• Nenhum resultado encontrado

Arranjos institucionais para gestão de resíduos sólidos

2. CONSIDERAÇÕES SOBRE RESÍDUOS SÓLIDOS

2.5 Gestão e gerenciamento de resíduos sólidos

2.5.3 Arranjos institucionais para gestão de resíduos sólidos

2.5.5 Mecanismos de financiamento para gestão de resíduos sólidos 2.6 Etapas operacionais do gerenciamento dos resíduos sólidos

2. CONSIDERAÇÕES SOBRE RESÍDUOS SÓLIDOS

2.1 Introdução

Com o aumento populacional no mundo, há uma constante pressão degradadora sobre os recursos naturais, seja em busca de matéria-prima para fabricação de produtos manufaturados ou industriais, ou em busca de espaço físico para prover moradia (conjuntos habitacionais, condomínios, etc) e toda a infra-estrutura necessária para habitá-la dignamente (vias de acesso, alternativas para se dispor de água e suprimir de maneira adequada os resíduos sólidos e líquidos, dentre outros) ou ainda substituindo áreas de vegetação natural por terras cultiváveis.

Todos esses processos de intervenção do Homem no Meio Ambiente não são desempenhados de maneira que não gerem resíduos, ou seja, todos geram sobras, restos, e como a quantidade de processos interventores é expressiva, a quantidade e o volume gerado desses resíduos é algo imponente, sendo a destinação final dos mesmos, uma das maiores preocupações mundiais atualmente.

Dentre todos os tipos de resíduos, os resíduos sólidos (RS) merecem destaque, uma vez que representam uma substancial parcela dentre todos os resíduos gerados, e quando mal gerenciados, tornam-se um problema sanitário, ambiental e social. O conhecimento das fontes e dos tipos de resíduos sólidos, através de dados da sua composição e da sua taxa de geração, é o instrumento básico para o gerenciamento dos mesmos (KGATHI e BOLAANE, 2001).

Entretanto, a composição e a taxa de geração dos resíduos sólidos é função de uma série de variáveis, dentre elas, a condição sócio-econômica da população, o grau de industrialização da região, a sua localização geográfica, as fontes de energia e o clima. Geralmente, quanto maior o poder econômico e maior a porcentagem urbana da população, maior a quantidade de resíduos sólidos produzidos e quanto menor a renda da população, maior o percentual de matéria orgânica na composição dos resíduos (HOORNWEG, 2000).

Exemplificando, países considerados emergentes, como o Brasil, Turquia e Botsuana, que possuem uma renda per capita da ordem de US$4.630, US$3.160 e US$3.260 (WORLD BANK, 2000), respectivamente, produzem 57,4% (ABRELPE, 2006), 69% (METIN et al., 2003) e 93% (KGATHI e BALAANE, 2001) de matéria orgânica em seus resíduos sólidos, respectivamente, enquanto que países tidos como desenvolvidos, como Estados Unidos e Japão, possuindo uma renda per capita da ordem de US$29.240 e US$32.350 (WORLD BANK, 2000), respectivamente, produzem 23,8% (EPA, 2003) e 42,3% (SAKAI et al., 1996) de matéria orgânica em seus resíduos, respectivamente.

Parece que o tipo de tratamento e disposição final dado aos resíduos sólidos também é função das variáveis acima citadas, uma vez que no Brasil, segundo dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2000 (IBGE, 2002), dos 5.507 municípios brasileiros pesquisados na época, 95,8% utilizam os aterros e lixões como forma de tratamento e disposição final, enquanto que os Estados Unidos e Alemanha dispõem 55,4% (EPA, 2003) e 45% (SAKAI et al., 1996), respectivamente, dos seus resíduos em aterros sanitários.

Já outros países, como Holanda, Japão e Cingapura utilizam a incineração como método preferencial de tratamento de seus resíduos, dispondo nos aterros somente as cinzas originadas no processo. Essa opção de tratamento custa de 6 a 7 vezes mais que o uso dos aterros sanitários, em função da complexidade do sistema e do custo de tratamento dos gases gerados, entretanto reduz o volume de lixo em até 90% (BAI e SUTANTO, 2002), prolongando assim a utilização dos aterros por mais tempo.

A prática de disposição dos resíduos sólidos a céu aberto, sem nenhum controle, é realizada principalmente em países em desenvolvimento, tais como Quênia, Índia, Brasil, México e Botsuana, que dispõem 100% (HENRY et al., 2006), 90% (SHARHOLY et al., 2007), 63,6% (IBGE, 2002), 44,1% (BUENROSTRO e BOCCO, 2003) e 38% (KGATHI e BALAANE, 2001), respectivamente, dos seus resíduos em lixões. Tal prática pode acarretar na contaminação do ar, do solo e da água superficial e subterrânea por agentes patológicos, propiciando ainda o crescimento de vetores transmissores de doenças, além de depreciar a paisagem natural (ESIN e COSGUN, 2007).

Sabe-se que os impactos ambientais causados pelo aterro dependem do tipo e do método de operação do mesmo e da natureza do resíduo lá depositado (DASKALOPOULOS e PROBERT, 1998), entretanto estudos comparativos entre os

diversos métodos de tratamento e disposição final utilizando Análise do Ciclo de Vida (ACV) apontam que embora os aterros apresentem um menor custo para a sua implantação, quando comparados com outros métodos de tratamento, este produz o maior impacto ambiental (DASKALOPOULOS et al., 1998; BARLAZ et al., 2003; MENDES et al., 2004; FINNVEDEN et al., 2005; MOBERG et al., 2005; ERIKSSON et al., 2005).

Nenhuma cidade estará hábil a ganhar o respeito dos seus moradores, a atrair investimentos estrangeiros sustentáveis ou a manter a prosperidade da indústria do turismo, se deixar de investir no cuidado com a saúde e no tratamento de epidemias, e isso se inicia no gerenciamento dos seus próprios resíduos.

De uma maneira geral, se faz necessário um melhor entendimento sobre o tema, buscando maneiras de gerenciamento desses resíduos que propiciem um maior alcance populacional, dando acesso à população mais carente aos serviços de coleta, transporte, tratamento e disposição final adequados aos resíduos sólidos gerados, promovendo assim uma melhor qualidade de vida.

2.2 Definição

Segundo a NBR 10.004/04 - Resíduos Sólidos - Classificação, resíduos sólidos são definidos como “resíduos nos estados sólidos e semi-sólidos, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível”.

2.3 Classificação

É importante classificar o resíduo a ser trabalhado porque em função dessa classificação será feito o equacionamento das decisões que devem ser desenvolvidas e executadas.

Na literatura, observa-se que os resíduos sólidos podem ser classificados de várias maneiras, como por exemplo, segundo a natureza física ou pelo grau de

biodegradabilidade, que transita entre alta, média e baixa degradação (BIDONE & POVINELLI, 1999), ou ainda em função composição química do resíduo, podendo identificá-lo com mais facilidade, quando dividida ou classificada a sua matéria em orgânica e inorgânica. Pode-se classificá-los também em função da sua origem, embora a classificação em função do seu grau de periculosidade também seja bastante utilizada (SAKAI et al., 1996; HARTLÉN, 1996; HOORNWEG, 2000; KGATHI e BOLAANE, 2001; BAI e SUTANTO, 2002; OJEDA-BENITEZ et al., 2003).

Entretanto, dentre todas, as que merecem destaque são as que classificam os resíduos sólidos segundo a periculosidade dos mesmos e seus impactos à saúde e ao meio ambiente e segundo a sua fonte geradora.

A primeira maneira de classificação citada é a adotada pela ABNT, e a segunda é a adotada pela maioria dos autores da área, por ser, provavelmente, mais específica e detalhada. A seguir encontram-se as duas classificações.

2.3.1 Classificação segundo a NBR 10.004/04

Segundo a NBR 10.004/04 – Resíduos Sólidos – Classificação, os resíduos sólidos são classificados em:

a) resíduos classe I – Perigosos: são aqueles que apresentam inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade ou patogenecidade, ou seja, são aqueles que apresentam risco à saúde pública, provocando mortalidade, incidência de doenças ou acentuando seus índices ou riscos ao meio-ambiente, quando gerenciados de forma inadequada;

b) resíduos classe II – Não perigosos: esses resíduos subdividem-se em resíduos classe II A – Não inertes e resíduos classe II B – Inertes;

b1) resíduos classe II A – Não inertes: são aqueles que não se enquadram nas classificações de resíduos classe I – Perigosos ou de resíduos classe II B – Inertes. Esses resíduos podem ter propriedades de biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água.

b2) resíduos classe II B – Inertes: São aqueles resíduos que quando submetidos a um contato dinâmico ou estático com água destilada ou deionizada, à temperatura ambiente, não tenham nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade da água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor.

Na prática, para se classificar um determinado resíduo, segundo a NBR 10.004/04, verifica-se se o resíduo a ser classificado encontra-se entre os constantes nos Anexos A e B desta mesma norma. Em caso positivo, esse resíduo é considerado resíduo classe I – Perigoso. Em caso negativo, então retira-se uma amostra representativa dele, conforme NBR 10.007/04 – Amostragem de resíduos sólidos e procede-se a obtenção de extratos lixiviados e solubilizados do mesmo, conforme procedimentos descritos nas NBR 10.005/04 e NBR 10.006/04, respectivamente. De posse dos resultados dessas análises, compara-se os parâmetros encontrados com os que se encontram nos Anexos C a G da NBR 10.004/04 e assim, classifica-se o resíduo.

2.3.2 Classificação segundo a fonte geradora

Conforme SCHALCH (2002), BIDONE e POVINELLI (1999), CASTRO NETO e GUIMARÃES (2000), MARTINS (2004) e SANTOS e MARTINS (1995), pode-se classificar os resíduos sólidos, quanto à fonte geradora, em três categorias: resíduos urbanos, resíduos sólidos industriais e resíduos especiais.

2.3.2.1 Resíduos sólidos urbanos (RSU)

Os resíduos sólidos urbanos implicam em resíduos resultantes das residências (domiciliar ou doméstico), resíduos de serviços de saúde, resíduos de construção civil, resíduos de poda e capina, resíduos de portos, aeroportos, terminais rodoviários e ferroviários e os resíduos de serviços, que abrangem os resíduos comerciais, os resíduos de limpeza de bocas de lobo e os resíduos de varrição, de feiras e outros. A seguir tem- se uma breve definição de cada tipo.

a) Resíduo residencial: denominado também de doméstico ou domiciliar, é originado nas residências e é constituído principalmente por restos de alimentação, papéis, papelão, vidros, metais ferrosos e não ferrosos, plásticos, madeira, trapos, couros, varreduras, capinas de jardim, entre outras substâncias (SANTOS e MARTINS, 1995);

b) resíduo de serviços de saúde (RSS): proveniente de hospitais, clínicas médicas e veterinárias, laboratórios de análises clínicas, farmácias, centros de saúde, consultórios odontológicos e outros estabelecimentos afins. Conforme a forma de geração, pode ser divididos em dois níveis distintos: o resíduo comum, que compreende os restos de alimentos, papéis, invólucros, dentre outros, e o resíduo séptico, constituído

de resíduos advindos das salas de cirurgias, centros de hemodiálise, áreas de internação, isolamento, dentre outros. Embora represente uma pequena quantidade do total de resíduos gerados na comunidade, este tipo de resíduo exige atenção especial, com um correto acondicionamento, coleta, transporte, tratamento e destinação final, devido ao potencial risco à saúde pública que pode oferecer. Entretanto, segundo a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária (2000), citado por DA SILVA (2005), 76% das cidades brasileiras dispõem o resíduo de serviços de saúde juntamente com o resíduo doméstico nos aterros municipais. Dos municípios que tratam esses resíduos, 43,8% os incineram, 31,3% usam autoclave, 9,3% usam microondas e 6,3% os queimam a céu aberto (ABRELPE, 2006). No Brasil, os RSS possuem legislação própria para o seu manuseio, através da Resolução CONAMA Nº5 que atribui responsabilidades específicas para os vários setores envolvidos: geradores, autoridades ambientais e sanitárias. Assim como os demais tipos de resíduos sólidos, a taxa de geração do resíduo de serviço de saúde também depende de vários fatores como o tipo da unidade de saúde, a capacidade, o nível de instrumentação e a localização da mesma. Entretanto, segundo estimativas de MONREAL (1993), citado por DA SILVA (2005), a média de produção desse tipo de resíduo pelos hospitais brasileiros é de 2,63 kg/leito.dia ou 70 a 120 gramas/hab.dia (ABRELPE, 2006);

c) resíduo da construção civil ou resíduos de construção e demolição (RCD): denominado de entulho, são rejeitos provenientes de construções, reformas, demolições de obras de construção civil, restos de obras e os da preparação e da escavação de terrenos e outros. Em termos de quantidade, esse resíduo corresponde a algo em torno de 50% dos resíduos sólidos urbanos produzidos nas cidades brasileiras e do mundo com mais de 500 mil habitantes. (PINTO, 1999; FREITAS et al., 2003; SARDÁ e ROCHA, 2003). Como este tipo de resíduo é o objeto de estudo desta pesquisa, o mesmo será abordado de maneira mais profunda no terceiro capítulo;

d) poda e capina: são produzidos esporadicamente e em quantidade variada. Como exemplos têm-se a folhagem de limpeza de jardins, os restos de poda, dentre outros;

e) resíduo de portos, aeroportos, terminais rodoviários e ferroviários: constituem os resíduos sépticos, que podem conter organismos patogênicos nos materiais de higiene e de uso pessoal, em restos de alimentos, dentre outros, provenientes de locais de grande transição de pessoas e mercadorias;

f) resíduo de serviço comercial: abrange os resíduos resultantes dos diversos estabelecimentos comerciais, tais como escritórios, lojas, hotéis, restaurantes, supermercados, quitandas, dentre outros. No Reino Unido, este tipo de resíduo corresponde a 13% do total dos RSU (BURNLEY et al., 2007);

g) resíduo de varrição, feiras e outros: abrangem os resíduos advindos da limpeza pública urbana, ou seja, são resultantes da varrição regular de ruas, da limpeza e a conservação de galerias, limpeza de feiras, de bocas de lobo, dos terrenos, dos córregos, das praias e feiras, dentre outros.

2.3.2.2 Resíduos sólidos industriais (RSI)

Os resíduos sólidos industriais abrangem os resíduos das indústrias de transformação, os resíduos radiativos e os resíduos agrícolas, descritos a seguir:

a) resíduos das indústrias de transformação: são os resíduos provenientes de diversos tipos e portes de indústrias de processamentos. São muito variados e apresentam características diversificadas, pois dependem do tipo de produto manufaturado devendo, portanto, serem estudados caso a caso;

b) resíduos radioativos (lixo atômico): são os resíduos que emitem radiações acima dos limites permitidos pelas normas brasileiras, geralmente originados dos combustíveis nucleares, que de acordo com legislação que os especificam, são de competência exclusiva da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN);

c) resíduos agrícolas: são os gerados das atividades da agricultura ou da pecuária, como as embalagens de adubos, defensivos agrícolas, ração, restos de colheita e esterco animal. As embalagens de agro-químicos, por conterem um alto grau de toxicidade, estão subordinadas a uma legislação específica.

2.3.2.3 Resíduos sólidos especiais

Existem ainda os resíduos ditos como especiais, em função de suas características diferenciadas, nos quais se inserem os pneus, as pilhas e baterias e as lâmpadas fluorescentes.

a) Pneus: são graves os problemas ambientais causados pela destinação inadequada dos pneus usados, pois se deixados em ambientes abertos, sujeitos a chuvas, os mesmos podem acumular água e tornarem-se locais propícios para proliferação de mosquitos vetores de doenças. Caso sejam encaminhados para os aterros convencionais, podem desestabilizar o aterro, em função dos vazios que provocam na massa de

resíduos e se forem incinerados, a queima da borracha gera enormes quantidades de materiais particulados e gases tóxicos, necessitando assim de um sistema eficiente de tratamento dos gases, que é extremamente caro. Em função dessas dificuldades, alguns países do mundo responsabilizam os produtores de pneus pelo manejo e disposição final dos mesmos (HARTLÉN, 1996). No Brasil, em 1999, o CONAMA publicou a Resolução nº 258, onde “as empresas fabricantes e as importadoras de pneumáticos ficam obrigadas a coletar e dar destinação final, ambientalmente adequada, aos pneus inservíveis existentes no território nacional”. Atualmente, parte dos pneus são queimados em fornos da indústria cimenteira e nas termoelétricas, mas em fornos adaptados para a emissão dos gases dessa queima. Na década de 90, surgiu uma tecnologia nova, nacional, que utiliza solventes orgânicos para separar a borracha do arame e do nylon dos pneus, permitindo sua reciclagem;

b) pilhas e baterias: em função de suas características tóxicas e da dificuldade em se impedir seu descarte junto com o lixo domiciliar, no Brasil, em 1999, foi publicada a Resolução CONAMA nº 257, que atribui a responsabilidade do acondicionamento, coleta, transporte e disposição final de pilhas e baterias aos comerciantes, fabricantes, importadores e à rede autorizada de assistência técnica. Esses resíduos devem ter seu tratamento e disposição final semelhantes aos resíduos perigosos Classe I. Tratamento semelhante ocorre em outros países, tais como a Suécia, onde um acordo entre os fabricantes/importadores e o governo reduziram o descarte de pilhas e baterias no lixo doméstico em 60% no primeiro ano, estendido para 90% no segundo (HARTLÉN, 1996);

c) lâmpadas fluorescentes: essas lâmpadas liberam mercúrio quando são quebradas, queimadas ou enterradas, o que as transforma em resíduos perigosos Classe I, uma vez que o mercúrio é tóxico para o sistema nervoso humano e quando inalado ou ingerido, pode causar uma enorme variedade de problemas fisiológicos. O mercúrio provoca “bioacumulação”, isto é, alguns animais (peixes, por exemplo) que entram em contato com o mesmo, têm suas concentrações aumentadas em seus corpos, podendo atingir níveis elevados e causar problemas de saúde em seres humanos que se alimentem desses animais.

É possível que algumas realocações dos diversos tipos de resíduos sólidos aconteçam na classificação dos mesmos. Como exemplo tem-se a classificação sugerida pela Lei 12.300 do Estado de São Paulo, de março de 2006, que em seu artigo 6º classifica os resíduos sólidos nas seguintes categorias: resíduos urbanos, resíduos

industriais, resíduos de serviços de saúde, resíduos de atividades rurais, resíduos provenientes de portos, aeroportos, terminais rodoviários e ferroviários, postos de fronteira e estruturas similares e resíduos da construção civil.

De forma simplificada, é apresentado na Figura 2.1 um esquema de classificação dos resíduos sólidos, conforme como aqui foi discutido.

Resíduos Sólidos

Resíduos Urbanos Resíduos Industriais Resíduos Especiais

Domiciliar De Serviços de Saúde De Construção Civil De Poda e Capina De portos, aeroportos, terminais rodoviários e ferroviários De varrição, feira e outros Das indústrias de transformação Rejeitos radioativos Agrícolas Pneus Pilhas e baterias Lâmpadas Resíduos Sólidos

Resíduos Urbanos Resíduos Industriais Resíduos Especiais

Domiciliar De Serviços de Saúde De Construção Civil De Poda e Capina De portos, aeroportos, terminais rodoviários e ferroviários De varrição, feira e outros Das indústrias de transformação Rejeitos radioativos Agrícolas Pneus Pilhas e baterias Lâmpadas

Figura 2.1 Esquema de classificação dos resíduos sólidos segundo a fonte geradora

2.4 Características dos resíduos sólidos

Para realizar um correto gerenciamento dos resíduos sólidos (RS) se faz necessário dispor de dados sobre a sua composição, a quantidade e as fontes geradoras dos mesmos, juntamente com as variáveis sócio-econômicas, ou seja, caracterizar os resíduos (BUENROSTRO e BOCCO, 2003). É ainda necessário identificar e conhecer o tipo de resíduo descartado pela fonte geradora no meio ambiente para que se possa caracterizá-lo.

Esta caracterização permite a obtenção de informações referentes às características físicas, químicas e biológicas dos resíduos presentes numa cidade ou

região, possibilitando uma maior visualização das suas implicações anteriores e atuais, e gerando subsídios para um correto tratamento e disposição final (SCHALCH et al., 2002; ANDRADE, 1997).

Dentre todos os tipos de resíduos anteriormente apresentados, os resíduos sólidos urbanos (RSU) parecem ter como característica peculiar e marcante, uma composição heterogênea (SCHALCH et al., 2002), uma vez que os demais (resíduos sólidos industriais e resíduos sólidos especiais) geralmente são gerados a partir de processos controlados, não apresentando grandes variações em suas características. Por esse motivo, serão mais exemplificadas as características dos RSU, embora o conhecimento de tais características também seja extensivo aos demais, para um correto gerenciamento dos mesmos.

As características físicas mais relevantes dos RSU estão abaixo descritas.

- Geração per capita: relaciona a quantidade de resíduos gerada diariamente ou

anualmente ao número de habitantes de uma determinada região. Para os resíduos domiciliares, a quantidade de resíduos produzidos parece estar diretamente relacionada com o modo de vida da população.

Dados da ABRELPE (2006) apontam que os 14 municípios brasileiros com população acima de 1 milhão de habitantes são responsáveis por 29% dos RSU gerados no país, enquanto que os 21 municípios com população entre 200 mil e 500 mil habitantes somam 10% da geração. Segundo a PNSB 2000 (IBGE, 2001), os municípios de 20 mil a 50 mil habitantes, têm uma geração média per capita de 0,64 kg/hab.dia de lixo urbano, enquanto que os municípios com mais de 1 milhão de habitantes geram

Documentos relacionados