de ser citado, foi a “Difícil relação interpessoal entre os intervenientes, representado por 2 supervisores de Portugal e 1 entre os do Brasil.

Tabela 2. Acompanhamento e orientação do estagiário

Categorias Países

C2, “Acompanhamento e Orientação do Estágiário”

Portugal Brasil

Supervisor Orientador Supervisor Orientador

Diversificadas propostas pedagógicas das

escolas-campo” como factor de stress - - 5 -

Poucos encontros ou reuniões entre supervisor e

orientadores - 6 - 8

Distância onde o estágio se realiza, o que dificulta a supervisão e avaliação dos estagiários

5 - 3 -

Práticas pedagógicas diferentes da estudada no

Ensino Superior 5 - 3 -

Falta de espaço físico próprio para a realização

do estágio (laboratório ou escola-modelo) 2 - 6 -

Falta de interacção entre os diferentes

orientadores - 4 - 6

Falta de rigor no acompanhamento do estágio”

por parte do orientador 2 - 6 -

A sensação de incómodo provocada pela

presença do estagiário 2 - 6 -

Difícil relação interpessoal entre os

intervenientes 2 - 1 -

Na categoria C3 “Avaliação do Estágio”, podemos observar que para os supervisores, os “relatórios pouco científicos” e as “ as dificuldade em avaliar o estagiário em uma prática pouco observada” são tanto em Portugal como no Brasil um dos maiores problemas acarretando reclamações de 10 supervisores. O item “Definição pouco clara dos critérios de avaliação do estágio” surge como problema no período avaliativo do estágio, representado por 5 dos supervisores portugueses e 3 nos profissionais do Brasil. Outro item

que obteve a mesma frequência de reclamação em ambos os países foi a “Definição pouco clara dos papéis dos diferentes orientadores”, apontado por 3 destes em ambos os países.

Tabela 3. Avaliação do estágio

Categorias Países

C3 “Avaliação do Estágio” Portugal Brasil

Supervisor Orientador Supervisor Orientador

Relatórios pouco científicos 4 - 7 -

As dificuldade em avaliar o estagiário em uma

prática pouco observada 4 - 7 -

Definição pouco clara dos critérios de avaliação

do estágio 5 - 3 -

Definição pouco clara dos papéis dos diferentes

orientadores - 3 - 3

A categoria C4, que faz referência ao “Desempenho do Estagiário”, é a que abrange um maior número de problemáticas. Em ambos os países pesquisados alguns itens foram citados com a mesma frequência, como foi o caso dos itens: a “Pouca leitura das obras indicadas”, com reclamação de 3 supervisores, a “Falta de compromisso, interesse e motivação dos estagiários” com queixas de 5 destes, a “Dificuldade em receber críticas/orientações” sendo apontado por 2 e a “Dificuldade em elaborar o relatório de estágio ou a monografia” que foi para 3 dos supervisores inquiridos uma das maiores fontes de stress no decorrer do período supervisivo. Alguns itens foram mais vezes citados entre os supervisores de Portugal tais como: A “Insegurança e pouca criatividade na planificação das aulas”, sendo 3 contra 1 do Brasil; A “Dificuldade em mudar de postura”, obteve 3, enquanto no Brasil as queixas foram apresentadas por 2 dos supervisores e a “Imaturidade dos estagiários” que foi apontada por 2 dos supervisores portugueses.

No Brasil a maior incidência recaiu sobre a dificuldade na “Fundamentação teórica e científica” representando a queixa de 8 dos entrevistados, sendo que em Portugal esta quantidade baixa para 6, continuando no entanto a ser elevada; A “Dificuldade em planificar as aulas” foi para 2 dos inquiridos um dos problemas dos estagiários no Brasil,

sendo-o para 1 dos supervisores portugueses; A “Dificuldade em colocar a teoria em prática” e a “Dificuldade em colocar a teoria em prática” foram para 4 dos supervisores do Brasil uma das barreiras encontradas, baixando em Portugal para 2 dos supervisores entrevistados. A “Dificuldade no cumprimento dos prazos e objetivos do estágio” foi para 3 dos supervisores do Brasil umas das fontes de stress, sendo para 2 dos inquiridos em Portugal.

Tabela 4. Desempenho do Estagiário

Categorias Países

C4 “Desempenho do Estagiário”

Portugal Brasil

Supervisor Orientador Supervisor Orientador

Pouca leitura das obras indicadas 3 - 3 -

Falta de compromisso, interesse e

motivação dos estagiários 5 - 5 -

Dificuldade em receber críticas/orientações 2 - 2 -

Dificuldade em elaborar o relatório de

estágio ou a monografia 3 - 3 -

Insegurança e pouca criatividade na

planificação das aulas 3 - 1 -

Dificuldade em mudar de postura 3 - 2 -

Imaturidade dos estagiários 2 - - -

Fundamentação teórica e científica 6 - 8 -

Dificuldade em planificar as aulas 1 - 2 -

Dificuldade em colocar a teoria em prática 2 - 4 -

Dificuldade no cumprimento dos prazos e

objetivos do estágio 2 - 3 -

Quando sobre os problemas que mais desencadeavam stress pessoal, os supervisores do Brasil deixam claro que o elevado número de alunos por supervisor (por vezes até 50 estagiários), uma carga horária insuficiente, o excesso de burocracia e de relatórios ou monografias para corrigir num curto espaço de tempo, a dificuldade de conciliar os horários dos estagiários com o do estágio, o pouco compromisso da IES

quanto a escolha da escola-campo, a falta de um laboratório ou escola modelo, que permita colocar a teoria em prática sem a influência das diferentes práticas pedagógicas adoptadas pelas escolas, aliados ao descompromisso dos estagiários e falta de rigor científico dos relatórios, o pouco rigor por parte das escolas quanto ao acompanhamento e orientação do estagiário, fazem deste período importante da formação de professores, um dos períodos mais stressantes.

Estabelecendo uma análise comparativa dos dados obtidos, verificamos que para os orientadores do Brasil e de Portugal as problemáticas não são muito diferentes, uma vez que estes alegam ser pessoalmente stressante ter poucas condições físicas (laboratórios para aulas práticas, materiais pedagógicos e biblioteca específica) para atender as necessidades próprias de formação do estagiário e ainda ter pouca formação específica para orientar e ainda não receber por parte da IES orientação detalhada e uma definição clara dos critérios de avaliação.

Outros fatores apontados como desencadeadores de ansiedade, são o excesso de documentos para preencher, a insegurança dos estagiários que se revela na pouca capacidade de manter a disciplina e domínio dos conteúdos em contexto de sala de aula, assim como a dificuldade em atingir os objetivos propostos na planificação e os do próprio estágio. Estes fatores somados à rotina complexa da escola, repletas de reuniões, planificações, avaliações, projetos, entre outras actividades e a não formação específica para orientar estágio, que no caso do nosso estudo concluiu que (12, sendo 6 brasileiros e 6 portugueses) 100% do total da nossa amostra de orientadores de ambos os países, não receberam formação específica para orientar o estágio, fazem crescer a probabilidade de aumentar o desgaste físico e psicológico do professor.

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