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2 DESIGN, INFODESIGN E EDUCAÇÃO

2.3 ARTEFATOS DE DESIGN MEDIADORES DA

disponibiliza o kit do professor, que contempla kit de literatura infantil, livro de leitura e escrita, manual Nas Ondas da Leitura, CD musical e livros de apoio pedagógico; já o kit do aluno contempla uma mochila personalizada contendo kit de literatura infantil e livro de leitura e escrita de acordo com o ano e faixa etária. A Editora IMEPH publica livros produzidos por estudantes que participam do Projeto Nas Ondas da Leitura, com direito à lançamento e momento de autógrafos, o que contribui para o fortalecimento da autoestima das crianças. Porém, mesmo aqueles que não são contemplados têm a oportunidade de desenvolver os caminhos da autoria através da produção editorial em sala de aula, conforme mostra a figura abaixo:

Figura 2 – Turma do 1º ano do EF da Escola Córrego do Euclides, em Recife, PE. A produção foi coletiva, trabalhando a releitura de clássicos da Disney.

Fonte: www2.recife.pe.gov.br

2.3 ARTEFATOS DE DESIGN MEDIADORES DA APRENDIZAGEM

Diversos artefatos foram criados para mediar as atividades que envolvem ensino e aprendizagem. Apesar do papel pré-estabelecido do designer como criador de artefatos, sabe-se que o professor em sala de aula se utiliza de diversos recursos para produzir materiais educacionais, como foi visto mais acima. O próprio aluno, ao interagir e participar de projetos práticos, também constrói artefatos para mediação de suas atividades (ele aprende, inclusive, nesse processo).

Portugal (2013), com base no entendimento do Laboratório Interdisciplinar Design/Educação – LIDE/LPD, afirma que educar não se restringe a ensinar, é necessário comprometimento com o desenvolvimento total do indivíduo como ser social, e não somente como detentor de conhecimentos. Dessa forma, o material educativo deve oferecer possibilidades de interpretação que demandam o desenvolvimento de juízos e a participação direta dos alunos e não apenas uma relação simples unilateral.

Segundo Freitas (2007), nos anos iniciais do Ensino Fundamental os alunos estão em um estágio operatório-concreto, no qual a análise e a comparação entre o que se sabe e o modelo dado assumem papel de extrema importância. A partir dessa experiência, dentre outras, as crianças vão assimilando os saberes, que passam a ter significado, tornando-se autônomas e desenvolvendo senso crítico. Elas precisam ver, tocar, sentir, cheirar, manipular os objetos, para que, por meio de suas percepções, possam fazer representações mentais e pensar sobre eles.

Segundo Coutinho (2006) a produção e utilização do material didático nas escolas concentram seus esforços no que a autora denominou de mensagens

visuais, podendo ser cartazes, sinalizações, murais, entre outros, produzidos tanto

pelos professores como pelos alunos; fichas de aulas, que em geral são fotocópias concebidas e executadas pelos professores; e o livro didático, impressos e produzidos fora do ambiente escolar por especialistas (incluindo designers), porém selecionados por coordenadores e professores.

Freitas (2007) considera o livro didático como um dos mais fortes e influentes recursos encontrados nas escolas brasileiras. Cabe a ele um papel bastante relevante: o de apresentar às crianças o mundo da escrita e sua forma peculiar de construir conhecimentos que são socialmente reconhecidos, legitimados e valorizados, sendo isso que faz com que esse artefato seja a âncora das práticas pedagógicas.

Outro artefato de forte recorrência nas escolas brasileiras (e talvez, o mais esquecido) é a lousa, também chamado de quadro negro ou simplesmente quadro. Coutinho & Lopes (2011) afirmam que esse recurso é usado diariamente pelas professoras no ensino fundamental, que recorrem a linguagem gráfica efêmera, ou seja, aquela produzida na lousa, para auxiliar na mediação de atividades didáticas, podendo ser a cópia de textos de livros até alertas disciplinares. O uso da lousa permite ao aluno a vivência e o desenvolvimento de um raciocínio por meio de

sínteses, além da elaboração e organização de sua própria linguagem gráfica. Mesmo com o advento de recursos mais avançados e menos tradicionais como lousas digitais e projetores, as lousas ainda são usadas com frequência em escolas públicas e privadas do país.

Como foi visto, a fase do ensino fundamental é um momento em que a criança explora o mundo em sua volta relacionando-o e comparando-o com experiências já vividas. É nesse processo de assimilação que acontece a aprendizagem. Para que isso ocorra, Freitas (2007) ressalta a importância da aproximação da criança com o conteúdo a ser desenvolvido. Em primeiro lugar, é preciso pensar em um arranjo espacial, que deve ser flexível e versátil, que possibilite o trabalho em grupo, o diálogo e a cooperação entre professores e alunos. Mesas e cadeiras devem ser móveis, as prateleiras e estantes recheadas de materiais, paredes e murais repletos de trabalhos dos alunos. É possível elaborar espaços, literalmente nos cantos da sala, para momentos de leitura, jogos e dramatizações. Os jogos podem ser de diversos tipos, como os de tabuleiro – damas, xadrez, trilha – ou quebra cabeças, pega varetas, entre outros, que podem ser criados pelos próprios alunos, inclusive. No espaço da leitura pode-se colocar tapetes, almofadas, cesta de revistas em quadrinhos, revistas informativas e jornais, além de uma estante com alguns livros paradidáticos de estilos diversos.

Sobre os livros paradidáticos, Costa & Coutinho (2009), afirmam que o valor sócio pedagógico desse tipo de publicação trabalha em paralelo com os potenciais estético-pedagógicos inseridos em sua estrutura organizacional. Os elementos que o formam – tanto a estrutura física quanto a informacional – possibilita um maior contato da criança com questões ligadas ao conteúdo visual e, consequentemente, um maior desenvolvimento de habilidades subjetivas/projetuais como: imaginação, percepção, pensamento criativo, cultura visual, senso estético e senso crítico.

Figura 3 – Sala de leitura da Escola João Pessoa Guerra, em Recife, PE.

Fonte: Acervo Atividades de Leitura nas Escolas.

Além desses materiais vem surgindo a todo momento, com o avanço da internet e demais mídias, artefatos de multimídia podem dar suporte às atividades educacionais. Nesse contexto, pode-se citar os recursos da internet e artefatos digitais (como blogs, redes sociais, jogos digitais, animações, etc.) além de artefatos físicos digitais (como lousas digitais, tablets, mesas interativas, etc.).

Segundo Portugal (2013), apesar dos recursos da internet não terem sido desenvolvidas especificamente para o uso em sala de aula, eles podem ser bastante eficazes no processo de ensino-aprendizagem. Muitos professores estão buscando uma maneira fácil e eficaz de utilizar as tecnologias para criar um aprendizado produtivo para seus alunos. Isso se comprova com a quantidade de professores que utilizam blogs, redes sociais e outros recursos da web 2.0 como uma nova maneira de abordagem de ensino.

Freitas (2007) também levanta a importância dos recursos audiovisuais, como filmes de aventura, animações em vídeo e documentários, que se adequados à faixa etária e coerentes com o conteúdo trabalhado, surtem efeitos surpreendentes, além de proporcionar às crianças momentos de prazer e descontração. Da mesma forma, o uso do retroprojetor na exploração de imagens, como fotos, mapas, obras clássicas de arte (cópias) também podem ser interessantes. O aparelho de som exerce um forte papel nos vínculos necessários entre ensino e aprendizagem, tanto

nas apresentações musicais em datas comemorativas quanto na correlação com os conteúdos desenvolvidos em sala.

Outra forma interessante de se trabalhar com o concreto é levar as crianças a locais onde possam vivenciar os conhecimentos trabalhados nos livros. Assim, zoológicos, galerias de arte, cinemas, mercados, clínicas veterinárias, entre outros, constituem cenários ideais para a aprendizagem concreta da criança por estimularem a realização das representações mentais, necessárias à abstração (FREITAS, 2007).

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