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Apresentação das entrevistas categoria 1

No documento Beatriz Bonetti (páginas 64-67)

4.3 APRESENTAÇÃO DAS ENTREVISTAS AOS PROPRIETÁRIOS

4.3.1 Apresentação das entrevistas categoria 1

O objetivo da primeira categoria das entrevistas foi buscar conhecimento sobre o estabelecimento e seus gestores em relação à temática, através de perguntas referentes ao aproveitamento dos resíduos sólidos gerados, a existência ou não de algum tipo de controle de quantidade desse material produzido por dia, e os setores que mais geram esse tipo de material. Também, nesse momento da pesquisa, foi questionada a existência de um plano ou programas de gerenciamento dos resíduos, e a forma de instrução que a empresa oportuniza a seus colaboradores o tema em questão.

Buscou-se através dessa categoria entender como é abordada pela gestão da empresa a questão do aproveitamento dos resíduos sólidos gerados, os procedimentos internos para a minimização dos resíduos e as dificuldades no controle e direcionamento do material produzido. Por fim, os responsáveis pelas empresas foram indagados sobre a presença de

fiscalização de órgãos ambientais nos últimos quatro anos na empresa. O Quadro abaixo lista as questões que nortearam essa categoria de pesquisa:

Quadro 13 – Categoria 01 - empresários

GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS

PERGUNTAS

1.1. Quais desses produtos são aproveitados na empresa?

1.2. A empresa tem algum tipo de controle de quantidade (quilo/litros) de resíduos produzidos por dia?

1.3. Quais são os setores internos da empresa que mais geram resíduos? 1.4. Existe algum tipo de gerenciamento de resíduos por setor?

1.5. A empresa possui algum programa de gerenciamento de resíduos? Qual? 1.6. Como é visto pela empresa a gestão de aproveitamento de resíduos? 1.7. Quais procedimentos tomados pela organização para redução de resíduos? 1.8. Existe alguma dificuldade para o tratamento de resíduos? Se sim quais? 1.9. A empresa já recebeu algum tipo de fiscalização de órgãos ambientas sobre a destinação correta dos resíduos nos últimos quatro anos?

Fonte: Elaborado pela autora.

A entrevista no SM1 foi com o proprietário. Abordado sobre a pergunta 1.1, o respondente explicou que os resíduos recicláveis produzidos no estabelecimento, uma parte (as caixas de papelão) é utilizada pela loja para colocar as compras dos clientes e o restante juntamente com os plásticos são vendidos para a reciclagem. Na oportunidade foi perguntado sobre a receita da venda dos recicláveis e o proprietário comentou que gira em média de mil reais ao mês. Os vidros das embalagens que são utilizadas no restaurante e padaria são doados para fins particulares.

Não existe na empresa controle gravimétrico da quantidade de resíduos produzidos por dia/mês. Sobre o setor que mais geram resíduos, o proprietário afirmou ser sem dúvida o hortifrúti que ele considera tudo como perda, além da padaria, que segundo ele, grande parte vai para o lixo e alguma coisa vai para doação.

A empresa não possui nem um tipo de programa ou plano de gerenciamento de resíduos sólidos, segundo o proprietário é um assunto muito importante, “mas que com a correria do dia a dia acaba sendo deixando de lado, pois o foco da empresa acaba centrado nas vendas.” Complementou: “estamos falhando com isso”. Também, comentou sobre a necessidade de existir pessoas qualificadas para fazer esse tipo de trabalho e acompanhamento, além do que a rotatividade de funcionários é grande na sua loja, fato que dificulta estabelecer certos procedimentos, afirmou o gestor.

A posição do empresário sobre a gestão de aproveitamento dos resíduos sólidos foi apontada como muito importante, porém, segundo ele, isso é uma questão cultural, o povo

brasileiro nunca vai fazer isso de maneira correta. Comentou que fez uma viagem no final do ano passado à Europa e ficou surpreendido de não ver lixo nas ruas. Dentro da sua empresa, ele conversa com seu gerente, o qual faz reuniões quinzenais com os funcionários, para pedir que separem corretamente o lixo que é gerado em cada setor. Essas reuniões representam a única medida tomada pela empresa a esse respeito. Vale salientar que, essas reuniões são de diversos assuntos na pauta, não existem reuniões específicas para tratar sobre os resíduos dos setores. Portanto, não existe uma estratégia concreta de treinamento/orientação dos funcionários sobre acondicionamento e destino dos resíduos. Entretanto, a partir da nossa conversa, o gestor falou: “vou tentar dar mais atenção a esse assunto”.

Questionado se existe alguma dificuldade de tratamento dos resíduos ele afirmou: “a falta de profissionais para fazer esse serviço, não posso tirar um funcionário da sua função pra trabalhar com o lixo, até porque precisa ter qualificação para exercer essa função”, e a empresa não dispõe em seu quadro funcional alguém habilitado. Ao final da entrevista, o proprietário da empresa chamou em sua sala o gerente administrativo e de vendas, explicou o trabalho que está sendo realizado pelo pesquisador, pediu ao gerente para auxiliar e passar os dados necessários para a pesquisa, bem como, acompanhar nas entrevistas com os funcionários e nas visitas in loco.

A entrevista no SM2 também foi realizada com o proprietário e foi acompanhada pelo gerente de compras. Ao final da entrevista, o proprietário chamou ao local o gerente de vendas, explicou a pesquisa, e pediu para ele mostrar todos os setores da loja e direcionar os funcionários que participarão das entrevistas por setores.

O papel e o papelão, produzidos no estabelecimento SM2, uma parte é utilizada pela loja para colocar as compras dos clientes e o restante juntamente com os plásticos são vendidos para a reciclagem. Na oportunidade foi perguntado sobre a receita da venda dos recicláveis e o proprietário comentou não ter esse controle, que é a cargo do setor financeiro. Os vidros das embalagens que são utilizadas no restaurante e padaria vão para o lixo comum. Os óleos de cozinha são separados e vendidos para uma empresa que fabrica sabão.

Não existe na empresa nem um controle gravimétrico da quantidade de resíduos produzidos por dia/mês. Sobre o setor que mais geram resíduos, o proprietário afirma ser o setor de hortifrúti, sendo direcionada uma parte vai para o lixo e outra parte para os produtores que levam para auxiliar a alimentação de criações de animais. Segundo o proprietário: “tivemos até que fazer escala para os agricultores, que vem buscar os restos do hortifrúti”, para evitar atritos entre os beneficiados. A empresa não possui nem um tipo de programa ou plano de gerenciamento de resíduos sólidos. No entanto, o proprietário explicou

que cada setor tem um responsável, o qual recebe as orientações para trabalhar de forma correta e este repassa isso aos demais funcionários do setor.

A posição do administrador sobre a gestão de aproveitamento dos resíduos sólidos foi apontada como muito importante, “quanto mais resíduos nós produzimos, mais prejuízo tem a empresa e claro que isso não é bom”. Acontecem reuniões toda segunda-feira pela manhã, antes de abrir a loja, para passar os assuntos da pauta e, entre esses assuntos, à questão do lixo está sempre presente. Além dos responsáveis pelo setor serem cobrados com frequência a esse respeito. Questionado se existe alguma dificuldade de tratamento dos resíduos, o proprietário diretamente respondeu sobre a falta de políticas públicas e parcerias com a empresa, “nunca de nenhum órgão público tivemos uma reunião para tratar sobre o nosso lixo e, também, nunca recebemos nenhuma fiscalização de órgãos ambientais”, finalizou o gestor.

No documento Beatriz Bonetti (páginas 64-67)