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Mapa 06 Proposta de Atuação Focalizada do IFPR – Campus Palmas

3 TEORIA DAS AGLOMERAÇÕES PRODUTIVAS E ARRANJOS

3.1 AGLOMERAÇÕES PRODUTIVAS: CONCEITOS

3.1.3 Arranjos Produtivos Locais (APL´s) e Sistemas Produtivos e Inovativos Locais

Acompanhando as discussões a nível mundial sobre as aglomerações produtivas, o debate chega ao Brasil, com destaque para a formação em 1997, da Rede de Pesquisa em Sistemas Produtivos e Inovativos Locais (RedeSist). Dois conceitos então são cunhados, a partir das pesquisas desenvolvidas pela rede.

Arranjos Produtivos Locais (APL´s), são aglomerados territoriais de agentes

econômicos, políticos e sociais, com foco em um conjunto especifico de atividades econômicas, que apresentam vínculos mesmo que incipientes. Geralmente envolvem a participação e a interação de empresas, que podem ser desde produtoras de bens e serviços finais até fornecedoras de insumos e equipamentos, prestadoras e consultoria e serviços, comercializadoras, clientes e outros, e suas variadas formas de representação e associação. Incluem também diversas outras instituições públicas e privadas voltadas para: formação e capacitação de recursos humanos (como escolas técnicas e universidades); pesquisa, desenvolvimento e engenharia; política, promoção e financiamento. (LASTRES, CASSIOLATO, MACIEL, 2003, p. 27)

Sistemas Produtivos e Inovativos Locais (SPIL´s), são aqueles arranjos produtivos

em que a interdependência, articulação e vínculos consistentes, resultem em interação, cooperação e aprendizagem, com potencial de gerar o incremento da capacidade inovativa endógena, da competitividade e do desenvolvimento local. Assim, consideramos que a dimensão institucional e regional constitui elemento crucial do processo de capacitação produtiva e inovativa. Diferentes contextos, sistemas cognitivos e regulatórios e formas de articulação e de aprendizado interativo entre agentes são reconhecidos como fundamentais na geração e difusão de conhecimentos e particularmente aqueles tácitos. Tais sistemas e formas de articulação podem ser tanto formais como informais. (LASTRES, CASSIOLATO, MACIEL, 2003, p. 27).

Percebe-se na definição da RedeSist, dois níveis de aglomeração. O APL, como uma aglomeração territorial incipiente, através da concentração de empresas e um princípio de cooperação. Já o SPIL represente a aglomeração em um nível maior de integração, especialmente através da aprendizagem gerando inovação. Dias (2011) apresenta figurativamente esta distinção conforme mostra a figura 08:

Figura 08 – Evolução de APL para SPIL

Fonte: Adaptado de Dias (2011)

Neste sentido, cabe-nos tratar de forma especial, estes dois temas de importante relevância na evolução do APL para SPIL: Inovação e Aprendizagem. Para Mytelka e Farinelli (2005), a inovação não significa um processo de mudança radical em determinada indústria e vai além das atividades formais de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), incluindo melhoria contínua de qualidade, de produtos e processos. Da mesma forma, definem, Cassiolato, Lastres e Stallivieri (2008):

Inovação não significa mudanças radicais na fronteira tecnologia [...] mas é o processo pelo qual as organizações incorporam conhecimento na produção de bens e serviços que lhes são novos, independentemente de serem novos ou não para seus competidores domésticos ou estrangeiros (CASSIOLATO, LASTRES e STALLIVIERI, 2008, p. 13)

Segundo Amado Neto (2009), os sistemas locais de produção e inovação, representam a junção de elementos tangíveis, através das externalidades geradas. E também de elementos intangíveis, como conhecimento e know how, favoráveis ao fortalecimento de uma densa rede de relacionamento e cooperação, para gerar conhecimento as empresas do aglomerado.

Segundo Lastres (2004), precisa haver um ambiente propício e uma combinação de elementos que dinamize o processo de crescimento e inovação.

- Inovação é um processo de busca e aprendizado dependente de interações sociais; - Os agentes e suas capacidade de aprender são diferentes;

- Existem diferenças entre os sistemas econômicos e de inovação de países, setores e organizações;

- Transmissão de conhecimento pode ser codificado e tácito, e este último possui um papel fundamental para o sucesso inovativo, no entanto, difícil (senão impossível) de ser transferido. (LASTRES, 2004, p. 5)

Sobre esta questão de transmissão de conhecimento e aprendizagem nos arranjos produtivos, Campos et al (2003) também enfatizam a modalidade de conhecimento tácito, ou seja, baseado na demonstração e observação, portanto, exigindo obrigatoriamente a proximidade física das instituições. Apresentam ainda, duas condições elementares para que o processo de aprendizagem ocorra entre as instituições: Dinâmica produtiva e inovativa articulada às características do conhecimento e do regime tecnológico, e recursos e capacidade, que podem ser acionadas no nível local.

Outro aspecto importante que surge no tratamento de arranjos produtivos no Brasil é a criação de uma tipologia de arranjos, proposta por Suzigan et al (2004). Esta classificação surge a partir da divisão dos arranjos em dois eixos principais, relativos à sua importância, reduzida ou elevada, dentro de seu segmento industrial e relativo à sua importância, reduzida ou elevada para o local, cidade ou região em que está territorialmente inserido. A partir daí, surgem quatro tipologias de aglomerações produtivas denominadas como: Embrião de Sistema Local de Produção (E), Vetor de Desenvolvimento Local (VDL), Vetores Avançados (VA) e Núcleos de Desenvolvimento Setorial-Regional (NDSR), visualizadas no quadro 03 a seguir:

Importância para o Setor Reduzida Elevada Importância Local Elevada Vetor de Desenvolvimento Local (VDL) Núcleos de Desenvolvimento Setorial-Regional (NDSR) Reduzida

Embrião de Sistema Local de Produção

(E)

Vetores Avançados

(VA)

Quadro 03 - Tipologia das Aglomerações Produtivas Fonte: SUZIGAN et al (2004).

Esta classificação é interessante, na medida em que faz um cruzamento do impacto que o arranjo produtivo exerce, tanto espacialmente a nível territorial, como também dentro de seu setor especifico de atuação. Schmitz (2005) também aborda esta questão de observação

do arranjo, para além de suas relações internas, criticando o tratamento unicamente interaglomerado.

Para Schmitz (2005), muitos estudos têm tratado os clientes, por exemplo, apenas como pontos de venda, a serem atendidos em termos de suas necessidades de qualidade e prazos, negligenciando a importância que podem ter na dinâmica do aglomerado. Cita por exemplo, o caso do arranjo produtivo de calçados, na região do Vale dos Sinos no Rio Grande do Sul, que internamente desenvolveu um projeto integrado na cadeia (indústria de calçado, curtumes e produtores de componentes e máquinas) que culminou em um planejamento estratégico, indicativo principalmente de ações de marketing e design. No entanto, tiveram suas expectativas frustradas, assim que as maiores empresas da cadeia começaram a ser pressionadas por grandes importadores.

Cassiolato e Szapiro (2003) também alertam para esta questão, chamando a atenção de que, estudos em países em desenvolvimento, costumam limitar a atuação das redes a integração na cadeia de exportação de commodities, concluindo que, a única possibilidade de arranjos locais tornarem-se dinâmicos, seria via exportação e integração as cadeias globais. Para Porter (1998), o foco do arranjo produtivo deverá ser o aumento de eficiência na produtividade e não apenas acessar o mercado de exportação.

3.2 AGLOMERAÇÕES PRODUTIVAS: ALGUMAS VANTAGENS

A literatura aponta alguns ganhos que podem ser obtidos a partir das aglomerações produtivas. Amado Neto (2009) divide estes ganhos em internos ao aglomerado, relacionados à cooperação, aprendizagem, inovação e também economias externas. Estas externalidades para Brito, apud Amado Neto (2003), classificam-se em:

- Externalidades Técnicas: Desenvolvidas entre os agentes;

- Externalidades Pecuniárias: Relativas à redução dos custos de transação, provenientes da proximidade geográfica;

- Externalidades Tecnológicas: Promovidas pelo processo de inovação;

- Externalidades de Demanda: Geração de demandas e acesso a mercados desencadeados pela aglomeração.

Para Mytelka e Farinelli (2005), a possibilidade de integrar uma rede, com produtores de conhecimento, podendo usufruir do aprendizado e inovação, é uma das principais vantagens para as PMEs ao integrar uma aglomeração produtiva.