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F IGURA 46 – C ARTAZ DE DIVULGAÇÃO DO X E NCONTRO QUE NÃO FOI APROVADO PELOS JONGUEIROS , SENDO SUBSTITUÍDO PELO DA FIGURA ANTERIOR

A comissão organizadora do X Encontro passou a se reunir no Rio de Janeiro a cada três meses para tratar da organização do evento. A primeira reunião aconteceu em março de 2005, na sede da Brasil Mestiço na Lapa, e a segunda reunião, que deveria ter ocorrido em maio, passou para junho, por conta das comemorações do Treze de Maio que as comunidades realizam, e aconteceu no jardim do Museu da República, no Catete, o que aproxima o Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP) dos debates do Encontro, que naquele ano foi onde todos receberam o título de patrimônio cultural. A reunião seguinte foi realizada den- tro de uma sala do CNFCP.

Durante esse ano, outras comunidades foram se inserindo no processo e participando das reuniões, com a presença apenas das suas lideranças naquele momento, como as comuni- dades de Porciúncula, São José dos Campos, Campinas, Vassouras e Carangola. O que traz uma certa tensão para os grupos que participavam há mais tempo resolver: qual o critério para participação das comunidades que estavam chegando naquele momento? Foi definido pela

Rede de Memória que as comunidades só poderiam se candidatar para sediar o Encontro de- pois que suas lideranças participassem, por sua conta, de dois desses eventos.

A proposta inicial era realizar o Encontro nos dias 25 e 26 de novembro de 2005, e apesar de contar com o apoio previsto da Prefeitura de Santo Antônio de Pádua e o apoio fi- nanceiro de outras instituições, como a Secretaria de Estado de Cultura e a Fundação Palma- res, até o início de novembro ainda não tinham conseguido recursos suficientes para o trans- porte de todas as comunidades até Pádua, tampouco itens como colchões e camisas.

Na segunda semana de novembro, a Associação Brasil Mestiço comunicou à comis- são organizadora que a Petrobras patrocinaria o Encontro, mas seria necessário adiar o evento por conta das tramitações burocráticas. A comissão consultou as comunidades sobre o adia- mento e todos os membros da rede aprovaram.

A organização do Encontro ficou sob responsabilidade das comunidades de Santo Antônio de Pádua e Miracema, da UFF de Santo Antônio de Pádua, da Rede de Memória do Jongo e do Observatório Jovem/UFF e da Prefeitura de do Município de Santo Antônio de Pádua. A administração do recurso proveniente do patrocínio da Petrobras ficou a cargo da Associação Brasil Mestiço.

Foi criado um blog sobre o X Encontro para agilizar as informações entre os mem- bros da Rede de Memória do Jongo, e nele foi registrada entre outras reuniões, a memória da reunião prévia ao Encontro, realizada em 15 de novembro de 2005, que teve como pauta in- formes sobre o andamento da organização do X Encontro em Pádua e a continuidade das ações da rede.

Essa reunião teve a participação da Associação Brasil Mestiço, de diversas lideranças jongueiras – Jongo de Campinas, Caxambu de Carangola, Caxambu de Miracema, Caxambu de Pádua, Jongo de Piquete, Caxambu de Porciúncula, Jongo do Quilombo São José, Jongo da Serrinha –, do Observatório Jovem/UFF, e de representantes da UFF/Pádua. A reunião tam- bém contou com a presença de André Monteiro, representando as comunidades de Pinheiral, Vassouras e Arrozal.

A reunião teve como ponto de pauta a discussão do 10o Encontro de Jongueiros e foi definido que com relação à participação das comunidades: O critério para as apre- sentações de novos grupos nos Encontros de Jongueiros será a comprovada ancestra- lidade da tradição do Jongo e do Caxambu; Quanto aos grupos novos que compare- ceram à reunião e solicitaram a participação no 10º Encontro (Arrozal, Vassouras, Andrade Costa e Carangola), ficou decidido que esses grupos não se apresentarão no Encontro, mas que poderão enviar 5 (cinco) representantes para participar das demais atividades. A partir da participação de suas lideranças nas próximas reuni- ões, eles poderão se apresentar nos próximos Encontros. Foi sugerida a inclusão dos nomes dos grupos novos que estarão presentes, mas não vão se apresentar no mate- rial de divulgação do Encontro; O 10o Encontro contará com a apresentação das se-

guintes comunidades: Angra dos Reis, Barra do Piraí, Campinas, Guaratinguetá, Mi- racema, Pádua, Pinheiral, Piquete, Porciúncula, Quissamã, São José e Serrinha..101

Assim como o material de divulgação do VIII Encontro, este também contou com um pequeno histórico de cada comunidade participante. Destacamos os agradecimentos aos apoiadores dos Encontros, sendo esses terrenos ou espirituais, registrando a valorização dos mestres mais velhos, dos santos católicos, entidades da umbanda e aos orixás. Os agradeci- mentos foram destinados a:

Hélio Machado, criador do Encontro de Jongueiro e sua esposa Dona Celina, Mãe Zeferina, Vovó Maria Joana, Clementina de Jesus e todos os pretos velhos Jonguei- ros, Zumbi dos Palmares, Mestre Darcy do Jongo, Dona Sebastiana II, Mestre Oro- zimbo, [...]. A todos que contribuíram para a realização desse evento. A São Jorge Guerreiro, Caboclo Rompe Mata, Caboclo Ventania, Cabocla Jurema e demais Ca- boclos, aos baianos, aos marinheiros, São José, Xango, São Lázaro, Sant’Ana, Ie- manjá, São João, Oxum, Santo Antônio, São Benedito, Nossa Senhora do Rosário, Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora das Candeias, Santa Bárbara, às santas Almas, ao povo da rua, às crianças, a todo povo da umbanda e ao nosso pai maior, Zambi.102

O X Encontro foi o espaço escolhido para a entrega do título do jongo do Sudeste como patrimônio cultural imaterial, e as lideranças dos grupos receberam o título e a certidão de registro do jongo como patrimônio cultural do Brasil, reforçando sua importância nesse processo de organização e mobilização dos jongueiros do Sudeste e marcando o Encontro de Jongueiros como lugar de memória desse importante processo de reconhecimento.

O patrimônio cultural é formado de sentidos e significados. Sentidos e significados que estão em coisas, em objetos de Museus, mas que estão também presentes no co- nhecimento das pessoas, na sua religiosidade, na sua criatividade, nas expressões da cultura do povo. O registro é o instrumento que veio para reconhecer e valorizar es- sas expressões como parte do Patrimônio Cultural. Então, é com muita honra que declaro, proclamo, em nome do Ministro da Cultura e do Presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o Jongo como Patrimônio Cultural do Brasil.103

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Relato disponível em: <http://encontrodejongueiros.zip.net/arch2005-11-27_2005-12-03.html>. Acesso em: 16 fev. 2017.

102 Agradecimentos no material de divulgação do X Encontro de Jongueiros. Disponível no acervo arquivístico do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular.

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Fala da diretora do Departamento de Patrimônio Imaterial do Iphan, Marcia Santana, na entrega do título do jongo do Sudeste como Patrimônio Cultural do Brasil durante o X Encontro de Jongueiros. Disponível em: <www.youtube.com/watch?v=faxQ5_S-vrI>. Acesso em: 9 set. 2017.

FIGURA 47–A LIDERANÇA JONGUEIRA DE MIRACEMA,PAULO ROGÉRIO DA SILVA, RECEBENDO O TÍTULO E A CERTIDÃO DE