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CAPÍTULO 3 A IGREJA DE NOSSA SENHORA DA PENNA

3.3 ARQUITETURA

3.3.1 Disposição das partes arquitetônicas e decoração

A Igreja de Nossa Senhora da Penna132 possui apenas uma torre sineira. Nas paredes laterais externas existem janelas indicando ter, além do local do coro, um andar superior circundando toda a nave. Neste andar está localizado o consistório onde se reúne a Irmandade de nossa senhora da Penna.

Igreja Nossa Senhora da Penna, frente e lado.

Plantas internas da Igreja

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Só se tem conhecimento de duas Igrejas de Nossa Senhora da Penna no Brasil: a de Jacarepaguá e a de Porto Seguro, na Bahia, mandada construir por D. João IV onde se estabeleceu a primeira matriz da vila. Em 1700, por ordem de D. João V, foi reedificada. Foi reformada e finalizada em 1773, quando a coroa portuguesa incorporou a capitania de Porto Seguro. Todos os anos a cidade histórica de Porto Seguro é palco das comemorações em homenagem a Nossa Senhora da Penna, padroeira da cidade e santa protetora das Artes, Ciências e das Letras. A novena começa no último dia 30 e prossegue até o dia 08 de setembro, principal dia da festa, quando acontece a maior concentração de fiéis - de Porto Seguro e outras regiões - com missa campal e procissão pelas principais ruas da cidade.

Igreja Nossa Senhora da Penna, pinha de cerâmica

Ao lado das ermidas existiam as casas dos romeiros, local de repouso e hospitalidade para aqueles que vinham de longe. As primeiras casas da Penna foram feitas de pau a pique. Por volta de 1770, foram reformadas por José Rodrigues Aragão, que também as equipou. Destruídas pelo tempo, foram reformadas em 1936. Por volta dos anos 1970, foi transformada em salão para festas e recepções dos sacramentos realizados na igreja.

Antigo local da casa dos romeiros, hoje salão de festas

Na parte de fora, do lado esquerdo da torre, está um antigo relógio de sol - em mármore - com gnômon de bronze, que é uma atração turística

Relógio de sol

O traçado original do adro, antes pavimentado com tijolos de barro cozido foi cimentado. Este é o local onde ocorrem as grandes celebrações, as procissões, as missas dos primeiros domingos do mês e as festividades do dia 8 de setembro, já que a Igreja só comporta em seu interior oitenta pessoas.

A Igreja possui internamente dois corredores laterais que se comunicam com a sacristia, localizada atrás do altar único e onde estão colocados em suas paredes os pedidos e as promessas.

Corredores laterais

O altar é do estilo rococó onde está sitiada uma imagem de Nossa Senhora da Penna, de origem portuguesa.

Altar Altar Visto do coro

Além de seu caráter histórico, arquitetônico e artístico, inclui ainda pinturas no teto e um conjunto de azulejos.

O teto é decorado com pinturas em que são representadas cenas da vida de Cristo.

Abóbada da nave central Igreja

No interior da nave existem seis painéis em azulejos, relatando passagens da vida de Nossa Senhora. Datam provavelmente do período da grande reforma, por volta de 1770.133

Em reformas anteriores, o painel foi cortado, com a finalidade de abrir dois vãos para que a nave pudesse ter comunicação com os corredores que levam à sacristia,

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devido à necessidade de ampliar o espaço para os fiéis assistirem melhor à missa. Foram colocados, aleatoriamente, em outros locais, atrapalhando o desenho original.

Painéis de azulejos Painel de azulejo interrompido e púlpito

3.3.2 Tombamento e restauração

A Penna foi tombada pelo IPHAN/Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional em 6 de agosto de 1938, (Processo n. 38-T, Inscrição n. 97 – Livro histórico fls. 18, e inscrição n. 204, Livro das Belas- Artes, fls. 35) 134, “o que compreende o conjunto arquitetônico e paisagístico do morro, conhecido como Pedra do Galo, onde está situado no bairro de Jacarepaguá.” É considerada uma das igrejas mais antigas do Rio de Janeiro. O tombamento da igreja foi executado com a intervenção de restauro ocorrida em 1870, com sua forma original interna modificada.

Atualmente, houve uma grande restauração no altar mor, autorizada pelo IPHAN. Segundo informações do atual restaurador responsável pela igreja, Ulisses Mello135, a única reforma do altar de que se tem registro ocorreu em 1870, e supõe-se que nesta ocasião tenham sido descaracterizadas as pinturas originais do altar mor onde fica a imagem de Nossa Senhora da Penna. Por cima da pintura original, foi colocado um azul mais profundo e sobre este fundo há figuras de anjinhos. Nas fotos abaixo podemos constatar a diferença.

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TELLES, Augusto C. da Silva. Guia dos bens tombados - Cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Expressão e Cultura, 2001. p. 179.

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MELLO, Ulisses. Entrevista concedida a Graça Coutinho. Rio de Janeiro: Sacristia da Igreja de Nossa Senhora da Penna, 10 de novembro de 2008.

Imagem da Virgem Imagem da Virgem Intervenção em 1870 Após restauração 2008

O para-vento também é obra posterior e se destaque do estilo original.

Para-vento com vitraux do séc. XX e coro, ao alto

Painel de azulejos aguardando o restauro.

Painel de azulejo danificado

No pátio externo também ocorreram reformas e modificaram certos locais originais, visando melhorar o conforto e o acesso dos fiéis ao templo. Muitas destas alterações foram, contudo, alvo de crítica do IPHAN. Corre um processo136 contra a irmandade até hoje, principalmente ao que se refere a antenas de rádio e celular colocadas no morro na parte correspondente aos fundos da igreja.

Antenas de rádio e celular

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FONSECA, Cátia. Entrevista concedida a Graça Coutinho. Rio de Janeiro: Irmandade de Nossa Senhora da Penna, 1 de junho de 2008. Cátia Fonseca, é escrituraria e atua na secretaria da irmandade de Nossa Senhora da Penna há apenas três anos. Ela foi a pessoa indicada pelos membros da irmandade para conceder a entrevista para esta pesquisa.

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