No NT há quatro referências à arca de Noé e duas à arca da aliança, sendo esta última objeto deste estudo.
10.1 Jesus, a “nova arca” (Hb 9.4)
“ao qual pertencia um altar de ouro para o incenso e a arca da aliança totalmente coberta de ouro, na qual estava uma urna de ouro contendo o maná, o bordão de Arão, que floresceu, e as tábuas da aliança;” (Hb 9.4)
O escritor da epístola aos hebreus discorre no capítulo 9 sobre a superioridade do sacerdócio de Cristo. Inicialmente ele apresenta o sacerdócio levítico destacando o tripé da Antiga Aliança: o Santuário ou Tabernáculo (Hb 9.1), o Sacerdócio (Hb 9.6) e o Sacrifício (Hb 9.9).
Nesse contexto a arca é mencionada como elemento relevante do santuário, bem como o que ela continha originalmente (Hb 9.4). Na sequência o sacerdócio superior e eterno de Cristo é descrito, encerrando em si mesmo o tripé da Nova Aliança: Ele é o maior e mais perfeito tabernáculo; o sumo sacerdote dos bens já realizados; que verteu o seu sangue uma vez por todas (sacrifício) tendo obtido eterna redenção (Hb 9.11-12).
10.2 A arca no céu (Ap 11.19)
“Abriu-se, então, o santuário de Deus, que se acha no céu, e foi vista a arca da Aliança no seu santuário, e sobrevieram relâmpagos, vozes, trovões, terremoto e grande saraivada.” (Ap 11.19)
Hebreus 8.5 e 9.23, 24 dão a entender que o “Tabernáculo Terrestre” é figura daquele que se acha no céu. Deus tem uma morada eterna. Os profetas Isaías, Ezequiel, Daniel e o apóstolo João tiveram, de alguma forma, a visão deste tabernáculo celestial (Is 6.1-7; Ez 1.1-28; Dn 7.9-10; Ap 4). E o escritor da epístola ao hebreu acrescenta: “Era necessário, portanto, que as figuras das coisas que se acham nos céus se purificassem com tais sacrifícios, mas as próprias cousas celestiais com sacrifícios a eles superiores” (Hb 9.23)
CONCLUSÃO
Esta Arca da Aliança está cercada de mistérios. Um deles é o seu paradeiro. A última menção a ela, conforme visto anteriormente, se deu no reinado de Josias, na celebração da Páscoa, em cerca de 623 a.C.. Entretanto, o Reino do Sul (Judá), onde estava o templo e nele a arca, foi invadido pela Babilônia em 539 ou 536 a.C., e o povo levado para o cativeiro. Nesta ocasião, há cerca de 2600 anos, os objetos de valor dos hebreus também foram levados. Entre as coisas que os babilônios levaram para a terra deles é provável que estava a arca, mas
não há qualquer indicação ou registro específico que comprove isso, nem no que teria acontecido na Babilônia se ela foi mesmo levada.
A idolatria foi um dos grandes motivos da ira de Deus contra o seu povo de Israel e uma das causas do seu cativeiro. Uma das consequências desse cativeiro foi o fato de ter dado um basta nessa idolatria. Não é difícil imaginar a tentação do povo de idolatrar a arca como se fosse um ídolo, já que os povos ao redor tinham os seus. No tempo do sacerdote Eli isso praticamente aconteceu, quando a arca foi levada para a frente de batalha contra os filisteus. Além de perder a batalha, Israel perdeu temporariamente a posse da arca. Eles depositaram sua fé no objeto arca, mas não levaram em consideração que haviam interrompido a comunhão com Deus devido ao pecado.
Portanto, mais importante do que o objeto material é a valorização da presença do Deus único, onipotente, onipresente e onisciente. É ser fiel a Deus, obedecê-lo e andar nos seus caminhos.
A Arca da Aliança foi projeto de Deus e cumpriu o seu papel num tempo em que Deus precisou ministrar didaticamente aos corações revelando e ensinando as coisas espirituais e intangíveis, através das coisas materiais e tangíveis. Portanto, estas eram “sombra das coisas que haviam de vir” (Cl 2.17; comp. Hb 8.5; 10.1).
A arca era o grande símbolo do antigo pacto; Jesus Cristo é o Mediador e Fiador do novo pacto, da Nova Aliança. O que mais importa para a igreja é que: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.” (Jo 1.14). A partir da encarnação do Filho de Deus, da sua morte e ressurreição, da eterna redenção que Jesus nos proporcionou, Deus habita nos salvos, por meio do seu Santo Espírito: “Respondeu Jesus: Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada.” (Jo 14.23)
O corpo humano também é comparado a um tabernáculo (2Co 5.1;
2Pe 1.13). Na presente época, chamada de dispensação (período) da graça, Deus habita no crente, salvo e redimido pelo sangue de Jesus.
Por extensão, Deus habita na igreja - conjunto de crentes - através do Espírito Santo (Jo 14.17, 23; 2Co 6.16; 1Pe 2.4-8; Ef 2.19-22). O Santuário de Deus hoje não é uma tenda, nem um edifício bem construído ou uma catedral, mas o corpo, alma e espírito do crente (Gl 2.20) ou o conjunto deles - a igreja (Mt 18.20).
“Acaso, não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo.”
(1Co 6.19-20)
Aleluia! Soli Deo Gloria!
BIBLIOGRAFIA
1. A Bíblia Anotada (MC – Editora Mundo Cristão).
2. Bíblia Online – SBB.
3. A BÍBLIA em ordem cronológica – Reese, Edward / Klassen, Frank – Ed. Vida
4. A BÍBLIA SAGRADA – Scofield, Dr. C. I.
5. Champlin, Russell Norman, Ph.D. – O Novo Testamento Interpretado, versículo por versículo – Milenium.
6. Champlin, Russell Norman, Ph.D. – O Antigo Testamento Interpretado, versículo por versículo – Hagnos.
7. Pfeiffer, Charles F. / Harrison, Everett F. – Comentário Bíblico Moody | Volume 2 – IBR
8. McNair, S. E. – A Bíblia explicada – CPAD
9. Michaelis On-line (Dicionário de língua portuguesa).
10. Wikipédia (Internet).
11. Internet (figuras diversas).
Quem nunca ouviu falar da Arca da Aliança de Israel? Em 1981, a indústria cinematográfica, com Harrison Ford (Indiana Jones) e o filme “Os Caçadores da Arca Perdida” se encarregaram de promover
sua ampla divulgação. Como ela surgiu? Qual a sua saga (trajetória histórica)? O que os acontecimentos que a envolvem têm
a nos dizer? É o que veremos neste estudo.