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as casas de hoje

4.6. O Apropriar Exterior

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207 Monteys e Fuertes, Casa Collage, 144. | 208 Monteys e Fuertes, Casa Collage, 140. | 209 Mircea Eliade, O Sagrado e o

Figuras 121 a 123 | El Balcón Comestible, Javier Mariscal (2000) |

Alvar Aalto e a filha na varanda de sua casa (1934) | Doors and Balconies, Ivo Mathieu Gaston (2007) 121

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Associando-se à cozinha, o espaço exterior tem tendência a adquirir um caráter de serviço, estendendo as funções dessa e, portanto, acabando por não concretizar na totalidade o seu potencial.

Nos projetos selecionados para este estudo, uma varanda colocada exlusivamente com relação à cozinha está presente apenas num dos casos. Mais comuns são, então, soluções em que o espaço exterior se alarga, abrangendo também a sala.

Pode ocorrer, ainda, haver dois espaços exteriores, um para a cozinha e outro para a sala, permitindo-lhes, dessa forma, multiplicar os seus usos. Com uma varanda à qual se acede tanto pela sala como pela cozinha, consegue-se um espaço exterior de maior flexibilidade. Estas últimas são, contudo, menos comuns, provavelmente devido aos custos mais elevados que acarretam.

Figuras 124 a 126 | F15 | F08, F15 | Espaço Exterior

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| a adaptação do espaç o da casa às f or mas de habitar c on tempor âneas 128

Figuras 127 a 131 | F02 (a,b), F04, F05, F06 | Espaço Exterior

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A solução mais comummente encontrada é, então, a associação do espaço exterior à sala.

O facto dessa divisão ser a zona social da casa permite que, de certa forma, a relação com o espaço público não seja tão contrastante. Ao mesmo tempo, esta é a solução que melhor aproveitamento confere à varanda ou terraço, já que permite a sua utilização em múltiplas situações e por diversas pessoas, desde os habitantes até a possíveis convidados.

De maior ou menor dimensão, ocupando a totalidade da frente ou apenas uma das suas partes, estes espaços permitem ao habitante usufruir do exterior sem que pesem sobre si as imposições da sociedade. Além disso, permitem um maior controlo da entrada da luz natural na divisão. Desta forma, concretiza-se o apropriar exterior no máximo expoente das suas possibilidades, uma vez que valoriza todo o espaço da casa, sendo também beneficiado por ela.

Figuras 132 a 135 | F08, F10, F11, F12 | Espaço Exterior

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Figuras 136 a 138 | F02, F10, F12 | Espaço Exterior

Ao associar o espaço exterior a um quarto, esse vai, necessariamente, estender as suas características e, portanto, tornar-se um espaço mais reservado relativamente ao interior da casa. Por outras palavras, o seu uso torna-se ‘restrito’ ao habitante daquele quarto, não podendo ser usufruído na sua plenitude.

Assim, estas situações são raras: de entre todos os projetos deste estudo, apenas três contemplam uma varanda exclusivamente associada ao quarto. Além disso, é de notar que em dois desses, a casa tem apenas esse quarto, ou seja, a utilização prevista por apenas um habitante ou um casal permite que não haja restrições ao uso da varanda, podendo ser utilizada na sua plenitude. No outro caso, é possível observar que, ainda que com proporções muito distintas, ambos os quartos recebem um espaço exterior, permitindo maior equilíbrio na sua utilização.

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Associar à varanda ou terraço presente no quarto, um outro que se coloca na sala é a solução encontrada para garantir a completa valorização das casas através do espaço exterior privado, a solução encontrada passa por.

Desta forma, consegue-se que a casa adquira um maior equilíbrio, já que, apesar de ser favorecido um dos quartos (uma condição que, em si, não é negativa), todos os habitantes podem usufruir de um espaço exterior privado e comum.

Além disso, há projetos em que é o mesmo espaço exterior que se associa tanto à sala como a um dos quartos, numa ligação direta, ou seja, em que é possível aceder pelas duas partes, ou apenas visual. Neste tipo de situações é interessante observar o confronto que surge entre espaços de intimidade distinta relacionados através do exterior.

Figuras 139 a 142 | F05, F11 | F04, F15 | Espaço Exterior

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133 A aparição na vivenda de peças que servem para distintos usos pode ser um caminho mais

frutífero e um modo distinto de entender a flexibilidade; não se trata de que cada uma das peças possa albergar diversas atividades simultâneas, mas de que seja o conjunto o que permita um uso mais versátil da casa210.

Referir ‘uma divisão a mais’ significa explorar as possibilidades daquelas soluções em que a casa contempla um lugar que não se integra, à partida, num núcleo ou atividade definida, podendo adquirir vários usos. A existência de uma (...) divisão autónoma recorda o caso das vivendas com quartos de serviço, habituais nos imóveis de uma determinada época211, que hoje em dia poderiam utilizar-se como habitações independentes212.

De uma forma geral, além de atribuir à casa um caráter mais versátil, a forma de apropriação destes espaços é influenciada pela sua colocação - por exemplo, uma divisão independente associada à entrada pode adequar-se à integração do trabalho na casa, com a criação de um escritório ou, por outro lado, se a sua relação mais direta for com a sala, pode servir como extensão desta -; ou pela sua formulação - se é um espaço que surge pela subdivisão de outro, então adquire uma condição temporária, adaptando-se ao longo do tempo às várias necessidades.

Ao contemplar uma divisão ‘a mais’, a casa promove diferentes possibilidades de apropriação, adaptando-se mais facilmente a diversos conjuntos familiares ou ao desenvolvimento de uma mesma família.