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A arquitetura da paisagem na atualidade

O paisagismo hoje, longe de ser utilitário está presente para afirmar o seu lugar junto á essência do desenho e de seu pensamento. Segundo Franco (1997), no período modernista, os arquitetos nunca se sentiram seguros diante da paisagem. O seu interesse maior estava ligado ao progresso, à geometria, à técnica, a ordem e a imagem da máquina. Esta influência modernista esteve fortemente presente na forma de projetar a paisagem em todo o mundo, inclusive no Brasil. Com esses marcos de referência, era muito difícil incorporar a natureza orgânica da paisagem. Nos últimos vinte anos o moderno perdeu a coroa estética reinante entre arquitetos e designers. Desta forma, o cenário mudou completamente e um novo enfoque do desenho diluiu as barreiras que os profissionais tinham de desenhar a natureza. O paisagismo foi, durante muitos anos, considerado como um complemento da atividade da arquitetura. Longe desta condição, desde as últimas décadas, o paisagismo tem conseguido ganhar espaço como ciência e arte. Muito apreciado pela sua capacidade de transformar paisagens, certamente seu potencial para contribuir na melhoria da saúde dos ambientes tem sido cada vez mais solicitado pela população em geral, e explorado pelos empreendedores imobiliários.

Evoluindo sempre, novos conceitos foram sendo incorporados na intenção paisagística de vários profissionais.

Paisagismo ou arquitetura da paisagem? Segundo Macedo (1999), o termo

paisagismo é usado de uma forma genérica no Brasil, que podem variar do simples procedimento de plantio de um jardim até o processo de concepção de projetos

arquitetura paisagística “sempre está aplicado a um único objeto, o espaço livre... (....)...e corresponde a uma ação de projeto específica, que passa por um processo de criação a partir de um programa dado... (...)... Essa ação de projeto envolve uma pré-concepção tridimensional, desenvolvida de modo a qualificar ambiental, estética e funcionalmente um espaço livre determinado”.

Por influência de países como Estados Unidos e França, onde a profissão do arquiteto paisagista está regulamentada, surgiu também no Brasil, o profissional “arquiteto paisagista”. Autodidatas, ou com formação complementar, no Brasil, alguns profissionais arquitetos com experiência em projetos interdisciplinares, passaram a utilizar este título.

Existe hoje no Brasil um expressivo número de profissionais atuantes, defensores da qualificação em curso de graduação, do arquiteto paisagista. Esta qualificação, segundo este grupo, se torna indispensável para que os profissionais paisagistas possam incorporar os conhecimentos das áreas da agronomia, biologia, e florestal, na sua formação. Estes conhecimentos aliados às questões técnicas e estéticas do arquiteto urbanista de hoje, iriam então, habilitar o profissional a exercer sua função de uma forma mais integrada.

Segundo Chacel (2001 B), a demanda da sociedade está mudando, do trabalho dirigido quase que exclusivamente as classes dominantes, o arquiteto paisagista passou na segunda metade do séc. XIX a estender de maneira mais ampla e democratizada sua atenção para projetos de áreas maiores do meio urbano.

Ampliando sua atuação para os espaços de uso público, o arquiteto paisagista tem sido responsável pela introdução de elementos abióticos dentro do agenciamento espacial.

De acordo com Hackett (1971), o papel do arquiteto paisagista é o de situar e unir vários tipos de uso do solo com a intenção de conseguir um novo estágio de organização da paisagem, através de um processo baseado no conhecimento técnico da fisiologia da paisagem e, no entendimento estético de sua fisionomia. Pellegrino (1989), pesquisando sobre o entendimento dessa “conflituosa relação da sociedade com a natureza”, escreveu que um planejamento ecológico integral

Segundo Marx (1987), o paisagista, no Brasil, goza de liberdade de construir jardins baseados numa realidade florística de riqueza transbordante. Respeitando as

exigências da compatibilidade ecológica e estética, ele pode criar associações artificiais de uma expressividade enorme. Marx coloca ainda que, “Fazer paisagem artificial não é negar nem imitar servilmente a natureza, é saber transpor e saber associar, com base num critério seletivo, pessoal, os resultados de uma observação morosa intensa e prolongada”.

Podemos definir a arquitetura da paisagem como: a ciência que, com arte, objetiva a composição ideal do ambiente humano: planeja, desenha e intervem na natureza e nos ambientes antropisados, com o objetivo de satisfazer as necessidades

biológicas e sociais do homem. Especialmente nos ambientes externos. A vegetação aparece no exercício do paisagismo, como um dos elementos de composição da paisagem, natural ou antropisada. Foco principal deste trabalho, a vegetação funciona como um instrumento vivo, elemento de interligação do homem com a natureza.

2.3.3. Parque urbano: um aliado dos diversos setores

Segundo Macedo, (2002), o papel real do parque é ser “um espaço livre público estruturado por vegetação e dedicado ao lazer da massa urbana...(...) ... é um elemento típico da grande cidade moderna, estando em constante processo de recodificação”.

Os primeiros grandes parques públicos brasileiros eram destinados basicamente ao lazer contemplativo. Novas funções foram introduzidas, no decorrer do séc. XX, requalificando os parques, tais como: as esportivas, as de conservação de recursos naturais, de lazer sinestésico e etc.

Os parques evoluíram no Brasil, de forma muito peculiar, acompanhando a trajetória de cada cidade. As cidades mais antigas como a cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, amargam uma degradação ambiental de grandes proporções, seus parques e áreas verdes foram sendo substituídos por todo tipo de ocupação, legais

A cidade do Rio de Janeiro, iniciou sua atividade econômica fortemente ancorada nas atividades turísticas. Conseguiu projeção no turismo internacional, graças a sua exuberante e diversificada beleza natural. A cidade vive, a pelo menos três décadas, um processo de degradação ambiental e social, capazes de afugentar os turistas de todo o mundo, temerosos com os freqüentes atentados à vida, ocorridos

diariamente.

Nesta mesma época, Curitiba, uma cidade de poucos atrativos naturais, ganhou projeção no âmbito internacional pela sua paisagem construída e pela qualidade de vida que oferece aos seus habitantes, fruto da excelente política ambiental, e

planejamento urbano inovador. A cidade de Curitiba, teve uma trajetória

completamente diferente do Rio de Janeiro, aprendendo com erros das cidades mais antigas e apontando novas propostas, Curitiba é detentora do título de capital

ecológica do Brasil, apesar de apresentar ainda hoje problemas de infra-estrutura urbana, tal como o precário sistema de abastecimento de água potável.

Esta comparação feita, entre duas cidades brasileiras, nos faz acreditar que, quando existe intenção, é possível encontrar solução para todos os problemas, inclusive os ambientais. É possível a construção de uma paisagem, e certamente será possível a recuperação das paisagens degradadas.