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CAPÍTULO II

SOLUBILIZAÇÃO DE RESERVAS, ATIVIDADE ENZIMÁTICA E DETERMINAÇÃO DA CLOROFILA E DA ÁREA FOLIAR EM

ARROZ BR IRGA-409 SUBMETIDO AOS ÁCIDOS ACÉTICO E PROPIÔNICO

INTRODUÇÃO

No Brasil o arroz ocupa atualmente uma área de 3,58 milhões de hectares com um rendimento médio de 3,54 t ha-1, o que o faz um dos maiores produtores desse cereal no mundo. No Rio Grande do Sul são cultivados cerca de 1,0 milhão de hectares com arroz irrigado, fazendo com que seja um dos estados que mais produzem (IBGE, 2004).

As tecnologias de cultivo do arroz fizeram com que, ano a ano, a sua produção aumentasse de forma que os investimentos referentes ao uso de insumos e maquinário se tornassem extremamente importantes para produzir cada vez mais. Entretanto isso provocou a pulverização do solo, redução no teor de matéria orgânica e, por conseqüência, o uso de mais adubo para, pelo menos, manter produção.

Todavia na década de 1980, surgia a tecnologia do plantio direto. Nesse novo sistema de cultivo a cultura é instalada sobre os resíduos do cultivo anterior somado ao da pastagem que fora implantada com a finalidade de engorde de gado, no inverno. Esse sistema permite a recuperação da estrutura física e química do solo, sobretudo da matéria orgânica.

Entretanto, pelo uso dessa tecnologia, observou-se que o estande final da cultura fica prejudicado, pois há a liberação de ácidos orgânicos devido a decomposição da matéria orgânica. Dentre os ácidos produzidos dessa forma os ácidos acético e propiônico são os principais. Além desses são produzidos também os ácidos butírico, lático, vanílico (Patrick 1971; Camargo et al. 2001).

No processo de germinação ocorre o reinício do crescimento do embrião paralisado nas fases finais do desenvolvimento da semente. Esse processo requer a mobilização de reservas tais como amido, açúcares e prote ínas. Além disso, ocorre também a ativação do sistema enzimático, pois enzimas hidrolíticas como a ? -amilase e a fosfatase ácida são produzidas para desdobrarem as reservas nutricionais e alimentarem o eixo embrionário no interior da semente.

No aspecto fisiológico a germinação inicia pela embebição das sementes, enquanto que no físio-bioquímico está o aumento da respiração, a digestão enzimática das reservas, mobilização e assimilação dessas reservas pelo embrião, permitindo o alongamento e diferenciações celulares (Popinigis, 1977; Bewley & Black, 1994).

Como a germinação necessita de água do solo e na solução do solo é onde estão os ácidos orgânicos, o objetivo desse trabalho é o de verificar o efeito dos ácidos acético e propiônico sobre o teor de amido, açúcares, proteína totais, clorofila a e b e área foliar, assim como a atividade das enzimas digestivas ?-amilase e fosfatase ácida no cultivar de arroz BR IRGA-409.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido no Laboratório de Fisiolo gia de Sementes no Departamento de Botânica, da Universidade Federal de Pelotas. Sementes de arroz do cultivar BR IRGA 409, foram embebidas por 90 minutos em soluções de ácido acético e em ácido propiônico nas concentrações zero; 1; 2; 4; 8 e 16 ml L-1 e a seguir determinada a composição química (açúcares totais, amido e proteínas), atividade total das enzimas ?-amilase e fosfatase ácida e o crescimento das plântulas por meio da clorofila a e b e área foliar.

Para a análise do açúcar solúvel, amido e proteína foram coletadas 10 gramas de semente por tratamento e embebidas pelo tempo de noventa minutos. Após foram secadas e moídas em moinho, colocadas em vidros etiquetados e armazenados em dessecador.

Teor de açúcar solúvel – foram pesados 0,25 gramas de fari nha por tratamento e colocados em tubos de centrífuga onde se adicionou 20 ml de etanol 85%, agitou-se e centrifugou-se a 3.000 rpm por 10 minutos. O sobrenadante foi coletado em tubos de ensaio. Desses foram retiradas quatro alíquotas de 0,5 ml, colocados em tubos de ensaio onde se adicionou 0,5 ml de água e 3,0 ml de antrona, conforme metodologia de Clegg (1956). Esses tubos foram levados ao banho-maria fervendo pelo tempo de 3 minutos, retirados após foram colocados em água fria. As leituras foram feitas em espectrofotômetro no comprimento de onda de

620 nm. O branco para calibração do aparelho foi feito com 1,0 ml de água e 3, ml de antrona. Os valores lidos foram comparados a uma curva padrão de glicose a 0,01% realizado conjuntamente com a análise. As leituras foram transformadas pela fórmula:

Açúcar Solúvel = {[(?g. 72)/1000) (20/alíquota]}/ (1g de semente/0,25 de farinha) onde ?g = (leitura – a)/ b; a e b são valores obtidos na curva padrão. Os resultados foram expressos em ?g açúcar. g semente-1;

Teor de amido – no resíduo do açúcar, nos tubos da centrífuga, se adicionou 20 ml de H2SO4 a 0,2N e procedeu-se nova centrifugação a 3.000 rpm por 10 minutos. Coletou-se o sobrenadante em tubos de ensaio e colocou-se em banho-maria fervendo por 10 minutos para hidrolizar o amido. Para a análise coletou-se desses tubos quatro alíquotas de 0,5 ml, adicionou-se 0,5 ml de água e 3,0 ml de antrona, conforme metodologia de McCready et a l. (1950). Os tubos foram então postos para ferver por 3 minutos e depois colocados em água fria. As leituras foram feitas em espectrofotômetro a 620 nm e transformadas pela seguinte fórmula:

Amido Solúvel = [(?g. 72. 0,5)/1000].[20/(1g.0,2)]. Os resultados foram expressos em ?g amido g semente-1;

Teor de proteínas totais – da farinha foram coletadas quatro amostras de 0,5g por tratamento e colocadas em tubos de centrífuga juntamente com 20 ml de KH2PO4. Os tubos foram agitados e colocados na centrífuga a 3.000 rpm por 10 minutos. Após o sobrenadante foi recolhido em tubos de ensaio. Desses foram separadas quatro alíquotas de 3,0 ml e colocadas em outros tubos que já continham 5,0 ml de comassie blue. Os tubos foram manualmente agitados até a mistura completa e a obtenção da coloração azul. Essas alíquotas foram lidas em espetrofotômetro a 595 nm, conforme metodologia descrita por Bradford (1976). Conjuntamente ao preparo da análise foi determinado a curva padrão de proteína. As leituras foram transformadas pela seguinte fórmula:

Proteína Solúvel = [(?g.167/1000) (20/alíquota)/(1g de semente/ 0,5 g de farinha)], onde ?g = (leitura – a)/ b derivados da curva padrão de proteína solúvel. Os resultados foram expressos em ?g g semente-1.

Para a determinação da atividade enzimática as extrações foram feitas nos tempos zero (semente), aos 5 dias e aos 14 dias após semeadura (plântulas) utilizando 0,5 g, sementes e plântulas, maceradas em graal com 20 ml de tampão acetato de potássio. A mistura foi centrifugada a 3.000 rpm por 10 minutos; o sobrenadante coletado em tubos de ensaio e colocados em refrigeração para as análises a seguir:

Atividade total da ?-amilase - O extrato obtido foi colocado em banho -maria à 70ºC por 20 minutos. Após foi retirado quatro alíquotas de 0,1 mL e colocado em tubos de ensaio juntamente com 1,0 ml de tampão acetato de potássio, 1,0 ml de solução de amido e incubado por cinco minutos à 30ºC. Passado esse tempo foi adicionado 1,0 ml de solução de lugol e 9,0 ml de água destilada. As leituras foram realizadas em espectrofotômetro E – 225D a 620 nm (AOSA, 1983). Os dados das leituras foram transformados pela seguinte fórmula: Atividade Total (?amil) = [(substrato a 620 nm – leitura 620 nm)/5’x)].(20/ alíquota. 0,5g), onde x = (1?g de amido) = substrato a 620 nm/1000. Os valores foram expressos em ?g de amido hidrolizado min-1g de semente-1 ao zero dia e ?g de amido hidrolizado min-1 g de plântula-1 aos 5 e 14 dias;

Atividade total da fosfatase ácida – Coletou-se quatro alíquotas de 1,0 ml do sobrenadante armazenado, se adicionou 0,1 ml do substrato penitrofenil em cada tubo e incubou-se a 30ºC por 5 minutos. Após acrescentou-se 1,0 ml de NaOH 0,5 N, aumentou-se o volume em cada tubo para 2,0 ml com água destilada e se realizou a leitura em espectrômetro CELM, E- 225D a 400 nm. A mesma metodologia foi usada para obter material de análise aos 14 dias. As leituras foram transformadas pela fórmula:

Atividade Total(FosAc) = (leitura/0,019).(4,1/5’).[20/(0,5.alíquota)] e os resultados expressos em nanomoles.minuto-1 g semente-1 ao zero dia e ?g de amido hidrolisado min-1 g de plântula-1 aos 5 e 14 dias, conforme metodologia descrita por Ching (1973).

Determinação da clorofila – foram determinadas à clorofila a (Cl a) e a clorofila b (Cl b). Para tanto se usou 0,5 g da parte aérea, por repetição, por tratamento, das plântulas coletadas aos 21 dias e macerou-se em graal com 20 ml

de etanol 80%, no escuro. Colocou-se em tubos de ensaio na geladeira durante a coleta. Após centrifugou-se a 3.000 por 10 minutos e coletou-se o sobrenadante em tubos de ensaio e novamente armazenou-se na geladeira. Após todas as coletas realizou-se a leitura em espectrofotômetro E – 225D no comprimento de onda de 662 nm para clorofila a e a 644 nm para a clorofila b. As leituras foram transformadas pelas seguintes fórmulas:

Cl a = [(9,78 . leitura a 622) – (0,99 . leitura a 644)] . 0,25 e

Cl b = [(21,4 . leitura a 644) – (4,65 . leitura a 622)] . 0,25. Os resultados foram expressos em mg Cl g peso fresco-1;

Determinação da área foliar – realizada aos 21 dias após a instalação do teste de emergência de sementes de arroz. Foram coletadas 10 plantas por repetição, por tratamento e a parte aérea foi passada pelo medidor de área foliar da marca Li-Cor 3000. Os resultados foram expressos em mm2 plântula-1.

Todos os testes seguiram o delineamento inteiramente casualizados sendo as médias analisadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade no programa Statigraf 6.0.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

À medida que o processo de germinação tem início na semente, enzimas hidrolases agem sobre substratos, amido e açúcares, para fornecer energia para o desenvolvimento do eixo embrionário (Popinigis, 1977). Testou-se, portanto, se a solubilidade do amido, açúcar e proteínas seriam influenciadas pela ação dos ácidos acético e propiônico nas concentrações de zero; 1; 2; 4; 8 e 16 ml L-1. As médias dos tratamentos encontram-se na tabela 7.

O ácido acético estimulou a solubilidade do amido na concentração de 1,0 ml L -1

na ordem de 56% (Tabela 7), as concentrações 1 e 2 ml L-1 não apresentaram diferença estatística entre si, mas diferiram das demais. A concentração de 16 ml L-1 reduziu significativamente a solubilidade do amido.

O ácido propiônico, por sua vez, também estimulou a solubilidade do amido na concentração de 1 ml L-1 em 45% (Tabela 7), sendo que após decresceu com o aumento da concentração. A concentração de 16 ml L-1 reduziu significativamente a solubilidade do amido.

Como as moléculas de amido são hidrolisadas para formação de açúcares a fim de nutrir o embrião, a solubilidade do açúcar, pela ação do ácido acético, decresceu com o aumento da concentração (Tabela 7), entretanto as concentrações 1; 2 e 4 ml L-1 não diferiram entre si, mas diferiram das demais. A concentração de 16 ml L-1 reduziu significativamente a solubilidade do açúcar.

A solubilidade das proteínas foi afetada tanto pelo ácido acético quanto pelo propiônico (Tabela 7). O ácido acético estimulou a solubilidade das proteínas na ordem de 95% pela concentração de 1 ml L-1. As concentrações de 2 e 4 ml L-1, apesar de serem maiores do que a concentração zero, não diferiram entre si, entretanto as concentrações 8 e 16 ml L-1 não diferiram entre si e reduziram drasticamente a solubilidade das proteínas. Para o ácido propiônico os resultados foram semelhantes, porém o estímulo dado pela concentração de 1 ml L-1 foi de 81%. A partir dessa concentração houve decréscimo da solubilidade. As concentrações 4; 8 e 16 ml L-1 reduziram significativamente a solubilidade das proteínas.

TABELA 7. Teores de amido, açúcar e proteína, em sementes de arroz BR IRGA-409 submetidas as concentrações zero, 1; 2; 4; 8 e 16 ml L-1, Pelotas, RS, 2003/2004 Amido (µg g semente-1) Açúcar (µg g semente-1) Proteína (µg g semente-1) Tratamentos (ml L-1) Ácido acético Ácido Propiônico Ácido acético Ácido propiônico Ácido acético Ácido Propiônico Zero 11,6 b* 11,6 c 34,8 a 34,8 b 7,2 c 7,2 c 1 17,8 a 16,9 a 32,2 b 39,9 a 14,1 a 13,1 a 2 16,1 a 14,1 b 31,5 b 34,5 b 11,8 b 11,2 a 4 12,9 b 10,0 c 30,2 b 28,5 c 11,6 b 8,3 b 8 10,4 b 10,2 c 28,6 c 27,9 c 6,7 c 8,0 b 16 8,3 c 9,8 d 11,1 d 14,5 d 6,4 c 6,5 c Média 12,85 12,10 28,06 30,01 9,63 9,05 CV (%) 4,3 4,0 10,6 6,1 27,8 18,4 F 60,53 132,01 37,17 18,12 17,35 28,33 * Valores seguidos pela mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Relacionando a germinação (Tabela 1) com a solubilidade do amido, açúcar e das proteínas (Tabela 7), percebe-se que, apesar do estímulo fornecido pelo ácido acético, a porcentagem de germinação reduziu-se. Entretanto, de forma geral, pode-se verificar que a diminuição da solubilidade dos constituintes citoplasmático analisados provocou redução na germinação das sementes de arroz. Raciocínio análogo pode ser feito para ação do ácido propiônico.

Na comparação da condutividade elétrica (Tabela 2) com a solubilidade do amido, açúcar e das proteínas (Tabela 7), percebe-se que, nos períodos analisados, há aumento de eletrólitos na água de incubação, sendo que nas concentrações 8 e 16 ml L-1 o aumento foi significativo. Esses dados culminam com os da tabela 7, pois a despeito do estímulo sofrido pela concentração de 1 ml L-1, nas demais concentrações houve decréscimo da solubilidade, sendo mais drástica na concentração de 16 ml L-1 para amido e açúcar e na 8 e 16 ml L-1 para proteínas, o que significa que os ácidos, nas concentrações mais altas provocaram maior liberação de eletrólitos para a água de incubação, no teste da condutividade elétrica Esse raciocínio abrange ambos os ácidos nas sementes de arroz na cultivar aqui utilizada.

A ação dos ácidos orgânicos sobre a atividade dos constituintes celulares durante a germinação, ainda não havia sido descrita ainda, haja vista que a maior preocupação está voltada para o desenvolvimento das plântulas. Entretanto as análises desses constituintes são verificadas por vários autores, os quais, resumidamente, aqui se utiliza como termo de comparação.

Sementes de soja durante o período de armazenamento, quanto ao grau de deterioração, foram estudadas por Salinas et a l. (1998) que verificaram que quanto maior o tempo de armazenamento, maior foi a porcentagem de amido que se solubilizou, quando essas sementes foram postas para germinar. Já para proteína solúvel os autores verificaram que não houve diferença estatística em função do período de armazenamento.

O incremento no teor de amido e de proteína em sementes de arroz foi verificado por Silveira et al. (2000 b) quando trataram essas sementes com ácido salicílico. Resultados semelhantes foram obtidos por Nascimento e t al. (1998) quando estudaram a distribuição do amido em explante de soja sob ação de

diferentes concentrações de sacarose. Esses autores obtiveram incremento nas concentrações de amido com o aumento da concentração de sacarose.

Estudando a atividade amilolíti ca na qualidade fisiológica de sementes de milho super doce tratadas com AG3, Aragão et al. (2001) verificaram que o teor de proteína total decrescia com o aumento da concentração, até a concentração de 100 mg L-1 para, a partir daí, crescer novamente.

A média da atividade total da ?-amilase em sementes de arroz cv BR IRGA 409 tratadas com ácido acético e propiônico ao zero dia (semente), aos 5 e aos 14 dias estão na tabela 8.

TABELA 8. Efeito dos ácidos acético e propiônico sobre a atividade total da enzima ?-amilase, em sementes de arroz BR IRGA -409, na semente, aos 5 e 14 dias após a germinação (plântulas), nas concentrações zero; 1; 2; 4; 8 e 16 ml L-1, Pelotas, RS, 2003/2004

a-amilase Tratam.

(ml L-1)

Ácido acético Ácido propiônico

Semente1 5 dias2 14 dias2 Semente1 5 dias2 14 dias2

Zero 28,86 b* 32,17 c 18,01 c 28,86 b 32,17 a 18,01a 1 19,14 c 28,34 c 16,09 c 35,85 a 36,73 a 17,42a 2 77,52 a 88,00 b 45,57 b 31,35 a 29,83 b 15,43a 4 97,47 a 95,18 a 55,03 b 22,40 b 21,34 b 12,74 b 8 100,31 a 94,14 a 62,86 a 21,03 b 19,60 b 10,37 b 16 100,70 a 93,39a 69,57 a 11,95 c 11,25 c 9,11 b Média 70,66 71,87 44,52 56,79 25,15 13,85 CV(%) 25,4 30,8 35,1 25,6 28,7 22,1 F 123,14 239,04 14,42 10,79 112,03 57,27 *Valores com a mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de

probabilidade.

1

Unidade: (mg amido hidrolisado g semente-1)

2

Unidade: (mg amido hidrolisado g plântula-1)

A atividade total da ?-amilase em sementes de arroz tratadas com ácido acético mostrou redução na concentração de 1 ml L-1 (Tabela 8). A partir dessa concentração houve estímulo significativo que cresceu com o incremento da concentração do ácido acético. A concentração de 16 ml L-1 foi a que mostrou maior atividade, alcançando 248% em relação à concentração zero. Para o período de 5 dias o aumento nessa concentração foi de 195% e, aos 14 dias alcançou 286%.

A atividade da ?-amilase durante a germinação das sementes ocorre com a síntese de novo nas camadas de aleurona induzida pela giberelina si ntetizada no embrião. A vida útil dessa enzima é curta, pois começa a decrescer com cerca de 12 dias de germinação, quando o substrato a ser desdobrado, o amido, começa a se esgotar (Popinigis, 1977; Bewley e Black, 1994).

A ?-amilase por ser uma proteína de caráter enzimático, tem seu controle regulado ao nível de DNA no núcleo das células da aleurona. Para o presente caso em que o aumento da sua concentração, principalmente na semente, é considerável, pode-se supor que moléculas do ácido acético interfira m no gene regulador dessa enzima, estimulando sua síntese, a despeito do amido ter sua solubilidade diminuída pela ação desse mesmo ácido. Portanto, o ácido acético, nesse caso e para essa cultivar de arroz, agiria como mutagênico.

Atividade total da a-amilase foi analisada em sementes de arroz BRS 7 “Taim” submetidas a doses crescentes de radiação gama (Cruz, 2004). Essa autora verificou que, na semente, houve decréscimo com o aumento da dose de radiação gama, entretanto aos 7 e 14 dias, na dose maior de 5 Gy, a atividade dessa enzima cresceu. Esse resultado, pelo menos em parte, serve de comparação aos aqui obtidos, pois com o aumento da concentração do ácido acético a atividade total da a-amilase foi incrementada.

Concernente ao ácido propiônico (Tabela 7) nas sementes e aos 5 dias percebe-se que pequeno estímulo foi dado pela concentração de 1,0 ml L-1, para, a partir então, decrescer. Entretanto ao 14 dias houve decréscimo com o incremento da concentração do ácido.

A atividade da ?-amilase sob ação de ácidos orgânicos ainda não foi descrita, entretanto sua atividade já foi observada por vários autores sob várias circunstâncias, os quais foram aqui utilizados como termo de comparação para os dados aqui obtidos.

Na germinação de Amaranthus caudatus (L.) foi verificado incremento na atividade a-amilase quando as sementes tratadas com o inibidor metil-jasmonato, foram submetidas a doses exógenas de giberelina (Bialecka & kepczynski, 2003),

A atividade da a-amilase na germinação de sementes de arroz deficiente em acido giberélico em condições anaeróbicas, foi incrementada quando GA3 foi fornecida em solução (Frantz & Bugbee, 2002). Os autores observaram que após 12 dias da germinação a atividade da a-amilase decrescia.

Em sementes de soja tratadas com ácido jasmônico Maia et al. (2000) verificaram que a dose intermediária de 20 µM ativou a enzima em relação a dose de 30 µM, porém a partir dessa última houve incremento na ação da a-amilase. Já Damiani (2001 a) verificou que a ação da a-amilase em sementes de trigo pré-tratadas com cloreto de clorocolina era estimulada quando giberelina era fornecida na dose de 0,7 mM, aos 4 dias após a germinação.

Ao analisar a atividade da a-amilase das sementes de arroz tratadas com os ácidos acético e propiônico, dos 5 para os 14 dias percebe-se uma normalidade, pois há um decréscimo nesse período assim como nas médias. Salinas et al. (2002) em soja, Vieira et al. (2000) em arroz, Silveira et al. (2000 b) em arroz tratado com ácido salicílico, encontraram resultados semelhantes aos aqui observados.

A atividade da fosfatase ácido foi medida na semente, aos 5 e aos 14 DAG na cultivar de arroz BR-IRGA 409. Na tabela 9 estão sumarizadas as médias dos tratamentos com os ácidos acético e propiônico.

A atividade da fosfatase ácida nas sementes, aos 5 dias e aos 14 dias (Tabela 9) teve estímulo na concentração de 1 ml L-1 do ácido acético na ordem de 28%, 6% e 2%, respectivamente, apesar de que apenas na semente as concentrações 1; 2 e 4 ml L-1 diferiram do controle. A partir dessa concentração a atividade da enzima decresceu com aumento da concentração do ácido. Aos 5 dias as concentrações 8 e 16 ml L-1 diferiram do controle e entre si. E aos 14 dias as concentrações 1 e 2 ml L-1 não diferiram entre si; a de 4 ml L-1 diferiu de todas as demais e as de 8 e 16 ml L-1 diferiram das demais, mas não diferiram entre si.

Quanto ao ácido propiônico (Tabela 9) na semente a atividade da fosfatase ácida foi incrementada pela concentração de 1 ml L-1 na ordem de 18%, para decrescer a partir daí, com o aumento da concentração do ácido. Nos demais

períodos estudados (5 e 14 dias) a atividade decresceu com o aumento da concentração.

Analisando a atividade da fosfatase ácida em relação ao tempo de germinação, percebe-se que há aumento da atividade da enzima aos 5 dias, em relação à semente, e diminuição aos 14 dias, para ambos os ácidos.

TABELA 9. Ação dos ácidos acético e propiônico sobre a atividade total da enzima fosfatase ácida em arroz BR IRGA-409, na semente, aos 5 e 14 dias, após a germinação (plântulas), nas concentrações zero; 1; 2; 4; 8 e 16 ml L-1, Pelotas, RS, 2003/2004

Fosfatase ácida Tratam.

(ml L-1)

Ácido acético Ácido propiônico

Semente1 5 dias2 14 dias2 Semente1 5 dias2 14 dias2 Zero 159,8 b* 314,4 a 290,5 a 159,8 b 314,4 a 290,5 a 1 204,8 a 333,3 a 296,5 a 188,8 a 286,9 b 178,7 b 2 190,3 a 317,7 a 272,4 a 172,7 a 282,6 b 153,6 c 4 185,5 a 305,9 a 203,4 b 148,5 b 244,5 c 143,8 c 8 161,1 b 264,7 b 160,9 c 119,6 c 236,2 c 135,5 c 16 133,2 c 198,5 c 153,6 c 117,5 c 190,7 d 123,7 d Média 172,45 289,08 229,55 151,15 259,21 170,96 CV (%) 9,6 4,8 11,7 8,7 6,5 8,8 F 28,76 150,55 48,52 150,57 80,44 215,12 * Valores com a mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%

de probabilidade.

1

Unidade: (nm semente-1 min-1)

2

Semelhante a a-amilase, a atividade da fosfatase ácida, sob ação de ácidos orgânicos, ainda não foi descrita, entretanto seu estudo foi realizado por vários autores sob várias circunstâncias. Utilizou-se, portanto, dessas referências como termo de comparação para os dados aqui obtidos.

Segundo Popinigis (1977) e Bewley & Black (1994) a fosfatase ácida é ativada após embebição das sementes para metabolizar reservas que serão utilizadas pelo eixo embrionário. A atividade é lenta no início, atinge pico máximo em torno de 5 a 7 dias para após decrescer. Esse comportamento foi encontrado na maioria das concentrações aqui estudadas.

O comportamento normal da atividade da fosfatase ácida foi estudada por Salinas et al. (1998) na germinação de sementes de soja em vários períodos de armazenamento. Quando colocaram as sementes para germinar, 4 dias após verificaram que houve acréscimo na atividade da enzima em relação à semente para haver, posteriormente, declínio aos 8 dias após a germinação. Resultados

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