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6 ESTUDO DE CASO

6.3 Armaduras posicionamento

Após a montagem das fôrmas, a armadura é posicionada devidamente com os espaçadores (peças de plástico, argamassa ou metálicas usadas para garantir o cobrimento mínimo no concreto). A Associação Brasileira de Normas Técnicas (2003) – NBR 14931:2003 prevê no item 8.1.5.5 que o cobrimento especificado para a armadura no projeto deve ser mantido por dispositivos adequados ou espaçadores e sempre referente à armadura mais exposta, que foi presenciado nessa obra.

Não houve maiores problemas no posicionamento em pilares e em vigas, mas no posicionamento dos espaçadores na armadura da laje, pelo tráfego de pessoas e de materiais, se viu muitos dispositivos fora da posição, comprometendo o cobrimento necessário exigido em projeto. Isso acaba provocando o posicionamento inadequado relacionado à fôrma, que gera um cobrimento ineficiente na armadura posterior à concretagem. O que além de não estar previsto em projeto, pode significar exposição da armadura a agentes externos, caso haja um lascamento do concreto, por exemplo.

Há regiões que possuem armadura em grande concentração, que dificulta a colocação dessas peças e também a concretagem. O maior problema dessas situações é o lançamento do concreto e principalmente o adensamento, que pode ser comprometido caso não haja um cuidado especial.

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Isso pode ocorrer devido à concentração de aço; o vibrador pode não alcançar todos os cantos e arestas que deveria para evitar a formação de bolhas de ar, o que ocasionaria bicheiras, podendo deixar a armadura exposta à ação externa pela falta de cobrimento, o que implicaria na necessidade de reparação da peça, por exemplo.

Um problema que se nota é a condição de algumas fôrmas e armaduras (figura 43).

Figura 43 - Concentração de barras de aço e fôrmas desgastadas por manuseio

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (2003) – NBR 14931:2003 por meio do item 8.1.4 prega que a superfície da armadura deve estar livre de ferrugem e de substâncias deletérias que possam afetar de maneira adversa o aço, o concreto ou a aderência entre esses materiais. Armaduras que apresentem produtos destacáveis em função do processo de corrosão podem ser empregadas sem maiores problemas dependendo do ambiente de agressividade e se não há redução de seção. O destaque nessa situação é a não limpeza da barra e nem a conferência do material para saber se há ou não problemas no emprego nessa situação.

O posicionamento das peças foi dividido em três etapas na obra: armaduras positivas, negativas e escadas.

A armadura positiva é disposta de barras que são posicionadas conforme especificado no projeto e que na sua maior parte foi mantida durante a etapa de

concretagem, não tendo grandes problemas de deslocamento pela passagem de operários e o transporte de equipamentos e materiais. Quando há a necessidade de emenda, é feita por transpasse. Já a armadura negativa é disposta em telas quadriculares que são posicionadas por cima das peças cerâmicas que servem de nervuras para as lajes. Também se faz uso de caranguejos (espaçadores feitos de pedaços de barras de aço, próprios para a colocação dos ferros negativos das lajes) para alcançar a altura determinada em projeto para as barras próximas aos pilares (figura 44). Nessas regiões a concentração de armadura é densa, o que obriga uma atenção especial na hora do lançamento e do adensamento do concreto para evitar problemas no cobrimento (ser inferior ao especificado em projeto) e a formação de bicheiras.

Figura 44 - Uso de caranguejos para posicionar armadura

A escada é iniciada com a marcação feita com giz, a fim de garantir o espaçamento entre as barras (figura 45). Feito isso, as barras perpendiculares são posicionadas (formando uma malha) e presas com ferros menores (arames), o que é permitido por norma, conforme o item 8.1.5.5 (é permitido também o uso de pontos de solda). As barras utilizadas são maiores que o necessário, fazendo assim que o excedente seja dobrado e usado como ancoragem na região do patamar. A próxima etapa é posicionar espaçadores para que o cobrimento mínimo para as barras na fôrma seja atingido, terminando assim a sequência da montagem (figura 46).

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Figura 45 - Medição para o posicionamento adequado das barras da escada

Figura 46 - Patamar da escada pronto para concretagem

Uma das maiores preocupações da NBR 14931:2003 é relacionado ao posicionamento e ao cobrimento das barras. Na obra também havia a preocupação relacionada a isso na hora da montagem. Após a montagem, quando chegava outro grupo de trabalho, muitas vezes o espaçamento era comprometido por descuidos na passagem e também no transporte de materiais, que pode gerar o cobrimento não adequado expondo o aço à ação externa, por exemplo.

Em algumas partes é possível ver os ganchos e os dobramentos montados. O item 8.1.5.3 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (2003) – NBR 14931:2003 prevê que o dobramento das barras, inclusive os ganchos, deve ser feito respeitando alguns critérios citados na própria norma. Pela grande variação de comprimentos dos ganchos e das dobras, é possível chegar à conclusão que não eram feitos conforme o projeto. O grande problema é saber sobre essa variação. Se for maior que o necessário, gera uso maior de aço e de peso na estrutura. Se for menor que o

previsto, influencia na transmissão dos esforços para alguma outra região que não foi calculada e pode estar suportando carga a mais do que realmente agüenta.

Devido ao manuseio inadequado das fôrmas, foi dito que há problemas na qualidade da peça. A armadura sofreu esse mesmo problema. Vários fatores influenciam: o manuseio inadequado (entenda-se posicionamento dentro das fôrmas), as armaduras completamente comprometidas (condições de uso, durabilidade, integridade da peça) e o espaçamento inadequado (em relação à parede da fôrma, afetando o cobrimento). Isso em conjunto acabou gerando problemas durante a montagem, o posicionamento (de fôrmas à armaduras) e a pós concretagem conforme a figura 47 mostra.

Figura 47 - Armaduras e fôrmas completamente comprometidas

Concluída as etapas de concretagem e de adensamento é possível ver que a armadura ficou exposta, constatando o problema que foi arrastado desde o início da montagem das fôrmas e do posicionamento da armadura (figura 48).

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Essa peça além de não estar de acordo com o que foi projetado e nem previsto nessa situação, sofreu a ação do meio ambiente que pode ter gerado problemas de oxidação, por exemplo.

Figura 48 - Armadura exposta após a concretagem