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APROXIMAÇÕES E DISTANCIAMENTOS ENTRE DOCUMENTOS OFICIAIS E TRABALHOS ACADÊMICOS QUE ABORDAM A LITERATURA INFANTIL

NA ESCOLA

Este capítulo traz uma reflexão sobre a importância da literatura infantil na escola e uma comparação do que analisamos nas dissertações e tese com os documentos propostos pelo governo.

Analisando os documentos propostos pelo governo e as dissertações e tese podemos perceber o quão importante é a literatura infantil, e que ela pode estar diretamente ligada com

diversas áreas do ensino dentro das escolas. Os materiais trazidos para essa pesquisa consistem em oferecer subsídios ao trabalho pedagógico com a leitura da literatura nas escolas.

De acordo com os documentos propostos pelo governo, a literatura infantil aparece principalmente nos PCNs e na BNCC, os quais possuem um aporte para o trabalho em sala de aula. Mesmo agregando a literatura infantil no ensino de Língua Portuguesa, como conteúdo da disciplina, o intuito desses documentos é formar leitores. Porém, formar leitores é algo que requer condições favoráveis para a prática de leitura, que não são apenas recursos materiais.

Segundo os PCNs, é necessário dispor de uma boa biblioteca escolar, de um variado acervo de livros, de momentos de leitura livre, na qual o professor seja exemplo e leia também. Além disso, propostas de atividades de literatura infantil diárias, com a mesma importância de outras atividades, a possibilidade aos alunos escolher seus próprios livros, a partir de suas vivências, também, de uma política de formação de leitores dentro da escola que busque contribuir com sugestões e novos estudos.

As dissertações e tese nos mostram que apesar das políticas de fomento à formação de leitores, desenvolvidas atualmente, há necessidade de proposição de novas políticas e projetos que levem a pensar não somente na distribuição de livros para as escolas, mas, também, nas condições de estrutura física e de formação aos promotores de leitura no espaço escolar seja professores, bibliotecários, gestores, pedagogos e outros agentes e/ou profissionais que exerçam funções na escola. Um recurso bastante eficiente, por ampliar possibilidades de experiências leitoras, é a biblioteca escolar, um fator essencial para a catalisação e irradiação de saberes, o que interfere diretamente nas práticas pedagógicas que visam ao letramento literário dos alunos. Propostas que integrem os pais ao ambiente escolar e a biblioteca também é algo valioso, pois, como aborda Amarilha (2009), o aluno leitor é resultado de pais e professores leitores, e estes são frutos de usuários de bibliotecas.

A BNCC traz diversas habilidades e competências que devem ser desenvolvidas com as crianças na área da literatura infantil, na qual valoriza situações lúdicas e articula a elas experiências, considerando importante partir dos interesses manifestados pelas crianças e suas vivências. Ela também reconhece que os textos literários fazem parte do mundo imaginário e que são necessárias intervenções que busquem a apreciação e prazer da literatura infantil para a formação de futuros leitores.

De acordo com a base, a literatura infantil na Educação Infantil, deve propor intervenções com os objetivos focados no interesse das crianças e nas explorações como,

leitura de diferentes gêneros textuais, contações de histórias, manipulação de materiais, criação de histórias e sons, entre outras. No Ensino Fundamental, a literatura infantil vem complementando a Educação Infantil, com propostas que estimulem a participação das crianças nos momentos de leitura e fruição. O intuito da interação com as manifestações artísticas na BNCC não é para ser um conhecimento obrigatório ensinado aos alunos, mas sim, pela apresentação de possibilidades práticas de fruição. Nessa lógica, a literatura infantil tratada como arte literária é vista apenas como fonte de prazer.

Alguns docentes até expõem nas pesquisas que utilizam a literatura infantil com a finalidade deleite, porém, não é suficiente o professor dispor de novas metodologias que orientem sua prática pedagógica se suas concepções não lhe proporcionam as bases para pensar a leitura como compreensão e a literatura infantil como arte e não como pretexto e outros objetivos. É preciso pensar o aluno como um sujeito ativo diante de seu processo de aprendizagem e de compreensão, as estratégias de leitura como operações intelectuais e seu próprio papel de mediador, já que os saberes se constituem nas relações intersubjetivas e sua apropriação implica na interação com o parceiro mais experiente portador desses saberes. Para que o processo de ensino das estratégias de leitura seja significativo para a criança, é preciso uma concepção que vá ao encontro deste objetivo, que só é possível mediante uma sólida formação do professor, que permita as leituras necessárias tanto da prática, quanto da teoria.

Os PCNs destacam que utilizar a literatura infantil para o ensino de boas maneiras, de tópicos gramaticais, de deveres, entre outros ensinamentos que ocorrem nas escolas, pouco e nada contribuem para a formação de leitores.

Os documentos oficiais ainda abordam sobre a diversidade de gêneros literários, autores, épocas e estilos diferentes, assim como podemos ver nas dissertações e tese analisadas, que os autores buscam trabalhar sob a variedade de livros tanto nas bibliotecas quanto no dia a dia do educador e do educando, também trazem as adaptações de contos de fadas e os livros com aspectos sobre o negro e o meio ambiente. Segundo a BNCC a importância desses livros é para que a criança busque por seus interesses, suas vivências, e compreenda o texto em seu sentido, a partir da fruição e da imaginação.

Sabendo disso, o livro infantil somente pode contribuir com a educação e com o desenvolvimento do pensamento na medida de sua realização literária, que pressupõe a compreensão dos fenômenos e acontecimentos, que reconhece a realidade naquilo que ela é, mas orienta-se principalmente para o que deveria ser, e apresenta o princípio do movimento em vários sentidos: nas transformações no interior das histórias infantis, nas mudanças de

enfoque em relação aos fenômenos e acontecimentos abordados e na mobilização necessária do pensamento, para que o leitor ou ouvinte possa criar sentidos a partir de suas próprias experiências. Além disso, o olhar, das dissertações e tese, voltados para a problemática da precarização do trabalho com a leitura literária na escola pública e o uso do acervo de literatura infantil do PNBE, permitiu verificar que há diferenças significativas no uso da literatura infantil entre as escolas.

A partir do momento em que a escola pensar em resgatar leitores lutando para que a leitura literária ultrapasse o tempo de uma simples atividade escolar semanal aí, sim, a literatura infantil passará de fato, a fazer parte da vida das crianças. Segundo os PCNs, (BRASIL, 1997, p. 43)

Para tornar os alunos bons leitores — para desenvolver, muito mais do que a capacidade de ler, o gosto e o compromisso com a leitura —, a escola terá de mobilizá-los internamente, pois aprender a ler (e também ler para aprender) requer esforço. Precisará fazê-los achar que a leitura é algo interessante e desafiador, algo que, conquistado plenamente, dará autonomia e independência. Precisará torná-los confiantes, condição para poderem se desafiar a “aprender fazendo”. Uma prática de leitura que não desperte e cultive o desejo de ler não é uma prática pedagógica eficiente.

As crianças, em geral, se interessam por novidades, gostam de viver aventuras, brincar, criar, imaginar, inventar, e tudo isso a literatura infantil pode trazer, desde que seja bem planejada e com foco no prazer.

Para finalizar essa pesquisa, o último capítulo apresenta as considerações finais, na qual reconhece a literatura infantil como arte e como algo prazeroso, mas que precisa ser instigado nas crianças para que no futuro tornem-se cidadãos críticos capazes de intervir na sociedade.

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