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3.4 Arcabouço conceitual

Segundo Eisenhardt (1989) o arcabouço conceitual serve para elaborar e para auxiliar na especificação dos constructos e, ainda, tecer as relações entre eles.

Ainda Eisenhardt (1989) define que esses contructos não necessariamente farão parte do resultado da pesquisa, mas fundamentalmente servirão para manter o foco na questão de pesquisa.

Os constructos a serem utilizados neste trabalho estarão focados nos seguintes aspectos, considerando-se pequenas e médias empresas familiares:

¾ A estrutura organizacional, no seu início de operação e as possíveis alterações ocorridas causadas pela sucessão ou por seu crescimento, observando-se as conceituações sobre estrutura organizacional nas empresas familiares de Gonçalves (2000) e Oliveira (2006);

¾ Nas alterações que possam ter ocorrido nos objetivos estratégicos iniciais da empresa e as possíveis conseqüências na competitividade dessas

empresas pós-alterações; será considerada a conceituação de Chandler (1962), e, ainda, se estas alterações ocorreram na visão de custos e diferenciação propostas por Porter (2004);

¾ A influência que pode ser gerada pela participação dos membros da família na gestão da empresa e diretamente no processo sucessório; e, os possíveis critérios na escolha dos sucessores; além da observação se existe a intenção de manter-se na família o comando da empresa ou profissionalizar a gestão.

¾ O ciclo de vida da empresa como um fator a ser estudado para entender a diferença que poderá existir no tratamento do processo sucessório nessas diferentes fases, de acordo com as conceituações sobre ciclo de vida elaboradas por Greiner (1972) apud Masurel e Montfort (2006), Lodi (1989) e Gersick et al (1997);

¾ As alterações ocorridas nos recursos estratégicos que possam ter ocorrido como conseqüência das mudanças na gestão da empresa em função da sucessão familiar, observando-se a conceituação proposta por Barney e Hesterly (2007).

A fim de melhor delinear essas inter-relações, este trabalho proporá um modelo de pesquisa, o qual traz uma representação gráfica da gestão do processo sucessório e suas inter-relações com diversos aspectos empresarias, apresentando- se esse processo como um movimento contínuo e em ambos os sentidos, este posicionamento sinaliza poder haver interferências tanto do processo sucessório nos aspectos a serem observados, quanto no sentido inverso.

Na composição desses fatores os indicadores a serem analisados estarão focados na questão processo sucessório, a observação se existem influências geradas pela participação de membros da família e, ainda, a intenção de profissionalizar, ou não, a gestão da empresa. Observar-se-á também se existe algum planejamento para a condução desse processo; já no tópico referente à

estratégia observar-se-á se ocorreram alterações na estrutura organizacional e nos objetivos e recursos da empresa por força da ocorrência do processo sucessório.

A partir das considerações acima, elaborou-se um modelo de pesquisa, conforme figura 7 a seguir:

Figura 7 – Modelo de pesquisa

Fonte: Sharma, Chrisman e Chua (1997)

Elaborado pelo autor

Para um melhor entendimento, define-se nessa dissertação, a partir do modelo proposto, a unidade de análise como sendo o processo sucessório na empresa.

A correta gestão deste processo é um ponto relevante, pois a manutençao da gestão da empresa na família ou profissionalizar será uma decisão que poderá ter implicância na sustentabilidade do negócio, necessitando existir um planejamento

Processo Sucessório ¾ Gestão: - Família - Profissional ¾ Elementos desencadeadores ¾ Existência de planejamento para a sucessão ¾ Critérios para escolha do sucessor Mudanças ¾ Estrutura organizacional: - Desenho - Controle ¾ Recursos estratégicos: - Pessoas - Equipamentos - Processos ¾ Objetivos estratégicos: - Custo - Diferenciação ¾ Participação de membros da família ¾ Estágio do ciclo de vida

adequado para esse momento, essa afirmativa é encontrada em Hitt, Ireland e Hoskisson (2002), no qual os autores indicam que ter um planejamento para a gestão do processo sucessório pode ser considerado um fato crucial e, que o papel do fundador destaca-se na condução deste processo, pois a escolha do sucessor pode sofrer a influência dos interesses da família. Oliveira (2006) aponta que essa postura na condução será fundamental para a sustentabilidade da empresa.

Os fatores que desencadeiem o processo sucessório podem ser considerados relevantes pela possibilidade de ocorrerem sem que se tenha construído um planejamento adequado para passar pelo processo, fato este apontado por Davis e Harveston (1999).

As mudanças que podem advir com o processo sucessório podem ter implicações na estrutura organizacional, pois alterações na organização poderão também ocorrer com a mudança da gestão da empresa, alterando a estrutura inicial que na maioria das pequenas e médias empresas, no seu início de operações, apresenta-se de maneira mais simplificada, este posicionamento é conceituado por Mintzberg (2003).

Nos recursos estratégicos da empresa mudanças também podem ocorrer por força do crescimento da empresa e este crescimento poderá ocorrer concomitantemente ao processo sucessório, e alterações nestes recursos podem impactar os objetivos estratégicos da empresa e poderão criar ou manter vantagens competitivas, conforme apontado por Barney e Hesterly (2007).

Os objetivos estratégicos definidos pelo fundador no início da empresa podem, também, sofrer alterações no decorrer do ciclo de vida da empresa, pois podem evoluir de uma gestão totalmente informal, quando da criação e nos primeiros anos da empresa, para a necessidade de uma gestão mais profissionalizada como o crescimento da empresa, este ponto é citado por Sharma, Chrisman e Chua (1997).

No modelo proposto para a pesquisa buscar-se-á, também, observar qual o estágio do ciclo de vida se encontra a empresa nos momentos de sucessão; por parecer ser relevante entender se o estágio de vida da empresa também influi neste processo; e, ainda, se a participação de membros da família pode ser também fator a influenciar o processo sucessório. No que se refere ao ciclo de vida da empresa, Lodi (1987) mostra em um modelo que diversos momentos de crises podem iniciar- se nos diferentes momentos do ciclo de vida, e o processo sucessório aparece como uma dessas possíveis crises quando se observa a necessidade de afastamento do fundador, também Gersick et al (1997) caracterizam a evolução da empresa ao longo do tempo com características específicas em cada fase e, ainda Churchill e Lewis (1983) tratam o processo sucessório como importante fase no ciclo da empresa e adaptam esses conceitos também para as empresas familiares. Já em relação ao grau de envolvimento da família Sharma, Chrisman e Chua (2005) o relacionam na abordagem do RBV – Resource Based View, ou Visão Baseada em Recursos (VBR), como um importante fator a influenciar o desempenho da empresa familiar.